sexta-feira, 29 de abril de 2016

Maus políticos

Maus políticos dificilmente farão outra coisa além de má política. E má política provoca inevitavelmente maus resultados. Aqui temos um exemplo disso, que será o meu testemunho final nesta fase.

                   
                        Com os meus agradecimentos ao autor, um reputado profissional local.

Até mais ver

Tomar a dianteira 3 interrompe aqui a sua publicação. Por três motivos convergentes. Primeiro porque vou arejar e só conto voltar, salvo algum imprevisto, lá para o início de Julho. É claro que, com os actuais recursos disponíveis, até poderia continuar a escrever cada dia que passa. Afinal, Tomar na rede até tem o seu local de trabalho em Zurique, na Suiça. 
Sucede contudo que -segundo motivo- tal seria para mim pouco agradável, uma vez que resolvi viajar não só mas também para deixar de ver certas coisas tomarenses que me chocam. Como por exemplo a passividade, o conformismo, oportunismo, o optimismo balofo, o deixa andar, a auto-suficiência e a evidente incompetência da esmagadora maioria dos eleitos. Tudo isto a confirmar que quando se fazem panelas, fazem-se igualmente as tampas para elas. Por outras palavras: Se a população é em geral como está à vista, queriam eleitos à altura? Só de importação, ou quase.
Terceiro e por ora derradeiro motivo, como bem sabem aqueles raros habitantes da urbe que ainda insistem no hábito saudável de pensar, ler e escrever, é cada vez mais árduo viver nesta desgraçada terra, cada vez mais uma lamentável pasmaceira. Por um lado, fruto da evidente e acelerada decadência, escasseiam os temas. Por outro lado, a confrangedora subserviência da informação local também não ajuda nada, desencorajando as eventuais colaborações desinteressadas. Tudo naturalmente em nome da sobrevivência económica, que impõe, julgam os implicados, obediência cega, prudência canina e sobretudo um eufemismo nabantino chamado boas maneiras. O tal que permite alcunhar a minha escrita habitual de agreste e o seu autor de agressivo e mal educado. Sem se darem conta das terríveis implicações daquilo que dizem. Designadamente porque pensar cansa a cabeça. E a inteligência é uma faculdade muito mal distribuída, que ou se tem ou não. Não adianta disfarçar.
Por tudo o que antecede, e o resto que não seria muito educado mencionar agora, até mais ver. Que o mesmo é dizer, até ao meu eventual regresso à escrita. Obrigado pela paciência que tiveram para me aturar por escrito, apesar da minha alegada agressividade e falta de educação.
Sejam felizes, se puderem! 

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Desculpa de mau pagador

Perguntada sobre o açude indispensável para a roda do Mouchão funcionar, Anabela Freitas alegou que o Nabão ainda tem demasiado caudal, pelo que só mais tarde será possível tal construção. É uma desculpa de mau pagador. Conforme bem mostram as fotos, colhidas esta manhã, o caudal do rio é o normal nesta época do ano. Só os cegos não vêm isso. O "ladrão" está fechado, o mesmo acontecendo com a adufa do Moinho velho.



O que pode muito bem estar a suceder é que a penúria orçamental não permita para já conseguir os materiais necessários à montagem do açude. Explico-me. Má pagadora crónica, das piores do país segundo os dados oficiais disponíveis, a autarquia sofre as respectivas consequências. Que são geralmente bem gravosas.
Os fornecedores habituais, que já estão fartos de conhecer os hábitos da casa, facturam em conformidade, inflacionando bastante os custos. Os fornecedores ocasionais, como é o caso no que toca aos materiais para o açude, só entregam contra pagamento. E tanto quanto sei, devido a variadas tranquibérnias legais, nesta altura do campeonato a câmara estará um bocado desprevenida na área da disponibilidade imediata de numerário. E sem dinheiro, não há palhaço.
É mais um problema arreliante, que me leva a sugerir à nossa simpática presidente que coloque em local de fácil leitura diária, para obrigatória e proveitosa meditação, o célebre verso de Camões, que apesar de zarolho via longe: Erros meus, má fortuna, amor ardente. No caso presente ao contrário, para respeitar a cronologia: Amor ardente, erros meus, má fortuna...
A vida é dura e não vale nada. Mas nada vale uma vida.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Um leitor equivocado

O leitor João Ferreira teve a amabilidade de comentar o meu texto sobre o escrito de António Lourenço dos Santos no Tomar opinião. Escreveu a dado passo que "As pessoas querem é soluções, pois os problemas estão identificados", acrescentando depois que as soluções não serão fáceis, dado o nível de endividamento da autarquia.
Trata-se de um triplo equívoco. Ponto um, os problemas não estão todos identificados. Quanto mais não seja porque aquilo que para uns é um problema, para outros mais não será que uma falsa questão.
Ponto dois, ao criticarem, reclamarem, ou pedirem providências, os cidadãos estão face aos políticos eleitos como os doentes perante os médicos. Dizem onde lhes dói. Cabe depois aos políticos encontrar e implementar soluções. Aos médicos identificar a maleita e prescrever a respectiva terapêutica. Não será assim, estimado leitor Ferreira? Portanto, não cabe aos analistas políticos nem aos críticos avançar soluções, como condição para poderem escrever.
Ponto três, o endividamento camarário é realmente excessivo, mas não é argumento convincente para explicar a evidente inércia e a falta de aptidão política da actual gerência autárquica. O défice galopante dessa extravagância chamada transportes urbanos, com um prejuízo diário superior a 500 euros; o problema do trânsito e estacionamento no centro histórico, ou o erro monumental que consiste em proibir que os autocarros de turismo possam descer a estrada do Convento, ai estão para demonstrar o contrário. Em qualquer dos casos citados, a solução é tendencialmente gratuita: A - Acabar com os transportes urbanos, porque são praticamente desnecessários na sua estrutura actual e um sorvedoiro de recursos; E porque andar a pé faz bem, evita a obesidade. B - Suprimir o trânsito e o estacionamento na centro histórico, excepto para urgências, cargas/descargas e acesso às garagens, porque se trata de uma área com menos de 500 metros de largura ou comprimento. E porque andar a pé faz bem à saúde; C - É um gesto bem simples inverter o sentido do trânsito de autocarros na estrada do Convento: em vez de subirem, poderem descer. Assim sendo, os eleitos que temos, estão à espera de quê?
Há até um situação assaz embaraçosa para a nossa simpática mas ineficaz presidente. Refiro-me às portagens na A13 e na A23, cuja redução solicita por serem das mais altas do país. Mas que autoridade moral tem o município de Tomar para exigir ao governo semelhante decisão, quando se sabe que os SMAS-Tomar também praticam os preços mais altos do país nos serviços que fornecem à população? No caso das ex-SCUT, quem não quer pagar, vai pelas estradas nacionais. No caso dos SMAS-Tomar, quem não quer continuar a ser roubado, como é que faz? Trata-se de um monopólio, que agora até tem um representante do PCP no seu conselho de administração...

terça-feira, 26 de abril de 2016

Temos homem?

Numa excelente peça no seu blogue thomaropinião (que não consegui "linkar", certamente por burrice minha) , Lourenço dos Santos enumera de modo claro as múltiplas mazelas que afligem os tomarenses, num cerrado ataque à actual gerência autárquica. Nem sequer poupa os seus amigos PSD, nem a conformista população tomarista, quando refere que, apesar dos preços escandalosos, "O silêncio continua a reinar. Tudo parece estar bem no reino da água e dos SMAS". 
Finalmente! Ao cabo de todos estes anos de má memória, finalmente aparece alguém que ousa dar o peito às balas e chamar os bois pelos nomes. Fico muito contente. Não só por constatar que tenho agora na blogosfera tomarense alguém para me suceder. Também e sobretudo porque o novel crítico autárquico adopta afinal o meu estilo de escrita, que anteriormente criticou algumas vezes. Lá diz o povo: "Só os burros é que não mudam".
Tudo bem, por conseguinte? Nem lá perto. Apenas um passo na boa direcção. Bem modesto, pois o Tomar opinião é por enquanto praticamente confidencial. Falta portanto fazer tudo o resto. Desde logo passar à prática. Convencer a hostes laranja a escolher um candidato a candidato que manifestamente começa a destoar do estilo daquela casa. Depois, elaborar um projecto simultaneamente exigente, mobilizador e eficaz para esta desgraçada terra. Enfim, conseguir o voto maioritário dos conformistas tomaristas -que são a grande maioria- sempre à coca de quem lhes prometa mais com menos trabalho em prol da comunidade. Não vai ser nada fácil. E depois ainda virá a governação municipal, que urge libertar do actual estilo reumático, que não poupa ninguém. Nem a curiosa maioria, nem a bisonha oposição.
Boa sorte, António! Que bem precisas! A procissão ainda nem sequer saiu da igreja. Chegará a desfilar?

