quarta-feira, 31 de agosto de 2016

O PSD tem razão, mas...

Tal como previ no texto anterior, a oposição que temos, ou pelo menos uma parte substancial dela já embandeira em arco. Os laranjas locais comunicaram à população que lastimam o sucedido e exigem eleições antecipadas. Estão cheios de razão. Também me parece não haver nesta altura outra solução tão boa como novas eleições locais. Para as quais, convém dizer, nenhuma formação está minimamente preparada. Se vieram a ocorrer, todos terão sido apanhados por assim dizer com as calças na mão. À antiga portuguesa.
E depois há óbices. No meu entender pelo menos dois principais, a saber. O tipo de eleição e a sua inevitabilidade. Quanto ao tipo de eleição, convirá a todos saber antes se serão eleições intercalares, só para concluir o mandato actual; ou eleições antecipadas, para um novo mandato de 4 anos. Parece-me mais lógico, mais proveitoso e mais barato que sejam antecipadas. O que estipula a legislação eleitoral?
No que concerne à inevitabilidade de novas eleições, a música é outra, bem mais complexa. O PSD exige eleições mas, sendo um partido de gente moderada, nada fará para as provocar. Argumentarão os seus dirigentes que usualmente quem provoca eleições nunca as ganha. Conversa fiada.
Em todo o caso, já escreveram no seu comunicado que "...o futuro, governado apenas pela presidente Anabela Freitas e os vereadores Hugo Cristóvão e Bruno Graça, nada de bom augura." Maneira de admitir que vão aguardar que o que resta do grupo governante venha a cair de maduro. Atitude duplamente errada, penso eu. Por um lado, porque o trio Anabela-Hugo-Bruno só poderá continuar em funções com a ajuda de pelo menos mais um elemento do actual executivo. Seja ele do PS, do PSD ou dos IpT. Por outro lado, porque exigir eleições é afinal limitar-se a aproveitar a situação. E a isso chama-se oportunismo político.
Por conseguinte, julgo que os tomarenses saberão na altura própria agradecer nas urnas a quem tiver tido antes a coragem de colocar em tempo útil o que resta do executivo em minoria, assim forçando a ainda presidente nominal a convocar eleições. Mas para isso terá de haver antes negociações sérias entre Serrano, Tenreiro e Pedro Marques. Será assim tão difícil chegar a um acordo sólido, para logo em seguida comunicar a Anabela Freitas que deixou de ter condições para continuar na cadeira do poder, uma vez que apenas dispõe de 3 votos, legalmente insuficientes num órgão de 7?
É isto ou o naufrágio geral daqui a um ano, que a população está farta de cantigas ao desafio. E já os nossos antepassados latinos deixaram gravado no mármore RES NON VERBA. Obras. Chega de palavras!
Aqui ficam o humilde aviso e a tosca opinião de um leigo ignorante das coisas da vida e da política. Boa sorte a todos!

Vereador Serrano volta a dar um murro na mesa

Há uma semana, em Tomar a sangrar, referindo-me ao vereador Serrano, escrevi: "De qualquer forma, é visível a olho nu que deixou de se sentir confortável como elemento do actual elenco." Posso portanto dizer agora, perante o novo murro na mesa dado ontem por Serrano, ao enviar  à informação local uma complexa mensagem comunicando a sua 2ª renúncia aos pelouros neste mandato, que era previsível. Tal como acontece com o futuro político do actual executivo. Com Serrano, mesmo coxo vai até ao fim, mas poucas hipóteses tem de vencer em 2017. Sem Serrano está perdido. Salvo inesperadas e muito improváveis novas alianças...

Foto Rádio Hertz (modificada)

Tomar na rede, um dos raros sítios onde se pode ler de quando em vez boa análise política local, ainda que acobertada em nomes supostos, titulou ontem a sua notícia "Vereador Serrano "bate com  a porta". Não me parece de todo que seja o caso. Desde logo porque o vereador socialista não saiu. Limitou-se por agora (?) a "dar um murro na mesa". Ou, para quem preferir, resolveu "falar alto", de maneira a ser ouvido fora e conseguir assim que o passem a ouvir dentro.
Lida  e relida a carta de Serrano, concluí haver nela três partes distintas. Na primeira queixa-se veladamente da falta de liderança de Anabela Freitas e das abusivas intromissões do seu chefe de gabinete de então, que  forçaram o arquitecto/vereador a renunciar aos pelouros em Janeiro deste ano. Já então, como me parece lógico deduzir agora, com o intuito de tentar remediar mediante um gesto de força o que lhe parecia estar mal.
Na segunda parte reforça as suas críticas à camuflada liderança efectiva do vereador da CDU, já antes implícitas, designadamente com uma frase bem pesada mas fora de sítio. A que serve de título à carta aos tomarenses: "Este, claramente, não é o meu executivo". Esta sua atitude, nada colaborante  para com  o vereador Bruno Graça, resulta claramente do facto de, uma vez mais e tal como já sucedia antes de Janeiro deste ano, se sentir desautorizado de forma reiterada. Demasiado desautorizado: "...reiniciou-se o constante pôr em causa das responsabilidades que vinha assumindo, sempre no interesse dos tomarenses..."
Na terceira parte enfim, diz ao que vem, embora de maneira deliberadamente ambígua, creio eu: "Não havendo da minha parte confiança nesta liderança política, à qual não reconheço credibilidade para liderar os destinos do nosso concelho, nada mais me é possível fazer, porque acredito no valor das coisas e não no tempo que elas duram." 
Que liderança política? A da presidente, que não existe? A de Bruno Graça, que é demasiado óbvia? Ambas? Ao escrever "porque acredito no valor das coisas e não no tempo que elas duram", está a referir-se mais precisamente a quê? À "equipa" que venceu por pouco as eleições? À coligação? Às duas?
Perante esta acção política corajosa, mas também ambígua pelo menos por enquanto, creio que a fraca oposição que temos vai embandeirar em arco. Faz mal. Na verdade, a decisão de Serrano colocou-o por agora apenas e só no meio do rio. Entregou os pelouros mas decidiu continuar como vereador. Torna assim possível que a presidente lhe mantenha o vencimento enquanto ele "votar bem", alegando que não aceitou ainda a renúncia aos pelouros. E pode vir a demonstrar na prática que, se não é possível para Serrano trabalhar eficazmente com o PS nas difíceis circunstâncias actuais, com a oposição também não, por manifesta ausência de projecto coerente e realista..
Porque para mim, e julgo que para a generalidade dos eleitores que se interessam por estas coisas e têm mesmo cabeça para isso, é óbvio que, caso resolva emparceirar com os dois vereadores PSD e com Pedro Marques, o vereador dissidente "tem o executivo na mão". E pode vir a fazer praticamente o que quiser. Naturalmente em concordância prévia com os parceiros de circunstância.
Ou estamos apenas perante o primeiro grande acto público de preparação das próxima listas autárquicas do PS, que Serrano visivelmente não quer que sejam de coligação com a CDU?

terça-feira, 30 de agosto de 2016

Mudam-se os tempos...

Em tempo que reputei útil, lastimei aqui que todos nós contribuintes tomarenses sejamos obrigados a participar nos custos provocados pelo uso nem sempre muito prudente nem adequado do autocarro municipal. Verifico agora que afinal, no caso da notícia então citada e que desencadeou o texto, se tratava de acompanhar o grupo de forcados amadores e nossos queridos conterrâneos a terras alentejanas. Não é bem o que a senhora presidente prometeu publicamente algum tempo antes, mas pronto. É mais uma promessa política que se vai rio abaixo. E mais uma, menos uma... 
Indo ao cerne da questão: Tenho pelos corajosos forcados nabantinos, como de resto por quaisquer outros amadores que não abusem da sua paixão para daí sacar benefícios pecuniários, carinho, admiração, consideração e respeito. Nada me move portanto contra eles. Ou contra os outros referidos. Não posso, não quero, nem devo porém calar o que sinto, em nome de conveniências caducas. Para mim, o que está mal, está mal!


