sábado, 31 de março de 2018

Congresso regional do PS

O que aconteceu e o que foi noticiado em Tomar

É um tema assaz delicado. Normalmente, indicaria todos os elementos de que disponho. Publicaria nomes, títulos, fontes, datas, e por aí fora. Tratando-se de comunicação social, sobretudo da local e regional, há que ser cauteloso. Muito cauteloso. Porque, na maior parte dos casos, os vários intervenientes não escrevem, não difundem nem publicam aquilo que querem. Apenas aquilo que têm e podem usar sem risco.
Impõe-se contudo denunciar a situação. Não só por ser cada vez mais frequente, mas também e sobretudo por estar a alastrar no espaço. De tal forma que, em determinadas áreas geográficas, já se tranformou em algo corriqueiro. Paulatinamente, apesar de vivermos numa sociedade por enquanto livre sob a alçada da lei, começa a ser de novo pertinente a velha piada do Raul Solnado: "Censura, censura, qual censura?! Cada qual compra e lê o jornal que quer! Dizem todos o  mesmo."
O que segue é um exemplo da actual situação na chamada província. Fora da capital. De acordo com a informação local, o PS realizou o seu congresso distrital, em Almeirim. Correu tudo muito bem. A representação de Tomar foi a mais numerosa. Foram eleitos vários tomarenses para os diversos órgãos da federação distrital de Santarém. Trata-se naturalmente da versão enviada à comunicação social pelos próprios socialistas nabantinos. O costume. O que todos fazem.

Foto copiada da Rádio Hertz

Para quem lá esteve e participou nos trabalhos, a realidade foi diferente. Mais complexa. A abrir, o congresso não foi bem em Almeirim, mas no pavilhão multi-usos de Fazendas de Almeirim, o que não é bem a mesma coisa. Segue-se que o evento começou  mal e esteve até em risco de acabar pior ainda.
Os trabalhos do Concresso começaram com 45 minutos de atraso, sem a presença do seu presidente, o deputado Gameiro, a essa mesma hora ainda no avião proveniente da Arábia Saudita, integrado numa comitiva da Assembleia da República. Além desta ausência de topo, houve outras igualmente significativas. Dos 13 presidentes de câmara socialistas que há no distrito, apenas 3 estavam presentes. Há que reconhecer que é demasiado e dá nas vistas.
Além disso, a numerosa comitiva tomarense tão pouco terá primado pela pontualidade, apesar de a distância Tomar-Almeirim não ser grande. E houve ranger de dentes de alguns congressistas, ante o evidente mau gosto e despropósito do lema do congresso: "Reforçar Santarém, com todos e para todos". Nomeadamente para os tomarenses, é uma comida demasiado indigesta, pois de certeza que não foram àquela manifestação política socialista para reforçar Santarém. Era o que faltava! E depois, aquela do "com todos e para todos" tresanda a cozinha e à união nacional de triste memória.
Mas o pior, em termos políticos, ainda estava para acontecer. Contados os votos na eleição de Gameiro, para o seu 4º e último mandato, verificou-se que apenas 4 congressistas de Abrantes votaram nele, embora fosse candidato único e contasse com o apoio público e entusiástico da senhora presidente da câmara abrantina. Olha se calha a não ter esse apoio...
O caricato da questão, ocorreu logo a seguir a esse incidente eleitoral, que continua por explicar. Instados em directo a comentar o sucedido, todos os congressistas contactados se recusaram a abordar o assunto. Até o tomarense Hugo Costa. Cumpriu-se assim à risca a "doutrina PS-António Costa": Só existe a realidade de que falarmos. O resto não aconteceu."
Entre o noticiado e o acontecido, como se verifica, o fosso é largo e profundo. Neste caso ainda mais grave, porque uma grande formação formação política que nem sequer consegue realizar um congresso regional dentro das normas e sem incidentes, como pode pretender governar proficuamente vários municípios da região? Tentanto iludir os eleitores com notícias à medida?

Adenda

Para quem, lida a prosa supra, possa considerar que sou injusto, alarmista ou exagerado, aconselho esta leitura, um bocadinho mais reimosa, em parte sobre o mesmo tema da informação e da censura.

sexta-feira, 30 de março de 2018

Finalmente!!!

A grande informação e o nosso colega Tomar na rede noticiaram um programa governamental para tornar os nossos monumentos e parques mais acessíveis, não só aos menos válidos como também aos mais idosos. No âmbito dessas iniciativas, prevê-se a mudança da bilheteira e recepção do Convento de Cristo.
À boa maneira portuguesa e tomarense, esqueceram-se de dizer quando, como e para onde, decerto coisas só para especialistas e iniciados. A seu tempo se verá o resultado de tal iniciativa. Enquanto se aguarda, o cajado fica ali arrumado ao canto da sala, pronto para o que der e vier. Em sentido figurado, bem entendido.



Resultado de imagem para imagens instalações sanitárias cerrada dos caes tomar a dianteira

Entretanto, a Câmara de Tomar vai ficar outra vez mal na fotografia. Nunca reivindicou nada nessa área, o que se compreende. O acesso ao próprio edifício do turismo municipal não é dos mais fáceis para cadeiras de rodas, o mesmo sucedendo na Sinagoga. E junto ao Convento de Cristo a situação é desoladora. Conforme já aqui foi denunciado, até agora sem qualquer resultado, as novas instalações sanitárias, situadas no subsolo da cafetaria, que pertencem à autarquia, não dispõem de qualquer acesso para deficientes, apesar de terem sido edificadas com fundos europeus. Quanto tempo mais vai durar tal situação, que envergonha os tomarenses? 
Neste caso a culpa também será do PSD? Ou da actual maioria, que em cinco anos ainda nada fez para alterar o que não está nada bem?

anfrarebelo@gmail.com

O que me procupa sobretudo

Desde que, no início desta 3ª série, decidi recusar os comentários anónimos, tenho beneficiado de uma paz de espírito fora do comum. Reconheço todavia que também há excelentes comentários, apesar de anónimos. Vou lendo no Tomar na rede, o que me permite exclamar, de forma documentada -Mas há outros!!!
Pedindo desculpa ao amigo Zé Gaio por assim lhe roubar conteúdo, aqui vão quatro comentários recentes, que acompanham esta postagem
Repare na sequência. Um envergonhado apoiante da senhora presidente insiste com a requentada lengalenga dos gastos e da incompetência do PSD. Contudo, a realidade foi mais forte, pelo que não resistiu, acrescentando no final: "mas espero ao menos... que a autarquia comece finalmente a fazer alguma coisa."
Naturalmente incomodado com semelhante maneira de ver as coisas, outro interveniente foi simples mas acutilante: "Francamente, 5 anos depois..." Tanto bastou para irritar um dos instalados à manjedoura municipal, que bem entendido falou e disse: ..."é mais um otário do costume, entenda-se um enviado da PIDE laranja..." A prosa é facilmente identificável, mas cala-te boca! Tanto mais que a seguir apareceu um dos instalados do topo, camarada mas chefe deste, manifestamente com uma interpretação algo delirante da realidade tomarense: "...não há dinheiro para recuperar nem remodelar nada, visto que o PSD afundou a Câmara em dívidas..."  Mas há dinheiro para custear festas gratuitas, como os Tabuleiros, ou a Festa Templária, por exemplo. Digo eu...
Concluindo, continuo como sempre preocupado com o futuro de Tomar. Mas lendo comentários assim, o que me preocupa sobretudo é o futuro desta gente, que ainda tem décadas de vida à sua frente e não se dá conta do tipo de sociedade que está ajudando a construir. Uma sociedade de mentiras e de faz de conta.
Cinco anos volvidos, queixam-se da falta de dinheiro, esquecendo-se que entretanto nada fizeram que trouxesse valor acrescentado para o Município. Tem sido só gastar. Por isso continuam a  usar o argumento mais fácil -a culpa é dos outros.
O povo português tem provérbios para quase tudo. Para casos assim costuma dizer que "Os maus dançarinos dizem sempre que o chão é torto."