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Lembrando a data querida...

Há 42 anos, militares cansados da guerra em África e descontentes com as injustiças do governo, revoltaram-se. Derrubaram um regime caduco, tal como haviam feito os seus antecessores em 28 de Maio de 1926. Com uma notável diferença. Enquanto o 28 de Maio acabou com a 1ª República, que era pluripartidária e acabou num sistema de partido único, o 25 de Abril acabou com um regime ditatorial e está na origem da democracia em que felizmente continuamos a viver.
Convém no entanto ter sempre presente que o motor inicial dos capitães de Abril foi o binómio guerra colonial/promoções injustas. Estavam fartos de guerra após sucessivas comissões em África e muito descontentes por terem sido ultrapassados nas promoções por oficiais milicianos. Donde o golpe militar que só mais tarde alargou o seu âmbito, proclamando então como objectivos centrais os famosos 3 D: Descolonização, Democratização, Desenvolvimento.
A descolonização fez-se. Mal, mas fez-se. A democratização está aí, felizmente bem viva. Se assim não fora, eu não poderia escrever este texto sem correr graves riscos. Quanto ao desenvolvimento, houve algum. Mas infelizmente o principal foi na máquina do Estado. Temos agora um autêntico Império dos Sentados, cuja maioria nada faz para além de ocupar os lugares, receber os vencimentos, gastar recursos públicos e chatear o próximo.
Mas também têm direito à vida, que é como quem diz ao emprego. Pois têm. Porém, nos países anglo-saxónicos, cuja administração pública é em geral bem mais magra que a portuguesa, o desemprego é também muito inferior ao nosso. Porque será?
E já agora: Porque será que em Portugal o único serviço realmente eficaz e quase sem falhas é o fisco? Porque será que depois de pagarmos pontualmente IRS, IMI, IRC, IVA a 23%, selo do carro e impostos leoninos sobre os combustiveis, quando precisamos de algo dos serviços públicos, que antes pagámos com língua de palmo, temos de pagar segunda vez aquilo que solicitamos ou usamos (certidões, licenças, outros documentos, ex-SCUTS, consultas médicas...)?

domingo, 24 de abril de 2016

Excesso de impostos mata o imposto

A fórmula é bem conhecida por esse mundo fora. Infelizmente menos em Portugal. E os nossos amáveis governantes fingem ignorá-la. Pudera! Não lhes convém mesmo nada. O conceito inicial deve-se ao americano Artur Laffer, ilustrado pela chamada curva de Laffer, em forma de sino. A ideia é afinal bem simples. Segundo aquele economista estado-unidense, a partir de um certo nível de imposição os contribuintes sentem-se espoliados e começam a procurar meios para fugir à respectiva liquidação.
É o que está a suceder em Portugal. Com o IVA a 23% quando em Espanha é de apenas 18%; com os impressos de IRS a 60 cêntimos quando por essa Europa fora são gratuitos; com as certidões a 20 euros, quando em França por exemplo são gratuitas; com os combustíveis pelas ruas da amargura; alguém considera surpreendente que não haja investimento, que falte emprego, que a população emigre?
Veja-se o caso tomarense. Pagamos a água da rede mais cara que os lisboetas, apesar de a origem ser praticamente a mesma -a albufeira do Castelo do Bode. Uma vez que o respectivo transporte para Lisboa é naturalmente bem mais oneroso que para Tomar, isso significa que a autarquia tomarense anda a roubar às claras os seus eleitores. Pela calada mas com eficácia. Porquê? Para quê? Para alimentar a sua burocracia voraz e a sua legião pletórica de funcionários sentados.
Se a esse esbulho evidente juntarmos a atitude pouco simpática dos eleitos e dos senhores funcionários, muitos dos quais se consideram intimamente donos da autarquia; se acrescentarmos também a infernal burocracia local e um PDM que nasceu mal e vem crescendo ainda pior, temos as principais causas do declínio tomarense. Que é irreversível no actual estado de coisas. E cujas consequências estão escancaradas à vista de todos. Na Corredoura e na Alameda -as duas principais zonas comerciais da ainda cidade- existem lojas fechadas há anos, à espera de arrendatários que nunca mais aparecem. Porque os potenciais candidatos fogem de Tomar a sete pés.
Que fazer, perguntaria o Lenine de má memória, se ainda vivesse. Exactamente o oposto daquilo que ele preconizava. Menos Estado, menos burocracia, menos impostos, menos taxas, menos funcionários, menos despesa pública, menos regulamentos... Basta olhar com atenção para os Estados Unidos, para o Canadá ou para as restantes colónias britânicas e seguir-lhes o exemplo.
Os direitos dos trabalhadores? Os empregos dos funcionários? O sistema de saúde? A educação? As reformas? Não me consta que americanos, canadianos, australianos e assim estejam a fugir dos seus países respectivos. Mas os portugueses estão. E os tomarenses também. Que remédio! Sem condições mínimas não há iniciativa privada. Sem iniciativa privada não há criação de riqueza, nem empregos produtivos. Sem uma coisa e outra não há crescimento económico. Sem crescimento económico a dívida pública vai continuar a crescer. Como a iremos pagar? E actualmente o chamado "serviço da dívida" = juros + despesas de gestão, equivale à dotação orçamental de um dos principais ministérios. Até quando vamos continuar a padecer?

sábado, 23 de abril de 2016

Monos e mistérios nabantinos

Apesar de relativamente pequena e com cada vez menos população, a antiga capital templária oferece ao passeante pedonal alguns monos e mistérios dignos de registo. Tomar a dianteira 3 andou por aí e registou os mais evidentes. Aqueles que melhor mostram o triste estado a que isto chegou. Por culpa de todos nós, tomarenses. Porque os autarcas são eleitos pela população. Embora se saiba muito bem que, nesta altura do campeonato, qualquer nabantino que se preze não pode deixar de proclamar, com ar convicto -"Eu não votei neles". Deve ter sido a graça do Espírito Santo que encheu as urnas...

Quiosque da Várzea Pequena. Funcionou meia dúzia de meses. Desde então nem ata nem desata. Nem abrem concurso para a respectiva exploração, nem removem dali.

 Coreto da Várzea Pequena. Em tempos idos, de boa memória, havia concertos todas as semanas e a parte inferior servia de base de apoio para os jardineiros. Agora há ali um concerto quando há e os jardineiros municipais foram-se.

Casinhota do Mouchão. É um dos insondáveis mistérios da cidade. Nunca serviu para nada e também nunca ninguém explicou qual foi a intenção de quem projectou semelhante aborto. Para bar ou café é demasiado pequena. Para barraca de cão demasiado grande. A Câmara está à espera de quê para remover tal trambolho?

Sanitários da Rua da Fábrica. Encerrados há mais de 30 anos, ali continuam a ornamentar a paisagem. Muito rural como se pode ver pela vegetação. A autarquia está à espera de quê para mandar demolir? E para instalar ali um pequeno rebanho? Alimentação não lhe ia faltar...

Quiosque do Mercado. Encerrado há anos. Consta que pertence a um particular. A ser verdade, o dito cujo tem pago a respectiva licença de ocupação da via pública? Estão à espera de quê para o retirar dali? Que acabe a crise?

 Antiga churrasqueira do Mercado. Encerrada há quase uma década. Foi edificada por um particular, mediante licença da autarquia. Diz-se que não tem condições mínimas para poder reabrir. A ser assim, ou se fazem obras de reabilitação ou há que demolir. Estão à espera de quê? Que a Câmara acabe de pagar a sua gigantesca dívida?

