sexta-feira, 30 de abril de 2021

 




O PSD-TOMAR e as autárquicas 2021

NA POLÍTICA  AQUILO  QUE PARECE É

António Rebelo

A frase que serve de título é atribuída a Salazar. Será ou não. No caso pouco importa. Importante é anotar que, a cinco meses das próximas eleições locais, ninguém fora do PSD sabe ao certo se o partido quer mesmo ganhar as eleições. Isto porque, durante todo o mandato, que agora está quase no fim, foi  sempre evidente a conivência PS-PSD, tanto no executivo como na AM. A tal ponto que houve vereadores queixando-se em privado da falta de ligação e de apoio do partido em certas questões.
Entretanto, na Rádio Hertz, o cabeça de lista laranja e o 2º da lista rosa continuam as suas charlas bi-semanais, onde parecem os manos Alexandre, diz quem os costuma ouvir. Quando um propõe que se mate, o outro acrescenta logo que se esfole.
As duas grandes vantagens iniciais dos laranjas eram poder escolher um candidato diferente de Anabela Freitas, e fazer uma ampla coligação de direita. Ambas estão já fora de causa. Diz quem participou nas curtas e mal alinhavadas negociações para a referida coligação que os laranjas se recusaram a ceder lugares de destaque, dando a ideia de estarem aguardando que o poder lhes venha a cair no colo.
E agora? Tendo em conta a modesta diferença percentual entre o PSD e o PS nas autárquicas de 2017, a vitória ainda é possível, desde que não se cometam muito mais erros. Sendo certo que os socialistas sempre tiveram e têm sérias lacunas na área da redação de programas e outros projetos, o PSD pode aproveitar para evidenciar, finalmente, a sua vontade de conquistar a Câmara, apresentando um projeto robusto, adequado e exequível. Mas para isso não pode insistir na auto-suficiência, fiando-se na prata da casa, como fez nas conversações. 
Tanto a nível local, como regional ou nacional, a qualidade e a criatividade redatorial não abundam, pelo que urge procurar os poucos recursos disponíveis. Isto caso queiram mesmo conquistar a Câmara de Tomar. Se estão aguardando que o poder lhes venha a cair no colo, o melhor será irem-se já sentando, que a espera vai ser bem longa.
A maioria PS tem os seus problemas, designadamente uma herança que não é das melhores, mas não consta que esteja a dormir à sombra da bananeira municipal. Sentados nas cadeiras do poder, vão dando subsídios que chegam a ser três vezes superiores aos de outras autarquias vizinhas. Só para ajudar as coletividades, claro está. Essa de estarem a comprar votos é só má-língua. O costume.

 



Autárquicas 2021


UM PROJECTO CREDÍVEL PARA 4 ANOS 
VAI DECIDIR A CONTENDA

António Rebelo

A cinco meses das próximas autárquicas, qual é a situação geral em Tomar? No habitual quadro de manifesto desinteresse por tudo o que cheire a política, são já conhecidos cinco cabeças de lista. Falta o da CDU, quase de certeza Bruno Graça.
Ao contrário de eleições anteriores, temos desta vez dois bons candidatos, cujos resultados são pouco previsíveis, mas vão quase de certeza provocar mossas nas formações em princípio ganhadoras. Refiro-me aos candidatos do CHEGA e do CDS. Tanto um como outro inspiram confiança, por serem diplomados de cursos técnicos de elevado gabarito. Um já reformado, outro ainda em plena carreira, ambos são mais de fazer que de dizer, e os tomarenses começam a estar cansados de promessas e outra conversa fiada.
O único óbice é que nem um nem outro têm grandes hipóteses de vencer, a julgar pelos resultados anteriores. Se alcançarem um vereador cada um, já será algo nunca antes visto em Tomar.
Seguem-se os candidatos BE e CDU que, por muitos bons que sejam, enfrentam uma situação pouco propícia. Numa eleição com seis listas, não me parece que possam eleger para o executivo, mesmo que consigam fazer excelentes campanhas eleitorais, apoiadas em magníficos programas. A maioria dos seus eleitores está na freguesia urbana e aí, com os sufrágios a dividir por 6, as melhores reputações vão pelo Nabão poluído abaixo.
Os dois partidos habituais vencedores estão também à partida em posições pouco invejáveis. Apresentam cabeças de lista que são vistas como duas faces da mesma moeda. Ambas funcionárias públicas, ambas técnicas superiores de emprego, ambas mães de família, ambas na casa dos 50, ambas loiras, ambas elegantes...
É certo que Ferromau Fernandes tem mais gabarito académico. É licenciada em Economia, pela Universidade Nova, enquanto Anabela Freitas não chegou a concluir a licenciatura em Recursos humanos, no Politécnico de Tomar. Mas a candidata socialista já tem dois mandatos, durante os quais terá adquirido experiência preciosa, (embora os resultados alcançados nem sempre sejam muito abonatórios), enquanto Lurdes Fernandes se tem ficado pela presidência da Junta de S. Pedro.
Acresce uma exigência implícita do eleitorado. Dado que uma das duas será, quase de certeza, a futura presidente da Câmara, os eleitores querem poder conhecer antes o projecto para quatro anos que cada uma terá de apresentar. Porque se resolverem ficar-se, como habitualmente, pelas belas palavras e as boas intenções, então tudo está em aberto. Até uma abstenção como nunca se viu em Tomar nas autárquicas. E naturalmente resultados inesperados.
Não é só o CHEGA que deve apoquentar. É também. e sobretudo, o clamor popular Chega de conversa! Mostrem o que vão para lá fazer, além dos vencimentos e da compra de votos.
É uma maçada, mas vai ser mesmo assim. O povo também vai aprendendo. Devagar, mais vai.

