domingo, 31 de julho de 2022




Núcleo histórico

 Maus cheiros numa manhã quente de verão

São dez e meia. Consultada a net e publicada a crónica do dia, saída para ir comprar fruta e outras necessidades. Intenso cheiro a mijo, numa ruína do lado direito de quem desce a rua. Vá-se lá saber porquê, bebem cerveja no café próximo, mas vêm mijar ali. Acham mais típico talvez.

Logo mais abaixo, pior um pouco. Uma sarjeta das antigas e um sumidouro dos modernos, ambos ligados sem sifões ao colector antigo, soltam um cheiro nauseabundo. Mesmo em frente do café/restaurante 15. Ao lado de uma reputada loja de modas. Mas que fazer mais? Há anos que este escriba vem reclamando, sem qualquer resultado prático até agora. Continua por saber a razão, ou as razões, que terão levado a autarquia a esquecer esta zona, aquando da "renovação Paiva", e a manter tudo como está, desde então. Era mais urgente ornamentar a Várzea grande, a Nun'Álvares e a Torres Pinheiro. Segue-se o Flecheiro. E eu a vê-los passar...

Se o autor destas linhas sofresse de paranoia, diria que a Câmara nada faz para acabar com os maus cheiros nesta área da cidade antiga, renovando a rede de saneamento, como forma de retaliação contra quem a critica. Mas aí, os senhores autarcas diriam logo que é só má-língua, pois na verdade nem sabiam bem onde mora quem escreve. Pois. 

Enquanto isto, a informação local está toda muito caladinha, quando se trata de assuntos que possam mexer com o poder municipal. Percebe-se. Razões alimentares. Não se morde na mão que dá pão. A única excepção, um conhecido e excelente blogue local, o Tomar na rede, cujo administrador até mora na rua ao lado, também nada publica sobre os maus cheiros. Mas dá destaque, com vídeo e tudo, a um rato a comer um peixe, algures no Nabão. Com um detalhe utilíssimo: O peixe já estava morto.

Como escrevia amiúde o saudoso cronista Vasco Pulido Valente, "isto está a ficar cada vez mais perigoso". Ainda bem que se aproxima o regresso ao Brasil, mesmo com o Bolsonaro e tudo. Não será por mero acaso que a população nabantina vai continuando a diminuir.

 





O trabalho dos funcionários públicos

e a evolução da recolha do lixo

Parece ter causado alguma celeuma a frase, incluída na crónica anterior, segundo a qual os funcionários públicos, neste caso municipais, "limitam-se a fazer o menos possível, quando sem profissão técnica definida". Não surpreende a indignação dos visados. É bem sabido que a verdade raramente é oportuna. Ainda recentemente um autarca da região se queixou do mesmo mal. O caso foi noticiado n'O Mirante, e tem sido um problema sério com funcionários municipais que se sentem ofendidos na sua dignidade.

Para que dúvidas não restem, esclarece-se que há funcionários públicos trabalhando arduamente, como por exemplo médicos, professores, enfermeiros, ou bombeiros, mas infelizmente a maioria dos outros não se distingue nem pelas tarefas quotidianas, nem pela assiduidade. É um facto. Só não sabe quem nunca foi funcionário, e o autor desta prosa foi professor durante três décadas, e chefe de divisão na autarquia tomarense, admitido por concurso público, ao qual se apresentaram sete candidatos.

Não se trata porém de acusar funcionários públicos de pouco apego ao trabalho. Apenas de tentar perceber algumas decisões das autarquias, que a população não compreende e ninguém se dá  ao trabalho de lhe explicar como deve ser.

Há uma incumbência municipal cuja evolução mostra claramente a tendência "quanto menos trabalho melhor", que infelizmente sempre imperou e impera na função pública. Trata-se da recolha do lixo, agora designado por "resíduos sólidos",  para cujo tratamento até se paga uma taxa específica.

Ao princípio, até aos anos 70 do século passado, havia umas carroças equipadas com uma campaínha, que iam passando porta a porta e despejando os baldes do lixo (ver imagem supra). Era trabalhoso e demorado, sem dúvida, porém bastante prático para a população em geral. Bastava abrir a porta e entregar o balde cheio de lixo.

Depois vieram os contentores cilíndricos, em plástico, protegidos por uma argola metálica fixada no chão, colocados à esquina de cada rua. Desapareceu a tracção animal e passou-se a veiculos a motor, com caixa de carga adaptada.

Foi sol de pouca dura. Algum tempo depois apareceram os contentores grandes, também em plástico, mas já com rodas, colocados só nalguns locais, onde podiam chegar os camiões especialmente equipados para a recolha dos detritos. (ver imagens supra)

Finalmente, por agora, até os contentores grandes estão a desaparecer, substituídos por instalações subterrâneas de recolha de lixo, facilmente acessíveis para os camiões modernos, (ver imagem). A justificação é sempre a mesma: aumentar a capacidade, evitar os maus cheiros e facilitar a separação de resíduos sólídos, bem como a recolha de óleos usados.

Convém contudo perguntar: Quem tem beneficiado com as sucessivas alterações dos locais de deposição e recolha, cada vez mais afastados da residência de cada cidadão? Os contribuintes? Ou os funcionários públicos da recolha, com tarefas cada vez mais mecanizadas e rápidas?

Aproveitem, caros compatriotas funcionários. É uma profissão tão digna e necessária como qualquer outra. Mas por favor não exagerem. Na função pública trabalha-se em geral pouco e mal. É triste, mas verídico. E a verdade é como o azeite na água. Acaba sempre por vir à superfície.


Sanitários no caminho do Convento de Cristo.

Uma espécie de sociologia nabantina

Aqui há dias, uma daquelas almas muito sensíveis, que povoam as redes sociais nabantinas, decretou num seu comentário, em linguagem de moço de estrebaria, e falando do autor destas linhas, "o gajo está sempre a refilar que não há sanitários porque é velho e a próstata não perdoa." Deixando de lado a elegância da prosa e a sensibilidade do tema, parece evidente que o comentador em questão nem saberá que "gadjo" é a palavra calé (o dialecto dos ciganos) para designar quem não pertence àquela etnia. Será portanto um "gajo" este vosso servidor. Sucede contudo que, em bom português popular, "gajo" é também um indivíduo pouco recomendável, básico mesmo, o que, perdoe~se-me a imodéstia, não parece ser o caso. Ou seja, estamos perante um escrito pertinente, de alguém que manifestamente nem sabe bem o que escreveu, em termos de interpretação possível. E que tende a confundir sapatos finos com botas grossas. Mas adiante.

A outra vertente do citado escrito é a implícita condenação de um cidadão idoso, por reivindicar a instalação, na área urbana, de sanitários em quantidade e qualidade. Quais são afinal as necessidades dos idosos, num concelho de velhos como o nosso, ou noutro qualquer? Passeios largos, jardins,  bancos, bebedouros, sombras e sanitários? Ou pistas cicláveis, campos de jogos e skatódromos? Lendo o infeliz comentador, nem parece tratar-se de um "compagnon de route" de quem nós sabemos, formação política reivindicativa por excelência. Mas é.

Por falar em sanitários, aqui há 50 anos, havia-os junto a S. Gregório (estão fechados), no Mouchão (foram demolidos), no Cine-Esplanada (foram demolidos) sob a bancada central do estádio (foram demolidos), na Levada, do lado norte das Finanças (foram demolidos), junto à igreja da Graça (foram demolidos), na Travessa da Misericórdia (foram demolidos), na Rua da Fábrica de fiação (estão em ruínas) e na Cerrada dos Cães (estão fechados e foram substituídos por outras instalações sanitárias, às quais só se pode aceder passando pela cafetaria).

Entretanto foram instalados três novos sanitários. Nos anexos ao ex-estádio, junto a Santa Maria e na Mata dos sete Montes. Há também as sentinas remodeladas da Várzea grande, que até agora só têm funcionado durante os eventos ali realizados, bem como as renovadas sentinas públicas da Calçada de S. Tiago, sempre limpas e abertas. (O leitor sabe onde é?).  Em contrapartida, o projecto agora aprovado para o Flecheiro, uma autêntica pechincha de só três milhões de euros, não prevê instalações sanitárias, talvez por se tratar de um preço final muito em conta. 