 Pavilhão desmontável do Mercado. Um erro monumental dos senhores autarcas. Custou cerca de 250 mil euros e nunca serviu capazmente para aquilo a que se destinava -servir de mercado transitório. Houve até necessidade de instalar um sistema de rega por aspersão na cobertura, para reduzir o calor no interior. Devia ter sido apenas alugado, mas resolveram comprar. Ignora-se com que argumentos. Agora vazio, desde o retorno do mercado às instalações de origem, não sabem o que fazer com tal mono, que ali continua, fechado e a degradar-se. Mal empregado dinheiro!

Sanitários da Mata dos Sete Montes. Continua por explicar o que terá levado o competente presidente Paiva a aprovar um projecto de sanitários com recepção. A qual nunca serviu até agora. E não se prevê quando tal possa vir a acontecer. Foi mais uma despesa sumptuária...

 Via pedonal de acesso ao Convento, através da Mata dos Sete Montes. Apesar de publicitada com visita guiada de jornalistas e população, foi e é um autêntico embuste.  Até tinha candeeiros de iluminação pública, que nunca funcionaram, pois a Mata fecha ao pôr do sol. Entretanto todo esse equipamento já foi roubado. 
Quanto ao acesso pedonal ao Convento, a autocrática administração daquele monumento sempre alegou falta de pessoal para nunca manter aberta a porta à ilharga da Torre da Condessa. E sem isso, adeus ligação ao Convento. É o Estado ao serviço dos que deviam ser seus servidores.


sexta-feira, 22 de abril de 2016

Há mesmo discriminação no Convento de Cristo

A questão inicial

A Associação Canto Firme tem realizado ultimamente no Convento de Cristo alguns espectáculos teatrais, enquanto a Associação Fatias de Cá foi e está na prática impedida de continuar a fazer teatro naquele monumento. O que configura a priori uma situação de discriminação. Donde a  mensagem "Discriminação no Convento de Cristo?", publicada nestas colunas em 19 do corrente.

A atitude da direcção do Convento de Cristo

Apesar de expressamente interpelada neste blogue e na supracitada mensagem, a direcção do Convento de Cristo não respondeu até esta data. Mantém-se assim fiel a uma tradição daquela casa, que já vem de antes do 25 de Abril. Dos tempos em que não havia liberdade de opinião nem de informação. Os actos ficam com quem os pratica.

A resposta da Associação Fatias de cá



A resposta da Associação Canto firme



Conclusão de Tomar a dianteira 3

1 - Do exposto resulta claramente que existe, actualmente e de facto, uma situação de óbvia discriminação no Convento de Cristo, no que concerne ao uso daquele monumento para espectáculos teatrais. Há uma associação favorecida em detrimento de outra, o que é ilegal. A responsabilidade por tal facto não pode contudo ser assacada nem à Canto Firme nem à Fatias de Cá.

2 - Essa óbvia situação de favorecimento pode ser sanada mediante a celebração de um protocolo entre a Fatias de Cá e a DGPC, semelhante ao já existente entre a Canto Firme e aquele organismo governamental, mencionado no ponto 4 da resposta publicada acima.

3 - Agradece-se aos dirigentes das associações em causa a evidente boa vontade e óbvio espírito de colaboração. Que são afinal deveres de cidadania, mas que merecem ser assinalados, porque assaz raros nesta terra abençoada.

4 - É uso chamar a isto jornalismo de investigação. Cumpre no entanto esclarecer que nem Tomar a dianteira 3 é um órgão de informação, nem o seu gestor se considera jornalista. Para que conste.

quinta-feira, 21 de abril de 2016

HUMOR - Autarcas nabos em Viseu

                                         Correio da Manhã, 20/04/2016, página 19

Isto anda tudo trocado na política autárquica. O rio Nabão corre em Tomar mas é em Viseu que há autarcas nabos. Vejam só e vejam bem: Acabar com o trânsito automóvel e o estacionamento nas ruas do centro histórico de Viseu! Que raio de ideia mais estapafúrdia! Que patetice, senhores! Os automóveis e a respectiva circulação urbana fazem parte da paisagem citadina. São património histórico que é imperativo proteger. Assim parece pensar quem preside em Tomar. Deixem-se portanto de heresias contra a ordem natural das coisas. Suspendam sine dia esse concurso que agora anunciam e venham mas é aprender a Tomar, a veneranda capital templária.
Felizmente que na terra gualdina, onde é visível que a população respira felicidade por todos os poros, temos um excelente exemplo de uma empreitada que já vai em mais de seis milhões de contos e permite que na prática a autarquia tenha agora um parque de estacionamento mesmo à ilharga, continuando porém tudo como anteriormente. Graças a Deus, e à notável acção dos sucessivos autarcas, os tomarenses que habitam no Centro histórico continuam a poder beneficiar de trânsito e estacionamento à porta. Mesmo nas ruas mais estreitas, do tempo das carroças. Onde alguns moradores -raros é verdade- até reservam os seus lugares de estacionamento. Ou estacionam em cima dos passeios. Lugares cativos portanto. A demonstrar que, havendo boa vontade dos senhores autarcas, tudo é possível. Mesmo o insólito e inadmissível, porque abusivo.
E nem sequer valerá a pena preocupar-se com os autarcas que venham a seguir, senhores edis da terra de Viriato. Esses farão decerto como em Tomar. Procederão como o Pangloss, o imortal personagem de Voltaire. Dirão que tudo vai bem no melhor dos mundos possíveis. Guardarão de Conrado o prudente silêncio e, quando lhes forem pedidos esclarecimentos ou solicitada a consulta do controverso processo ParqT, alegarão que continua em segredo de justiça. Há anos que é assim.
Fumos de corrupção?! Nem pensar! Isso é coisa para a América Latina. Sobretudo no Brasil. Que, como é sabido, foi descoberto, colonizado e povoado inicialmente por ingleses e nórdicos em geral...
Caixas de robalos por baixo da mesa? Que não! Que não! Há apenas a registar o caso do vereador que celebrou contratos com a Águas do Centro e quando terminou o mandato foi para lá trabalhar. O caso do presidente que celebrou empreitadas com a Aquino e Rodrigues e quando terminou o mandato foi para lá trabalhar E finalmente, por agora, o caso de outro presidente que celebrou contratos com a Resitejo e quando terminou o mandato foi para lá trabalhar. E lá se mantém. Mas nada quanto à ParqT, certamente enquanto se mantiver o propalado segredo de justiça...que não vai manter-se eternamente. Aguardemos portanto. Esperançados, que quem procura sempre encontra.
Mas até agora, nada de anomalias graves. Estamos apenas perante episódios característicos da política à portuguesa. Tudo legal, em suma. É a vida política em Portugal. Versão post 25 de Abril. Os militares deram-nos a democracia de bandeja e o resultado aí está.
Desculpem lá a evidente má língua.

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Discriminação no Convento de Cristo? - 2

É típico desta terra: quando há um problema qualquer, em vez de esclarecer as coisas cabalmente, desvia-se a atenção para os detalhes. Neste caso dos espectáculos teatrais no Convento e da eventual discriminação entre associações culturais nabantinas, que nada justificaria, um leitor foi prestável no esclarecimento. Adiantou que houve desvio de dinheiros na gestão da cafetaria conventual e do catering dos espectáculos do Fatias de Cá, dando assim a entender que cessou a actividade teatral daquele grupo na Casa da Ordem de Cristo por carência de fundos.
Quando escrevi o texto anterior ignorava essa questão do desvio de dinheiros. Perante a surpresa proporcionada pelo amável leitor, apressei-me a contactar o Fatias de Cá. Que imediatamente confirmou os factos. E adiantou que continuam a proceder ao respectivo apuramento rigoroso. Segundo a mesma fonte, terão desaparecido fundos na ordem dos 50 mil euros. Porém, nada adiantou por enquanto a respeito da eventual implicação desse desfalque na realização dos espectáculos teatrais.
Igualmente bem ao estilo tomarense, a direcção do Convento de Cristo, único alvo da mensagem anterior, fechou-se até agora na redoma da sua elevadíssima importância e nada disse ao reles e inconveniente blogue que é Tomar a  dianteira. Vamos por isso continuar a aguardar as devidas informações factuais, que respondam de uma vez por todas à questão central: Tem havido ou não discriminação de facto na fruição das instalações do Convento de Cristo por parte das associações culturais? 

terça-feira, 19 de abril de 2016

Discriminação no Convento de Cristo?