ADENDA
Alguns dirão, ou pensarão, que os projectos/programas não servem para nada, porque ninguém os lê. Até prova em contrário, é evidente que, não havendo programas ou projectos, então é que ninguém lê, mesmo que queira.

 



Autárquicas 2021

EM TOMAR 
OS SÓ CRETINOS ESTÃO CADA VEZ MAIS NERVOSOS

António Rebelo

Segundo a informação de grande formato, em Lisboa ocorreu um choque enorme na campanha do ex-comissário europeu Carlos Moedas, do PSD. Ia tudo pelo melhor, no melhor dos mundos possíveis, como diria o Pangloss, quando apareceu uma sondagem com dados assustadores. Uma distância enorme para o Candidato Medina, do PS, ao contrário do que antes se previa.
Vai daí, enquanto os estrategas dessas coisas aconselharam logo Moedas a ser mais agreste, assertivo na linguagem deles, houve quem lembrasse que o inefável Santana Lopes começara no seu tempo com resultados ainda piores e acabou por ganhar a João Soares.
Enquanto isto, em Tomar, cada vez mais uma aldeia grande de patuscos, a candidatura PSD ainda não tem qualquer sondagem desastrosa, que se saiba, mas já queimou os dois melhores trunfos de que dispunha -uma candidatura abertamente diferenciada e uma ampla coligação de direita. Apesar disso, parece reinar uma calma paradisíaca por aquelas bandas. Até quando?
Mesmo sem uma candidatura PSD que, assim à primeira vista, possa vir a incomodar, é cada vez mais notório o nervosismo da maioria que está, e dos seus estipendiados, que são muitos e variados.
No uso das suas liberdades fundamentais, o administrador do blogue Tomar na rede, o meu amigo José Gaio, resolveu copiar e publicar uma crónica minha, sobre o modus operandi da srª presidente da Câmara, quando se trata de tomar posição ante problemas graves. Foi quanto bastou para que dois mastins de serviço me saltassem às canelas, acusando-me de trair a minha promessa de deixar de escrever naquele blogue. Um deles até se denunciou sem querer, ao usar  termos sebenteiros, apanágio de quem passeou livros à sombra da cabra. C'est un habitué.
Temos assim que em Tomar, apesar da aparente calma política reinante, os instalados denotam cada vez maior nervosismo e alguns recorrem até a práticas do tempo do animal feroz, como aquela de procurar silenciar vozes divergentes. Manifestamente socratinos na prática, em Tomar infelizmente são só cretinos. Como demonstra a experiência recente.

quinta-feira, 29 de abril de 2021

 




Poluição do Nabão

QUEM SÃO AFINAL OS POLUIDORES?
DE QUE TIPO DE POLUIÇÃO ESTAMOS A FALAR?

António Rebelo

A mim ninguém me cala com promessas, sobretudo em época de pré-campanha. É ver feito para crer. Na questão da poluição do rio Nabão, continuo aguardando dados novos, que infelizmente nunca mais aparecem. É só teatro de marionetes.
Ao cabo de meses e meses de insistência do ambientalista Américo Costa, e mais de dois anos após umas anunciadas análises à àgua, cujos resultados completos nunca foram publicados, apesar das promessas da srª presidente, lá se acabou por saber que a principal origem poluidora pode ser a ETAR de Seiça, na freguesia da Sabacheira.
Pouco tempo decorrido, um dirigente da entretanto fundada EIM Tejo Ambiente, com sede em Ourém, mas presidida pela Câmara de Tomar, o que é pelo menos curioso, anunciava que, com um investimento da ordem dos 22 milhões de euros, resolvia-se 75 a 80% do problema. Restaria esse remanescente de 20, 25% por resolver.
Por essa mesma altura, a presidente da Câmara de Tomar admitia, pela primeira vez em público, que além da ETAR havia quatro outras fontes poluidoras, sem todavia as identificar. O que facilitou singularmente a tarefa do presidente da câmara de Ourém, que aproveitou a ocasião para declarar que se calhar a poluição não vinha da ETAR, bastando olhar para a água do Nabão no Agroal.
Nesta dúvida quanto às outras fontes poluidoras e quanto aos resultados das análises de há quatro anos, Anabela Freitas avançou que não identificava as quatro fontes poluidoras no concelho de Tomar, porque a APA -Agência Portuguesa do Ambiente- nunca as revelara. E poucos dias mais tarde aproveitava a vinda do ministro do Ambiente à Asseiceira, onde veio inaugurar uma obra da EPAL e anunciar outra, para dele conseguir o anúncio do tal investimento de milhões, para resolver 75-80% da tragédia do Nabão.
Com tal aceleração do caso, foi criada na AR uma comissão, que questionou e ouviu a APA no passado dia 27. Aparentemente de surpresa, a mesma agência governamental, cujo relacionamento com a Câmara de Tomar nunca terá sido dos melhores, pediu para se encontrar com Anabela Freitas, o que terá ocorrido no dia 28. Resultado da queixa ao ministro? Pressão da opinião pública?
A julgar pelas posteriores declarações da presidente da Câmara de Tomar, terá havido esclarecimento mútuo e uma ampla troca de ideias. Como esta infomação da APA, que me parece magnífica: Há entre a nascente do Nabão, em Ancião, e Tomar, pelo menos onze potenciais origens de poluição, algumas das quais já foram fiscalizadas. Só algumas, ao fim de tanto tempo? O pessoal da APA tem assim tanto que fazer?
Quanto aos resultados das análises à água do Nabão, e à identificação dos quatro focos poluidores além da ETAR de Seiça, vamos ter de aguardar melhores tempos.
Será só impressão minha, produto do meu alegado mau feitio, ou os senhores políticos andam apenas a tentar adormecer o pessoal até às eleições, e mesmo os tais 21 milhões nunca mais vão aparecer? O desastre ambiental da ribeira dos Milagres, em Leiria, a menos de 50 kms de Tomar, há dezenas anos por solucionar, e que até já teve verba milionária atribuída,  que acabou por ser devolvida, deixa qualquer um desconfiado.