Durante o mesmo período, desde 1974, os funcionários municipais nabantinos, por exemplo,  passaram de pouco mais de 100 para 500 e tantos, e apareceram as pistas cicláveis, bem como os skatódromos e os parques infantis. Deve deduzir-se que agora os cidadãos não mijam, nem o resto? Só praticam desporto, e fazem filhos? Infelizmente, nem uma coisas nem outra. Limitam-se a procurar fazer o menos possível, quando são funcionários públicos sem profissão técnica definida.

Oh terra complicada! Tão pequena, tão complexa e mesmo assim a encolher de dia para dia, em termos demográficos e de equipamentos básicos. E ninguém nos acode? Façam lá um esforço. Pensem nisso, por favor, enquanto  vou ali aliviar-me.

sábado, 30 de julho de 2022

Imagem Rádio Hertz, com os nossos agradecimentos

É cá um bulício urbano, que até assusta!

Fuga da população

Procurar as causas 

do principal factor 

da decadência tomarense

À primeira vista, nada incomoda os tomarenses em geral. Mesmo o gravoso aumento da água, para mais em tempo de forte inflação, não parece mobilizar a população atingida. Na informação local, totalmente condicionada pelo poder instalado, apenas se publicam os temas mandados ou indicados pela autarquia, bem como umas notícias tipo vida corrente. Nada de análises, nada de opiniões marcantes, nada de temas sensíveis. Em Tomar, o poder manda e os servos obedecem, calados e quedos. Ou quase.

Entretanto, a cidade e o concelho vão definhando, a olhos vistos. Temos hoje pouco mais do que a mesma população de há 50 anos, o que não é nada promissor em termos de futuro. Mas, quando se aborda a questão com aqueles tomarenses que ainda não perderam o hábito saudável de pensar, a resposta é pronta: -Abrantes está ainda pior. O que sendo verdade, não nos ajuda nada, nem explica grande coisa.

Abrantes tem hoje menos eleitores inscritos que em 1976, o que a relegou do primeiro lugar na agora subregião do Médio Tejo, para a 3ª posição, enquanto Ourém fez o percurso inverso. Em 1976 eram o 3º concelho quanto a eleitores inscritos, agora são o primeiro. E Tomar mantém-se no meio desde 1976. Mediania é muito tomarense.

Em termos partidários, enquanto Abrantes é praticamente um feudo do PS desde 1976, com apenas um presidente PSD, e tem agora 5 eleitos PS em 7, com 9.620 votos, Ourém está do lado oposto. Larga maioria PSD, de 13.809 votos, 6 vereadores em 7, e apenas 2 mandatos PS desde 1976.

No meio, onde costuma residir a virtude, temos a decadente Tomar. 7 mandatos PSD, 6 mandatos PS e uma curta maioria absoluta actual, com apenas 7.157 votos e 4 eleitos em 7. Apesar disso, os membros da actual maioria rosa agem por vezes como se fossem os donos da quinta. E quando atacados respondem com a legitimidade democrática, que é incontestável e não está em causa. Arrogância a mais, défice de bom senso e bom gosto.

Convém por isso ter sempre em conta que os actuais eleitos PS nabantinos conseguiram apenas sete mil e poucos votos, num universo de 33 mil inscritos. O que dá uma percentagem inferior a 25%. Convenhamos que, em termos democráticos,  há bem melhor. Em Ourém ou Abrantes, por exemplo, para não irmos mais longe, conforme dados supra. Por conseguinte, a humildade é uma atitude que fica sempre bem. Sobretudo nos políticos.

Serve este módico de modéstia para aconselhar aos respeitáveis autarcas tomarenses do topo, mais recato, mais abertura de espírito, mais humildade e mais sentido da realidade. Conviria igualmente, a bem de toda a comunidade, transitar quanto antes da situação de "sempre em festa", bastante cara em euros, para a de "sempre a estudar os problemas e a ouvir os eleitores", muito mais barata e produtiva.

E enveredar, como dizia o outro, pela via da busca da causa das coisas. Para começar, reconhecendo o óbvio. Nesta altura, o principal problema tomarense é a acentuada fuga da população. Urge portanto tentar perceber quais são as causas dessa emigração. Deixar-se de argumentos enganadores, do tipo "é da interioridade" ou "nos outros concelhos está a acontecer o mesmo".

As perguntas que se impõem, e às quais é urgente responder de forma fundamentada, são:  PORQUÊ? QUAIS  AS CAUSAS DO FENÓMENO? QUAL A SUA REAL DIMENSÃO? Sem essas respostas nada feito, e quanto mais tarde, pior maré.

Uma vez que o PSD não parece nada interessado, nesta ou em qualquer outra matéria, deve  a autarquia  (Câmara e/ou AM) aproveitar e providenciar no sentido de ser feito um estudo, liderado por universitários capazes, susceptível de responder às questões supra. Porque sem essas respostas, nunca vai ser possível superar o rombo demográfico, e Tomar está a esvair-se. É essencial e urgente!

sexta-feira, 29 de julho de 2022



Festarolas, eventos e estarolas

FALHANÇO CARICATO 

DA DIVISÃO DE TURISMO DA CÂMARA

Conforme mostram as imagens acima, a Divisão de turismo e cultura da Câmara de Tomar anuncia, em vistosos cartazes coloridos, que custam milhares de euros, uma "Festa da cerveja" que afinal não se realizou nas datas anunciadas, por motivos que falta conhecer. É grave. Está em causa a credibilidade de um Município com mais de oito séculos de honrada existência. Turistas que se sentem enganados são uma péssima publicidade.

O escândalo, porque é disso mesmo que se trata, foi despoletado por um turista anónimo, a falar português com acentuada pronúncia francesa. Estavam dois funcionários públicos aposentados a conversar, por volta das dez da noite, sentados num daqueles bancos ao fundo da Corredoura, quando apareceu o visitante. Disse boa noite e pediu uma informação: -"Por favor, onde é a festa da cerveja?"

Os dois interpelados olharam-se com ar surpreendido e um  deles, habitual frequentador do evento, respondeu: "Não há nenhuma festa da cerveja nesta altura em Tomar." Foi então que o turista fez sinal com a mão para o seguirem, e foi apontar no cartaz, numa das montras do prédio Vieira Guimarães, ali à entrada da Corredoura, a estrondosa asneira: "Festa da cerveja -28/31 de Julho-A decorrer."

Seguiu-se uma agradável conversa em francês, durante a qual o autor destas linhas aproveitou para esclarecer que nada sabia sobre o assunto, pedir desculpa e agradecer a visita, lamentando a infeliz ocorrência. Era um grupo de 11 pessoas, com crianças, vindos expressamente para a Festa da cerveja. 

E lá seguiram, Corredoura acima, provavelmente a pensar que os tomarenses não são de fiar. Anunciam e depois não cumprem.

Tem a palavra a Divisão em causa, para se justificar e tentar salvar a honra do convento. Se não for pedir demasiado. Com certa gente nunca se sabe.

Limpeza urbana e sinalização turística

Eis dois temas banais, que têm o condão de irritar sobremaneira os nossos queridos eleitos, e os funcionários "de confiança política". Pior só mesmo os sanitários públicos. Tudo isto, imagine-se, porque esses caros conterrâneos não se cansam de mostrar que são alérgicos à crítica. Alergia de nascença, falta de educação à altura, ou adquirida na política partidária? Certo é que, ante qualquer crítica, excepto aquilo a que chamam "crítica construtiva", que obviamente não é crítica, apenas apoio disfarçado, avançam logo com todos os instrumentos retaliatórios ao alcance. Incluindo a calúnia e a má educação.

Temos assim que, perante qualquer reparo, mesmo com o único intuito de alertar para apressar a sua resolução, quem ousa escrever é logo apodado disto e mais daquilo, mandado onde não vai, e até acusado de actos indignos que nunca praticou. E prejudicado, quando tem o azar de precisar de recorrer aos serviços da autarquia.