Ao longo dos anos, António de Sousa e o Canto Firme vêm desenvolvendo uma acção notável na área da música, na cidade, no Convento e alhures. Igualmente ao longo dos anos, Carlos Carvalheiro e o Fatias de Cá vêm desenvolvendo uma acção notável na área do teatro, na cidade, no Convento e alhures.
A dada altura, Carlos Carvalheiro e a Fatias de Cá foram foram impedidos de continuar a realizar os seus espectáculos teatrais com comida e bebida no Convento de Cristo, situação que se mantém. Razão apresentada por quem de direito: Falta de pessoal e de condições mínimas de segurança.
Surgem agora António de Sousa e o Canto Firme com um espectáculo em tudo semelhante aos do Fatias de Cá, encenado pelo actor João Mota, que tem lugar no Convento de Cristo e já vai na terceira representação. A pergunta é inevitável: Não há pessoal nem condições de segurança para uns, mas há para outros?
O Convento de Cristo, a veneranda Casa da Ordem, é Património da Humanidade e portanto de todos nós. A começar naturalmente pelos tomarenses, que estão mais próximos. Seria lastimável que nele se praticasse qualquer forma de discriminação, do tipo filhos e enteados, mesmo encapotadamente. 
Sendo as coisas aquilo que são -ou pelo menos aparentam- quem superintende no Convento de Cristo, aqui e/ou na Ajuda, deve uma explicação cabal à população. Caso a mesma não surja, Tomar a dianteira será forçado a invocar onde convenha a lei do direito à informação. Há acções intoleráveis. A discriminação hipócrita é uma delas.

anfrarebelo@gmail.com

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Ao menos as boas maneiras, senhores!

Passava na Praça da República. Ouvi música e vi bastante gente junto aos Paços do Concelho. Aproximei-me. Actuava a Tuna da Faculdade de Medicina da Universidade da Extremadura, de Badajoz. Muito público nos degraus e sob os arcos. Janelas sacadas do piso nobre repletas de estudantes femininas do Politécnico. Procurei e voltei a procurar entre a numerosa assistência. Nem um autarca, nem um funcionário superior em representação do município. Lamentável. Porque, quer se queira quer não, ali é a casa de todos nós. E quando uma agremiação vem apresentar cumprimentos ou simplesmente exibir-se à nossa porta, o mínimo que devemos fazer é estar presentes. Fazer as honras da casa, diz o povo inculto. Simples questão de boas maneiras, escrevo eu. De saber viver em sociedade, afinal.
Coisa praticamente impensável, mas se um dia destes a Nabantina, a Gualdim Pais ou a Tuna do IPT se forem exibir frente à alcaidaria da capital raiana e não estiver lá nenhuma entidade credenciada para fazer as honras da casa, logo a delegação forasteira dirá cobras e lagartos, palavras e palavrões. Agora imaginem o que irão dizer os futuros médicos espanhóis da cidade onde já o nosso primeiro rei partiu uma perna. Num habia nexexidade, diria o diácono Remédios, de boa memória.
Mas quem julga conhecer bem tanto os autarcas nabâncios como os tomarenses em geral já percebeu tudo. Em anos futuros, se os organizadores tunantes do IPT quiserem melhorar o acolhimento aos seus convidados, designadamente com a presença de autarcas e funcionários superiores da autarquia, o melhor será providenciar uma boa refeição, tipo feijoada com muito tintol, no salão nobre dos Paços do Concelho. Vão ver que não faltarão eleitos nem chefes disto e daquilo... 
E assim nos vamos afundando. Pouco a pouco, mas eficazmente. Naquela lama que sai da base do corpo de todos nós. Dado estar a falar de boas maneiras, não seria adequado escrever merda. Mas é disso mesmo que se trata. Já estamos afogados nela pelo menos até à cintura. E mesmo assim o cheiro pestilento parece não incomodar grande gente. Habituamo-nos a tudo!

domingo, 17 de abril de 2016

A lixeira autárquica

A notícia é da Rádio Hertz, na prática o único órgão de informação local que acompanha com algum rigor e regularidade a actividade da autarquia. Em entrevista, o vice-presidente Hugo Cristóvão, por quem tenho muita estima e consideração, declarou àquela rádio  que vai ser muito difícil apurar responsabilidades num estranho e condenável caso de perdão de dívidas por parte dos SMAS, a consumidores de elevado poder de compra. Acrescenta a notícia que os factos ocorreram em 2009/2010 e foram denunciados pelo vereador Pedro Marques na reunião camarária da passada segunda feira.
Temos assim, como tomarenses-eleitores-contribuintes-consumidores-explorados pelos SMAS que:
1 - Há seis ou sete anos os serviços municipalizados de Tomar perdoaram, sem qualquer cobertura legal, dívidas a consumidores de água com recursos para as pagar, uma vez que ao que consta se tratou de consumos provenientes de rega de jardins e enchimento de piscinas. Porquê?
2 - O vereador Pedro Marques, único autarca ainda em funções que já nessa altura integrava o executivo municipal, só agora achou oportuno denunciar a referida prevaricação. Porquê?
3 - Em vez de primeiro mandar, como lhe compete, apurar responsabilidades através do indispensável inquérito administrativo, para depois punir os responsáveis que são funcionários, uma vez que executaram sem protestar por escrito ordens manifestamente ilegítimas porque sem cobertura legal, o vice-presidente da autarquia limita-se a dizer por antecipação que "por muito que nos custe, vai ser muito difícil apurar responsabilidades". Porquê?
No estado actual das coisas e até novas informações substantivas, tudo isto configura, uma vez mais, uma situação de manifesta lixeira autárquica, no duplo sentido do termo. Lixeira autárquica, pois estes autarcas que temos, embora sendo bons cidadãos e boa gente, como políticos já deviam estar na lixeira da História, por manifesta inadequação ao mundo actual e às suas tranquibérnias. Lixeira autárquica outrossim, visto que, uns conscientemente, outros sem disso sequer se darem conta, andam afinal todos  a procurar governar-se, mas também a lixar os cidadãos pagadores que somos todos nós. Até quando?
Até ao dia em que os eleitores tomarenses decidirem finalmente deixar de se comportar como um rebanho manso e calado. Julgo que é bem capaz de levar o seu tempo...

sábado, 16 de abril de 2016

As plantas e os animais e as pessoas

As plantas são indispensáveis para a vida na terra porque sem elas não havia renovação de oxigénio e morríamos todos disse a senhora professora e acrescentou que as plantas podem ser pequenas médias ou grandes sendo as pequenas geralmente flores ou ervas as médias arbustos e as grandes árvores que podem ser ornamentais fruteiras de sombra ou para madeira mas isso também depende muito do sítio onde nascem que a sorte de uma sucupira da Amazónia não se pode comparar com a de um plátano do Mouchão um pinheiro da Cerca ou um salgueiro da margem do Nabão isto para já não falar das coitadas que vêm ao mundo em mau sítio como por exemplo num caminho rural ou numa rua nabantina e que cedo são esmagadas ou arrancadas neste caso quando são que há falta de pessoal e as pessoas também são como os animais e as árvores pois todos têm a sua utilidade sendo certo que ninguém planta um choupo para dar sombra compra um boi para animal de companhia ou adquire um malmequer para lhe colher os frutos e por isso não consigo entender o que leva as pessoas a votarem nos eleitos que temos aqui na autarquia indiscutivelmente úteis e competentes só faltando ainda saber em quê mas vamos dar tempo ao tempo que acabaremos por ter todas a respostas naturalmente quando já não fizerem falta nenhuma porque é o que quase sempre acontece digamos portanto que à falta de melhor os nossos autarcas em geral têm todos entre outras serventias por enquanto ignoradas excelentes vozes para tocar piano tal como os salgueiros chorões das margens do rio dão excelentes frutos para quem queira fazer dieta de emagrecimento rápido e assim são as coisas e assim vai o Mundo que como referiu o padre António Vieira quando a doutrina não entra e por isso não surte efeito ou os que ouvem não podem ou o pregador não sabe e isto já foi no século XVII mas continua muito actual sobretudo aqui em Tomar mas não só que não tarda novo trambolhão neste adorável e formoso jardim à beira mar plantado e quase cume da cabeça da Europa toda no dizer do Zarolho há mais de quinhentos anos.

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Hoje não...