Tempos houve em que qualquer grupo de forcados amadores era como os bons vinhos: não precisava de acompanhamento. Contentavam-se com bons toiros e muita sorte. Os tempos mudaram, tal como Camões já previa há cinco séculos: Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades/Todo o mundo é composto de mudança/Tomando sempre novas qualidades. E como estamos em Tomar...é natural que vamos tomando coisas novas. Só não sei é se serão sempre qualidades...
No caso em apreço, uma vez que acabo de falar de mudança, peço licença ao autor da notícia tauromáquica, que não tenho o gosto de conhecer pessoalmente, (julgo eu!) para introduzir uma pequena achega no último parágrafo: "De salientar, de louvar E DE PAGAR, que de Tomar seguiu O AUTOCARRO DA CÂMARA com cerca de meia centena de pessoas para acompanhar o Grupo de Forcados tomarense."
Diz um secular provérbio popular que "Quem não tem dinheiro, não tem vícios". Pelo visto, já não é o caso, Até uma autarquia com sérias dificuldades pecuniárias leva gratuitamente gente para assistir a corridas de toiros. É mesmo como dizia Camões. Mudam-se os tempos... infelizmente nem sempre no bom sentido. Digo eu...

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Se fossem só os eleitos...

Não tenho porque me queixar. Preveni logo no recomeço que não queria comentários, e talvez também porque a audiência diária não ultrapassa os 150 leitores, Tomar a dianteira 3 tem escapado à praga dos comentários anónimos. Outro tanto não poderá dizer o José Gaio. Com um leitorado diário de vários milhares, o seu excelente e generalista Tomar na rede recebe e publica por vezes comentários e até opiniões, tudo anónimo ou sob nome suposto, cuja qualidade me abstenho de qualificar, por uma questão de decência.
Demonstra  tal fenómeno que respeitáveis cidadãos eleitores, ao mesmo tempo que são designadamente contra o uso da burka ou do burkini por acharem que todos devemos dar a cara, preferem contudo agir na sombra, acobertados e acobardados pelo anonimato ou pelo nome suposto, quando se trata de opinar na blogosfera de um país onde reina a liberdade de opinião Este sintoma esquizofrénico, digo eu que não sou médico, não augura nada de bom para o futuro desta desgraçada terra. Porque não conheço -e julgo que nunca houve- um exército vencedor de uma guerra sem soldados nem graduados aceitando dar o peito às balas. Por conseguinte, a minha amada Tomar jamais vai conseguir singrar de novo sem uma guerra decidida contra hábitos caducos que nos têm vindo a arrastar para o fosso onde nos vamos enterrando cada vez mais.
Mencionei mais acima "respeitáveis cidadãos" e "graduados". Duas categorias sociais que bastante me preocupam, num outro sintoma da grave doença nabantina. Refiro-me ao para já falhado blogue Tomar opinião. Sete tomarenses, entre os quais duas ou três cabeças das melhores que povoam a cidade, resolveram lançar um blogue "...de artigos de opinião e um espaço de expressão livre e responsável, diversificada e ampla".
Foi há quase seis meses e até agora o resultado é bem magro. Publicaram apenas 47 mensagens, com um pico de 18 em Março e apenas uma em Agosto. Uma média semestral de 6 mensagens por cada bloguista-fundador. Temos de reconhecer que é pouco. Uma lástima mesmo. A mostrar que uma pobre terra em que mesmo os melhores têm entradas de leão mas saídas de sendeiro, nunca poderá ir longe enquanto a sua população não aceitar arejar seriamente a cabeça.
Para que isso aconteça é indispensável que, quanto antes, cada um de nós interiorize esta verdade incómoda: Os eleitos que temos não têm sido nem são realmente de muito boa qualidade. Mas nós, a população em geral, também não. E nunca ninguém viu nespereiras a dar pêssegos...

anfrarebelo@gmail.com

domingo, 28 de agosto de 2016

Estranho. Muito estranho mesmo

Já lá vão anos desde que, tal como os outros tomarenses conscientes, preocupados com o presente e o futuro desta terra, tive de engolir esse sapo gigantesco que dá pelo nome "Caso ParqT". Os anos passaram, mas ainda não consegui digerir o dito monstro. Por isso, até já solicitei por duas vezes para aceder ao respectivo processo, ao abrigo da lei do direito à informação. Para tentar compreender. Tanto o presidente Carlos Carrão como a presidente Anabela Freitas me informaram por escrito que o dito conjunto de documentos se encontra no tribunal administrativo de Lisboa em segredo de justiça.
Porquê e para quê, eis o que ainda me falta saber. Enquanto tal não acontece, vou-me agarrando àquele anexim oriental que diz "Dá tempo ao tempo; o tempo dar-te-à todas as respostas". Mesmo se algo triste quando medito  naquele outro provérbio: "Quando alguém (eu, no caso) aponta para a Lua, os palermas olham para o dedo".

EXPRESSO - ECONOMIA, 27/08/2016, pág. 27

Este anúncio, se não erro mandado colocar por uma irmã da ParqT, ainda não dá directamente respostas. Mas incita a formular diversas perguntas:
1 - Se um parque de estacionamento com 90 lugares, bem situado em Coimbra, à ilharga do grande eixo viário da baixa daquela cidade de 145 mil habitantes, com bons acessos e dotado de um posto de lavagem de carros todo equipado, dotado de vigilância permanente e com 25 anos de existência = clientela fiel, vale apenas, segundo os seus proprietários, 480 mil euros; como é possível que um parque de estacionamento com apenas 160 lugares operacionais, mal situado em Tomar, porque afastado dos principais eixos viários desta cidade com apenas 40 mil habitantes, com acessos complicados e uma única e perigosa saída, sem posto de lavagem de carros, mas com uma pequena construção destinada a cafetaria e um ascensor, que nunca funcionaram, com menos de 20 anos e uma reduzida clientela a preços igualmente reduzidos; como é possível, repito, que um parque assim tenha custado aos tomarenses todos que pagam ao fisco, via orçamento municipal, mais de 6 milhões de euros, ou seja 14 vezes o valor do parque de Coimbra???  Está tudo louco, ou quê?!?!?
2 - Bem sei que foi uma decisão de um tribunal arbitral, mas perante tão abissal diferença de valores, agora documentada por este anúncio, não estaremos perante um acordo leonino, um autêntico roubo camuflado, como tal contestável no foro judicial?
3 - A câmara de Tomar, que reuniu por diversas vezes expressamente para debater o caso ParqT e suas consequências, já contestou judicialmente, no local próprio, a referida decisão final do tribunal arbitral? Se o fez em tempo útil, qual é o ponto da situação nesta altura?
4 - Em que se fundamenta a câmara para continuar a ocultar aos tomarenses toda a trapalhada relacionada com a ParqT?
5 - Se antes do litígio Câmara/ParqT, o parque P1 era privado e seria explorado por essa mesma sociedade privada, o que levou e como conseguiu a autarquia mandar instalar lá toda a parte ruidosa do seu sistema de ar condicionado, muito antes de tomar posse legal do monstro?
Espero que não me venham outra vez com a estafada desculpa do segredo de justiça, para evitar responder cabalmente às perguntas supra. Os tomarenses pagam impostos. Têm portanto o direito de saber. E as eleições são já no próximo ano...

anfrarebelo@gmail.com

sábado, 27 de agosto de 2016

Caracterizando o problema

A questão do privilégio de estacionamento, que o executivo municipal decidiu conceder aos moradores da Alameda, e que eu resolvi contestar junto do Provedor de justiça, está a provocar uma bela celeuma. O leitor interessado fará o favor de clicar Tomar na rede e aí ler os comentários ao texto "Cidadão apresenta queixa... contra câmara de Tomar", de 25-08-2016. Impõe-se por isso uma recentragem do problema, tanta é a ignorância aí revelada.
Antes da generalização do automóvel, os cidadãos dispunham da chamada tracção animal. Cavalos, burros, machos ou bois eram o motor de carros, carroças, galeras, tipóias, charretes, landaus e por aí adiante. Naturalmente que a sua disseminação era bem inferior à dos actuais veículos automóveis, mas por outro lado os seus "motores" eram outrossim bem mais poluentes, ainda que com poluições mais feias mas menos nocivas para a saúde.
Pois nesses tempos, que duraram entre nós até à primeira metade do século passado, cada proprietário de animais ou veículos de tracção animal era obrigado a dispôr de arrecadação para os carros e de curral ou cavalariça para as alimárias. Ainda hoje assim é, quando se possui animal de tiro ou veículo hipomovido. Donde me parece resultar que a autarquia não tem qualquer obrigação legal de propiciar lugares de estacionamento, gratuitos ou tarifados, para os cidadãos residentes, proprietários de veículos a motor. É apenas a ignorância histórica, a ganância e a mal disfarçada caça ao voto (necessidade a quanto obrigas!), que leva os senhores membros do executivo a confundir as coisas. 
Se assim não fora, pelo menos na cidade antiga e para já, bastaria uma deliberação tão simples quanto isto: É proibido o trânsito e o estacionamento fora dos locais tarifados em toda a zona da cidade antiga, excepto para cargas e descargas, veículos de urgência e acesso aos parques ou garagens.
Evitar-se-iam assim os desmandos que por aí há, a progressiva invasão dos inestéticos pilaretes e sinais de trânsito de todo o tipo, que geralmente ninguém lê nem respeita (como demonstra a colocação dos pilaretes), lembrando ao mesmo tempo na prática que é dever de cada cidadão cuidar dos seus pertences e necessidades essenciais, sem estar atido só à acção da autarquia ou do governo. 
Mas se calhar estou a pedir demasiado. O costume.

anfrarebelo@gmail.com

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Quem não tem vergonha...