Mesmo assim, aqui em Tomar a dianteira ainda nunca faltou coragem para abordar assuntos polémicos, nem para insistir em aparentes banalidades. Desta vez publicam-se duas imagens, colhidas ontem de manhã, na bifurcação da Estrada do convento para a capela da Conceição, que está sempre fechada. Quem quiser visitar o seu interior, terá de solicitar a chave no Convento de Cristo, pedindo a Deus que haja um funcionário disponível para vir abrir-lhe a porta. Em tempos, houve também uma chave no Turismo municipal, mas já não há, sem que se saiba porquê. Alhadas tomarenses.

Em tal situação, para que pode servir a sinalização abaixo, ao lado da estrada do Convento de Cristo, Património da Humanidade, envolta em vegetação espontânea, o que denota evidente falta de limpeza, a não ser para envergonhar Tomar e os tomarenses?








quinta-feira, 28 de julho de 2022

  

Imagem Tomar na rede, com os nossos agradecimentos

Só o Flecheiro é que está em leito de cheia ?

Os técnicos superiores, que se julgam superiores só por ostentarem essa categoria, conseguem quase sempre arranjar problemas onde eles não existem, em geral só para justificarem opções pouco aceitáveis. A autarquia tomarense é um dos organismos públicos que padece de tal moléstia há mais de uma década. E isso nota-se. Basta abordar qualquer matéria sensível, para logo surgirem, frontal ou lateralmente, as tais justificações puxadas pelos cabelos, com apoio de eruditas fórmulas técnicas.

Tomar a dianteira abordou na crónica anterior as previstas obras para o Flecheiro. Fê-lo de forma ligeira,  irónica, para melhor evidenciar algumas lamentáveis lacunas do projecto. A resposta dos senhores técnicos superiores não tardou, via eleitos do executivo, cuja competência técnica na área do urbanismo e das obras é bem conhecida.

Referiu-se na dita crónica que o citado projecto ia ser discutido "lá em cima e depois transmitido cá para baixo", que não incluía auditório nem palácio de congressos, não havendo sequer menção a edificação de instalações sanitárias. No mesmo dia, houve resposta indirecta. E que resposta: https://radiohertz.pt/tomar-eis-o-projeto-para-o-novo-flecheiro-lancamento-do-concurso-publico-para-a-requalificacao-foi-aprovado-por-unanimidade/ Em resumo, deduz-se que: 

1 - O projecto é excelente, porque foi aprovado por unanimidade. Como se tal não fosse norma da casa, com este PSD que temos desde 2013.

2 - O que lá falta, designadamente auditório e instalações sanitárias, resulta do facto daquele terreno se encontrar em "leito de cheia", o que até vai obrigar a dotar o previsto parque infantil com equipamentos amovíveis.

Que tenham a bondade de desculpar todos aqueles que se sintam de alguma forma atingidos, mas não consigo dizer de outro modo: trata-se de uma rematada parvoíce, sem qualquer base técnica séria: "Não obstante a legislação em vigor referir apenas a delimitação de leitos de cheia com base em cheias centenárias, inclui-se na análise efectuada também a cheia com período de retorno de 500 anos, cuja adopção é, por exemplo, seguida nos USA, no âmbito de medidas de protecção contra cheias (Saraiva 1987)" www.civil.ist.utl.pt

Por conseguinte e abreviando, por se tratar de um texto para leitores comuns, a balela do "leito de cheia" para justificar seja o que for, nomeadamente a falta do auditório,  do palácio de congressos, ou os equipamentos amovíveis do parque infantil, não tem qualquer base técnica aceitável. Se tivesse, o próprio Mercado municipal e toda a baixa nabantina, do Largo do Pelourinho à rotunda ao fundo da Av. Nun'Álvares, estão em  leito de cheia, sem qualquer dúvida. Basta atentar nos nomes dados aos dois extremos da cidade velha: Várzea pequena  e Várzea grande. Quem domine de forma aceitável a língua portuguesa, na sua versão europeia, não pode ignorar que várzea = terreno fértil inundável na margem de um rio, geralmente usado para cultivar arroz, por exemplo.

 Em caso de dúvida eventual, há até registos escritos de duas inundações, na ombreira esquerda da porta de entrada da Farmácia Torres Pinheiro, na Corredoura, (cheia de 22/12/1909), e na esquina do Restaurante Bela Vista, na Rua Larga (cheia de 19 /11/1852), que são esclarecedoras. Por conseguinte, senhores de cima, avancem com outra argumentação, que esta não convence. Os previstos equipamentos amovíveis do parque infantil, que nada de sério justifica, serão apenas mais um objectivo apetecível para os amigos do alheio. Como as grelhas metálicas dos sumidouros. 

Em conclusão, por favor deixem-se de argumentações esdrúxulas e tratem de servir os tomarenses o melhor possível, equipando a cidade e o concelho com o indispensável, pois é para isso que são pagos. Não para andarem a enganar o povo. Valeu?


quarta-feira, 27 de julho de 2022



NOVO FLECHEIRO SORRATEIRO

É natural. A autarquia deseja concluir a sua grande obra de 10 anos da melhor forma. Afinal conseguiu acabar com um problema criando vários. Segundo disse na Rádio Hertz a senhora presidente, à hora a que são escritas estas linhas, devem estar a preparar-se para debater, entre eles no executivo, o sorrateiro plano para o Flecheiro. O habitual. Congemina-se e decide-se no areópago do poder, para depois participar ao povo, lá de cima cá para baixo.

Pobre ingénuo ignorante, ainda do tempo do milheiral das Marchantas, sempre cheio de esperança em melhores dias, ainda julguei poder ver alí um dia, em vez das barracas dos ciganos e dos pavilhões em ruinas, um auditório em condições, ou mesmo um palácio de congressos, visando o turismo de eventos científicos, cada vez mais importante. Infelizmente, não vai haver nada disso. Apenas muito espaço verde (para alegria de ecologistas, sportinguistas, donos de cães e assim), o que já não é mau de todo. Há também uma amostra de anfiteatro, um duplo colector de saneamento, para grande alegria da Tejo Ambiente, que assim poupa mais umas boas centenas de milhares de euros, como já aconteceu na Várzea grande, na Torres Pinheiro e na Nun'Álvares, e uns montinhos para tornar aquilo menos monótono.

Instalações sanitárias? Boa pergunta mas, como pode verificar, a senhora presidente nada disse:

https://radiohertz.pt/tomar-futuro-flecheiro-ira-custar-tres-milhoes-sera-um-espaco-verde-com-arvores-um-anfiteatro-e-um-parque-infantil-obras-irao-arrancar-entre-outubro-e-novembro/

E neste caso conta com o meu apoio insuspeito. Conversas de caca não são nada adequadas para presidentes. Por isso, compreendo perfeitamente a opção de não edificar sentinas públicas por aqueles lados. Primeiro porque três milhões de euros não deve dar para sanitários. Tenha-se em conta que os da Várzea grande custaram 130 mil euros e já estão tecnicamente ultrapassados. Depois porque além destes, quando finalmente abrirem ao público todos os dias, há também os do Mercado, nas horas normais de expediente. Finalmente, e sobretudo, porque ensinou-me a experiência não haver nada mais prazenteiro do que aliviar-se à sombra do arvoredo, na margem de um rio ou lago. E poupa muita água. Os ciganos do acampamento fizeram isso durante mais de 30 anos. O pior é depois, quando se tornar urgente limpar tudo, devido ao perfume ambiente. Very typical indeed, dirão os turistas anglo-saxónicos.

terça-feira, 26 de julho de 2022


FESTA DOS TABULEIROS 2023

A tradição continua a ser o que sempre foi -um travão

Há Festa grande no próximo ano em Tomar, e já por aí vai uma considerável azáfama em toda a comunidade, para a sua adequada preparação. Desta vez a preocupação é bastante maior, pois há o fundado receio dos custos exagerados dos muitos materiais necessários. e da carência de moradores para ornamentar as ruas populares.