Foto Tomar na rede


nao tenho por habito comentar no tomar na rede mas este assunto mexe comigo porque o meu filho já se queixou disto varias vezes.. depois dizem que os jovens so querem é tablets, obvio pois nao tem nenhum espaço publico para se divertirem saudavelmente! no entanto apesar de estar indignado como voces nao podemos culpar a presidente por tudo porque a negligencia ja vem de trás, do tempo do parolo do carrão, que só trouxe mais desgraça a esta cidade! este polidesportivo foi construido salvo erro pelo paiva mas os seus sucessores deixaram-no degradar-se até hoje, ficando com o aspecto lamentavel com que se encontra actualmente! isto é o resultado de anos e anos de incompetencia e corrupção do PSD! carrão, relvas, etc. nada fizeram pela cidade literalmente e andaram por cá a "mamar" o máximo que puderam.. mesmo não concordando com algumas politicas da anabela, temos de admitir que é muito complicado pegar numa autarquia que ficou com dividas de milhões deixadas pelo anterior executivo! por isso não podemos querer milagres agora! mas espero ao menos que com esta noticia do tomar na rede a autarquia comece finalmente a fazer alguma coisa pelos espaços publicos em tomar pois existem mais que se encontram nas mesmas condiçoes.
Francamente, 5 anos depois culpar ainda o Executivo do PSD é uma tentativa de sacudir a água do capote ou de varrer o problema para debaixo do tapete. Oh homem nao vê que o parque fechou em Outubro de 2016 segundo a noticia. Desculpas de gente incompetente é o que é

O anónimo de 28 de março das 20:05 é mais um otário do costume, entenda-se um enviado da PIDE laranja, que por incompetência própria e falta de habilitações tanto académicas como laborais teve de se listar no partido corrupto e fazer o trabalho sujo, à imagem de Relvas. O anónimo das 19:23 disse grandes verdades, só não vê quem não quer. Este parque fechou em 2016 mas já devia ter fechado muito antes tal como outros que por aí andam sem condições... veja-se a Biblioteca também, é outro exemplo.

Caros, a questão é que não há dinheiro para recuperar nem remodelar nada, visto que o PSD afundou a câmara em dívidas, principalmente o Carrão que foi o maior incompetente de sempre em Tomar e devia devolver com juros toda a dívida que gerou aos cidadãos tomarenses. Se calhar vai fugir para o Brasil como fez o seu "Dr." camarada. A estratégia dos chibos é sempre a mesma: mamar o máximo que puderem, fugir a tempo e depois culpar o executivo seguinte caso não seja do mesmo partido.

quinta-feira, 29 de março de 2018

Resposta a uma pessoa amiga

Cumprindo a norma social, abro agradecendo as amáveis considerações a meu respeito. Considero contudo que são imerecidas, porquanto sou realmente frontal apenas porque posso. Outros gostariam de fazer outro tanto, porém estão limitados pela envolvência social. Não quer isto dizer que eu não tenha já sofrido algumas represálias. Coisa menor, de funcionários ressabiados, pois regra geral, quando se é má pessoa dificilmente se pode ser bom funcionário. Adiante...
Como pode constatar, resolvi responder-lhe publicamente, por dois motivos. Por uma lado, porque as suas dúvidas são afinal também as de muitos tomarenses, que ou não podem, ou não querem ou não sabem expô-las. A minha resposta vai portanto contribuir para o esclarecimento de mais conterrâneos. Pelo menos assim o espero. 
Por outro lado, porque assim cumpro dois objectivos na mesma viagem: respondo-lhe e faço a minha publicação diária. Mas pode ficar descansado. Terei o cuidado de evitar, ao longo de toda esta prosa, que  alguém possa descobrir a quem se destina prioritariamente.
Respondendo à sua questão, conheço razoavelmente o António Lourenço dos Santos. É tomarense, com T grande, é humilde, tem Mundo, sabe ouvir, sabe pensar, tem dúvidas e não hesita em sair fora do rebanho quando necessário. Ao contrário de outros, não age por vingança. Deseja apenas encontrar um rumo melhor para a sua e nossa querida terra. Como é empresário e estrangeirado, pois andou por Paris como representante de Portugal na OCDE, vai ter as suas dificuldades para chegar à candidatura em 2021. Os tomarenses gostam mais de funcionários públicos. Dos onze presidentes que já elegeram, só o Pedro Marques, o Corvelo e o Carrão é que não eram empregado do Estado. Se apesar disso conseguir, conta com o meu apoio, caso dele precise. Porque não vejo nesta altura melhor candidato para tirar Tomar do atoleiro em que se encontra.


Tem razão. A reabertura da Fábrica do Prado seria excelente para todos. Infelizmente, não me parece que tal seja possível, ainda que faça votos para que aconteça. E quanto mais depressa melhor. Num outro concelho, seria mais fácil atrair investidores interessados nessa tarefa de inegável interesse público. Em Tomar, desgraçadamente, mesmo com trabalhadores qualificados e motivados, poucos ousam arriscar, dado que a autarquia não se pode dizer que tenha na prática uma atitude amistosa para com os empresários. Pelo contrário. E quando escrevo autarquia penso nos eleitos, mas também nos funcionários superiores. Sobretudo nestes. Quinze anos para rever o PDM e mais de dez para rever o do Centro histórico, são a melhor forma de manter os investidores a centenas de quilómetros de distância. Não há pachorra para aturar burócratas empedernidos e mesquinhos.
A reforma organizativa da Festa dos Tabuleiros é não só urgente como indispensável. Desde logo para transformar um sorvedoiro de dinheiro público numa actividade lucrativa, instituindo as entradas pagas. Mas também para evitar o colapso, que não deixará de acontecer, mais cedo até do que muitos pensam. A quem interessa afinal a medonha barafunda no dia do cortejo? E se a dada altura acontece um imponderável grave no meio de toda aquela gente? Quantas pessoas vão morrer espezinhadas? Não será melhor limitar a afluência,  estabelecendo controles de segurança nas entradas enquanto é tempo?


Se a Festa grande pode e deve ser uma importante fonte de valor acrescentado, o Museu da Levada é um nado-morto, porque foi pensado de forma tacanha e atamancada. Só depois de concluídas as obras as sumidades da autarquia se deram conta que aquilo não tem condições mínimas para funcionar. Faltam portas pára-fogo, faltam corredores de evacuação, faltam passadiços de visita, faltam locais para explicação, falta estacionamento, faltam locais para embarque e desembarque de passageiros, faltam quadros técnicos e outro pessoal, faltam recursos para contratar e manter esse pessoal. 
Resumindo, se alguma vez chegar a abrir como museu polinucleado, que era o que estava previsto, será mais um poço sem fundo para o orçamento camarário. A sorte da autarquia é que a ASAE dificilmente evitará o encerramento compulsivo logo no primeiro mês, por evidente carência de condições mínimas.


A actual maioria e os técncios superiores do costume sabem tudo isto muito bem. Por isso vão organizando umas coisitas, tipo concerto por aqui, colóquio por ali, exposição por acolá, tudo provisório para não acordar a ASAE, mas de modo a ir entretendo o pessoal. Um mundo a fingir.
Festa dos Tabuleiros, Convento de Cristo. Centro Histórico, Festa templária, Estátuas vivas, Rio Nabão. Pegões altos, Agroal, Albufeira do Castelo do Bode, está tudo englobado numa coisa que se chama Turismo moderno. O problema é que, distribuindo vários instrumentos de música a gente que não sabe solfejo nem consegue tocar de ouvido, obtém-se uma insuportável cacofonia. É o que temos. E muitos nem sequer disso se dão conta, enquanto outros preferem fingir que não é nada com eles.
Despeço-me com amizade, recomendando que não se esqueça de ir, no próximo dia 6 de Abril, ao Salão Nobre dos Paços do Concelho, para assistir ou participar na pretensa decisão sobre a realização da Festa dos Tabuleiros, e subsequente alegada escolha do mordomo ou mordoma. Vai lá estar a fina flor local. La crème de la crème, salvo erro. Poucas centenas julgam que vão decidir por dezenas de milhares, aquilo que afinal já é ponto assente. Será uma excelente ocasião para perceber como chegámos onde já estamos, e porque vamos continuar a involuir.
As coisas são o que são. E as pessoas idem idem.
O gajo do Tomar a dianteira é que é mesmo um patife. Só sabe dizer mal de tudo  e de todos, quando na verdade está tudo tão bem e com tendência para melhorar.
Chiça!

quarta-feira, 28 de março de 2018

Os gajos de Ourém são uma lástima

Os leitores iam perceber isso mesmo. Ainda assim, pareceu conveniente fazer este esclarecimento prévio. O texto seguinte é sarcástico, de uma ironia que se presume refinada. Salvo uma ou outra excepção, como por exemplo a alusão a Paulo Fonseca, as posições nele expressas devem ser entendidas às avessas. Boa leitura e melhor digestão, que a peça é de sustância.