É uma originalidade portuguesa, entre os países fundadores da actual União Europeia: Cada município tem o seu autocarro de turismo de modelo recente. Oficialmente, o dito veículo destina-se a prestar serviço às escolas que dependem da câmara, transportando gratuitamente as respectivas criancinhas nas suas visitas de estudo.
Na vizinha Espanha, em França, na Itália, na Bélgica ou na Holanda não existe tal "facilidade". Quando os professores dessas escolas resolvem organizar visitas de estudo para os seus alunos, não vão mendigar o autocarro à autarquia, alugam-no a uma empresa de turismo ou de transporte de passageiros. Evitam assim hipotecar o seu voto. O mesmo acontece quando a própria autarquia necessita de um autocarro para qualquer actividade sua: aluga no mercado. O que resulta muito mais barato e portanto menos gravoso para o orçamento municipal e para a depauperada carteira do contribuinte. Porque não tenhamos ilusões. São sempre os cidadãos-contribuintes que pagam as asneiras e as larguezas dos vários organismos públicos.
Aqui em Tomar, usualmente terra de anuais-excursões-comezaina-bailarico pagas pelas juntas e de autocarro camarário à borla para os amigos, volta e meia há chinfrim por causa disso mesmo. Usualmente pacatos, os tomarenses acordam transitoriamente e a polémica instala-se. Se bem me lembro, na última vez que tal aconteceu, justamente por causa do uso e abuso do autocarro camarário, a senhora presidente deu uma garantia aos eleitores. Disse em substância que podiam ficar descansados pois daí em diante o veículo da discórdia passaria a ser cedido unicamente para as visitas de estudo das crianças das escolas.

CIDADE DE TOMAR, 26-08-2016, última página

Lendo com atenção o texto acima, sabedor de que a nossa simpática presidente nunca falta à palavra dada em público, sou levado a deduzir que na sua antes referida garantia sobre o uso do autocarro camarário, terá pelo menos pecado por omissão. Omitiu um detalhe sobremaneira importante: Os tempos mudaram ao que parece. Agora as crianças das escolas também participam em visitas de estudo para assistir a corridas de touros, como se sabe um espectáculo muito adequado à sua idade, por não ser nada cruel. (Pelo menos os touros nunca se queixaram...) E até podem marcar lugar por telemóvel. Suponho que elas e/ou os papás. Mesmo sem filhos ou outros descendentes em idade escolar, desde que aficionados...
Concluindo: Siga a descarada compra de votos à custa dos contribuintes, que as eleições são já no próximo ano e o importante é vencer. O resto depois logo se vê. Também por isso, estamos cada vez melhor nesta abençoada terra.


quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Não há pior cego...

Pois é! Não há pior cego que aquele que não quer ver. E aqui em Tomar vegeta, julgando viver, uma chusma dessa triste gente. Em todos os sectores da cada vez mais encolhida população residente. Com destaque para os políticos em funções e os funcionários superiores armados em césares de trazer por casa, nas áreas que de alguma forma procuram condicionar.
Quando confrontados com críticas resultantes da sua lamentável postura, tanto uns como outros reagem da mesma forma. Usam uma série de ideias/frases feitas, que nas cabecitas deles parecem explicar tudo, quando afinal não passam de desculpas de circunstância, visando de forma tosca esconder o óbvio: incompetência, inveja, soberba, incapacidade para reconhecer que, insistindo em infernizar a vida dos outros, estão afinal cavando a longo prazo a própria sepultura. Não intuem que autarquias falidas não podem manter ad eternum funcionários supérfluos, mesmo se venenosos e apadrinhados..
Essas ideias/frases feitas gravitam à volta da mãe de todas elas: "É sempre a mesma gente; são dois ou três ressabiados que querem é tacho; a opinião pública não é a opinião publicada..." Quando se referem ao autor destas linhas, como não podem recorrer à questão do tacho, derivam invariavelmente para "o gajo é muito violento, agressivo, tem mau feitio, talvez herança de uma juventude complicada..."
E assim vão procurando esses torcidos conterrâneos iludir os menos advertidos, que infelizmente são a esmagadora maioria do eleitorado concelhio. Fingem argumentar, como forma de recusar debater o fundo da questão -a competência e a devoção à causa pública. Até agora, com a informação tradicional controlada de facto pela questão publicitária, a dita e asquerosa pseudo-argumentação tem resultado: os políticos e os funcionários geralmente em questão continuam nos seus cargos e desde o 25 de Abril ainda não tivemos em Tomar um empresário, um industrial, um comerciante ou mesmo um investidor como presidente de câmara ou sequer como vereador a tempo inteiro. Tudo funcionários públicos ou equiparados. E membros do partido, pois claro. Exactamente como nos defuntos regimes de leste, de triste memória.
Não foi por mera teimosia que decidi escrever sobre matéria já tão apodrecida que chega a ser mal cheirosa. Fi-lo porque julgo ter vislumbrado uma pequena luz ao fundo do longuíssimo túnel do meu descontentamento. Encontrei nas redes sociais, como agora se diz, mais precisamente aqui, dois comentários. Que mesmo imperfeitos, me parecem prefigurar o renascimento desta terra de que gosto tanto. Pelo menos começam a aparecer reacções mais saudáveis do muito limitado leitorado concelhio:

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Tomar a sangrar

Com a informação local tradicional no seu posicionamento de sempre, excluindo as peças  deliciosas de Carlos Carvalheiro. Com o Thomar opinião, que chegou a ser a grande esperança do serralho opinativo  nabantino, inactivo desde 1 de Agosto. Com o Leonardo Capricho a debitar no Tomar na rede uma visão da política local bem escrita, mas escancaradamente deformada pelas suas lentes laranja. É tempo de pensar nos tomarenses que ainda continuam a ter coragem para ler sobre as coisas nossas e só nossas. Aqui do vale do Nabão.
Resolvi por isso abordar a actual situação política local sob a forma de telenovela. Afinal aquilo de que as pessoas gostam, essencialmente porque conseguem entender. O que na vivida realidade quotidiana nem sempre é fácil.
Sendo as peripécias autárquicas até agora ocorridas do conhecimento de todos os interessados nestas coisas, convém apreciar com o detalhe possível a actuação de cada uma das sete personagens executivas, algumas das quais a merecer tal qualificativo apenas e só porque integram um órgão executivo.
A oficialmente timoneira da barca tomarense é uma boa pessoa. É honesta, simpática, veste bem, fala bem e tem presença. Infelizmente para ela, já demonstrou que afinal não sabe ou não quer ou não consegue usar adequadamente o leme. Porque não tem  qualquer projecto sólido e realista ou sequer ideias para mandar elaborar tal coisa. O que a coloca na pouco cómoda situação já mencionada por Lincoln: Não é possível enganar muita gente durante muito tempo. Pelo que, não sendo possível gerar segunda vez uma primeira boa impressão e desvanecida esta, se o PS insistir em Anabela Freitas como candidata a segundo mandato, o PSD está condenado a ganhar, apesar de o não merecer. A menos que apresente um candidato capaz. O Tó Lourenço, pois claro! Com um programa substantivo, evidentemente.
O vice-timoneiro local vai demonstrando pouco a pouco que sabe de navegação e que aprende bem e depressa. Com o tempo, se assim o entender, poderá vir a ser um grande político local e até nacional. Oxalá saiba, como até agora, manter a calma e respeitar os timings. Neste mandato tem sido o assistente social e o bombeiro de serviço. Assim algo como o executivo eficaz do presidente-sombra Bruno Graça. E isso tem-se notado. De forma positiva.
Ex-vice-timoneiro, Serrano foi afastado e depois parcialmente cooptado, numa séria de manobras lideradas, ou no mínimo teleguiadas de facto, por Bruno Graça e até ao presente nunca cabalmente esclarecidas. No estado actual das coisas, parece que o brilhante arquitecto terá sido vítima do conclave dos instalados na autarquia. Ele sabe a quem me refiro. Mas pode não ser o caso. De qualquer forma, é visível a olho nu que deixou de se sentir confortável como elemento do actual elenco.
Os simpáticos figurantes laranja não têm desgraçadamente passado disso mesmo. Personagens a quem o realizador se terá esquecido de explicar que papel ou papéis devem desempenhar. E isso nota-se. Flutuam em cada reunião com aquele ar de náufragos em plena tempestade, sem bote de salvação à vista. Melhor fora para todos, incluindo eles próprios, que abandonassem o barco, deixando a outros mais treinados a tarefa tão pouco adequada mas tão exigente que lhes calhou na rifa.. Se existirem no partido esses outros, bem entendido...
Pedro Marques, já aqui o escrevi, mas sou forçado a repetir, por uma questão de coerência, sendo um bom cidadão, é também um caso de pura obstinação. De evidente relapsia, para usar uma linguagem mais conforme com a sua condição de ilustre causídico. Está afinal numa posição que poucos entenderão. Por ali anda, como permanente testemunho e testemunha do passado. Daquilo que já foi. E por conseguinte, sem vislumbre de qualquer futuro mais prometedor. Porquê e para quê então insistir? Tal como Roma não pagava a traidores, o eleitorado tomarense já mostrou várias vezes que não paga a teimosos.
Deixei para o fim a encapotada figura central desta telenovela Tomar a sangrar. Chama-se Bruno Graça e é vereador independente pela CDU. Vem dirigindo de facto a autarquia por intermédio da presidente e do seu vice, pelo menos desde que teve a coragem de exigir e obteve o afastamento do anterior chefe de gabinete. Até agora já resolveu o complexo problema do mercado municipal, teve atitude decisiva no recente desfecho do imbróglio ParqT e está a fazer um bom trabalho na área da limpeza e recolha do lixo. Não é nada pouco, nesta terra tão carecida.
Vou até ser ousado. Creio que o PS poderá ganhar as autárquicas de 2017 em Tomar com maioria absoluta, caso apresente um programa sólido. E uma lista encabeçada pelo actual vereador da CDU, acompanhado pela Anabela, pelo Hugo e pelo Serrano (se aceitar). Estou a sonhar? Talvez não! Afinal Bruno Graça até já integrou a bancada socialista na Assembleia Municipal, como deputado municipal independente, tendo nessa altura procurado sem êxito implementar novo método de trabalho na secção local rosa. Bem sei que foi no século passado, mas cesteiro que faz um cesto...
Então e o PSD, interroga-se o leitor, sobretudo se vota usualmente laranja? Pois o PSD, julgo eu, só tem a hipótese António Lourenço. Que mesmo muito bem assessorado e acolitado não terá tarefa fácil, se tiver o Bruno como adversário socialista. Mas sem ele será o naufrágio completo. Como sucedeu com Carlos Carrão, de quem se dizia, antes da votação fatal, que "ganha de certeza". Viu-se.

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Queixa apresentada ao Provedor de justiça

Eu cá nunca fui de intrigas. Nem de opacidades ou meros subentendidos. Faço tudo às claras. De forma transparente e sem segundas intenções. Considero por isso que os leitores têm o direito de saber que acabo de endereçar ao senhor Provedor de justiça a seguinte queixa:


Agora resta aguardar. Porque é meu entendimento que ainda não habitamos numa república da bandalheira. Onde qualquer poder, por insignificante que seja à escala nacional, pode fazer o que lhe der na real gana.  Mas já faltou mais. Afinal é bem conhecida a passividade dos nabantinos. Mais vale portanto ir prevenindo, para depois não termos que procurar remediar.

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Apesar do encapotado aumento do IMI...

Apesar das inopinadas e demasiado criativas alterações nos critérios do IMI, uma evidente benesse da geringonça aos municípios, através de um bem disfarçado aumento de impostos, a câmara de Tomar continua a confrontar-se com um futuro bastante sombrio em matéria de receitas próprias, pouco mais de um ano antes das próximas eleições locais. Vai daí, que remédio! Ressuscitou o "projecto Paiva", ainda que (por enquanto?) de forma parcial. Tomarenses e visitantes vão passar a pagar para estacionar em várias artérias da cidade. O que naturalmente já provocou e vai continuar a provocar reacções díspares. Como por exemplo aquela ideia idiota e ilegal de conceder estacionamento cativo gratuito aos moradores da Alameda, numa outra rua, assim discriminando negativamente todos os outros automobilistas, residentes ou não.
Outra consequência da dita opção de estacionamento tarifado são as infelizmente usuais asneiras em tal tipo de implementação, essencialmente devidas à falta de experiência e de enquadramento de funcionários pouco ou nada habituados à mudança.
Manifestamente nada confiante na bondade e subsequente aceitação da nova situação, decidiu o executivo municipal mandar disseminar pela cidade dezenas e dezenas de obstáculos metálicos tendentes a evitar o estacionamento abusivo. Está assim transformando uma terra que já foi em tempos pilar do Império, numa espécie de império dos pilaretes. Há-os um pouco por todo o lado e parece-me que o executivo nem sequer acredita muito na sua eficácia. Caso contrário não manteria as chapas de estacionamento proibido nessas mesmas artérias. Porque uma de duas: ou os sinais ou os pilaretes. Os dois ao mesmo tempo, é meu entendimento que não faz qualquer sentido:




A situação torna-se até ridícula quando acontece como na Rua Marquês de Pombal, onde passamos a ter chapas de proibição, pilaretes, outros obstáculos metálicos "estilo Paiva" e floreiras:


Ou quando manifestamente a chapa proibindo o estacionamento não está lá a fazer nada, dado ser proibido circular nesse sentido:


Tudo isto a juntar a casos evidentes em que nem os pilaretes nem as chapas de proibição servem rigorosamente para nada, com está à vista:



Devido às sucessivas argoladas dos senhores autarcas e respectivos funcionários dependentes, mas também por causa da nossa passividade doentia, somos cada vez mais vistos nos municípios adjacentes como os palhaços da zona. Assim uma espécie de velhos alentejanos deslocados para norte do Tejo. Triste destino para uma população outrora liderante e bem considerada na região.

Esclarecimento oportuno

Já aqui o disse. Porém, dadas as circunstâncias, parece-me muito oportuno repetir. Tomar a dianteira 3 existe com apenas dois objectivos: 1 - Permitir-me desabafar, como terapêutica para o meu mal da alma, quando por aqui estou; 2 - Para memória futura, de forma a que daqui por uns anos ninguém possa dizer, respeitando a verdade, que não houve alertas antes e durante o desastre.
Quanto a eventuais mudanças provocadas pelo que aqui escrevo, já perdi essa esperança há muitos anos. Quando ainda colaborava regularmente nos semanários locais. A dada altura dos anos 80 do século passado, abandonei a meio o meu mandato de deputado municipal eleito na lista do PS. Concluí então, e mantenho, que nem as pessoas nem as urbes conseguem mudar o seu ADN. Um exemplo?




Um produto típico do conhecido binómio nabantino burocracia/incompetência. Mais de sete milhões de euros e dez anos de charada administrativa por umas dezenas de lugares de estacionamento, com saída por uma ruela sem condições de segurança para peões e com um acesso perigoso à Estrada do Convento,  uma hipotética cafetaria que nunca funcionou e um ascensor que ninguém usa. Lindo serviço, sim senhor! Mas os contribuintes aguentam tudo.