Desde há anos que, como simples eleitor tomarense, estudioso destas coisas do turismo, venho defendendo uma série de alterações no modelo organizativo, de forma a viabilizar em definitivo a Festa dos tabuleiros, sem dúvida alguma um enorme cartaz turístico, se devidamente implementado.

Infelizmente, alegando estrito respeito pela tradição, vem-se repetindo o mesmo modelo a cada quatro anos, sem qualquer alteração e com custos cada vez mais elevados. A mais recente edição, em 2019, já custou aos cofres concelhios algo como 700 mil euros. Um evidente exagero, porque sem retornos à altura, devido a deficiências de concepção.

Para os intransigentes defensores do respeito pela tradição, que até agora têm conseguido travar qualquer evolução positiva do modelo em vigor, aqui vai um texto publicado no CIDADE DE TOMAR de 09 de FEVEREIRO DE 1964, sem assinatura mas averiguadamente da lavra de Fernando Nini Ferreira. Para a autarquia, o actual mordomo e outros membros da comissão poderem pensar um bocadinho, enquanto ainda é tempo:


Realização anual, integração no calendário turístico português, ajuda do Estado. Há 58 anos já se propunha a mesma coisa. Porque já então era claro que os hoteleiros e outros comerciantes não pagam impostos só  a cada quatro anos. Ou que os operadores de turismo têm catálogos anuais e não quadrienais. Infelizmente, parece ser como o novo aeroporto de Lisboa. Desde há 50 anos, quanto mais se fala. menos se faz.


Direito à informação

RETROCESSO CÍVICO EM TOMAR

O escriba destas linhas deslocou-se à biblioteca municipal para aí confirmar, ou desmentir, uma hipótese antes formulada: Há em Tomar, par além da fuga da população, evidente retrocesso cívico, nomeadamente na área do direito e da liberdade de informação. Trata-se de um aparente paradoxo, que a consulta rápida de jornais locais dos anos 60 permitiu confirmar e até alargar.

Em 1964, ano das edições de Cidade de Tomar e d'O Templário que foram consultadas, havia indiscutivelmente mais notícias, mais críticas, mais opinião, mais análises e mais participação cívica nos jornais locais, apesar da censura, da polícia política, das prisões arbitrárias e assim.

Quase 60 anos mais tarde, há liberdade de informação, desapareceu a censura, não existe mais polícia política, e aumentaram os eventuais suportes informativos, com a extraordinária expansão da net. E no entanto... Os dois semanários consultados são agora uma pálida versão daquilo que já foram. Basta comparar. Quanto aos  novos suportes, é melhor não alargar, porque todos sabemos do que estamos a falar. Há vergonhas recentes que é melhor calar, a bem da salubridade pública. E participações cívicas que melhor fora nem terem existido, de tão reles e malcheirosas que se revelaram.

Porquê tal paradoxo? Um concelho governado pelo PS há 10 anos, com menos liberdade informativa e menos participação cívica?! Não direi que foi intencional. Ou que alguém da maioria socialista proibiu expressamente os órgãos locais de informação de publicarem críticas, ou notícias menos favoráveis. Contudo, o simples facto de, em paralelo, subsidiarem generosamente a media local e regional, enquanto vão alardeando sectarismo, alergia à crítica e intolerância, deu os frutos que tinha que dar inevitavelmente. Os vários intervenientes receptores são assaz inteligentes para recordar o velho dito popular segundo o qual "nunca se deve cuspir na sopa, ou morder na mão que nos dá de comer". Vai daí, estamos neste estado. "O calado meteu-se no comboio, foi a Lisboa e veio, e não pagou nada."

Há dúvidas? Pois consultem-se as notícias sobre o rescaldo da Festa templária deste ano, por exemplo. Excluindo as declarações da vereadora, na Rádio Hertz, e dois textos críticos no Tomar a dianteira, que mais se publicou? Os outros órgãos informativos não viram nada? Não souberam de nada? Porquê então o silêncio, numa sociedade com as liberdades fundamentais, entre as quais a de informação, garantidas na Lei fundamental do país?

É uso dizer-se, citando um célebre dramaturgo inglês, que algo está podre no reino da Dinamarca, lá para a Escandinávia. Tenho a impressão que não é só no reino da Dinamarca. E que podridão e emigração, anda tudo ligado. Fica aqui escrito, para memória futura.

segunda-feira, 25 de julho de 2022


Festas, festarolas, eventos e estarolas

Tentando desmistificar  

o mito do sucesso permanente

O esquema, agora já bem rodado e por isso assaz conhecido, é sempre o mesmo. Qualquer evento, organizado ou patrocinado pela autarquia, é sempre um grande sucesso. O mais recente caso conhecido é a Festa templária.

De nada adiantou apontar casos concretos de erros, insucessos e afins durante a Templeirada. Através da sua rede de avençados, a autarquia mandou noticiar, em Tomar e na região, que a Festa templária foi um sucesso. Mais precisamente que faziam dela  "um balanço muito positivo". Ficou por saber em que se basearam para chegar a tal conclusão, mas pronto. Todos sabemos que na política há razões que a razão desconhece.

O tempo foi passando. Agora, em época mais serena e de férias, assim como quem não quer espevitar demasiado a opinião pública, mas tem absoluta necessidade de apaziguar apaniguados, lá apareceu uma notícia bem esclarecedora na Rádio Hertz.

https://radiohertz.pt/tomar-concurso-de-montras-da-festa-templaria-nao-avancou-devido-ao-reduzido-numero-de-inscritos-mas-autarquia-quis-premiar-participantes/

Temos assim o anúncio disfarçado do primeiro rombo oficial no pretenso sucesso da Festa templária, e respectivo "balanço muito positivo". Os comerciantes não aderiram, e o previsto concurso de montras ornamentadas não se realizou. Porque terá sido? Decerto que a câmara não deixará de esclarecer a população. Quanto mais não seja, para justificar os prémios agora atribuídos a alguns participantes. Prémios de consolação, já se vê. Tanto para os premiadores como para os premiados.

Outros rombos serão anunciados posteriormente, estou convencido. Ou pelo menos implicitamente acolhidos nas contas a apresentar. É obrigatório e falsificar contas dá problemas judiciais complicados. Aguardemos serenamente, sendo certo que o mito do sucesso permanente já conheceu melhores dias. Mais uma consequência da seca local. Começa a faltar quem lhe regue as raízes, ao unanimismo da maioria autárquica, mesmo com tanta água disponível, sob a forma de subsídios, avenças e ajustes directos. Como disse um popular: -"É só goela!"

domingo, 24 de julho de 2022

 

Fachada do que resta da antiga sinagoga de Tomar

Crónica de um leitor da net

Visite o Vale dos enganos

A grande vantagem da proliferação da net, é a variedade informativa que faculta. Esta semana, dois textos chamaram a atenção do escriba. Um a promover a Sinagoga, cuja origem  parece ser o serviço de  comunicação da Câmara de Tomar, outro um simples comentário de leitor de blogue.

O texto sobre a Sinagoga, publicado n'O Mirante online, provocou-me um sorriso, ao ler o título "monumento mais visitado da cidade, logo a seguir ao Convento de Cristo." Na verdade, ninguém sabe ao certo. Não há contagem dos visitantes em nenhum outro monumento ou sítio de Tomar. Só no Convento e na Sinagoga. Quantos turistas visitam e fotografam a roda do Mouchão? Mais ou menos que a Sinagoga? Não se sabe.

Quantos turistas vão à Praça da República, para apreciar o punho da espada do Gualdim, visto de perfil, e do lado sul? Também não se sabe. Trata-se na verdade de um texto promocional, bem escrito, porém cheio de lugares comuns, no qual a informação mais útil está no fim, e de pouco serve porque incompleta. Enumera os meios de transporte e refere que também há caminho de ferro. Se dissesse que há comboios hora a hora, directos Lisboa-Tomar, e com um percurso que dura menos de duas horas, talvez não fosse pior e trouxesse mais visitantes a Tomar. Mesmo considerando que por vezes algumas carruagens têm o ar condicionado avariado. Como certamente diria o sr. vice-presidente da câmara, se consultado sobre o assunto, "Os utentes têm sempre alternativa. Podem mudar para outra carruagem com o AC a funcionar." Se ainda houver!!!