É cada vez mais evidente que os elementos da nova maioria autárquica social-democrata de Ourém, que sucedeu ao socialista Paulo Fonseca, (impedido de se recandidatar por ter sido considerado insolvente), são afinal uma cambada de labregos. Vejam lá e vejam bem! Agora resolveram criar um serviço de apoio aos empresários e investidores! O que nem lembra ao diabo, lembra aos tacanhos autarcas oureenses. É no que dá estar fora da geringonça. E os funcionários superiores da autarquia aparam-lhes os golpes, em vez de defenderem com unhas e dentes os interesses da classe. Por este caminho, de evidente submissão à política do grande capital, onde vai parar Ourém? Que vai ser dos seus esforçados servidores públicos? Quem lhes acode? Por onde andam o secretário-geral da CGTP e a camarada Avoila?


Em Tomar, mete-se pelos olhos dentro, só não vê quem não quer: Não precisamos destas mariquices para nada. Ainda por cima também ligadas ao turismo e ao mundo rural. Onde já se viu? Na urbe templária, graças nomeademnte aos evidentes esforços insanos e aos projectos inovadores dos seus eleitos, há postos de trabalho e mesmo empregos que chegam para todos, e ainda sobram. A população aumenta a olhos vistos, de tal forma que até já se fala em instituir uma portagem em cada entrada da cidade, para evitar abusos. Ou mesmo uma autorização de residência. Assim tipo "visto gold".
Entretanto a autarquia não tem mãos a medir para despachar os milhares e milhares de pedidos de insvestimento, alvarás de obras e licenças para abertura de novos estabelecimentos. De tal forma que ainda nem houve tempo para divulgar os resultados finais das análises da água do Nabão, previstos pela senhora presidente para o final da semana passada.
Os funcionários municipais, sobretudo os do chamado "império dos sentados", exaustos com tanto trabalho e tantas horas extraordinárias não pagas, só ainda não convocaram uma greve de protesto e para reivindicarem aumentos, por temerem o caos que seria um concelho tão dinâmico a funcionar sem a sua imprescindível e inestimável ajuda, que tão bons frutos tem produzido.
Felizmente os eleitos nabantinos, incluindo os da oposição, tem sabido manter a calma usual, abstendo-se de iniciativas de tipo oureense. Ainda há pouco tempo debateram arduamente um documento sobre alterações climáticas, não vá dar-se o caso de a temperatura estival aumentar, de tal forma que os impeça de continuar a manter a cabeça fria.
No meio de tanta confusão, tanta azáfama, tanto frenesim urbano, tanto stress, até parece que estão numa qualquer cidade costeira da Califórnia.
Haja mas é saúde, festas à borla e autocarro para umas passeatas gratuitas, daquelas de encher a pança e honrar o tintol. Quando fizerem falta, os votos lá estarão. Naturalmente esclarecidos e tendo sempre em conta os superiores interesses da cidade e do concelho. Com muitos arrotos de apoio.
Ia a escrever outra vez pobre... mas é melhor não. Afinal, pobre de espírito sou eu. Tomar está cada vez melhor. E os tomarenses então nem se fala. Os de Ourém é que, coitados, nem a Senhora de Fátima lhes parece valer.


terça-feira, 27 de março de 2018

Em Tomar vai ser difícil

"Governo desafia autarcas a apostar nos mercados locais para vender produtos agrícolas"

Expresso Economia 27/03/2018, 16H54

Em Tomar vai ser extremamente difícil. No mercado local sempre houve excesso de nabos e a tendência recente é para piorar. Sobretudo na variedade "nabus electus". Com tanta abundância, como assegurar o respectivo escoamento na região?

 

Caímos no grupo das regiões mais pobres do país


Mais uma vez a triste realidade envolvente. A ilustração infra não é invenção de Tomar a dianteira 3. Foi copiada do EXPRESSO - ECONOMIA de sábado passado, 24/03/2018. Nela se pode ver que a sub-região do Médio Tejo, que integra Tomar, onde se encontra a sua sede, (porém agora já liderada por Ourém, que tem mais população, mais empresas, rendas mais altas e mais produto interno),  faz parte das sub-regiões mais pobres e atrasadas do país. O também chamado interior profundo. Com cada vez menos procura devido à fuga da população, e por isso com rendas de casa mais baixas.
Para Tomar é obviamente uma vergonha aparecer no mesmo grupo de cidades interiores situadas a mais de 3 horas Lisboa, sem comboio directo nem auto-estrada à porta, quando está a menos de duas horas da capital, tem comboio directo e a A-13 praticamente na cidade. Além disso, detém o único monumento Patimónio da Humanidade dessa vasta zona. Com todos estes trunfos, como é que se chegou aqui? Como é que se caiu tão baixo? Camões, falando de si próprio, alegou Erros meus, má fortuna, amor ardente.
Os sucessivos autarcas tomarenses, incluindo os actuais, alegarão para os seus botões apenas má fortuna. Vão fingir uma vez mais que não houve erros, teimosia, ignorância, sobranceria... Amor ardente pelo concelho e pela verdade é que não.
Prova do que acaba de se escrever é que, na mais recente reunião do executivo camarário, em vez de humildemente procurarem responder às perguntas Como é que chegámos aqui, a esta triste situação? Que fazer para iniciar a recuperação?, em vez dissodiscutiram e aprovaram um documento sobre a adaptação do concelho às alterações climáticas. Se não fosse tão trágico, até daria para rir a bom rir.
O grande desafio imediato da cidade e do concelho é a rápida e indispensável adaptação às alterações da economia do desenvolvimento. Não às alterações climáticas, até agora insignificantes em Tomar. O único fenómeno novo foi o tornado, que ocorreu há..... 8 anos.


ESTATÍSTICAS O INE divulgou esta semana, pela primeira vez, o valor mediano das rendas por metro quadrado praticado em 2017 em todo o país. Estes são os intervalos de valores registados nas várias regiões. Lisboa, Porto e Algarve é onde estão os preços mais elevados. INFOGRAFIA Carlos Esteves

segunda-feira, 26 de março de 2018

Afinal em que ficamos?!? É ou não é?

"Médio Tejo | Tomar continua a ser o melhor concelho para viver

Tomar voltou a ser considerado o melhor concelho para viver na região do Médio Tejo e consegue manter-se firme entre as 60 melhores cidades para viver, visitar e investir em Portugal. Ler mais."
mediotejo.net 21/03/2018

"O Portugal City Brand Ranking © mostra quais são os melhores municípios para viver, visitar e fazer negócios? Não. O ranking mede a performance e o impacto da marca de cada município com dados puramente quantitativos não interpretando uma marca forte, por exemplo, na categoria de Talento (Viver) como o melhor sítio para viver em Portugal, uma vez que este é um tema que varia consoante a perceção, ambição e prioridades de cada cidadão (rural vs urbano, interior vs litoral, etc.). O mesmo se aplica às dimensões de Investimento e Exportações (Negócios) e de Turismo (Visitar)."

(Página 39 do estudo mencionado, em  PDF)

Afinal em que ficamos ?!? O mediotejo.net, comentando o estudo "Portugal City Brand Ranking", afirma taxativamente que "Tomar continua a ser o melhor concelho para viver na região do Médio Tejo". O próprio estudo citado sustenta exactamente o contrário, na sua página 39: "O Portugal City Brand Ranking mostra quais são os melhores municípios para viver, visitar e fazer negócios? Não.
Há aqui qualquer coisa que não joga. Não bate a bota com a perdigota, para usar uma frase feita de índole popular.

