sábado, 9 de julho de 2022


 
A nova versão do "Triunfo dos porcos"

(Só deve ser lido após a leitura do livro O triunfo dos porcos, de George Orwell, tradução portuguesa, edições D. Quixote, em suporte papel ou digital.)

Naquele tempo, já conscientes de que todos os animais são iguais, mas alguns animais são mais iguais que outros, as coisas  não corriam de feição para determinada vara de porcos, liderada por exemplares menos capazes que o previsto. Incomodados pelas críticas, os porcos governantes tomaram uma decisão drástica. Iam subjugar pela compra disfarçada, com os dinheiros da quinta, todos os órgãos informativos locais, e assim impedir a difusão de opiniões desfavoráveis. O problema apareceu quando se deram conta que determinado porco escriba não se submetia, e administrava um suporte digital com bastante audiência.

Ao que parece, problemas antigos com a administração da quinta e opção partidária, foram acentuando o fosso entre ambas as partes. Aproveitando as circunstâncias, um outro porco que antes discorria num suporte com pouca difusão, resolveu servir-se da brecha, e desatou a roncar contra os porcos administradores do curral, que considerava democraticamente uma porcaria. Foi sol de pouca dura.

Alguns porcos ignorantes e boçais, mas que se consideram inteligentes e mais iguais que os outros, vendo as suas fontes alimentares em perigo, decidiram avançar com decisões rápidas e eficazes. Combinados com os porcos administradores transitórios da quinta, resolveram desencadear uma campanha de maledicência contra o porco contraventor, usando dois recursos principais: atacar o autor e nunca os textos;  não hesitar recorrer aos meios mais boçais e abjectos para alcançar o objectivo.

O ataque foi de tal forma violento e cerrado que o porco administrador do suporte digital receou algo muito grave, e agiu de forma precipitada. Em vez de aguentar firme, apoiando o porco injustamente atacado e suprimindo os roncos condenáveis e miseráveis dos atacantes, cedeu ao pânico. Alegou não ter tempo nem paciência para gerir adequadamente tal situação, e resolveu suprimir as crónicas do porco cáustico e os seus comentários defensivos, ao mesmo tempo que os roncos abjectos dos defensores da administração do curral geral.

Desamparado, o porco dissidente retirou-se para o seu antigo curral com pouca difusão, e aí continua a escrever com denodo contra a administração do curral e seus apoiantes, que insistem em se considerar mais iguais que os outros, quando a situação mostra exactamente o contrário. São fracotes e não se enxergam. Ou fazem como se.

Deslumbrados com o facto do porco administrador do site atacado ter claudicado tão depressa, os porcos apoiantes da administração do curral apressaram-se a cantar vitória, com a frase "Calámos o porco!" Nem se dão conta que estão equivocados. O porco não se calou. Limitou-se a mudar de curral, agora já com mais audiência. E o combate continua. Há uma diferença abissal entre atacar com ideias firmes, ou limitar-se a calúnias e outras considerações de  colector de esgoto, como usam fazer os tais avençados escondidos sob pseudónimos.

Agora, para silenciar o porco dissidente, só recorrendo a especialistas em informática, o que não fica barato nem passa despercebido. Além de ser de pouca ou nenhuma utilidade. Silenciado um site, basta abrir outro logo ao lado. Para demonstrar que há não só animais mais iguais que outros, mas também porcos que pensam e escrevem muito melhor que outros.

A verdade é como o azeite na água. Acaba sempre por vir à superfície. Por conseguinte, ficam os porcos governantes prevenidos. Ou acabam com a porcaria ou ainda vamos ter muita roncaria. Com serenidade, na parte que me toca. Velho, porém educado e com boas maneiras.

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