O outro escrito é um comentário de José Oliveira, publicado no blogue Tomar na rede. Nele se noticia o episódio de um turista de confissão judaica, que integrado num grupo veio visitar a Sinagoga, e se perdeu. Foi encontrado, por funcionários municipais da limpeza urbana, na Rua de Pedro Dias, e logo alguém do restaurante Mesa de frades chamou os briosos bombeiros municipais...que aparecerem quase duas horas depois:

"Esta semana na Rua Pedro Dias um elemento de um grupo de israelitas de visita á cidade perdeu-se e foi encontrado naquela rua por um varredor alguns comerciantes da galeria Pardelhas telefonaram de imediato para os bombeiros ………………………que só chegaram ao local 1,45″ ,uma hora e quarenta e cinco minutos depois !
Ou seja o homem quando comprou a viagem para Portugal e passagem por Tomar pensou que vinha para uma cidade do sec.XXI ,foi enganado !"

Fica uma pessoa sem saber o que há-de louvar: A evidente prontidão dos bombeiros? A excelente sinalética turística na cidade velha? Só quem reside ou trabalha na Rua direita e arredores, sabe a quantidade diária de pedidos de informação, todos com a mesma pergunta: O caminho para a Sinagoga? O segundo monumento mais visitado de Tomar, proclama a câmara. Mas quanto a sinalização turística...

Agora faça o leitor o esforço de imaginar que é turista estrangeiro e estaciona  o carro no único parque geralmente com lugares livres, ali à ilharga da estação da CP. Mesmo com telemóvel e GPS, é uma beleza para chegar à Sinagoga, graças à sinalização existente, não é?

Estamos mesmo no vale dos enganos. De tal forma que até os eleitores, que em princípio são residentes permanentes, se têm enganado em grande quantidade nestes últimos mandatos. Será da sede? É cá uma seca!

sábado, 23 de julho de 2022

Foto Neila Silva

Propaganda política

UM CARTAZ QUE CHOCA 

INTERROGA E DESMOBILIZA

mais de um mês que está exposto, ao fundo da Corredoura, o cartaz da fotografia acima. Por estranho que possa parecer, apesar de haver em Tomar 3 jornais, 2 rádios locais e alguns blogues informativos, ainda nenhum deles, que eu saiba, abordou o assunto. Porquê? Nenhum dos seus jornalistas, ou colaboradores, leu ainda o cartaz? Conheço discursos sobre direito à  informação, menos eloquentes que este silêncio amplo e prolongado.

Correndo os riscos inerentes, que ignoro quais possam ser na sua totalidade, aqui vai o que penso. Antes de mais, e sobretudo, trata-se de um cartaz que me choca, porque enferma de erros de ortografia, de grafismo e de comunicação. Mas choca ainda mais, ao verificar-se que está assinado pela CDU, coligação eleitoral entre o Partido comunista e o Partido ecologista Os verdes.

Com efeito, o usual lema dos candidatos da CDU é "Honestidade, Trabalho, Competência", e nenhum destes atributos está presente no dito cartaz. A forma como está escrito não parece muito honesta, o trabalho não parece do melhor e quanto a competência, estamos conversados. Vem então a inevitável interrogação. Quer se goste ou não do PCP, forçoso é reconhecer que dispõe de quadros e militantes do melhor e mais competente que há no país, mesmo em Tomar. Como foi então possível fazer, deixar fazer, afixar e manter semelhante cartaz, durante tanto tempo, ao fundo da rua principal de uma cidade da província? Ninguém soube nem sabe dentro do partido? Ninguém viu ainda? Receio de intervir? Ou de divergir?

Qualquer que seja o caso, é pena tal abandono às circunstâncias, uma espécie de deixa andar, tão típico de Tomar. No meu entender, o referido cartaz, embora condenando um abuso evidente -o aumento do tarifário da Tejo Ambiente em 23%- acaba por afastar os potenciais apoiantes do movimento anti-aumento do tarifário e pela extinção da Tejo Ambiente. Quem, com efeito, se sente atraído por gente menos capaz, incompetente, e sem noção mínima de decência estética?

Pode ser também que o dito cartaz tenha sido deliberadamente concebido para ficar com o aspecto que tem. Maneira subtil de inculcar a ideia de um movimento popular contra o aumento, de consumidores de pouca instrução e fracos rendimentos. Pode ser. Mas se assim foi, a meu ver, não se pode dizer que seja muito conseguido. Mas também é verdade que, em termos de instrução e de recursos materiais,  não pertenço às classes populares. Um pedido final, para o bem de todos, creio eu: Por favor substituam o cartaz quanto antes, por outro bem feito e mais apelativo. Mais certeiro. Pode ser?

Aquele envergonha-nos a todos. Já estou a ouvir os turistas, depois de lerem: "Oh coitados dos tomarenses, nem escrever sabem!"

sexta-feira, 22 de julho de 2022

Castelo e Paços dos condes de Ourém

Equipamentos para acolhimento turístico em Tomar 

EVIDENTE CEGUEIRA POLÍTICA

Agora foi Ourém. Reunido em 18 de Julho passado, o executivo do Município de Ourém deliberou abrir concurso para a construção de um meio mecânico, rápido e não poluente, de ligação ao castelo. A notícia é da Rádio Hertz:

https://radiohertz.pt/ourem-municipio-lanca-concurso-para-acesso-mecanico-ao-castelo/

Após Leiria, temos agora mais um município vizinho a proceder de forma a instalar um equipamento básico de acolhimento turístico. No caso, uma ligação moderna entre a área urbana baixa e o planalto do castelo. De notar que, tanto em Leiria como em Ourém, os monumentos em questão não estão classificados como "património da humanidade". Não alcançam por isso o estatuto nem os totais de visitantes do Convento de Cristo, ou sequer algo próximo. O que não invalida, antes valoriza o esforço dos dois municípios, bem conscientes da necessidade de equipar quanto antes as respectivas urbes.

Pelo contrário, num caso de evidente cegueira política, o executivo do município tomarense (incluindo a oposição), confrontado com o insuperável prestígio internacional do conjunto Castelo dos templários/Convento de Cristo, e com as indesmentíveis más condições de acesso para os visitantes, recusa sequer debater um projeto de implementação de equipamentos de acolhimento de visitantes, cujo rascunho sumário já lhe foi entregue.

É sem dúvida muito mais cómodo, para quem ocupa o poder, deixar tudo como está, entretendo-se com o acessório e recusando abordar o essencial. Pensam certamente que Deus nosso senhor tem lá muito para nos dar. Que é só preciso saber pedir. E depois gastar em festivais, festas e festarolas, ajustes diretos subsídios e outras coisas de artolas. Tanto mais que os eleitores tomarenses, que os elegeram confortavelmente, não parecem nada incomodados. Nem sequer com o anunciado aumento de 23% da água, a partir do mês que vem, quanto mais agora com minudências do tipo equipamentos básicos para acolher os visitantes. Tomar é que vai padecer! Mais precisamente aqueles que no concelho dependem do turismo, em sentido lato. Que são muitos.

Parafraseando um dos membros da atual maioria: Para mijar podem ir aos cafés, para passar com cadeiras de rodas ou carrinhos de bébé, têm o passeio do outro lado da rua, para estacionar há por aí muito espaço livre, e para visitar o Convento podem ir a pé. E em 2025 também podem ir votar noutros partidos, digo eu. 

Oxalá! Tomar precisa cada vez mais de quem saiba governar, em vez de insistir em actividades agaiatadas. Que mesmo quando correm mal, são sempre consideradas grandes sucessos pelos organizadores. Pudera! Sem elas, o que seria deles?

quinta-feira, 21 de julho de 2022

Expansão do alojamento turístico local em Tomar

Sem querer, com a verdade nos enganam...