Grave problema demográfico em Tomar

Quem se interessa pela economia do desenvolvimento, terá forçosamente de possuir alguma bagagem sobre demografia e migrações. Um dos dados adquiridos quanto a migrações é o movimento do rural para o urbano, do urbano para o metropolitano e deste para a emigração. Ou seja, em busca de melhores condições de vida, as populações tendem, em cada concelho,  a desertar as freguesias rurais, vindo fixar-se na área urbana. É a clássica força centrífuga da aministração pública. Quando a crise se agrava, por qualquer motivo, a população dá outro salto. Tende a abandonar as sedes de concelho, para se fixar na periferia da área metropolitana mais próxima. Chega finalmente a útima etapa -a emigração.
Dado que todos estes movimentos coexistem em simultâneo, há naturalmente muitos casos em que habitantes das freguesias rurais vão directamente para a emigração, sem passar pela sede de concelho, nem pela área metropolitana mais próxima. Trata-se portanto apenas de uma tendência, válida para todos os países e regiões, a qual não anula contudo os restantes movimentos antes descritos.
Uma vez que a primeira grande migração é o chamado êxodo rural para a sede de concelho, regra geral a ou as freguesias urbanas perdem menos população que as rurais, mesmo tendo em conta a posterior migração para as áreas metropolitanas e/ou a emigração.
O quadro seguinte evidencia isso mesmo, com uma notável excepção que é Tomar.

Em cada concelho publicam-se apenas os resultados da freguesia urbana. Quando há duas freguesias urbanas (Entroncamento, Ourém, Torres Novas, por exemplo) o resultado é a média respectiva.

PERDA DE ELEITORES NA FREGUESIA URBANA DE CADA CONCELHO

CONCELHO           DIFERENÇA 2013/17        TOTAL DE INSCRITOS     PERCENTAGEM

1 - Leiria                             + 895                                    27.431                               + 3,26%  

2 - Torres Novas                 + 139                                    14.356                               + 1,34%

3 - Santarém                         - 42                                     25.363                                - 0,16%

4 - Chaves                             -64                                     11.856                                 -0,53%

5 - F. do Zêzere                    -12                                        2.071                                 -0,57%

6 - V. N. Barquinha              -21                                       3.137                                 -0,66%

7 - Abrantes                       -216                                     14.387                                -1,50%

8 - Montemor o Novo       -185                                        9.586                                -1,92%

9 - Ourém                         -198                                      10.643                                 -1,95%

10 - Portalegre                 -323                                       13.384                                 -2,41%

11 - Covilhã                    -478                                        17.140                                -2,78% 

12 - Entroncamento        -445                                        16.957                                -2,97%

13 - Serpa                       -209                                          5.217                                -4,00%

14 - Estremoz                 -308                                         7.150                               -4,30%

15 - Barrancos                  -71                                         1.366                               -5,19%

16 - Chamusca               -198                                         3.527                               -5,61%

17 - Tomar                  -1081                                       15.479                              -7,00%

Ai está. É triste, mas contra factos não adianta argumentar. Excepto no caso de Ourém, em que a freguesia de Fátima (+668 em 9.593 inscritos = +6,96%) obtém melhor resultado que as freguesias urbanas, sendo que mesmo assim, as duas freguesias urbanas se situam bem abaixo da percentagem das rurais, que chegam a atingir -13,39% em Espite e 10,11% na Gondemaria/Olival, em todos o outros concelhos a situação é praticamente idêntica. A freguesia urbana perde muito menos eleitores que as rurais. A única excepção é Tomar, em cujo concelho 3 freguesias rurais perdem percentualmente menos eleitores inscritos que a urbana. Trata-se da Sabacheira (-5,86%), Carregueiros (-5,31%) e sobretudo da Madalena/Beselga (2,64%).
Uma vez que a desculpa usual para o progresso de Ourém é alegar que têm Fátima, dado não constar que haja algum santuário para os lados da Sabacheira, de Carregueiros ou da Madalena/Beselga, era capaz de não ser má ideia procurar respostas para estas simples perguntas: Porque fogem os eleitores? Porque fogem mais de algumas freguesias que de outras?
A que se deve a insólita situação da freguesia urbana?

ADENDA

Alguns órgãos informativos da região difundiram um "estudo" de acordo com o qual "Tomar continua a ser o melhor concelho para viver no Médio Tejo". 
Trata-se naturalmente de uma notícia martelada, "plantada" pela agência de comunicação contratada para esse efeito pela autarquia. Se tal fosse verdade, certamente a população não se iria embora em maior escala que em qualquer outro concelho da região. Porque quem está bem não se muda. 
Resta concluir portanto que as fakenews estilo Trump já chegaram a Tomar. Vivó progresso! Enquanto houver  dinheiro para pagar à tal agência.

domingo, 25 de março de 2018

O quadro do desastre demográfico tomarense

Era uma tarefa para a Câmara, para Assembleia municipal, para a informação local, ou para os gabinetes que aconselham alguns eleitos. Como ninguém lhe pegou até agora, (que se saiba), Tomar a dianteira 3 resolveu pôr mãos à obra. Aqui vai a primeira parte do resultado.
É do conhecimento público, pois já foi publicado nestas colunas, que entre Outubro de 2013 e Outubro de 2017, no concelho de Tomar desapareceram 2.496 eleitores dos cadernos eleitorais, o que corresponde a 7,16% do eleitorado concelhio. De acordo com o estudo detalhado efectuado por Tomar a dianteira 3, trata-se da maior hemorragia demográfica da região. 
Os leitores mais interessados por estas coisas farão o favor de clicar na fonte oficial:


Dito o que antecede, chegou a altura de apresentar o fundamental. Um quadro que mostra a importância dessa desgraça que é a perda de população em cada uma das freguesias do concelho, ordenadas em função do valor percentual, do mais alto para o mais baixo:

PERDA DE ELEITORES INSCRITOS, ENTRE OUTUBRO 2013 E OUTUBRO 2017

Freguesias                                        Perda de eleitores             Percentagem

1 - Além da Ribeira/Pedreira                    -145                             12,16%

2- Olalhas                                                 -132                              10,21%

3 - Asseiceira                                           -229                                8,95%

4 - Paialvo                                               -172                                8,14%

5 - Serra/Junceira                                    -138                                8,08%

6 - Casais/Alviobeira                               -206                                8,06%

7 - S. Pedro                                            -192                                 7,35%

8 - S. João/Santa Maria                       -1084                                 7,00%

9 - Sabacheira                                         -55                                 5,86%

10 - Carregueiros                                   -54                                  5,31%

11 - Madalena/Beselga                          -89                                  2,64%

Temos assim quatro grupos distintos e uma freguesia isolada. O primeiro com as duas freguesias que perderam mais eleitores inscritos -Além da Ribeira/Pedreira e Olalhas. Destaque para os 12,16% de Além da Ribeira/Pedreira, naturalmente consequência da crise e posterior encerramento da Fábrica do Prado.
Segue-se o grupo de quatro freguesias que perderam mais de 8% de eleitores, encabeçado pela Asseiceira, com quase 9%.
O terceiro grupo integra duas freguesias, a de S. Pedro e a de S. João/SantaMaria. Aquela com 7,35%, a freguesia urbana com 7,00%
Carregueriros e Sabacheira constituem o quarto grupo, com perdas superiores a 5%.
Finalmente, destaque pela positiva para a Madalena/Beselga que, com uma redução de apenas  89 eleitores inscritos, o que corresponde a 2,64%, consegue de longe o melhor resultado do concelho.
Conviria até proceder a um estudo mais detalhado do caso da Madalena/Beselga, porquanto desempenha no concelho de Tomar, conforme veremos no próximo trabalho, o papel agregador que cabe em geral às freguesia urbanas.

sábado, 24 de março de 2018

PSD TOMAR: Um projecto rural ou um projecto urbano?

