quarta-feira, 26 de maio de 2021

 



Turismo e Hotelaria

É muito estranho, lá isso é

António Rebelo

"Hotel Hilton Garden Inn vai nascer em Évora, num investimento de 21 milhões de euros"
"O Hilton Garden Inn Évora vai ficar localizado junto ao Rossio de S.Brás, e conta com restaurante, ginásio, piscina e uma sala de reuniões com capacidade para 130 pessoas."

OBSERVADOR, 26/05/2021

Conforme resulta do excerto supra, a capital do Alto Alentejo vai contar em breve com mais uma unidade hoteleira, integrada numa cadeira internacional, daquelas que atraem turismo de qualidade, no caso turismo de congressos (sala de reuniões para 130 pessoas).
Entretanto em Tomar, outra cidade muito bem dotada para o turismo, um "elefante branco" chamado ex-Convento de Santa Iria + ex-CNA feminino continua a aguardar gente com coragem e qualidade suficientes para ultrapassar o stato quo, que dura há mais de 20 anos. Caso para dizer Chega, se não fosse o evidente trocadilho.
Muita conversa, muitas visitas, muito boas intenções, algumas promessas, mas quanto a solução final, nicles. De acordo com a mais recente informação da srª presidente, "estava tudo bem encaminhado com o grupo hoteleiro Vila Galé, mas as negociações pararam por causa do covid 19". Porque será? Em Évora não houve pandemia? Alguma maldição do frade Remígio, o alegado assassino da mártir Iria? E logo no nome começa o equívoco. Não é Iria, o condicional, mas o passado, foi mesmo Nabão abaixo, reza a lenda.
Já o escrevi noutras colunas da informação local, mas sou como se constata forçado pelas circunstâncias a voltar à carga. Admitamos que a autarquia tomarense dispõe de excelentes técnicos superiores, honestos até à medula e briosos servidores da causa pública, a chamada República. Constatando-se que, após várias tentativas malogradas, a donzela não consegue encontrar noivo, há decerto algo menos agradável, indigesto até, que obsta ao casamento. De certeza.
A actual maioria PS já procurou, com a ajuda dos seus assessores, conselheiros e funcionários superiores de confiança, saber o que se tem passado? Quais os obstáculos no terreno? Quais os impedimentos legais? Qual a melhor forma de conseguir levar o barco a bom porto? Não é por se esconderem,  esquecerem ou escamotearem os problemas, que eles deixam de existir. Pelo contrário. Vão-se avolumando.
Tal como em relação ao turismo tomarense em geral, tenho um plano para o caso do Convento de Santa Iria, que resulta da minha longa experiência como turista e profissional de turismo, com algum sucesso. Tanto cá dentro como lá fora, onde as coisas são mais competitivas, forçando os menos capazes a reorientar-se. Todavia, tendo em conta a minha experiência mais recente, deduzo que os membros da actual maioria não estão nada interessados em ouvir-me ou ler-me, sobre este assunto e outros, pelo que me abstenho de apresentar qualquer plano geral ou de pormenor. Fica para melhor oportunidade, se vier a acontecer. Tal como ocorre com o meu Plano local de desenvolvimento turístico. Tomar vai definhando cada vez mais, mas ainda aguenta mais uns tempos. Hão-de vir outros autarcas, com outra visão para Tomar.
Caso não surja nova oportunidade mais favorável, perco a hipótese de contribuir para a ultrapassagem pela positiva da actual crise tomarense, mas pessoalmente não me sinto prejudicado.  Aos 80 anos já não sou candidato seja ao que for, salvo a um lugar num cemitério. Que se não for em Tomar, também não terá qualquer importância, pois já cá não estarei para assistir e criticar. Passará então a reinar a paz política na terra nabantina para todos os políticos-sapateiros, que não são poucos. Penso eu de que.
E entretanto até pode acontecer o milagre da recuperação das ruínas do convento de Santa Iria e anexos. Se calhar o melhor é mesmo ir a Fátima rezar umas avé-marias... que devem ser ouvidas com atenção lá em cima, sobretudo após o restauro da igreja de S. João Baptista, indevidamente pago pela autarquia, por uma questão de fé. Não tem nada a ver com compra de votos, não senhor. Nem pensar!

Sem comentários:

Enviar um comentário