Decerto com a intenção de informar, de forma completa e verdadeira, publicou o blogue Tomar na rede, em 19/07/2022, uma local cujo link se reproduz:

https://tomarnarede.pt/economia/tomar-ja-tem-quase-200-unidades-de-alojamento-local/

Quase logo a seguir, um comentador habitual, que assina MANUEL, foi muito oportuno. Usando um vocabulário tipo nazi, escreveu, às 12H57: "Carrega Tomar... Tomar na vanguarda do dinamismo económico. Tomar e os verdadeiros tomarenses estão em grande, o orgulho Tomarense está bem patente na sociedade nabantina."

Perante tal prosa, Tomar a dianteira 3 foi verificar se há razões para tanto, ou se é apenas mais um episódio lamentável de orgulho tomarense balofo, apoiado numa mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma. Ou pouco mais. De acordo com o  site do Turismo de Portugal, cujo link consta da própria notícia do Tomar na rede, o concelho de Tomar conta actualmente com cerca de 200 unidades de alojamento turístico local, o que corresponde a uma capacidade total de 1.466 lugares. (Média de 7,5 lugares por unidade de alojamento).

A título comparativo, nesta mesma data, outros locais turísticos muito frequentados, ou Património da Humanidade, dispunham das seguintes capacidades, partindo de uma média de 7,5 lugares por unidade de alojamento:

Alcobaça............................5.427 lugares em 724 unidades de AL

Batalha..................................310 lugares em 63 unidades  de  AL

Coimbra.............................3.583 lugares em 477 unidades de AL

Évora..................................1.893 lugares em 253 unidades deAL

Ourém (Fátima)..................3124 lugares em 416 unidades de AL

Sintra..................................7.526 luga. em 1.003 unidades de AL

Tomar..................................1.466 luga. em   189 unidades de AL

Como se pode constatar, afinal não há qualquer base séria para triunfalismo. Só a Batalha é que está bastante mal equipada, mas tem menos de metade da população tomarense. Mais precisamente 14 mil eleitores, contra 33 mil em Tomar. Nos restantes concelhos, o incremento do alojamento local mostra-se mais acentuado que em Tomar, apesar de no vale do Nabão ter quadriplicado em 5 anos, como bem refere a notícia supracitada.

Para os mais receosos de que possa haver em breve excesso de oferta em Tomar, na área do Alojamento Local, aqui vão dados oficiais elucidativos:

Capacidade em alojamento local já existente, (em 2022),  por cada mil habitantes

Abrantes...................................16,45

Alcobaça..................................95,73

Batalha.....................................19,61

Bragança..................................27,70

Évora.......................................33,45

F. Zêzere..................................58,13

Nazaré.....................................452,7

Ourém.....................................68,00

Tomar......................................36,65

Convenhamos que Tomar não corre grandes riscos de saturação, nem fica assim muito bem na fotografia. Está melhor que Abrantes ou Bragança, praticamente ao nível de Évora, mas muito abaixo de Alcobaça e Ourém. Ou mesmo de Ferreira do Zêzere. Quem diria?

 Perante estes dados, torna-se evidente que no futuro, se assim o entenderem,  será conveniente que o Tomar na rede tenha o cuidado de contrastar antes as notícias que publica, comparando os dados com os de concelhos similares. Para os inserir num contexto. Caso  não o faça, estará a contribuir para enganar os seus leitores, induzindo-os em erro e facilitando assim  a tarefa de eventuais avençados mal intencionados, por exemplo ao serviço do Município, como o suposto MANUEL. Aqui fica a sugestão.

quarta-feira, 20 de julho de 2022

Foto Rádio Hertz

O salão do edifício do turismo, 

montra da tomada do poder pelos facilitados

Trata-se do nobre edifício da há muito extinta Comissão de Iniciativa e Turismo, edificado nos anos 30 do século passado, em estilo renascença e integrando muitos elementos do século XVI. Ali ao cimo da Rua da Graça, frente à entrada da Mata. Até aos anos 90, foi mantido tal como sempre esteve: posto de informação, sala de visitas e pequena biblioteca no r/c, exposição de pintura (legado João Martins de Azevedo) no primeiro andar, com nomes como Carlos Reis, João Reis, Falcão Trigoso, A. Martin Maqueda, Giuseppe Arcimboldo, etc. Tudo impecavelmente arrumado, com tapetes de Arraiolos.

Mais tarde, não dizendo exactamente quando para não ferir susceptibilidades, o pequeno museu do 1º piso foi desmantelado, e o piso térreo progressivamente "adaptado" aos novos hábitos dos facilitados. 

(Facilitados são aqueles honrados cidadãos provenientes dos anos do ensino facilitista, logo a seguir ao 25 de Abril. A maior parte nunca foi avaliada capazmente, nem classificada em conformidade, ou submetida a exames nacionais. E nas universidades ou politécnicos, quando lá chegaram, beneficiaram de passagens administrativas, ou do chamado controle contínuo de conhecimentos. Os resultados aí estão agora, à vista de todos.)

Os anos passaram, e aí os temos exercendo o poder, uns como eleitos, outros como funcionários admitidos pela porta dos fundos, outros ainda como "pessoal de confiança política", que tem a vantagem de sair (às vezes) quando os patronos perdem as eleições.

Pontos comuns à maior parte destes simpáticos e escorreitos cidadãos: são intolerantes, sectários,  alérgicos à crítica, incapazes de se auto-avaliarem de forma séria, e falham com frequência. Tendo tomado posse do nobre edifício do turismo municipal, ex-sala de visitas da cidade, foram transformando aquilo no que agora é. Uma espécie de escritório mal arrumado, de um qualquer professor universitário de Harvard, Berkeley ou Princeton. Há portas de vidro, secretárias fora de sítio e pejadas de papéis. Há  processos espalhados, montes e montes de dossiers onde calha, incluindo em cima dos sofás. Uma confusão, quando afinal se trata do salão nobre de um edifício público, destinado a receber visitantes. Não bate a bota com a perdigota.

Tudo encenação, tentando mostrar que por ali é grande a labuta. Mas redundante e a chocar quem vê. Agora com a informática, basta um computador em cada mesa de trabalho, ligado à impressora central. Processos em suporte papel já tiveram o seu tempo. De resto, no piso térreo sempre houve 2 secretárias no posto de atendimento, à esquerda, mais três na subcave. Mais do que suficientes para o pessoal que ali está colocado. Que, em caso de necessidade, se podia instalar também no desmantelado 1º piso, sobretudo na sala pequena.

Mas não. Tratou-se e trata-se de mostrar poder.  A tomada do poder pelos revolucionários, tal como se costuma ver naqueles filmes americanos. E também de ser visto. Por isso, nada de trabalhar nas 3 secretárias da subcave, ou no 1º piso. Isso era no século passado, no tempo da outra senhora! Agora os detentores do poder são outros. Bom senso, modéstia, discreção, requinte, respeito pelo património, ou bom gosto, que se lixem. Exactamente o mesmo que tem vindo a acontecer no Mouchão, com os sucessivos eventos, que nada justifica ali. É preciso vincar bem quem  manda. A relva é que vai pagando. No sentido do Variações: "Quando a cabeça não tem juízo, o corpo é que as paga..." E depois quem ousa criticar é que está mal da cabeça. Argumentação tipo soviétoide.

2025 é já ali adiante. Então, logo veremos se continua o mesmo teatro com os mesmos actores. Ou se haverá mudança significativa. Até lá, resta ir anotando e contentar-se com o que há: Uma peça sem grande interesse, com actores fraquitos, cheios de vícios cénicos. Na maior parte dos casos, simples cabotinos, é o que é. Boa gente, porém com os seus defeitos. Como todos nós. Uns mais do que outros.

terça-feira, 19 de julho de 2022

Albufeira do Cabril

Tejo Ambiente

Uma empresa IM condenada à nascença

São agora conhecidas algumas das anomalias ligadas ao nascimento da Tejo Ambiente, uma empresa intermunicipal agrupando seis concelhos. Dois grandes (Ourém e Tomar) e quatro pequenos  (Barquinha, Ferreira do Zézere, Mação e Sardoal). Há um pouco de tudo. Falta de  cuidado, falta de realismo, falta de honestidade, falta de ideias claras, e por aí adiante.