E vamos lá então a outro exemplo. O ano passado dirigi-me aos competentes serviços camarários para conseguir um lugar de estacionamento anual no parque junto aos Paços do Concelho, procurando beneficiar do desconto concedido aos moradores na cidade antiga. Chegada a minha vez, a funcionária -que até me conhece bem- pediu-me os documentos do carro e, logo a seguir, perguntou se eu não tinha um documento que provasse a minha residência na antes referida área urbana. 
Respondi-lhe que o próprio documento único automóvel, que ela tinha em mãos, indicava sem lugar para dúvidas "Proprietário: António Francisco Rebelo; Morada: R. Dª Aurora de Macedo..." Que não senhor, não era suficiente. E mandou-me para outra colega dos SMAS, para aí obter uma cópia do recibo da água.
Como o leitor bem sabe, tem tudo a ver o recibo da água e o automóvel.
Mas as exigências do voraz monstro burocrático municipal não se ficaram por ali. Obtida a cópia do consumo de água como prova de residência, foi-me solicitada a carta de condução. Que não mostrei porque nunca tive nem tenho. Surpreendida, a funcionária interrogou, em tom policial: -Então quem é que conduz o carro?!
Evitando ser agreste, disse que dependia das circunstâncias, acrescentando que de qualquer forma isso não é da conta da autarquia. uma vez que estava procurando arrendar um lugar para o carro e não para o condutor. Perante o que a dita funcionária telefonou não sei para quem e, após curta conversa, lá me resolveram o problema.
Agora pergunto eu, procurando ser pachorrento: Tudo isto para a ninharia de um lugar de estacionamento anual, que nem é nada barato. E se fosse um projecto complexo, assim tipo empreendimento criador de dezenas de empregos?
E depois fingem-se surpreendidos ao constatar que a cidade e o concelho vão definhando, definhando, definhando. Minados por dois cancros evidentes, geralmente sempre a par, porque o primeiro serve sobretudo para tentar encobrir o segundo: BUROCRACIA e INCOMPETÊNCIA.
Pobre terra! Triste gente!

domingo, 21 de agosto de 2016

Um armazém-asilo de funcionários

São dados oficiais:O município de Leiria emprega 634 funcionários para servir 113.181 eleitores;  o de Ourém emprega 389 funcionários para servir 42.892 eleitores; o de Tomar acumula 521 funcionários para um eleitorado de apenas 36.327 eleitores.
O que representa um funcionário para cada 1785 eleitores em Leiria, um para cada 1102 eleitores em Ourém e um para cada 698 eleitores em Tomar. Não espanta por isso que a câmara tomarense tenha cada vez mais dificuldades para honrar os seus compromissos. O essencial dos seus recursos, cada vez mais reduzidos, serve antes de mais para pagar aos seus funcionários. Excedentários sem sombra de dúvida, pois enquanto em Leiria as coisas funcionam a contento e em Ourém funcionam mais ou menos, aqui em Tomar é aquilo que se sabe. Temos por conseguinte excesso de funcionários que na prática nada fazem, porque integrados em sectores que pouco ou nada têm para lhes dar a fazer. Como por exemplo o do urbanismo e gestão do território. E simultaneamente falta de funcionários em sectores nitidamente carecidos, como por exemplo na limpeza ou nos parques e jardins.
Diriam os senhores autarcas que nos calharam na rifa, se quisessem ter a delicadeza de se explicar, que não são responsáveis por tal situação, porque na verdade a herdaram. Concordo, mas só em parte. Porque também é verdade que há três anos instalados nas cadeiras do poder, não consta que tenham mexido uma palha sequer para alterar tal estado de coisas. Que de resto procuram manter, com o fito de evitar perder os votos dos ditos funcionários, indispensáveis para ganhar eleições. Temos assim uma câmara conservadora e imobilista, um verdadeiro armazém-asilo de funcionários, que apenas procuram manter as actuais benesses. Estão-se por conseguinte nas tintas para a população em geral, que deviam servir. E até para os próprios eleitos em funções, que de resto também são sobretudo funcionários, com tudo o que isso implica em termos de mentalidade.
Simples consequência do que antecede, indicam os últimos números oficiais disponíveis, consultados na base de dados PORDATA, da Fundação Francisco Manuel dos Santos, que entre 1975 e 2015, ou seja nos últimos 40 anos, Leiria cresceu de 55 mil para 113 mil eleitores, Ourém progrediu de 25 mil para 42 mil, enquanto Tomar conseguiu passar apenas e só de 31 mil para 36 mil eleitores. Tinha mais de metade de Leiria, tem agora quase quatro vezes menos. Tinha mais eleitores que Ourém, está agora a ficar negativamente distanciada. Apesar de Ourém não ter hospital capaz, nem divisão da PSP, nem quartel militar, nem politécnico...
E a sangria nabantina continua, de forma cada vez mais acentuada. Porque ninguém minimamente inteligente gosta, julgo eu, de ser refém de múmias incapazes, ou de viver numa cidade sem investimento privado criador de emprego e por isso cada vez mais entorpecida. Logo, só quem de todo não encontra maneira de dar corda aos sapatos é que vai ficando.

sábado, 20 de agosto de 2016

Deliberação camarária discrimina cidadãos consoante o local de residência

Foi noticiado que a câmara de Tomar deliberou, na sua reunião do passado dia 16 do corrente, reservar 70 lugares de estacionamento na Rua João dos Santos Simões, destinados exclusivamente a moradores na Alameda 1 de Março. Tanto quanto se depreende da leitura dessa notícia, uma vez que por estes lados geralmente a língua portuguesa anda pelas ruas da amargura, esse estacionamento será gratuito, mas os citados residentes terão de provar essa qualidade obtendo um dístico nos serviços da autarquia.
Mesmo sem nunca ter estudado direito, salta-me aos olhos que tal deliberação é nula porque ilegal. E é ilegal porque não respeita o disposto designadamente na lei fundamental do país, que é a Constituição da República Portuguesa. Com efeito, o artigo 26º do referido documento garante, no seu ponto 1, "...protecção legal contra quaisquer formas de discriminação." Estarei a ver mal?
É indiscutível que a câmara tem competência para reservar, marcar, taxar ou de qualquer forma gerir lugares de estacionamento no espaço público concelhio. Mas está naturalmente obrigada a fazê-lo respeitando sempre as leis em vigor, que são de aplicação universal. Iguais para todos, portanto. Sucede que, neste caso particular, os competentíssimos autarcas que temos em vez de legislarem para toda a população concelhia, conforme é sua estrita obrigação, resolveram discriminar positivamente um determinado grupo social, que designam por residentes da Alameda 1 de Março.
De acordo com o noticiado, só esses moradores poderão obter o tal dístico, indispensável para ocupar com o seu pópó um dos 70 lugares reservados. Trata-se, como é evidente de uma flagrante ilegalidade porquanto, ao discriminar positivamente os aludidos moradores, os respeitabilíssimos autarcas em funções estão a discriminar negativamente todos os outros. Não será assim?
Entre as liberdades fundamentais garantidas pelo Estado a qualquer cidadão, figura naturalmente o direito irrenunciável de estacionar o seu carro onde bem entenda, desde que tal não seja interdito por lei válida para todos. O que a presente situação contraria frontalmente, ao estabelecer que em determinada artéria da cidade só poderão estacionar os residentes numa outra designada artéria. Com exclusão de todos os outros. O que é intolerável.
Resumindo: A autarquia pode manter a dita reserva de lugares e determinar o uso do citado dístico, gratuito ou não. Contudo, à luz da legislação vigente, qualquer residente em Tomar deve poder solicitar e obter essa identificação. Enquanto assim não acontecer, a infeliz deliberação camarária é nula e de nenhum efeito. Por manifesta inconstitucionalidade e inoportuna discriminação. Ou será que os residentes na Alameda têm direitos especiais e só a eles reconhecidos, unicamente pelo facto de morarem onde moram? E que mal fizeram os prejudicados moradores da Rua João dos Santos Simões, que assim se vêem despojados de algumas dezenas de lugares de estacionamento? São filhos de um deus menor?  E os tomarenses que não residem na Alameda, afinal a esmagadora maioria, são cidadãos de segunda categoria? Com direitos fundamentais reduzidos, tutelados discricionariamente, assim tipo "lei de funil", pelos senhores vereadores que temos?
A ir-se por esse caminho, um dias destes corremos o risco de ter, por exemplo, o estacionamento na Várzea grande e adjacências, ou pelo menos algumas centenas de lugares, reservados pela câmara unicamente para os seus moradores, portadores do respectivo dístico fornecido pelos competentes serviços municipais...
Ou os lugares em frente à igreja de S. Francisco reservados exclusivamente para católicos que vão assistir às missas, mediante prévia obtenção do necessário dístico, emitido pela competente autoridade religiosa.
No Verão acontece cada coisa!!!


quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Mais um exemplo de má sinalização

Quem vem da estrada de Lisboa, em busca da GNR, chega à primeira rotunda após o viaduto ferroviário e vê isto:


Quem roda em sentido inverso,  na direcção do referido viaduto, vê isto:


 Finalmente,  quem  roda já na referida rotunda vê isto:


Perante as três fotos supra, ouso formular as seguintes perguntas:
1 - Não seria mais fácil, mais útil, mais adequado e mais em conformidade com a lei colocar o segundo painel da primeira foto no dorso do mais próximo, à direita?
2 - Não constituirão as referidas placas, tal como estão colocadas, um convite evidente para circular em contramão?
3 - A GNR nada tem a dizer a este evidente atropelo às mais elementares regras do Código da Estrada, ali mesmo nas suas barbas?
4 - Como é óbvio, caso a GNR nada venha a dizer ou fazer, quem sou eu para continuar a importunar as pessoas com assuntos que afinal não interessam a ninguém?
5 - Se já nem as autoridades velam pelo cumprimento das leis em vigor, que futuro vai ser o nosso?

anfrarebelo@gmail.com

Alusão ao Império dos sentados?

Uma unidade hoteleira da Corredoura apresenta esta curiosa ornamentação na fachada:


Será uma alusão ao Império do sentados, com sede nos Paços do Concelho? Nesse caso, faltam duas cadeiras do poder. Mas também é verdade que os sentados nessas duas cadeiras da oposição que ali faltam, não contam para nada, salvo para as senhas de presença. E o outro oposicionista tão pouco.

Excelente ano para a agricultura

Dizem os arautos locais, com destaque para os políticos, que o futuro da urbe tomarense está no turismo. Pode ser. Mas olhem que temos também excelentes possibilidades no sector agrícola. Ou de produção verde, como se usa agora.
Quase todas as semanas aparecem nas redes sociais residentes nabantinos agastados com as ervas nos passeios e outros recantos citadinos. São uns ignorantes. Esquecem, ou não sabem, que se trata de excelente produção agrícola, com direito à menção "agricultura biológica" e tudo, que o mesmo é dizer sem adjuvantes químicos de síntese.
Por exemplo na Rua Aurora de Macedo, sector poente, onde este vosso servidor habita há décadas, a dita produção verde biológica  vai de vento em popa. Mesmo ao cimo da rua, medra um excelente canteiro de beldroegas, regado por uma oportuna ruptura na rede de distribuição de água. É tão lindo e está tão viçoso que já vários turistas têm parado para fotografar...




Dado que gosto muito de sopa de beldroegas, cheguei até a pensar num almoço colectivo com os restantes moradores da rua. Depois, porém, tudo visto e devidamente ponderado (como sempre consta das actas camarárias), mudei de opinião.
A fazer-se esse tal repasto, haveria provavelmente consequências. O fisco não deixaria de vir reclamar o IVA correspondente. Acrescido eventualmente pelo IRA - Imposto sobre o rendimento agrícola. O que, claro está, me deixaria irado. Mais do que já estou. Quem sabe até se não haveria que liquidar um oportuno e cada vez mais necessário IAJ - Imposto de Apoio à Jeringonça. Para compensar os gastos com o retorno às 35 horas e outras farturas deste governo...
Por tudo isto e o mais que me abstenho de mencionar, rogo aos responsáveis autárquicos que procedam quanto antes à remoção das ditas beldroegas e à reparação da citada ruptura. Acabarão assim com o vespeiro em que aquilo se transformou.
Se depois quiserem usar as beldroegas para fazer uma boa sopa, com muitos enchidos e regada com um bom tintol, isso já não é da minha conta.

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

No melhor pano cai a nódoa...

Entre o muito pouco de bom que esta gerência autárquica tem feito, avulta o melhoramento dos sanitários da Calçada de S. Tiago. Foi mesmo uma obra muito útil e oportuna. Que nem sequer terá custado muito dinheiro. E teria ficado óptima, não fora um pequeno descuido. Quem escolheu os mosaicos para o revestimento de solo não sabia, ou não se lembrou, que devem ser sempre tipo granito natural, ou semelhante, para disfarçar a inevitável acumulação de sujidade. Trata-se afinal de um local público, logo muito frequentado. E para fins nada limpos.
Resolveram usar no piso mosaicos brancos com cercadura cor de tijolo. E até ficou bonito, uma vez que as paredes também são brancas. Infelizmente, o resultado é o documentado nas fotos:




Até parece que aquilo não é limpo há décadas, quando afinal é cuidado todos dias e está geralmente impecável, com papel e sabão.
No melhor pano cai a nódoa. Neste caso caiu. Mas quero crer que quem manda nestas coisas vai ter a coragem de dar o braço a torcer. Substituindo os actuais mosaicos em branco-sebento por outros em granito natural cinzento claro, ou parecido. Que aquilo como está é uma vergonha que não dignifica ninguém. E se levasse também um daqueles seca-mãos eléctricos dos mais modernos, como os do WC do Continente, por exemplo, seria ouro sobre azul.
Aqui ficam desde já os meus antecipados agradecimentos. Para o caso de...

Mais uma asneira

Acabo de receber do leitor e antigo aluno Rui Lopes este texto, com estas ilustrações. Publico com todo o gosto. Não só por defender sempre o direito de opinião e à informação. Também  porque não se trata propriamente de um turista. E se até os indígenas se queixam, imagine o leitor o que não dirão, ou pelo menos pensarão, os infelizes visitantes que tiveram o azar de escolher Tomar como objectivo.
Trata-se afinal de mais uma das centenas de asneiras plantadas por esse concelho fora, com particular incidência na cidade, por razões óbvias. Tudo isto apesar de haver, no quadro do pessoal superior da autarquia, ao que me disseram, uma engenheira especificamente encarregada da sinalização. Se há mesmo, não se nota. A não ser pelas evidentes argoladas de bradar aos céus.
Aproveito para esclarecer que, se existe mesmo,  não conheço a referida funcionária, pelo que logicamente nada tenho contra ela como pessoa. Nem contesto o seu direito ao emprego. Limito-me a comentar resultados. Para lembrar a quem tenha poder executivo que é sempre urgente mudar, quando as coisas não vão bem. Como é manifestamente o caso.






terça-feira, 16 de agosto de 2016

O acesso à informação é um direito fundamental

Fechando por agora o tema da sinalização turística, julgo útil vincar dois aspectos: 1 - O acesso à informação é um direito fundamental, de resto legislado em todos os países democráticos. (Em Portugal consta da Lei 46/2007). 2 - Para os turistas, que são todos potenciais crianças ao chegar a uma localidade desconhecida, a boa informação é absolutamente essencial a uma boa estada e posterior recordação agradável.
Infelizmente, como em qualquer outra matéria, há sempre por parte da administração pública, que o mesmo é dizer dos seus funcionários, duas atitudes de base. Ou se empenham naquilo que fazem e procuram sempre executar o melhor possível; ou, pelo contrário, ficam-se pelo mínimo empenhamento possível, do tipo "para o que é, serve muito bem".
No país e em Tomar estamos como todos sabemos. Não aprendemos. Esquecemos quase sempre o velho aforismo "Não faças aos outros o que não gostas que te façam a ti". Na área da sinalética ou sinalização turística, aqui vão alguns exemplos desse "deixa andar", para não dizer desmazelo propositado...
Em Tomar indicam-se os parques P1-Praça da República e P2 - Estádio municipal (que já foi...). Com um pouco mais de empenhamento, indicava-se também a capacidade de cada um e se é unicamente para ligeiros. Os potenciais utentes ficavam logo mais descansados e melhor impressionados. Como em Versalhes (França):


Em Tomar praticamente não há sinalização turística para visitantes pedestres. Apenas um caso, dos muitos possíveis: O infeliz turista/campista que chega à estação da CP ou à Rodoviária, vê-se em palpos de aranha para saber onde ficam o parque de campismo, os monumentos ou os recursos hoteleiros. Em tempos esteve lá uma planta da cidade, por sinal muito bem feita. Onde isso já vai...
Em Paris, apesar de grande metrópole, os habitantes e os visitantes são tratados com mais cuidado. Têm sinalética específica para peões, que até lhes indica os endereços úteis:


Apesar de sermos (ainda?!?) das principais cidades turísticas do país, os pouco mais de 200 mil visitantes anuais do Convento de Cristo são uma insignificância, quando comparados com os 3 milhões do Alhambra, em Granada, ou os 5 milhões do Louvre, em Paris. Mas atrás de tempo, tempo vem, pelo que convém ir lembrando que "candeia que vai à frente, alumia duas vezes".
Mostrando que respeitam os cidadãos-visitantes e se empenham no seu bem-estar, as autoridades francesas até informam os turistas que fazem fila para entrar nos monumentos sobre o provável tempo de espera até entrarem. As duas fotos foram colhidas junto ao Museu do Louvre. O tempo de espera era de hora e meia. Apesar do elevado custo das entradas. Quando se é bem tratado, pouco ou nada cansa. Entenderam senhores camaristas locais?



segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Há cada uma !!!