Hoje não há a habitual peça diária. Na sequência da notícia de ontem, segundo a qual a economia portuguesa afinal vai crescer menos que o previsto pelo Centeno, era para escrever sobre o ilusionista António Costa, a aprendiza Anabela e a política pretensamente socialista das farturas, que inevitavelmente nos vai levar à miséria, que é com quem diz a mais austeridade, Contudo, após mais madura reflexão, resolvi continuar a elucubrar, mas sem escrever. As estatísticas aqui do blogue mostram que o leitorado de Tomar a dianteira detesta más notícias. Gostam mais de rotundas mentiras, desde que correspondam aos seus desejos profundos. Bom proveito. Na medida do possível, procurarei sempre evitar que possam fazer comigo como se fazia na antiguidade: matar o mensageiro quando a mensagem não agrada.
Tenham mais um dia descansado, com refeições fartas e bem regadas, porque é por aí que lá vamos. Aonde? Vocês sabem.

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Conversa fiada

Incomodada com a reacção do eleitorado tomarense, geralmente demasiado brando, perante o escandaloso lucro anunciado pelos SMAS, a simpática presidente Anabela Freitas desta feita reagiu prontamente. Anunciou e mandou publicar nos órgãos ao seu serviço que o citado lucro vai servir para melhorar a limpeza urbana e reduzir as taxas cobradas aos explorados consumidores de água. Tenho para mim que é apenas conversa fiada. Mais precisamente prematura propaganda eleitoral, tentando desde já assegurar uma  cada vez mais hipotética reeleição. Candeia que vai à frente alumia duas vezes.
É provável que as referidas taxas até baixem, sobretudo em 2017. Mas só poderá ser uma redução cosmética, do tipo do aumento das pensões anunciado pelo governo Costa. Se viermos a pagar menos um euro ou dois já será uma festa. Isto porque o bicho está e vai continuar na fruta. A experiência mostra que, nos concelhos onde as águas e saneamento foram privatizados, os consumidores pagam menos. Como por exemplo em Ourém, cuja população continua crescendo enquanto a de Tomar diminui, e onde o presidente Paulo Fonseca, apesar de socialista, não reverteu as citadas concessões. Porque terá sido? Porque é um socialista dissidente? Desnaturado? Ou simplesmente realista?
Quanto à limpeza urbana, vai decerto mudar qualquer coisinha no aspecto actualmente miserável das nossas ruas e dos nossos parques e jardins, para que no essencial tudo possa continuar como até aqui -uma vergonha. Isto porque melhorar tais serviços implica arranjar mais meios humanos, mais máquinas e mais consumíveis. Tudo aquilo que a autarquia não pode pagar nas condições actuais, porque tem excesso de pessoal supérfluo. Há chefes e funcionários de secretária a mais. Faltam varredores, jardineiros, pedreiros, operadores de máquinas, carpinteiros... E não há disponibilidade orçamental para aumentar as despesas com pessoal, posto que a câmara cada vez recebe menos em impostos e transferências do governo.
Julgo que Anabela Freitas sabe tudo isto muito bem. Tal como sabe igualmente que não pode nem deve despedir ou mandar para casa com o vencimento integral os funcionários supérfluos, pois deles depende a sua desejada reeleição, cada vez mais problemática. São os funcionários e os pensionistas que votam PS. Não os empresários ou os proprietários.
Entretanto, os desgraçados munícipes de uma parte da cidade antiga, praticamente ao lado dos Paços do Concelho, vão continuar a pagar o mesmo que os outros consumidores, sem contudo terem direito à mesma qualidade de serviço. Refiro-me àquela zona histórica cujas infraestruturas de águas e esgotos ainda datam da primeira metade do século passado e cuja modernização continua aguardando melhores dias. Matéria sobre a qual Anabela Freitas foi omissa
Mas temos os museus da Levada. Custaram perto de 6 milhões de euros, mas valeu a pena! É ver as filas de visitantes a comprarem os seus bilhetes e a entrarem, para se extasiarem ante tais maravilhas...


quarta-feira, 13 de abril de 2016

O porco só pensa na bolota

Podia começar pelo clássico "diz-me do que falas, dir-te-ei quem és e o que vales". Neste caso porém, sem querer comparar bípedes em princípio inteligentes com quadrúpedes em princípio broncos, parece-me mais adequado o anexim alentejano "o porco só pensa na bolota". Isto porque, pasme-se, "A qualidade das refeições escolares foi objecto de análise no executivo municipal", diz a Rádio Hertz. Que acrescenta esta conclusão de mão cheia dos senhores edis tomarenses: "A alimentação não tem a qualidade que se deveria exigir."
Noutros termos e se bem entendi, num concelho onde abundam os problemas magnos em todos os sectores, sete maduros à volta de uma mesa, alguns dos quais generosamente estipendiados e fazendo disso modo de vida, resolveram entreter-se a conversar sobre a sua, lá bem no fundo, principal preocupação -cuidar da barriguinha. Porque, guiado pelos hábitos da casa, não acredito que tenham analisado ou sequer debatido a coisa. Isso tem regras e exigiria bastante trabalho prévio. Limitaram-se por isso a debitar generosas generalidades, entremeadas com vacuidades polivalentes.
A prova do que afirmo é que, lendo a notícia da Hertz, nem sequer se fica a saber porque é que a comida escolar não tem a qualidade que se deveria exigir". Gordura a mais? Tempero a menos? Excesso de sal? Pouco peixe? Carne fraca? Pouca variedade? Mau aspecto? Confecção deficiente? Pouca quantidade? Tudo perguntas sem resposta. Os encarregados de educação e as adoráveis criancinhas queixam-se. Mas de quê?
Gente vivida, de grande pedalada, que rompeu vários fundilhos nos bancos das universidades e nas cadeiras das bibliotecas, ou em casa a olhar para o ecrã, os directores dos agrupamentos escolares não tiveram qualquer dificuldade para ir logo ao âmago da questão: No fundo, terão deduzido, o que os senhores autarcas querem é ir enchendo os bandulhos respectivos. naturalmente com comida da melhor qualidade possível. E bem regada!
Vai daí convidaram os membros do executivo para uma ou várias almoçaradas à custa dos contribuintes. Belo tiro, sim senhor! Que mata diversas peças. Umas de pele bem grossa, outras de bico amarelo.

terça-feira, 12 de abril de 2016

Mais uma aselhice

Os adoráveis autarcas que temos primam por comportamentos que eu pelo menos não consigo entender muito bem. Agora, assim de repente, sem qualquer aviso à informação local, resolveram mandar sinalizar na Várzea Grande, lado poente, dois lugares reservados para autocarros. Supõe-se que de turismo. Apenas dois lugares! Quando vierem três autocarros, com alunos para visitar o Museu dos fósforos, o que é usual, o terceiro vai estacionar onde? Junto ao acampamento cigano? Pensando melhor, até que nem seria má ideia organizar visitas guiadas àquela triste curiosidade, logicamente com a colaboração dos seus habitantes. Afinal até eu já paguei e participei numa visita guiada à Favela da Rocinha, no Rio de Janeiro.
Voltando ao estacionamento e às vistas amplas dos nossos eleitos. Passamos agora a ter no total  8 lugares de estacionamento reservado para autocarros de turismo. Dois na Várzea Grande e seis junto ao Convento. A título de exemplo, a simpática e minúscula vila de Marvão, aninhada nas suas multicentenárias muralhas, oferece aos visitantes seis lugares, seis! de estacionamento para autocarros, mesmo à entrada do castelo. Tantos quantos os existentes no novo parqueamento junto ao Convento de Cristo. Que recebe anualmente quatro vezes mais visitantes que Marvão. Por aqui se pode ver a usual largueza de vistas dos actuais ocupantes dos Paços do Concelho. Que Deus os abençoe e ilumine os meus escritos! Para evitar ser tão agreste...
Resta mencionar um detalhe muito saboroso e bem tomarense. De acordo com a inscrição legalmente obrigatória no dorso dos sinais de trânsito, esta deliberação sobre lugares de estacionamento reservado para autocarros data de Março de 2007. Nove anos para implementar uma deliberação assim tão complexa... vá lá, vá lá! Podia ser bem pior! E mostra mais uma vez que estamos mesmo muito bem servidos.