Algumas das consequências desastrosas desse nascimento acidentado, e com múltiplas anomalias, são  agora já conhecidas. Cifram-se em milhões de euros e mexem com os bolsos dos consumidores, que vão ter de arcar, nesta fase, com mais 23% na fatura. Faltam porém outras, algumas das quais tão evidentes que até espanta não terem sido antes tomadas em consideração.

Uma delas, a principal, é a futura viabilidade do modelo de negócio da Tejo Ambiente, que embora certificado por dois EVEF, (que valem o que valem, como já se constatou com o primeiro...) não parece abarcar a inevitável evolução do sector, fortemente condicionado pelo inevitável agravamento climático.

Ao contrário da electricidade, a água não se produz em quantidade, nem se fabrica. Capta-se. Por conseguinte,  ou há nascentes e cursos de água, ou não. No caso, os seis concelhos da Tejo Ambiente são abastecidos sobretudo a partir da barragem do Castelo de Bode, que azar dos azares abastece igualmente a grande Lisboa. Origem comum: as águas do Zêzere.

Acontece ser já do domínio público que o nível da água na albufeira em questão está abaixo do habitual, tal como se sabe que há referências a eventuais transvases da água da barragem do Cabril, a montante do Castelo do Bode, para o Tejo. Com ou sem esses transvases, e tendo em conta a situação presente, alguém minimamente informado duvida que, quando a água do Castelo do Bode começar a ser insuficiente para abastecer regularmente a capital, Ourém, Tomar, Ferreira e Barquinha, por exemplo,  vão conhecer o racionamento hídrico? Como sempre, primeiro vão estar a capital do país e as casas dos senhores que nos governam. Depois os outros. O povo. Não tenhamos ilusões.

-Mas a água, temo-la aqui à porta, dirão os optimistas do costume. Pois temos. Mas mesmo assim, a EPAL, ou uma das suas associadas, conseguiu assinar um contrato "em alta" com os ex-SMAS-Tomar, nos termos do qual, a água "em alta" é mais cara em Tomar, que "em baixa" em Lisboa e arredores, à saída das torneiras domésticas. E quem fez e faz isto, fará decerto bem pior. É só haver ocasião para tanto.

Nestas condições, que vão agravar-se mais tarde ou mais cedo, quer queiramos ou não, que adianta andar a levar ao colo uma criança inviável, e nascida com tantos problemas, como a Tejo Ambiente? Será muito mais fácil dissolver a EIM e voltar à estaca zero, retomando cada município os seus pertences, e assumindo a sua parte nas dívidas entretanto contraídas. Depois, cada SMAS poderá recalibrar o seu modelo de negócio, livre de servidões e  desligando-se progressivamente, ou não, da EPAL e subsidiárias, para passar a abastecer-se "em alta" no vale do Nabão (Agroal, Mendacha, Fonte Quente), cuja água vai agora direitinha para o Tejo, via Zézere. É mais caro, por causa do calcáreo? É, sim senhor. Mas não vai haver outra solução tão prática, que nos colocará fora da dependência de Lisboa. E quanto mais tarde, pior maré. A não ser que em Lisboa já estejam a pensar numa central de dessalinização da água do mar, ali na Nazaré, por exemplo. Mas em Cascais era mais perto...

Resta o problema dos pequenos concelhos de Mação e Sardoal, cujas redes de águas e saneamento não confinam com nenhum dos outros concelhos da Tejo Ambiente. Caber-lhes-à portanto, uma vez dissolvida a Tejo Ambiente, procurar novos parceiros mais consentâneos com a realidade no terreno, optando depois pelos melhores fornecedores "em alta", uma vez tudo devidamente ponderado, coisa que aparentemente não terá acontecido desta vez...

Face à inevitabilidade do racionamento, quando faltar água para abastecer Lisboa, o que vai acontecer maios tarde ou mais cedo, não dissolver a Tejo Ambiente quanto antes, vai transformá-la pouco a pouco numa miniatura do aeroporto de Lisboa, cuja mudança está em estudo há 50 anos e até agora nada. Por conseguinte, se não queremos viver com o racionamento, vai sendo tempo de agir. Depois não venham com a treta "ninguém avisou!"


domingo, 17 de julho de 2022




ABUSO EVIDENTE
NA OBRAS DO FUTURO HOTEL VILA GALÉ

Não é bem a especialidade do blogue, mais virado para a política pura e dura, mas o assunto merece atenção. Há abuso evidente com o tapume das obras do Hotel Vila Galé, ali na Rua Larga, no que resta do antigo Convento de Santa Iria.
Olhando para as duas fotos supra, enviadas por um leitor amigo a quem agradecemos, e para o largo passeio, pergunta-se: E os peões? E as crianças? E as cadeiras de rodas, por onde passam? Pela faixa de rodagem?
Há mesmo necessidade, e a Câmara licenciou a ocupação de praticamente todo o passeio? Nesse caso, onde está a passagem alternativa, devidamente protegida? E a respectiva indicação bem visível?
É claro que a haver abuso evidente, não é da empresa Vila Galé, mas do empreiteiro, eventualmente com a condescendência da fiscalização. Ou será mesmo dos competentes serviços camarários?
Seja como for, importante mesmo é implementar uma passagem decente e devidamente protegida para peões e cadeiras de rodas. Vamos a isso?






Carta aberta 

ao senhor presidente da Tejo Ambiente

Senhor presidente:

No passado dia 6 de Julho, declarou o senhor, aos microfones da Rádio Hertz, que atribuía alguma responsabilidade à empresa que fez o EVEF inicial da Tejo Ambiente, mas logo acrescentou que foram os municípios que enviaram os dados "e alguns não estavam corretos":

https://radiohertz.pt/tomar-luis-albuquerque-aponta-alguma-responsabilidade-a-empresa-que-fez-o-evef-da-tejo-ambiente-mas-refere-que-os-municipios-e-que-forneceram-dados-e-alguns-nao-estavam-cor/

Na qualidade de administrador do blogue Tomar a dianteira 3, e também como consumidor da água fornecida pela Tejo Ambiente -consumidor cativo, pois mesmo que queira, não posso mudar de fornecedor, por falta de alternativa- vou ter de pagar, a partir do próximo mês de Agosto, mais 23% cada mês, devido designadamente a tais documentos que não estavam corretos.

Penso por isso ter direito à verdade, a toda a verdade. E como por outro lado a Lei do direito à informação (Lei 46/2007, de 24 de Agosto, nomeadamente artigo 5º da LADA) me faculta a possibilidade de requerer cópias integrais dos documentos referidos pelo senhor, solicito pela presente que tenha a gentileza de responder a estas questões, ainda sem recorrer à referida Lei:

1 - Quais os dados enviados pelos municípios  que não estavam corretos?

2 - Qual ou quais os municípios que  enviaram esses dados incorretos?

3 - Quando é que a administração da Tejo Ambiente se deu conta da falsidade de alguns desses dados?

4 - Que providências foram então tomadas?

5 - Foi até agora desencadeada pela Tejo Ambiente alguma ação tendente a apurar eventuais responsabilidades criminais, decorrentes do envio de documentos inverídicos no todo ou em parte?

Antecipadamente grato pela atenção que dispensar a esta minha solicitação, endereço os meus cumprimentos com cordialidade,

António Rebelo

sábado, 16 de julho de 2022


Estamos assim

Com tendência para piorar

E os tomarenses todos contentes

Ou pelo menos calados. E pagando pontualmente impostos e outras despesas. Como a água, por exemplo, uma autêntica pechincha em tempos de penúria. Entretanto, em vez de fazer aquilo para que foi eleita -resolver os problemas dos residentes no concelho e dos visitantes- desde 2013 que a Câmara vem mostrando que tem uma agenda muito própria.