É melhor ir já prevenindo. Este texto pode ser chocante para alguns. Mas chocante ou não, factos são factos. Não se trata de opiniões. Porque as opiniões podem mudar, os factos não.
Em 2013, o PSD perdeu as eleições inesperadamente, por poucos votos. Apenas 281, num universo de 19.881 votos entrados nas urnas. Porquê? Basicamente porque entre uma proposta rural, apoiada pelos presidentes de junta rurais, com um candidato de origem rural que não era funcionário público;  e uma proposta urbana, pilotada por uma candidata urbana e funcionária pública; os eleitores preferiram a candidata urbana.
Exagero? Certamente que não. Quatro anos mais tarde, em 2017, a situação repetiu-se. O PSD foi forçado a escolher, em segunda opção, um candidato rural e não funcionário público, residente numa das freguesias rurais, em tempos ditas de "patos bravos". O PS repetiu a dose, com a sua candidata urbana e funcionárias pública, vencendo por uma margem de 1.155 votos. Pouca coisa, se considerarmos que a candidata vencedora celebrara antes um acordo de coligação com os IpT, que tinham averbado 3.094 votos em 2013. Por conseguinte, parte dos votos IpT foi para o PSD, ou para a abstenção, apesar do acordo com o PS. O que permitiu aos laranjas averbar mais 1.619 votos em relação a 2013. Nada mau, tendo em conta os erros cometidos. Mas mesmo assim perderam porque não ousaram propor a mudança.

Foto O Mirante
A sra. presidente da Junta de Freguesia de S. Pedro

Outro dado comparativo curioso é que, entre 2013 e 2017, durante o primeiro mandato de Anabela Freitas, desapareceram dos cadernos eleitorais 2.496 eleitores. 7,16% dos inscritos. Porém, apesar de tamanho rombo demográfico, em relação a 2013, nas últimas autárquicas houve apenas menos 61 votos. Por conseguinte, a esmagadora maioria dos eleitores entretanto desaparecidos dos cadernos, já não votava anteriormente. É sempre bom conhecer estes detalhes.
Aproximam-se eleições internas no PSD, tudo indicando que teremos outra vez a alternativa entre uma candidatura de base rural e outra de base urbana. A única diferença residirá no facto de a candidatura rural ser  desta vez encabeçada por uma funcionária pública urbana, e a candidatura urbana por um homem do mundo, que quer mudar o rumo das coisas em Tomar, simultaneamente empresário rural. Com efeito, o candidato urbano, Lourenço dos Santos, é o gestor do lar de idosos situado nas antigas instalações, entretanto adaptadas, da Estalagem do Castelo do Bode, na freguesia de S. Pedro, cuja presidente é a candidata rural Lurdes Ferromau, apoiada pelos presidentes de junta rurais.
Do resultado das próximas eleições internas no PSD se poderá deduzir qual será o posicionamento do partido social-democrata nas próximas autárquicas de 2021. Candidatura urbana, com um empresário rural que propõe mudar de rumo? Ou candidatura rural, com uma funcionária pública urbana que propõe mudar de presidente de câmara? A realidade é assim, cheia de contradições.
Cabe esclarecer que os 15.479 eleitores inscritos na freguesia urbana, representam 44,46% do eleitorado concelhio. Ou seja, quase metade.

sexta-feira, 23 de março de 2018

Vamos a isso, senhora presidente?!?

É capaz de ser da chegada da Primavera. Não aqui a Fortaleza, onde na prática é sempre Verão. Aí ao vale nabantino. Seja como for, parece-me que há esperança no ar. Tanto assim que até eu, pessimista crónico, me sinto agora mais optimista. Oxalá não me venha a arrepender outra vez. 
Sim, porque nunca fui daqueles que jamais se enganam e raramente têm dúvidas. E ainda menos dos que, à boa maneira tomarense, têm sempre razão, contra tudo e contra todos. Até conheço quem se tenha enganado mais de uma dúzia de vezes, em termos políticos, durante a sua vida, mas afirme agora, em tom peremptório, que o meu problema foi ter apostado nos cavalos errados. Há conterrâneos assim.
Passando a coisas mais palpáveis, e à tal esperança que paira por aí, no ar já primaveril, fiquei satisfeito com as recentes declarações da senhora presidente, sobre o açude de madeira do Mouchão. Afirmou que, contrariando uma tradição de séculos, o dito açude não foi desmontado em Outubro passado a título experimental, tendo a autarquia poupado com isso 7 mil euros.

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Conquanto considere tratar-se de uma experiência demasiado arriscada, que poderia ter causado até elevados prejuízos, reconheço que correu bem. Deu certo, como dizem aqui no Nordeste. O Nabão esteve quase quase, mas não encheu o suficiente para galgar as margens naquele sítio, invadindo a parte baixa. Convém contudo não esquecer futuramente umas datas gravadas nas cantarias do gaveto da Bela Vista. Ou na porta da Farmácia Torres Pinheiro, mostrando que o Nabão já  atingiu, uma vez pelo menos, mais de metro e  meio ao fundo da Corredoura.
Mas pronto. Houve riscos, porém existiu também muita coragem, ousadia até, da parte da senhora presidente da Câmara, tendo em vista uma poupança de 7 mil euros. Sucede que, no próximo ano, vai ter lugar mais uma edição da Festa dos Tabuleiros. O povo já foi convocado, ainda não decidiu, mas não consta que alguma vez se tenha pronunciado contra. Seria aliás um escândalo e dos grandes! Sobretudo porque a esmagadora maioria da população nunca lá esteve, nem vai estar. O salão nobre dos Paços do Concelho terá uma capacidade máxima, em pé, de 450/500 pessoas. A diferença será portanto enorme, em relação aos 35 mil eleitores inscritos no concelho. De maneira que, quanto a legitimidade democrática para decidir, estamos conversados. Trata-se de uma tradição há muito ultrapassada, porque do tempo em que a população não votava,  nem existia ainda o princípio "um homem um voto". Desses tempos afastados, do voto censitário, os espanhóis mantêm o vocábulo "ayuntamiento" = ajuntamento, par se referirem à câmara municipal. Nós nem isso. Só o ajuntamento para simular a aprovação da Festa dos tabuleiros, a cada quatro anos. Choca, a palavra "simular"?!? Não vejo porquê. A duas semanas do anunciado "ajuntamento", até eu que estou a sete horas de avião de Lisboa, já sei que vai haver Festa dos Tabuleiros em 2019, e que vamos ter uma mordoma, chamada Maria João. A não ser que seja um mordomo Perfeito. (Ou que "o Município" resolva "convencer" o seu funcionário a sacrificar-se mais uma vez. A ser assim, estaria a caminho uma nova tradição tomarense -o cargo de mordomo vitalício da Festa dos Tabuleiros.)
Nestas condições, se a senhora presidente quisesse ousar mais uma vez,  a câmara poderia vir a poupar, não os modestos 7 mil euros do açude desmontável, mas mais de 300 mil. Como? Respeitando integralmente a tradição, não mexendo minimamente nos tabuleiros, nem nas coroas, nem nos cortejos, nem na ornamentação das ruas, mas mudando completamente as estruturas organizativas da Festa grande. Nomeadamente fechando uma parte da cidade e cobrando entradas para assistir aos cortejos, tal como fizeram em tempos, nos anos 80,  com grande sucesso, os organizadores da Comissão do Carnaval de Tomar. Antes da vaga eleiçoeira do "tudo à borla, que o Estado paga".
Vamos a isso, senhora presidente? Não é fácil, bem sei. É preciso ter muita coragem. Mas quem não arrisca, como no caso do açude...também não conseguirá poupar. E os euros não são elásticos! Não esticam! Ao contrário das despesas, que estão sempre a crescer.

quinta-feira, 22 de março de 2018

Cabe aos leitores concluir

Preços por metro quadrado nos novos contratos de arrendamento

Os dados são do INE - Instituto Nacional de Estatística e podem ser consultados aqui (Só para assinantes do Expresso). As conclusões serão suas. Tomar a dianteira 3 limita-se a ordenar do mais caro para o mais barato, acrescentando  C para as cidades da faixa costeira e I para as do interior:

1 - Lisboa - C            6,06€/m2
2 - Algarve - C          5,00€/m2
3 - Porto - C              4,58€/m2
4 - Sines - C              4,04€/m2
5 - Coimbra - I           3,84€/m2
6 - T. Vedras - C        3,67€/m2
7 - Aveiro - C            3,66€/m2
8 - Braga - I              3,60€/m2
9 - Évora - I              3,58€/m2
10 - Leiria - C           3,44€/m2
11 - Santarém - I      3,33€/m2
11 - Beja - I              3,33/€m2
13 - V. Castelo - C   3,30€/m2
14 - Viseu - I            3, 07€/m2
15 - Guimarães - I    3,00€/m2
16 - Tomar - I           2,98€/m2
17 - Régua - I          2,88€/m2
18 - Chaves - I        2,86€/m2
19 - Portalegre - I    2,84€/m2
20 - C. Branco - I    2,83€/m2
21 - Guarda - I        2,65€/m2
22 - Marco C. - I     2,61€/m2
23 - Bragança - I    2,47€/m2

A encrenca Paróquia-Câmara por causa das beiras em S. João

Sabe-se que a diplomacia é a continuação da guerra por outros meios. O problema é que para haver diplomacia, são necessários diplomatas. No caso tomarense, que é deles? A confusão já foi explanada neste blogue, como se pode verificar aqui. Basicamente, a paróquia queixa-se que:
1 - Chove na sacristia de S. João Baptista;
2 - Havia fundos europeus até 85% para custear a reparação;
3 - Só a Câmara podia concorrer;
4 - A  paróquia cobria os restantes 15%
5 - Segundo verificações efectuadas por membros da Comissão fabriqueira, a Câmara não apresentou candidatura e a senhora presidente mentiu.
Antes de ir adiante, convém frisar que há falhas nesta argumentação. Por um lado, sendo a igreja de S. João pertença do Estado, não se entende de todo como é que só a Câmara se podia candidatar. Falta aqui qualquer coisa, de certeza.
Por outro lado, tratando-se de fundos europeus para restaurar edifícios públicos, de acordo com o normativo em vigor, deve ser a entidade candidata a assegurar o remanescente. Não se vislumbra portanto como poderia ser a paróquia ou a sua Comissão fabriqueira a liquidar os 15% restantes, visto ser uma entidade privada, alheia ao processo entre entidades públicas. Volta a faltar qualquer coisa.
Aqui chegados, esta encrenca sempre terá servido para alguma coisa, apesar de o telhado da sacristia continuar a meter água. Infelizmente. Agastados com o problema e visivelmente pouco praticantes da caridade cristã, na sua vertente de compaixão para com o semelhante, membros do rebanho mais ligados à paróquia continuam a deitar gasolina no fogo, o que naturalmente se lastima.


Dizem as notícias mais recentes aqui chegadas, que um dos motivos de irritação dos fabriqueiros e não só é a, segundo eles, manifesta hipocrisia da senhora presidente. A autarca terá agora garantido que ia participar numa candidatura intermunicipal, hipótese em que não acreditam. Alegam que a evidente má vontade da Câmara está bem documentada no facto de o projecto das obras de reparação ter demorado perto de dois anos para ser aprovado. Apesar de a Comissão fabriqueira integrar membros muito ligados ao "império dos sentados", acrescentamos nós.
Na opinião de Tomar a dianteira, é neste último ponto que reside o nó do problema. Quando numa terra, seja ela qual for, um projecto de obras, apenas e só para limpar um telhado pequeno e substituir eventualmente alguns barrotes de madeira, necessita de quase dois anos para ser analisado e aprovado pela autarquia, essa localidade só pode estar em processo de morte lenta. Porque realmente, lendo coisas assim, quem arriscará investir em Tomar? Só gente mal informada.
Sem investimento não pode haver emprego. Sem emprego produtivo não há crescimento económico. Sem crescimento económico, cada vez se cobram menos impostos directos e indirectos. Sem mais impostos cobrados, não pode haver transferências mais elevadas para as autarquias. E sem novas transferências mais elevadas, gastando mais de 40% com despesas fixas e permanentes de funcionamento, o Município de Tomar não pode aguentar durante muito mais tempo.
Ainda há poucos dias, a senhora presidente se lamentava publicamente, dizendo que a Câmara não recebe nem um cêntimo da receita das entradas no Convento de Cristo. Já antes admitira que o açude de madeira do Mouchão não foi desmontado em Setembro passado, pela primeira vez desde há séculos, para poupar sete mil euros. E os pagamentos a fornecedores são feitos mais de um ano depois.
Adaptando o velho provérbio, casa onde há cada vez menos pão, todos ralham, ninguém tem razão.

ACTUALIZAÇÃO às 10HOO de 22/03/2018

Segundo o nosso colega Tomar na rede, o problema da sacristia de S. João já começou a ser resolvido. Olhando para a imagem que acompanha a notícia, não há lugar para dúvidas. Trata-se mesmo de obras de pouca monta. "Limpar um telhado pequeno e substituir eventualmente alguns barrotes de madeira", como se escreveu no texto. 
Fica assim por explicar aquela questão do projecto que levou quase dois anos para ser aprovado. Ou se trata de simples boato -e nesse caso conviria que a Câmara esclarecesse- ou é mesmo verdade, e conviria que a Câmara tomasse medidas, no sentido de acabar com tais abusos por parte de alguns dos seus funcionários superiores.

quarta-feira, 21 de março de 2018

Aspectos inerentes à autarquia nabantina

Da Ordem de trabalhos da última reunião do executivo camarário de Tomar, transcreve-se, para posterior crítica:

"Divisão de Turismo e cultura


Nº 10 - XXV Congresso da sopa
Proposta de deliberação da Vereadora Filipa Fernandes, referente à informação nº 380/2018, da Divisão de Turismo e cultura, submetendo à aprovação do Executivo Municipal aspectos inerentes à realização do 25º Congresso da sopa, no dia 5 de Maio de 2018.
Proposta de deliberação: Entrega das receitas de bilheteira (exceptuando os resultados da venda de kits) no montante máximo de 5 mil euros (cinco mil euros) ao CIRE - Tomar; aprovar tabela de preços: -Ingresso no evento - Bilhetes (sem kit) Adultos 5 euros, Crianças dos 6 aos 12 anos 2 euros, Família de 2 adultos + 2 crianças 12 euros.
Outros: Kit Congresso da sopa (copo, taça, colher e guardanapo) 3 euros por unidade. Atribuir subsídio no valor de 100 euros (cem euros) para as adegas participantes no evento."


Ignoro o resultado da votação, mas aposto singelo contra dobrado que houve unanimidade. Parece-me que não está bem e passo a explicar porquê.
1 - O respeito e a consideração, devidos aos órgãos de poder e aos seus titulares, têm de começar neles próprios. Sob pena de abandalhamento crescente. Na cultura portuguesa, qualquer eleito tem direito à designação obrigatória de "senhora" ou "senhor", antes do nome ou das funções que exerce. Em Espanha, por exemplo, as coisas são ainda mais solenes. Qualquer eleito passa a ser "senhoria". Mesmo o Rei, ou o Presidente do governo (equivalente ao nosso Primeiro-ministro), quando se dirigem a eleitos, sejam deputados, presidentes de câmara ou vereadores, começam sempre por "Senhoria", se for só um, ou "Senhorias", se forem vários, atributo que anteriormente apenas cabia à nobreza.
No caso presente, onde está "da vereadora...", devia estar "da senhora vereadora..." Línguagem familiar só deve ser usada em família ou com amigos. Nunca em documentos oficiais. Dá mau aspecto, sendo meio caminho andado para a desconsideração.
2 - O Congresso da Sopa, uma iniciativa do beirão Dr. Manuel Guimarães, já falecido, pode ser, consoante as circunstâncias, Congresso da sopa do Espírito Santo, (como nos Açores), Congresso da sopa do Espírito franco, ou Congresso da Sopa do espírito manco. Sopa do Espírito Santo não é, porque se paga, o que resulta estranho numa terra onde quase todos os eventos liderados pela câmara, com dinheiro de todos nós, são à borla (julgam os eleitores mais simplórios, os outros sabem bem que tudo se paga,e de que maneira!). Sopa do Espírito franco tão pouco, pela mesma razão, e uma vez que a deliberação camarária será tudo menos franca. Resta portanto a sopa do Espírito manco, que é o mesmo que coxo.