É um protótipo de notícia estival. Estranha e manifestamente para "encher chouriços". Nada tem a ver com Tomar, porém nestas coisas nunca se sabe. Não vá algum autarca local tentar copiar a original campanha, resolvi publicitar a coisa:


Temos assim que alguns moradores alfacinhas e respectiva Junta de Freguesia resolveram atacar a evidente falta de civismo pelo lado menos óbvio. Arranjando uma tinta que, diz o texto, repele a urina, atirando-a para as pernas de cada prevaricador aflito. Têm mesmo a certeza que assim será?
Não tenho dúvidas de que, ao impermeabilizar a parede, a referida tinta contribuirá para retardar  e reduzir a incidência do futuro salitre, consequência inevitável da decomposição da urina. Agora o resto está-se mesmo a ver que não passa de balela de verão. Atirar a urina para as pernas do urinador? Não me façam rir! Só se ele for completamente estúpido, ou estiver tão carregado de álcool que já não consiga pensar um bocadinho. Caso contrário, bastará pôr-se de esguelha em relação à parede-mictório. Ou a apregoada tinta também é inteligente e, uma vez detectada a mudança de posição, começa logo a devolver nessa mesma direcção?
Não sendo lisboeta nem morador da citada freguesia, não posso contudo deixar uma pergunta, que admito algo incómoda: Não seria melhor deixar-se de histórias da carochinha e instalar sanitários nos locais visados?
Não conheço ninguém equilibrado que, tendo sanitários mesmo ao lado ou próximo, decida fazer contra a parede. Por conseguinte, instalem lá os sanitários, fixos ou móveis, que até terão uma vantagem suplementar: Os cidadãos beneficiários deixarão de se estar cagando para os autarcas e os políticos em geral, uma vez que poderão defecar tranquilamente sentados, quiçá meditando nas vantagens da democracia participada...

anfrarebelo@gmail.com

Cá e lá

É um velho aforismo árabe: As viagens formam a juventude. Mas toma cautela; se mandares o teu asno à Meca, ele voltará tão burro como à partida. Bem ciente disso, continuo viajando, usando a cabeça e sempre comparando aquilo que vejo com o que já conheço.
Desta vez regressei a terras de além-Pirinéus, a minha segunda casa. Revisitei Paris e arredores durante alguns dias. Mesmo ao lado do Hotel de Ville, a câmara de Paris, e da praça homónima, encontrei as indicações que a foto documenta:


Sanitários a 150 metros, Rua de Rivoli/Rua Lobau, Câmara Municipal, Centro Pompidou, Notre Dame. Tudo acompanhado pelo ícone de um pedestre ou peão.
Alguém imagina algo semelhante, ali ao cimo da Corredoura, ou mesmo da Praça? Assim do tipo
Sanitários a 50 metros, na Calçada de S. Tiago, Câmara Municipal, Convento de Cristo, Castelo dos Templários, Senhora da Conceição? E Sinagoga noutro painel? Era bom era! Mas dá trabalho. E trabalhar, tal como pensar, cansa. E depois há a estética urbana, desculpa que serve para muita coisa.
No meu tosco entendimento, o que esta diferença abissal mostra é uma triste realidade. Enquanto além-Pirinéus políticos eleitos e funcionários com poder decisório pensam nos seus deveres para com a República e nas necessidades dos seus concidadãos pagadores de impostos, que lhes asseguram afinal os respectivos vencimentos, aqui pela margens do Nabão tudo indica que a música é outra. Os funcionários com poder decisório estão-se marimbando para a República, seja lá isso o que for. Apenas estão interessados em cada fim de mês. Quanto aos políticos eleitos, além de pensarem na respectiva conta bancária, também se preocupam de quando em quando com os votos, dos quais depende afinal a dita conta. Mas como os turistas não votam em Tomar, estão sempre lixados. E com lixa da mais grossa. Pelo que, nem sequer o edifício dos Paços do Concelho ostenta qualquer identificação. Quem quiser saber o que aquilo é, que pergunte. 
Mas tirando estes detalhes, afinal coisa pouca, somos todos muito hospitaleiros, ó se somos! É também devido a isso que a ainda cidade tem cada vez  mais habitantes. Ou não?

anfrarebelo@gmail.com

domingo, 14 de agosto de 2016

Tentativa fortuita de assassinato político?

A notícia é d'O Mirante. Está na página 16 da edição de 11 deste mês de Agosto:


Para quem seja seguidor habitual da política nabantina, não traz nada de novo. É portanto tudo fraseado recozido. Foi de resto esse aspecto que despertou a minha atenção. Porque o Mirante é um semanário sério, responsável, isento, imparcial e feito por bons profissionais. Nestas condições, porquê esta notícia requentada, visivelmente fora de tempo útil, que o mesmo é dizer jornalístico? Simples manobra política, a tentar complicar o já confuso jogo político tomarense? Creio que o Mirante não se prestaria a semelhante coisa, uma vez que JAE tem demonstrado ser uma pessoa de bem.
Resta, porém, a intrigante publicação daquela foto de Lourenço dos Santos. Que resolvi ampliar, para melhor elucidação dos leitores:


Nela o conhecido e estimado ex-governante e empresário tomarense aparece com todo o ar de amante da noite e dos seus vários prazeres líquidos em excesso. Eventualmente até, já com alguns problemas hepáticos, prematuros para a idade. Tudo traços pouco atractivos para boa parte do eleitorado concelhio. Tentativa de assassinato político subliminar? Deliberada? Fortuita? Só JAE poderá esclarecer, se assim o entender.
Mas o estrago irreparável já está feito. Trata-se de um sério golpe baixo na pré-campanha de Lourenço dos Santos, mesmo se totalmente involuntário.
É pena!

anfrarebelo@gmail.com

O oráculo parisiense tem razão

"Quando o total de funcionários municipais ultrapassa a relação um por mil e quinhentos habitantes, esse concelho está condenado à morte a médio/longo prazo. Isto porque a população dá corda aos sapatos, demasiado castigada por exorbitantes impostos e taxas locais, indispensáveis para pagar funcionários nitidamente excedentários".  Assim falou o meu oráculo parisiense, a quem chamei secretário do Lafontaine, (nesta altura a residir em Versalhes por ser mais barato que Paris e distar apenas 16 quilómetros), conforme disse no texto anterior. Trata-se agora de verificar se tem razão.

Vista parcial do palácio de Versalhes, com a longa fila de visitantes no primeiro plano. Apesar do custo muito elevado, cada ingresso custa 25 euros/pessoa, o tempo de espera chega a ultrapassar nesta altura do ano a hora e meia.