Que agenda própria? Tanto quanto se consegue perceber, pois deixou de haver informação livre, desde que passou a existir só informação com açaimo municipal, essa tal agenda consiste em levar a  efeito dois movimentos, simultâneos no tempo e no espaço -silenciar a crítica, sobretudo se honesta, e levar a efeito festas, festarolas e outros eventos, susceptíveis de assegurar votos favoráveis na altura devida. Ou pagar os votos anteriores.

Temos assim uma situação ímpar no país. Há problemas sérios de estacionamento, segurança, sanitários e acolhimento de visitantes e residentes motorizados, como veio demonstrar o recente protesto dos motoristas TIR aqui residentes, mas para isso a Câmara não tem soluções, nem vontade de as procurar, quanto mais agora implementar.

Em contrapartida, antes da pandemia, um descuido da manhosa liderança do turismo local, permitiu mostrar o óbvio. Ao estabelecer entradas pagas para um evento dito de "estátuas vivas", a autarquia tornou possível uma quase imediata auditoria do evento pela informação local, na altura ainda parcialmente sem açaimo. Soube-se assim que houve um decréscimo de 4 mil visitantes de um ano para o outro. Uma vergonha, posto que no ano anterior já havia registo de apenas 12 mil forasteiros pagantes. Muito menos que os alegados milhares e milhares. Para não mencionar o suposto e fabuloso milhão dos Tabuleiros. Hão-de custar mais de um milhão, lá isso é verdade. Mas quanto a visitantes, nem coisa parecida. E como não pagam, tanto faz muitos como poucos. Adiante.

Foi portanto um fracasso, sem apelo nem agravo e devidamente documentado. O que então impediu a liderança local destas coisas, de propagandear um grande sucesso, como anda agora a tentar fazer com a Templeirada. Mas não se ficou a dormir. Durante os anos seguintes, mesmo com o confinamento, o tema foi ponderado e reponderado, ao invés dos problemas básicos do concelho. E a solução apareceu. Luminosa como a luz das manhãs nabantinas em época de fogos próximos.

Em vez de festival de estátuas vivas, vamos ter, já em Setembro próximo, um "festival de artes de rua". Naturalmente com as mesmas estátuas vivas do fracasso, mas com mais umas achegas e respectivos custos. Entre essas achegas, decerto procurando ombrear com Nova Iorque, Paris, Pequim ou Madrid, vai haver também "street food". Comida rápida, ou mangedouras de rua, também conhecidas como sandes, petiscos ou acepipes, para usar termos portugueses. O clássico em qualquer rua popular de Hanói ou Mandalay, lá para as bandas do Mekong. Muito original, sem dúvida. Mas como entretanto também já tivemos a noite das asiáticas lanternas luminosas no Nabão, deve ser fruta da época que atravessamos...

Desconhece-se a génese de tal ideia, que pode muito bem vir a encher o Mouchão e a Corredoura de cozinheiros de ocasião e outros de oportunidade, a tentar vender gato por lebre, misturados com outros do mais sério que há, quando o espaço ideal para essas coisas seria a Mata dos 7 Montes, ali junto ao parque infantil. Mas há o exemplo, e na terra do penacho ninguém quer parecer menos que o Congresso da sopa. Vaidades.

Noutra terra, do norte por exemplo, os industriais do sector alimentar, vulgo tascas e restaurantes, já teriam feito ver à senhora vereadora e à senhora presidente que é cada vez mais difícil ir conduzindo a barca respectiva em tempos normais, quanto mais agora com a concorrência desleal de quem foge aos impostos como o diabo foge da cruz. Porque a triste realidade é esta: Para que servem e a quem aproveitam os eventos de promoção, se os próprios visitantes também vêm fazer negócio e beneficiam de algumas benesses, legais ou não, a que os residentes não têm acesso?

sexta-feira, 15 de julho de 2022


SIMPLES ACASO INFELIZ

O ENCERRAMENTO DA PISCINA  VASCO JACOB?

Peço licença para discordar. Ao arrepio do difundido até agora, mesmo sem ser adepto da teoria da conspiração, certos detalhes levam-me a pensar que o encerramento inopinado da piscina Vasco Jacob, "por tempo indeterminado", não é mero acaso. Parece-me que há qualquer coisa mais, que incomoda seriamente a autarquia. O quê, em concreto? Não sei. Só o núcleo duro da maioria PS "estará por dentro". Estará mesmo? Aguardam-se explicações detalhadas, a que temos direito como cidadãos residentes no concelho.

Justificando a posteriori a sua seca informação ao público, a câmara adiantou que "só recebeu a informação às 07H30". Que informação? O nadador-salvador habitual está doente? O substituto também? Foi doença súbita? Qual a duração prevista? Porque não avançam com estes detalhes? O público pagador de impostos não merece? Só serve para votar?

Aceitando que se trata mesmo de um imponderável de natureza  médica, como se explica que uma câmara que, nessa área, prevê 57,5 euros anuais por habitante só para cultura, desporto, festarolas e outros eventos, o que mostra bem a sua capacidade financeira, tenha sido apanhada desprevenida? Não havia, nem há substitutos? Nem sequer sabem onde e como contratar outros, muito rapidamente? Não há empresa nenhuma de trabalho temporário, ou terceirizado, que aceite celebrar um ajuste directo com a Câmara? Porquê?

Não adianta vir com desculpas, agora que a bronca é do conhecimento geral. Haverá de certeza nadadores salvadores disponíveis no mercado. É tudo uma questão de remuneração e condições de trabalho. A câmara é que não parece muito interessada em resolver o incidente. De resto, até já encerrou no passado o parque de campismo anexo, e várias instalações sanitárias pela cidade, só para não ter chatices com o pessoal e os utentes. Embora os argumentos então apresentados tenham sido outros, como sempre. 

A propósito: Estão à espera de quê para reabrir as sentinas públicas da Várzea grande, agora renomeadas pomposamente WCs, mas que não há meio de cumprirem a sua função? Os encarregados da respectiva limpeza também meteram baixa, por doença súbita e grave? Esta câmara está cada vez melhor, à medida que vai amadurecendo. Sobretudo a fruta bichoca, que é cada vez mais.

quinta-feira, 14 de julho de 2022

 


O escândalo Tejo Ambiente

Já começou o açambarcamento de água?

Regressei outra vez de mãos vazias do supermercado de proximidade, alí na rua do hospital velho. Tinha ido para comprar um garrafão de água, mas não havia. "Ultimamente tem esgotado quase todas as tardes", informou a simpática empregada. -"Venha amanhã de manhã que há muita", acrescentou.

Saí, pensando que se calhar já começou em Tomar algum açambarcamento de água. Não só porque a Tejo Ambiente tem demonstrado ultimamente que não é uma empresa de confiança, pelo que são sempre possíveis interrupções inesperadas de fornecimento, como também por causa do previsto aumento de 23% do tarifário.

É provável que muitos consumidores forçados, sentindo-se violentados e sem outra saída face à arrogância e manifesta incompetência da Câmara de Tomar, já tenham encontrado um meio de pressão geralmente bastante eficaz: não pagar as facturas com o aumento, por as considerarem abusivas e injustificadas. Ao fim de algum tempo, a Tejo Ambiente vinga-se, cortando o fornecimento. E cobrando depois quase 50 euros para o restabelecer, outra violência intolerável.

Prevendo esses tempos de penúria, por corte forçado devido a falta de pagamento como forma de protesto, ou a avarias na rede, cada vez mais frequentes, nada como ir acumulando uma confortável reserva de garrafões do precioso líquido. Tanto mais que o calor tem sido muito. Os tomarenses podem não ter todas as qualidades, mas são geralmente gente honesta e prevenida. Como mostram as sucessivas faltas de garrafões de água num supermercado da cidade velha. Oxalá seja só alarme falso! No lugar da presidente da câmara, não estaria nada sossegado e muito menos agarrado à ideia de que tudo se há-de resolver com o tempo. 2025 é já ali adiante, e acabado o mandato, adeus até nunca mais. Sem honra nem glória. Audaces fortuna juvat, mas dos vencidos não reza a História.