3 - Congresso da sopa do Espírito manco, ou coxo, porque não conheço outra terra cujo executivo aceitasse debater e votar "aspectos inerentes à realização do XXV Congresso da sopa". Antes de mais, por ser manifestamente ilegal. Debatem-se e votam-se regulamentos, normas, leis, posturas, avisos, e por aí fora. "Aspectos inerentes" é assim uma realidade demasiado vaga, que vejo pela primeira vez, e não nasci ontem. Você, leitora ou leitor, já alguma vez ouviu falar, ou leu, àcerca de um executivo municipal a deliberar sobre inerências?
4 - Com essa cobertura genérica dos "aspectos inerentes", ficam os munícipes sem saber se existe ou não um regulamento do evento e, mais grave ainda, quanto recebem, caso recebam alguma coisa, os fornecedores das sopas e os fornecedores de pão, por exemplo. Será tudo à borla? Se não é, porque menciona o documento unicamente as adegas, sem aliás especificar se os cem euros de subsídio são para cada uma ou a dividir por todas.
5 - Dirão talvez as habituais sumidades, luminárias, sentados e outros apoiantes da actual maioria, incluindo até os de boa fé, que se trata de detalhes sem importância. Creio que não será tanto assim, como a seu tempo fará constar uma eventual sindicância da entidade competente e independente. Se houver. Além disso, já anteriormente circularam rumores, segundo os quais havia fornecedores de sopa que recebiam e outros que não recebiam, bem como alguns outros casos de discriminação, com determinadas entidades a receber mais do que outras. Só boatos? A Câmara nunca se explicou, o que de resto é habitual. 
Mas é do adagiário popular que "não há fumo sem fogo". A falta de transparência dos "aspectos inerentes" só pode enfraquecer a democracia local e prejudicar, quiçá injustamente, a reputação dos próprios eleitos.

terça-feira, 20 de março de 2018

SMAS - TOMAR: Será desta?

Em declarações publicadas no OBSERVADOR online, o ministro do Ambiente defendeu a substituição total das redes de distribuição de água a cada cinquenta anos, à média de 2% ao ano. No caso de Tomar, e na área urbana onde reside o autor destas linhas, a ideia chega um bocadinho atrasada. A rede actual data de 1937. Tem portanto a bonita idade de 81 anos. Com todos os inconvenientes daí resultantes. Nomeadamente roturas frequentes e condutas cancerígenas de amianto, há muito proibidas na União Europeia.
"O passo seguinte, sublinha a ministro, é o aumento da eficiência da gestão da distribuição de água por parte das autarquias, de forma a reduzir a água não facturada, que se deve sobretudo à inexistência de sistemas de facturação fiáveis, à utilização de pressões muito maiores que as necessárias, ao desconhecimento do cadastro das redes, e à inexistência de piquetes que possam a todo o momento ir tapar uma fuga."

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Traduzindo toda esta gíria governamental em português padrão, o ministro refere-se às chamadas "perdas de rede". Água que não é facturada devido a roturas e a roubos. No caso de Tomar, trata-se de metade da água comprada à EPAL, que não sendo devidamente facturada pelos SMAS, é paga por todos os consumidores, mediante o aumento dos preços e taxas anexas. O que até acaba por agradar a quem manda naqueles serviços municipais. Como as taxas anexas obrigatórias são calculadas em percentagem, quanto mais elevadas forem as tarifas...
De acordo com o ministro, o governo dispõe de 100 milhões de euros para renovar as redes, metade dos quais provenientes da União Europeia. Há portanto alguma esperança no vale nabantino, mas também algum receio. Alguma esperança, porquanto a nossa presidente, que também preside aos SMAS, está para os fundos europeus como as moscas estão para o mel.
Algum receio também, porque Anabela Freitas já demonstrou que gosta mesmo é de obras ornamentais, de espavento, que dêem nas vistas. Mesmo que a sua utilidade prática seja reduzida ou nula. Basta pensar na Várzea grande e na Praceta Raul Lopes, por exemplo. Com as obras previstas, vão ficar bonitas. E depois?
Uma vez que a modernização da rede de água e saneamento não se vê, porque tem de ficar enterrada, provavelmente ainda não será desta que haverá requalificação, ali para as bandas da Rua Infantaria 15 (ver foto), Rua Joaquim Jacinto, sector Oeste, Rua Aurora Macedo, Rua do Teatro, Largo do Quental, Rua do Pé da Costa de Baixo... Tanto mais que mora por ali tão pouca gente, apenas umas centenas de votos. E há também, durante o tempo quente, aquele tão típico cheiro a esgoto, nomeadamente no cruzamento Aurora Macedo/Rua Direita, que agrada tanto a turistas e moradores.
Vamos esperar para ver.

segunda-feira, 19 de março de 2018

A propósito da proliferação dos patos em Badajoz

A extraordinária multiplicação dos patos, num parque público da cidade espanhola e raiana de Badajoz, implica um olhar atento e crítico sobre duas outras cidades. Sobre Elvas, que é vizinha. Fica a apenas 8 quilómetros. Sobre Tomar, que fica mais longe, mas também tem patos. (ver foto)
De acordo com os dados recolhidos, Elvas é a cidade mais antiga. Foi conquistada pelos árabes em 714, que a baptizaram El Bash. Segue-se Badajoz, fundada pelo árabe Ibn Maruan em 798. Só três séculos e meio mais tarde, Gualdim Pais resolveu "começar a construção deste castelo por nome Thomar". 
Os séculos foram passando, nem sempre na paz do Senhor e, em 1864, Badajoz tinha 23.434 habitantes, Elvas 17.685 e Tomar 21.894. Tudo relativamente equilibrado em termos demográficos, nas três cidades do interior, das quais duas -Badajoz e Elvas- no interior profundo. A pelo menos 200 quilómetros da costa mais próxima. Tomar está a apenas 60 kms da Nazaré.
Passados 150 anos, o fosso é agora enorme entre a cidade espanhola e as duas portuguesas. Em 2011, Badajoz registava 151.565 habitantes, contra apenas 23.078 em Elvas e 40.677 em Tomar. Que se passou durante esse período, que provocou tamanho desnível? Certamente erros vários, a elencar e debater noutro local e noutro tempo. Por agora convém só tomar nota e não esquecer, porque nada acontece só por acaso.