Analisemos então, de forma forçosamente sumária, o caso de dois concelhos vizinhos, praticamente confinantes: Leiria e Tomar. Segundo dados do INE, em 1981 Leiria tinha 96.517 residentes e Tomar 45.672, ou seja praticamente metade. Trinta anos mais tarde, em 2011, a situação é já bastante diferente. A população leiriense aumenta para 126.897, enquanto que a de Tomar diminui para 40.677. Passou de metade para apenas um terço. Um crescimento populacional de 30.380 habitantes em Leiria, contra uma redução de 4.995 em Tomar. Porquê uma tão acentuada diferença, entre concelhos que distam apenas 40 quilómetros entre si?
Cada um só poderá encontrar as respostas que procurar. Infelizmente em Tomar, a autarquia que temos não tem o hábito de formular perguntas, quanto mais agora de procurar respostas, que sabe de antemão serem desfavoráveis e muito incomodativas. No caso presente, partindo do axioma referido no primeiro parágrafo, actualmente o concelho de Leiria tem 113.124 eleitores inscritos e emprega 633 funcionários. Ou seja, um funcionário por cada 1.787 habitantes. Inversamente, o concelho de Tomar está reduzido a 37.281 eleitores inscritos, mas conta com 520 funcionários. Um funcionário por cada 710 habitantes. E apesar desta diferença abissal, nesta abençoada terra outrora capital templária, há falta de pessoal, designadamente para limpar as ervas dos passeios. Ou para recolher o lixo atempadamente.
Na minha opinião está assim confirmada a hipótese indicada pelo meu oráculo parisiense. Pagamos por exemplo a água mais cara de toda a zona centro, devido às taxas exorbitantes que lhe estão agregadas, sobretudo para pagar funcionários municipais supérfluos. O que me leva a dizer que, na actual situação, não temos infelizmente uma autarquia ao serviço de toda a população. Temos apenas um município ao serviço dos funcionários que asila. Lamento dizê-o, mas é assim que vejo as coisas.
É claro que nada tenho contra os ditos funcionários, a quem reconheço o direito ao emprego e à segurança do dito. Sucede contudo que também estimo muito os militares, mas não toleraria umas forças armadas nitidamente excedentárias e por isso parcialmente supérfluas...
Concluindo. Com medo de perder os respectivos votos, os aprendizes políticos que vamos tendo por estas bandas nada ousam contra este triste estado de coisas. Aparentemente não os apoquenta o facto de a população tomarense ir encolhendo cada vez mais, contando agora com menos 3 mil residentes em relação a 2006.
Por este caminho, para onde vamos? 
Depois não venham dizer que ninguém vos avisou!

anfrarebelo@gmail.com

sábado, 13 de agosto de 2016

Afinal não encontrei o Lafontaine

É verdade. Fui a Paris e não consegui encontrar-me com o Lafontaine. Mas um seu secretário marcou-me encontro no 60º andar da Torre Montparnasse. Onde foi claro, conciso e objectivo.



Respondendo à sua dúvida, disse-me ele logo após os cumprimentos da praxe, se considerarmos que as cigarras são os dependentes do Estado e as formigas todos os outros, à cabeça dos quais os investidores e os empresários, há uma lei histórica que vou passar a expor-lhe.
A experiência demonstra que,  quando em qualquer país ou qualquer povoação, o total de cigarras ultrapassa um determinado nível por cada mil habitantes, esse país ou essa povoação estão condenados ao desaparecimento a médio/longo prazo. O último grande exemplo é bem conhecido de todos. Trata-se do colapso praticamente simultâneo da Alemanha de Leste e dos restantes países europeus ditos comunistas. Onde forçosamente todos dependiam do Estado que se considerava omnipotente.
Uma vez analisada essa triste ocorrência, conclui-se que essa via rápida para a morte é inexorável quando, seja em que aglomeração humana for, há mais de uma cigarra/funcionário por cada 1500 formigas/ habitantes. Isto porquanto, ultrapassando essa proporção, seja qual for a razão, os impostos produzidos pela labuta das formigas deixam de ser suficientes para sustentar as cigarras. O que força sucessivos aumentos de taxas directas e indirectas, que acabam provocando a debandada das formigas. O que se compreende. Ninguém gosta de ser esfolado vivo.
Regressei a Tomar matutando nestas palavras, e logo tive ocasião de as confirmar na prática, pelo menos em princípio. Numa viagem relâmpago a Espanha, feita ontem, paguei a gasolina a 1,16 euros, contra 1,42 euros em Portugal.  Em cada 5 litros, a diferença dá para pagar mais um litro...O que obviamente beneficia muito as formigas espanholas em relação às portuguesas, todas a laborar no mesmo mercado global...

domingo, 7 de agosto de 2016

Procurando o Lafontaine

Tomar a dianteira - 3 interrompe aqui a sua tarefa crítica. Vou até Paris. Ver se consigo lá encontrar o Lafontaine. Preciso muito de falar com ele. Por causa das suas conhecidas fábulas. Sobretudo aquela da cigarra e da formiga. Talvez ele me consiga explicar as razões que levam as cigarras tomarenses a singrar na vida, E a ganhar eleições. Enquanto as pobres formigas continuam labutando sem grandes resultados práticos...
Lá para  o próximo fim de semana, salvo qualquer imprevisto,  cá estarei de novo. A incomodar uns e outros. É também para isso que pago impostos. Contrariado, diga-se de passagem. Mas que remédio...
Desejo a todos uma boa semana.


Que rica sinalização turística! - Conclusão

Do aqui antes escrito e documentado em fotos, resulta claramente que nunca existiu nem existe na câmara nabantina qualquer plano articulado de sinalização turística. É mesmo provável que nem sequer saibam o que isso é realmente. Se assim não fosse, tanto os tomarenses como os forasteiros evitariam ser confrontados com situações assaz caricatas. Esta, por exemplo:


Aos automobilistas que descem a Rua de Coimbra, indica-se Fátima e Lisboa para a esquerda, via Rua Ângela Tamagnini.


Então porque é que, conforme documenta a foto, aos que vêm justamente dessa mesma rua, em sentido inverso, indicam Lisboa e Leiria, subindo a Rua de Coimbra?
Em que ficamos afinal? Lisboa e Leiria pela Rua de Coimbra? Fazer quase 10 quilómetros pró boneco?
Apenas uma falha, dirá o leitor. O pior, digo eu, é que não é só uma. São várias. 
Eis outro exemplo: Conforme mostrámos nas peças anteriores, o Centro histórico é de longe o mais indicado nos painéis existentes. Ainda bem? Ainda mal! Porque ninguém sabe do que se trata de facto. Se nem o tomarense comum sabe o que é o centro histórico, qual a sua área e quais os seus limites, como querem que os turistas saibam?
Desta confusão resultam situações que seriam cómicas se não fossem demasiado tristes. Exemplo: 


Quem desce a Norton de Matos é confrontado com um dilema. Em primeiro plano, indica-se Centro histórico para a direita. Em terceiro plano, indica-se Igreja de Sta. Maria dos Olivais para a esquerda. Quer dizer que a dita igreja, a segunda mais antiga de Tomar, não faz parte do Centro histórico? Ou traduz apenas o desejo implícito dos senhores autarcas de que todos os automobilistas se dirijam para a Praça da República, ou melhor, para o Parque pago?
Se é isso, trata-se de uma asneira monumental. Chegado à nossa praça principal, o visitante não encontra qualquer sinalização turística. E para ver há apenas a Igreja de S. João, que até pode estar fechada (se for à 2ª feira, por exemplo), a Câmara, que não é visitável...e o Gualdim de perfil, que esse sim, vale realmente a visita:

Os leitores terão decerto reparado que apenas referi, nas peças anteriores, a sinalização para turistas motorizados. A isso fui forçado, pois sinalização para turistas a pé é coisa muito rara nesta terra de turismo que é Tomar. Exceptuando aquelas nódoas lá em cima no Convento, que mesmo assim têm o mérito de existir, só conheço dois casos; a Sinagoga (obra de particulares) e o Museu dos fósforos:




Este último, ali junto ao antigo Convento de S. Francisco, a demonstrar que, quando querem, os numerosos senhores técnicos superiores camarários até sabem fazer as coisas em condições. Mas o clima é tão quente no verão e tão agreste no inverno...
Só mais três parágrafos, para expressar a minha preocupada angústia. Se a câmara e os seus  mais de 500 funcionários (de cuja competência não me atrevo a duvidar), não são capazes de resolver problemas tão pouco complicados, como este da sinalização, a manutenção dos jardins, a conclusão do saneamento na cidade antiga ou a limpeza adequada dos passeios, serão capazes de resolver a questão do desenvolvimento económico do concelho, que condiciona afinal tudo o resto?
Diz o povo desde há séculos que "Presunção e água benta, cada qual toma a quer quer". Os nossos políticos e alguns técnicos superiores camarários têm mostrado ser grandes consumidores da primeira...
E a população continua calada e pachorrenta. Até quando?