segunda-feira, 11 de abril de 2016

Andar à deriva dá nisto

Enquanto António Lourenço dos Santos ataca de forma acutilante a actual gestão autárquica, a informação local noticia que os SMAS registaram no ano passado um saldo positivo ligeiramente superior a meio milhão de euros. No seu blogue Tomar opinião, o evidente candidato a candidato PSD Lourenço dos Santos mostra que decidiu usar também e finalmente o meu estilo agreste, que tem criticado. Decerto por ter concluído, tal como eu, que com paninhos quentes nos vamos enterrando pouco a pouco. E vá de denunciar com acutilância a falta de limpeza, a falta de qualidade nos espaços verdes, a falta de planos e a falta de rumo. Tudo evidências chocantes, perante as quais os tomarenses continuam impávidos e serenos, à espera de milagres. Parafraseando Lopes Graça -Acordai gentes!
Pela mesma ocasião, os SMAS noticiaram ufanos que conseguiram em 2015 um lucro ligeiramente superior a meio milhão de euros. O que corresponde grosso modo a 14 euros por eleitor concelhio. Um vergonha. Porque é a prova evidente de que andamos a ser escandalosamente roubados, pagando tarifas desadequadas, só possíveis porque a autarquia abusa da sua situação de monopólio e da passividade doentia dos tomarenses. Já se sabia, uma vez que bebemos a mesma água dos lisboetas mas pagamo-la bastante mais cara. Esta é apenas mais uma confirmação.
Além de nos esbulharem sem necessidade real, os senhores autarcas que temos mostram também a sua óbvia inépcia em matéria de gestão, ao manifestarem alegria perante o referido lucro dos SMAS. Deviam era ter vergonha. Em pleno centro urbano, a 50 metros dos Paços do Concelho, há ruas ainda sem separação de emissários, sem sarjetas eficazes, sem rede de gaz e com distribuição de água através de condutas com mais de 50 anos e em amianto, matéria há muito proibida na UE. Se até conseguem um lucro confortável ao fim do ano, porque raio ainda não fizeram as obras indispensáveis? Porque os consumidores se vão calando, e quem cala consente, não é? Mas olhem que por vezes os vulcões adormecidos...
Lá estou eu também à espera de um milagre! Vê-se bem que sou tomarense.

domingo, 10 de abril de 2016

A melhor solução

Vimos no texto anterior que os ciganos tomarenses, habitantes do miserável e chocante acampamento do Flecheiro, são sedentários. Há mais de 40 anos, acrescente-se. Carece por isso de sentido prático procurar obter fundos comunitários para a instalação de um parque destinado a nómadas. Além de não se ver bem onde poderia ser instalado a contento dos interessados.
Sedentários portanto, os ciganos continuam a ser em grande parte casos sociais, por manifesta marginalidade em todos os sentidos. Nem a sociedade se esforça muito para os integrar, nem eles no fundo se querem integrar. Para alterar positivamente tal estado de coisas, acabando de vez com o triste espectáculo do Flecheiro, é por isso indispensável e urgente proporcionar-lhes antes de mais alojamento digno. Cujos encargos mensais terão naturalmente de pagar. Em último caso mediante desconto coercivo no rendimento de subsistência. 
Tanto Bruxelas como Lisboa ou a banca comercial, dispõem de recursos para a construção de habitações sociais. Ponto é que a autarquia tomarense se deixe de blábláblá de circunstância e passe a trabalhar eficazmente no sentido de resolver o problema dos ciganos da borda do Nabão. Assim: 1 - Não sendo legalmente possível, porque discriminatório, projectar e edificar um bairro só para os ciganos; 2 - Não sendo realista pretender alojar toda a comunidade nas habitações urbanas actualmente existentes; 3 - Conhecidos os pruridos racistas não assumidos da população tomarense de menores recursos materiais e intelectuais, que a impelem a rejeitar os ciganos; há várias soluções disponíveis, mas só uma é a melhor.
Tenho para mim que essa melhor solução do problema cigano nabantino é o realojamento no Bairro 1º de Maio. Não no actual, que manifestamente há muitos anos que está a pedir uma reabilitação de fundo. Não só para facultar condições actuais de habitabilidade, mas também para pôr cobro a chocantes situações de abuso e manifesta ilegalidade (agregados cujo rendimento é superior ao fixado para a ocupação de alojamentos sociais, gente que tem casa noutro lado e subaluga a do bairro ou a mantém fechada por que é barata, quintais ocupados com construções ilegais sem condições mínimas de segurança...)
Creio que andaria bem a autarquia encomendando um projecto para a construção de 200 habitações sociais, em edifícios de 3 pisos (r/c + 2), nos actuais quintais, que nada justifica nos nossos dias. Uma vez concluído esse novo conjunto, nele seriam realojados todos os membros da comunidade cigana do Flecheiro que assim o desejem, bem como os actuais moradores do bairro que satisfaçam as condições legalmente fixadas para  beneficiarem de habitação social.
Concluído o realojamento, o velho bairro 1º de Maio que agora existe seria demolido e os terrenos assim tornados livres transformados em lugares de estacionamento e espaços verdes. Quanto à favela do Flecheiro, ao que parece a actual gerência camarária tem um projecto. Terá mesmo? Ou será, mais uma vez, apenas 31 de boca?
Sucintamente é isto. Haverá coragem? Haverá empenhamento? Haverá capacidade? Logo veremos...

sábado, 9 de abril de 2016

Acabar com o problema dos ciganos tomarenses

Há mais de 40 anos que existe e se vai ampliando aquele vergonhoso acampamento cigano, ali à entrada de Tomar, para quem vem de Lisboa. E há mais de 40 anos também que se sucedem as ciganices, por parte de eleitos não ciganos, que é como quem diz gajos e/ou gajas em calé, o dialecto dos ciganos. As duas mais recentes são a promessa interesseira de Anabela Freitas e a proposta do seu companheiro, o deputado municipal socialista Luís Ferreira. Interligadas, uma resulta afinal da outra e destina-se visivelmente a apalpar terreno.
A actual presidente afiançou, durante a campanha eleitoral que caso vencesse, resolveria de vez a situação dramática dos ciganos tomarenses, acampados há mais de quatro décadas nas margens do Nabão. Venceu. Decorrido mais de meio mandato, veio agora informar a comunidade que afinal não há verbas europeias para tal efeito. O que é falso.
Pouco tempo depois, o eleito socialista Luís Ferreira publicou no seu blogue uma proposta de resolução para o problema cigano nabantino. Segundo esse documento, a autarquia deve providenciar a edificação de um bairro exclusivamente destinado a ciganos, situado nos terrenos anexos à GNR.
Trata-se de uma evidente ilegalidade. Nos termos da legislação portuguesa e europeia, ninguém pode ser discriminado, seja de que forma for. De resto, somos useiros e vezeiros nestas asneiras crassas. Já António Paiva caiu no mesmo erro, agravado pela circunstância de pretender instalar habitação social numa zona industrial, o que também é estritamente proibido. Agora o ex-chefe de gabinete vem com a ideia genial de instalar os ciganos num conjunto vigiado em permanência pela GNR. Ele há cada patusco...
Quanto à nossa simpática presidente, mente ao afirmar que não há verbas, eventualmente sem disso se dar conta. Na verdade, há fundos nacionais e europeus disponíveis para realojar os ciganos e outros casos sociais. Apenas têm os senhores autarcas, assessorados pelos seus adjuntos de confiança, de saber onde e como obtê-las. É pura perda de tempo ir por exemplo a uma farmácia pedir alpista para o canário. Mas foi na prática o que a autarquia fez. Candidatou-se a verbas europeias para instalar um parque para nómadas no concelho, quando afinal os serviços da Comissão europeia, pelo menos de acordo com documentos em francês a que tive acesso, sustentam que os ciganos portugueses já não são nómadas, uma vez que se sedentarizaram há décadas. E não havendo nómadas, a candidatura foi rejeitada. Porque afinal, o dito parque serviria para quê? Para estacionamento durante a festa do tabuleiros, de 4 em 4 anos? Para os campistas fugindo das taxas proibitivas praticadas no parque respectivo? Por favor, deixem-se de brincadeiras com coisas sérias.
Tendo deixado portanto de ser nómadas, ou gente da viagem, os ciganos continuam todavia a ser, infelizmente, casos sociais. E como tal devem ser tratados. É o que tem procurado fazer, sem alardes mas com algum sucesso, o vereador Cristóvão. Duas ou três famílias antes no acampamento do Flecheiro já estão a viver no Bairro 1º de Maio. O problema é que, mesmo mantendo o ritmo actual e sempre com igual êxito, dentro de 20 ou 30 anos ainda teremos acampamento habitado no Flecheiro. É por isso urgente encontrar um solução muito mais rápida e definitiva. Sem ciganices, claro!