Sobretudo para responder às usuais sumidades tomaristas, que vêm com a desculpa da interioridade, logo que ouvem falar da decadência de Tomar. Pior ainda, quando se lhes aponta o caso de Ourém, que também está no interior, mas vai crescendo e já ultrapassou Tomar, são rápidos na resposta: -É porque têm Fátima! Pois seja. Mas seguindo tal raciocínio, e perante o extraordinário desenvolvimento urbano e demográfico de Badajoz, dá vontade de perguntar: -Será porque não têm Fátima?
Frente a Badajoz, apenas separada pelo Guadiana, Elvas está ainda no mesmo escalão de Tomar, porém com duas diferenças fundamentais. Por um lado, parece já ter conseguido estabilizar a população. Tinha 19.679 eleitores inscritos em 2005, e 19.314 em 2017. Por outro lado, ousou encarar a realidade e procurou soluções. Decidiu assinar, em 2013, um convénio com Badajoz, sob a égide da União Europeia, que transforma aquele conjunto urbano na Eurocidade Elvas-Badajoz, tendo em vista os fundos europeus. "Se não os consegues vencer, junta-te a eles..."
-Então e Tomar, no meio disto tudo? perguntará você, alegando que o texto já vai longo. Tomar tinha 38.724 eleitores inscritos em 2009 e apenas 34.814 oito anos mais tarde, em 2017. Durante o primeiro mandato de Anabela Freitas, que depois disso já ganhou com maioria absoluta, desapareceram dos cadernos eleitorais 2.496 eleitores. Pouca coisa, é claro. Só 7,16% dos inscritos. A demonstrar que vai tudo bem no doce vale nabantino. E com nítida tendência para melhorar...
Falta a relação com os patos de Badajoz, não é? Pois vamos a isso. Naquela cidade raiana, de acordo com a reportagem do El Pais online, em apenas 3 anos, 40 patos deram origem a 500. Em Tomar, há mais de 20 anos que temos patos no rio. E até já houve cisnes. Cisnes, julgo que já se foram. E os patos, quantos são agora?
Como querem que se desenvolva uma cidade, cujas condições básicas nem sequer permitem que os patos se reproduzam? Ou haverá predadores desconhecidos, tal como acontece com os poluidores do Nabão? Inclino-me para esta hipótese.
Perante isto, seguir-se-à a usual reacção bem tomarense. Uma minoria concordará, os restantes discordarão. É normal em democracia, todavia anormal neste caso. Porque uma coisa é discordar de opiniões, outra bem diferente é recusar a dureza dos factos. Não acreditar nos factos, como dizia há uns dias Noam Chomsky. Quando se diz ou escreve, por exemplo, que a população está a diminuir, que há falta de investimento produtivo, ou que o ano passado houve fogos com muitas vítimas mortais, seria uma perfeita parvoíce discordar. Porque são factos indesmentíveis. Inconvenientes, mas indesmentíveis. Como neste caso dos patos, das populações e das condições de desenvolvimento.
Mas pronto. Para evitar quezílias, sempre nefastas, eu pecador me confesso. Admito, constrangido pelos inquisidores locais, que em Tomar está tudo bem; que vamos pelo caminho certo, uma vez que a senhora presidente até ganhou com maioria absoluta. Eu é que sou um velho rabujento, ainda por cima pessimista crónico. Insisto contudo, recordando Galileu: -E no entanto ela move-se! Mas quem é que nas margens nabantinas conhece o caso  Galileu, durante cujo julgamento pronunciou a célebre frase E pur se muove! ?!?
Quando por vezes vejo passar camiões carregados de suínos, todos muito calmos porque bem alimentados, penso para comigo: -Coitados! Se soubessem para onde vão... Mas provavelmente os suínos nem pensam de forma articulada, actividade que mesmo nos humanos tende a cansar um bocadinho a cabeça.
Haja saúde!

domingo, 18 de março de 2018

O declínio económico acentua-se

É mais uma notícia a confirmar que o declínio tomarense é cada vez mais rápido. Segundo a NERSANT, citada pelo Mirante, seguindo a tendência dos últimos meses, em Fevereiro passado Santarém e Ourém lideraram a criação de empresas no distrito, com 12 e 11 registos, respectivamente. No mesmo período Tomar registou apenas quatro novas empresas.
O mais grave é que enquanto Santarém mantém a liderança da Lezíria do Tejo, Ourém passou a ser a cidade líder do Médio Tejo. Lider destacada, pois Tomar, com a criação de apenas 4 empresas em Fevereiro, ficou ao nível de Torres Novas.
Mas vai tudo bem na economia tomarense. Estamos no caminho certo. E o PS ganhou com maioria absoluta.
O autor destas linhas é que é um pessimista crónico, dizem algumas sumidades locais. Logo veremos até onde podemos ir demasiado longe.

Badajoz não sabe o que fazer aos patos

Por favor leia a reportagem seguinte, que é importante para ajudar a entender a crise tomarense. No texto de amanhã ficará a perceber porquê. Obrigado.

Manuel Viejo - EL PAIS online

"Em apenas três anos, 40 patos passaram a 500, e constituem agora um grave problema para os habitantes e para a Câmara"

Una treintena de gansos atraviesa un camino del parque del Guadiana.

"Nem a Câmara, nem o governo regional da Estremadura, nem os biólogos, nem tão pouco os habitantes da zona. Ninguém sabe de onde vieram os patos. Há duas teorias. Segundo a mais corrente, há um outro parque a cem metros, o Jardim Castelar, no qual vivem 60 patos em liberdade, controlados pelos serviços municipais. Daí podem talvez ter-se escapado alguns. A outra teoria aponta para alguns residentes, que teriam patos como aves de companhia e a dada altura resolveram soltá-los.
"Construímos este parque para os cidadãos e não para os patos", declara o alcaide (presidente da Câmara) Francisco Fragoso, do PP, que se inclina mais para a hipótese do abandono por alguns moradores de aves de companhia.
"No próximo verão podem chegar aos mil e criar um problema de saúde pública para os 150 mil habitantes da cidade", avisa José Marin, presidente da ordem dos veterinários de Badajoz, que acrescenta: "Se continuarem a multiplicar-se, podem transmitir a gripe aviária ou as salmonelas."
Marcelino Cardalliquet, delegado da Sociedade espanhola de ornitologia na Estremadura, opina que se trata de um problema sério, apesar de parecer uma brincadeira: "Como não têm predadores por perto, estão a transformar-se numa ameaça para centenas de aves."
Os patos gansos deslocam-se geralmente em grandes bandos. No caso presente estão repartidos em bandos de 30 a 40 aves, em várias zonas do parque público. As patas têm uma postura anual média de 4 a 6 ovos, que levam 27 a 28 dias a chocar. Por isso se multiplicam com tanta facilidade. Em comparação com outras aves de capoeira, vivem mais anos, aprendem mais depressa e podem tornar-se agressivos.

Un ganso entra en la cocina del bar del parque.


José António, de 52 anos, que costuma vir correr todos os dias no parque, declarou que os gansos nunca o incomodaram. Mais adiante, Angel, de 34 anos, que brincava com a sua filha Eva,  referiu que "Está tudo cheio de fezes. Acho que não devem levá-los daqui, porque as crianças ficam encantadas, mas há que reduzi-los bastante." Jana, de 26 anos, que trabalha como empregada de mesa num dos cafés do parque disse que "Metem-se na cozinha, sobem às mesas, incomodam os clientes, enchem tudo de merda. Tem de se fazer alguma coisa quanto antes."
Perante tanta polémica, Pablo Ramos, coordenador de Ecologistas Estremadura, propõe que sejam doados para explorações agrícolas da região que os aceitem, enquanto Artur Lopez, biólogo e técnico da Assembleia municipal de Badajoz, é de opinião que devem ser abatidos. "Pode ser impopular, mas mesmo assim devem matá-los. Eu também sou defensor dos animais, mas trata--se de uma espécie invasora."
A hipótese do abate está em cima da mesa, em conjunto com a da captura e posterior deportação das aves. A possibilidade de recorrer a contraceptivos já foi afastada, porque poderia afectar outras espécies. A adopção por residentes da zona também já foi posta de parte. "É um problema resultante do hábito de oferecer patinhos. Agora é capturá-los quanto antes", declarou José Martinez, presidente da Confederação hidrográfica do Guadiana. Tanto a Confederação como o governo regional da Estremadura (PSOE) -que não considera que haja um problema porque não se trata de animais selvagens-, e a Câmara municipal, já se reuniram várias vezes, na busca de uma solução, mas até agora sem êxito.

Los gansos picotean el césped por un tramo del parque del Guadiana.

"Se não fizerem nada, cada vez vão ser mais", diz um trabalhador da JOCA, a empresa que assegura a limpeza e manutenção do parque. "Há toneladas de excrementos; andamos sempre a limpar e agora é a época da reprodução, de forma que daqui a pouco vão ser muitos mais."
O jornal Hoy publicou há dias que a cidade de Alicante, na costa mediterrânica, poderia acolher alguns patos, para instalar num campo de golfe. Don Benito e outras cidades da zona sul de Espanha também já manifestaram interesse. Há até uma empresa ecológica da região que estaria disposta a comprar os patos para os transformar em paté.
Entretanto a Câmara espera poder concluir em breve um acordo com o governo regional para começar com as capturas, de forma a reduzir o contingente de gansos. Enquanto isto, um bando de 36 patos encaminha-se lentamente para alguns restos, que Vitória, 40 anos, acaba de despejar na relva, apesar de ser proibido dar de comer aos patos. "Se o parque não é para eles, é para quem?", pergunta ela.
Os gansos comem lentamente, porém reproduzem-se rapidamente. É esse o problema."

Manuel Viejo, EL PAIS online, 17/03/2018, às 09H53
Tradução e adaptação de António Rebelo