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Linguagem publicitária

Aquando das recentes eleições internas no PSD nabantino, João Tenreiro apresentou-se e venceu com o mote "Ganhar 2017". Esta semana, entrevistado pelo Cidade de Tomar, Bruno Graça garante que "A CDU vai concorrer às eleições para ganhar". Já em 2013, Anabela Freitas afiançava que, caso fosse eleita, resolveria o problema do acampamento cigano no Flecheiro. CDS e BE não se coíbem de fazer outro tanto. Refiro-me ao uso e abuso da linguagem publicitária na área política. O que é sobremaneira pernicioso.
Como bem sabemos, pelo menos desde o célebre "Omo lava mais branco", os publicitários são especialistas no uso de uma linguagem dúplice, que lhes é muito própria. Não sendo falsa, tão pouco é verdadeira. Isto é: Não se consegue demonstrar, no momento em que é usada. que se trata de algo falso. Mas os leitores e/ou ouvintes duvidam imediatamente, escaldados que estão por experiências anteriores. Porque afinal, "Omo lava mais branco" que quê? Que os outros outros detergentes? Ainda que tal fosse verdade, não se vê como seja possível com a roupa de cor.
Esta falta de rigor, de honestidade intelectual, vai em simultâneo engordando os publicitários mas degradando pouco a pouco a credibilidade dos políticos. De tal forma que quase metade dos cidadãos já nem se dá ao trabalho de ir votar "porque são todos uns aldrabões". Aqui em Tomar então, a situação é cada vez mais assustadora para quem saiba e queira analisar friamente a dramática realidade local.
Com os políticos totalmente desacreditados, a população em geral parece continuar a aguardar a vinda de um messias, que nos salve a todos da miséria, trazendo progresso e desenvolvimento económico. Naturalmente propiciados pelo Estado, uma vez que a burocracia cada vez mais pesada e a condenável mentalidade de autarcas e funcionários, todos convencidos de que a população está ao serviço deles, e não o inverso como deveria ser, tudo fazem para afastar os potenciais empresários e investidores. Agem assim, uns porque são mesmo contra a iniciativa privada. É o caso do Bloco de Esquerda e da CDU. Outros porque não se dão conta das consequências daquilo que fazem no seu dia a dia.
Claro que é tão legítimo defender uma economia estatizada como lutar a favor da iniciativa privada. 
O fundamental é não se enganar naquilo que andamos a semear e depois a regar. Noutros termos: Ninguém espere semear cebolas para depois colher melões. China, Cuba, Vietnam, Coreia do Norte e Laos são economias estatizadas. Países escandinavos, Alemanha, Estados Unidos, Canadá e Japão são economias de iniciativa privada. 
Tomar é uma minúscula economia estatizada de facto, uma vez que o essencial da actividade económica concelhia depende exclusivamente do Estado (funcionários públicos, aposentados e pensionistas). Inversamente, Ourém é uma economia de iniciativa privada. Nem sequer têm hospital ou ensino superior, por exemplo. Não espanta por isso que Tomar esteja cada vez mais enterrada na crise e Ourém na senda do progresso. Exagero meu? Basta olhar para a população senhores. Há 20 anos Ourém tinha menos gente que Tomar.  Actualmente já tem mais 6 mil eleitores: 37 mil em Tomar, 43 mil em Ourém. Dados oficiais incontroversos.
Simples milagre de Fátima? Ou aqui em Tomar andamos há décadas a apostar nos cavalos errados? Faça o leitor o favor de responder a si próprio. E depois procure começar a agir em consequência. Nunca é tarde...

quinta-feira, 7 de abril de 2016

A causa da coisa

Recordam-se os leitores certamente daqueles cortejos de automóveis em marcha lenta, ali entre Bombarral, Torres Vedras, Peniche e Óbidos. Reivindicavam trânsito sem portagens na A8 entre aquelas localidades. E conseguiram o que queriam.
Recordam-se também decerto que o mesmo aconteceu mais recentemente na A23, desta vez para reivindicar ausência de portagem entre Torres Novas, Entroncamento, Barquinha e Constância. O que também conseguiram.
Numa outra área -a da informação e debate de ideias- têm também presente um caso singular. Cada vez que o pobre escriba destas linhas diz umas tantas verdades mais incómodas tal como as vê, é logo acusado de pessimista congénito, demasiado agreste e quase sempre inconveniente. Mal educado, em suma. 
Aparece agora em Tomar Opinião um bom texto de António Lourenço dos Santos, geralmente considerado uma das melhores cabeças da sua geração. Sob o título Portagens e interioridades, anota e interroga, em tom de lamentação, porque continuam os tomarenses a pagar portagem na A13, mesmo no minúsculo troço entre os dois acessos à cidade. Fá-lo nos seguintes termos: "Porque é que aceitamos este estado de coisas? Não sabemos. Mas ainda é tempo de intervir, por quem tenha autoridade e condições para isso."
Não sabemos?!? Sabemos sim, prezado amigo António. E sabemos muito bem. Exactamente porque somos como somos. Todos temos bom apetite e gostamos muito de comer. Mas têm de nos pôr a comidinha no prato. Caso seja preciso servir-se ou, pior ainda, prepará-la, preferimos passar fome. Exagero meu? Creio que não. Aliás, tu próprio, quiçá sem disso te dares conta, confirmaste antecipadamente aquilo que acabo dizer. Ao escreveres que "ainda é tempo de intervir, por quem tenha autoridade e condições para isso", topa-se que estás mesmo a pedir comida pronta e servida no prato. Porque afinal, que autoridade ou condições tinham os automobilistas protestatários da A8 e da A23? E no entanto conseguiram. Porque não se ficaram à espera que outros lhes viessem servir a papinha já pronta e no prato. Tiveram coragem para arriscar. Para dar o peito às balas. Em sentido figurado, bem entendido. Para exercer o seu direito de cidadania. O que nunca é cómodo.
Portanto, desculpa lá caríssimo António mas, no meu tosco entendimento, é essa a causa da coisa. Que já nos trouxe onde estamos e vai continuar a desgraçar-nos enquanto comunidade. Ou mudamos ou morremos como tomarenses.
Tens dúvidas? Então pensa lá um bocadinho: Se o Gualdim, que era de Braga, tem ficado à espera que outros, com autoridade e condições para isso, edificassem o castelo, achas que alguma vez teria havido tomarenses?

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Dois pesos e duas medidas

A Assembleia de Freguesia de S. João e Santa Maria voltou a chumbar o orçamento para o ano corrente, com os votos contra do PSD e dos IpT. Os laranjas voltaram a invocar a sua discordância em relação às opções do presidente Augusto Barros, como fundamento para o seu voto negativo. Aceita-se, embora seja consensual que estão a ser demasiado exigentes com um homem mais de acção que de reflexão.
Já os amigos de Pedro Marques ficaram-se praticamente pelos ataques pessoais, sabido como é que não têm qualquer programa distinto, nem nunca sequer por aí foram em termos de argumentação para justificar o chumbo. Apenas nunca aceitaram a fuga de Augusto Barros dos seguidores de Pedro Marques para os de Luís Ferreira. Compreende-se. Ninguém gosta de estar no lugar do marido enganado.
Assim sendo, lamenta-se que, ao longo dos mais de dois anos já decorridos no actual mandato, as duas referidas formações nunca tenham querido ou sabido agir de igual modo na câmara e na AM, levando a cabo uma oposição substantiva, eficaz e visível em termos de opinião pública. No executivo, tanto quanto se sabe, que neste caso as paredes nem sempre têm ouvidos, têm-se ficado praticamente pelas quezílias pessoais, transitórias e inconsequentes. E quanto à Assembleia Municipal melhor é nem falar, para que a pintura não fique excessivamente escura.
Neste quadro pouco alegre, a ideia que chega à opinião pública não é mesmo  nada favorável aos esforçados (?) eleitos oposicionistas que temos. Salvo explicação mais convincente, que ainda não apareceu, o voto PSD na AF da freguesia urbana está justificado, mas o dos IpT é entendido como uma mesquinha vingança pessoal contra Augusto Barros, por este se ter passado para o PS, conforme referido mais acima. Temos portanto dois pesos e duas medidas no que diz respeito à acção dos seguidores de Pedro Marques. Na junta urbana vão até ao fim. Na Câmara e na AM ficam-se pelo paleio inconsequente. Outro tanto sucede com a tropa liderada por João Tenreiro. Na junta, são mais rijos, na câmara e na AM nitidamente mais maleáveis, nunca ousando levar as discordâncias até ao fim. Porque será?
À maneira de conclusão, acrescento que nada adianta invocar uma vez mais a minha inventada aversão a Pedro Marques, ou o meu congénito pessimismo e estilo agreste, na linha da argumentação putiniana agora visando explicar o "escândalo Panamá" como tratando-se apenas de calúnias para denegrir a Rússia. Como os tomarenses em geral não sabem, mas já foi repetido à saciedade, "em política o que parece é". Foi Salazar que o disse e neste caso tinha razão. Como se constata uma vez mais no triste episódio do chumbo do orçamento da freguesia urbana. Assim vão os tempos...

terça-feira, 5 de abril de 2016

Complicar o que é simples

Sabe-se que o estilo manuelino é afinal um gótico muito mais complicado. Por isso representa tão bem os recônditos da alma portuguesa. E tomarense, pois então, que o expoente máximo da dita arte é a janela monumental lá de cima do convento.
Nestas condições, não espanta que, perante qualquer problema, os portugueses tenham tendência para complicar, em vez de simplificar. O exemplo mais recente é o restauro da fachada norte do Convento de Cristo. Não custava nada picar, voltar a rebocar e pintar tudo de branco. Como sempre esteve e estava. Mas era demasiado simples.
Vai daí, avançou a ideia de pintar de outra cor a parede situada abaixo da sanca. Para adequar aos embasamentos em calcário aparelhado no sector barroco, à esquerda do portal filipino, disseram eles. O pior foi o resto. Com as ilhargas do referido portal já pintadas a branco, continuam os ensaios de cor:


Supõe-se que em busca do tom consensual, Que evidentemente nunca existirá. Assim para um leigo como eu, não podendo ficar tudo como estava, por que é preciso ir mudando qualquer coisinha para que tudo possa continuar na mesma, o melhor será deixar em tosco todo o sector ainda não pintado à esquerda do Portal filipino. Como está agora. Mas é bem capaz de ser demasiado simples:


O restante, que até é de outra época, ficará melhor em branco, como estava. Julgo eu. Mas é decerto igualmente demasiado simples. Almas torturadas, é o que é... Resta aguardar pelas cenas dos próximos capítulos. Com os tomarenses em geral tão calados como os barbos do Nabão. O costume. Não se cresce nem se vive impunemente em Tomar. Tem custos. E que custos!

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Os sanitários da Cerrada dos Cães

Até 1960 era um terreno com algumas oliveiras, ali à entrada do castelo. Em tempos fora o vedado dos cães de guarda da Ordem de Cristo, daí lhe vindo o topónimo de Cerrada dos Cães. Em 1960, por ocasião das comemorações do 5º centenário da morte do Infante D. Henrique, a Junta Autónoma de Estradas mandou ali fazer um parque de estacionamento, dotado de instalações sanitárias. Sentinas públicas, como então se dizia:


Instaladas com entrada pela ilharga inferior do parque, mal sinalizadas e sem a adequada manutenção, as ditas instalações sanitárias nunca cumpriram cabalmente a sua missão. 
Meio século mais tarde veio o Império paivino e as suas obras mal enjorcadas, algumas nitidamente projectadas em cima do joelho. A velha Cerrada dos Cães foi rebaptizada à pressa. Passou a ser o Terreiro Gualdim Pais. As velhas pinheiras foram-se e os velhos sanitários foram encerrados.
Com dinheiros europeus e entre várias outras asneiras, construiu-se uma cafetaria e novas instalações sanitárias. Mas o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita. Apesar de modernos, os ditos sanitários são pouco funcionais. Não dispõem de acesso para deficientes, o que os torna mesmo ilegais, porque não conformes com a legislação europeia. E foram os europeus que os pagaram na sua quase totalidade:


Agravando a situação, o concessionário da cafetaria procura logicamente maximizar os seus lucros. É humano. Para isso mantém fechada a porta que é simultaneamente acesso exterior e saída de socorro. Os visitantes necessitando aliviar-se são assim forçados a entrar na cafetaria. Cuja porta mais à direita está igualmente encerrada:


Maneira ardilosa de obrigar quem chega a atravessar o estabelecimento.
Chegados ao cimo das escadas de acesso aos sanitários, que são no subsolo, os turistas lêem este letreiro, que não deixa dúvidas:



Trata-se sem qualquer dúvida de um aviso ilegal, uma vez que os sanitários são públicos e não para uso exclusivo da cafetaria. No que me toca, entrei, saudei, desci, urinei e lavei as mãos:


Depois subi e pedi um descafeinado e um bolo. Paguei 2 euros e 70. Ainda estive para perguntar onde era a auto-estrada; mas depois lembrei-me que especuladores há em toda a parte e não só nas áreas de serviço das vias rápidas.
Coitados dos turistas. Pobre terra que tem gente assim.

domingo, 3 de abril de 2016

Fui literalmente à merda

Sem ninguém a dizer-mo directamente, porém calculando que alguns o façam pela calada, resolvi ir à merda. Por outras palavras mais limpas, resolvi visitar todas as instalações sanitárias municipais. Fi-lo por saber que os credenciados jornalistas locais não podem exercer os seus talentos nesta área mal cheirosa, pois ninguém gosta de ter no seu currículo uma ou várias reportagens de merda. É claro que mesmo assim alguns as terão, mas aí o sentido (ou campo semântico, para os mais entendidos) será outro.
De forma que lá fui. O que vi não é realmente motivo para alegrias. Mas a situação já foi muito pior. Aos factos.

Sanitários da Escada de S. Tiago (Traseiras da Câmara):


Reabilitados recentemente, estão limpos, têm papel e sabão líquido, tanto nas senhoras como nos homens.

Sanitários da Mata dos 7 montes:



Únicos que conheço aqui na zona com recepção, que por acaso nunca funcionou. Modernos e limpos. Havia papel só nas instalações femininas.

Sanitários junto aos serviços municipais de higiene e limpeza:




São a vergonha da Câmara, se apesar dos tempos que correm ainda por lá houver semelhante coisa. E uma patente contradição. Anexos aos serviços municipais de higiene e limpeza, não têm nem uma coisa nem outra. Como bem documentam as fotos. Mas têm água a correr 24 horas por dia e as luzes sempre acesas. A ordem é rica e os frades são poucos. 
Sem papel nem condições mínimas.

Sanitários da Estação rodoviária:

Acanhados mas funcionais, limpos e com papel.

Sanitários junto à Igreja de Santa Maria dos Olivais:


Modernos, muito bem sinalizados, estão fechados. Ao que me foi dito, devido a doença da funcionária respectiva. Mas os cidadãos não podem deixar de se aliviar só porque a funcionária está de baixa...

Sanitários do Mercado:




Modernizados há pouco. Limpos, funcionais, com papel e sabão líquido. Uma originalidade que não se percebe assim muito bem: as instalações para senhoras são no r/c, mas as dos homens são no 1º piso. Houve por isso necessidade de instalações para deficientes no r/c. Ou seja, 3 sanitários em vez de 2. É o que eu digo: a ordem é rica, os frades são poucos...e pagam sempre os mesmos.

Sanitários da Rua da Fábrica:


 Modernos mas abandonados há muito tempo. Ignoram-se as razões.

Sanitários do ex-Estádio Municipal:



Modernos mas acanhados, mal cuidados, mal limpos, sem papel, parcialmente encerrados. Dotados de videovigilância.

Sanitários de S. Gregório:

Encerrados, após terem servido de alojamento durante alguns anos  a um conterrâneo infeliz.

Sanitários junto ao castelo: Ver mensagem seguinte.