 

Foto Tomar na rede

Turismo e património

SE HÁ PROBLEMA GRAVE
NÃO É COMPETÊNCIA MINHA

António Rebelo

Parece ser este, infelizmente, um dos lemas da srª presidente da Câmara que temos. Desta vez tratava-se, em plena reunião do executivo, da tosca e acanhada entrada de visitantes no Convento de Cristo (ver foto). Honrando o juramento que fez, ao assumir funções, de "cumprir com lealdade", o sr. vereador Ramos, do PSD, denunciou a lamentável situação, com visitantes ao sol e à chuva, impossiblilidade de acesso para cadeiras de rodas, carrinhos de bébé, obesos, ou visitantes com canadianas. Situação tão grave que a própria directora do monumento, que não é tomarense e só veio para Tomar quando assumiu funções, reconhece que "a entrada não tem a escala e a nobreza que o monumento merece".  Maneira erudita de dizer que nem para fornecedores serve, quanto mais agora para turistas.
A resposta da Anabela Freitas foi imediata e sem apelo: "Não é competência da Câmara". O que, sendo administrativamente verdadeiro, acarreta equívocos. O restauro e manutenção dos Pegões ou de S. João Baptisra também não é "competência da Câmara", que apesar disso fuinanciou e mandou fazer obras em ambos há pouco tempo.
Por outro lado, mesmo não sendo competência, é um dever de quem lidera o concelho ser porta-voz dos protestos e anseios de todos os tomarenses junto das autoridades de tutela. Ou não? Porquê estar sempre a tentar sacudir a água do capote, como no caso da poluição do rio? No futebol é que a culpa é sempre do árbitro. Na política local já é tempo de haver um pouco mais de seriedade.
Como que a confirmar a posição inicial, a srª presidente insistiu, pesadamente, mesmo na aludida vertente de porta-voz dos tomarenses: "Não compete à Câmara opinar sobre essa questão". Porquê?
Porque "a DGPC (Direcção- Geral do Património Cultural, com sede no Palácio da Ajuda, em Lisboa) melhor saberá que alterações deve fazer para melhorar a entrada no monumento e torná-la inclusiva."
Anabela Freitas é capaz de, mais uma vez, estar cheia de razão. Afinal o lamentável problema da pobre entrada no Convento só existe desde há pouco mais de 30 anos. Que é isso, comparado com os mais de oito séculos da Charola, que fica paredes meias? Acresce que, nesta mais recente tentativa, que acaba de falhar, para resolver o problema, a DGPC não andou bem. Só tarde demais se deu conta que a Portaria filipina pode servir para saída; nunca para entrada dos visitantes, por absoluta carência de condições. Ainda que acabem por instalar ascensores com capacidade suficiente, o que não vai ser nada fácil, por falta de espaço e complexidade da construção existente, gerará um pandemónio na alta estação, pois os visitantes vão entrar quase a meio do circuito mais pequeno de visita, entre o Convento velho e o Convento novo. Exactamente o que nunca convém que aconteça: ter visitantes sem saber para onde ir. Pensem nisso, senhores do Palácio da Ajuda, que nestas coisas não ajuda nada. O ideal é vir ao local e olhar com muita atenção, porque na área do património, ao contrário do que acontece na política, o que parece por vezes não é.
No meio disto tudo, há menos de seis meses foi comunicada à srª presidente e ao sr. vice-presidente um proposta de aquisição por ajuste directo, de um Plano local de desenvolvimento turístico, que inclui uma proposta de solução para a entrada e circuitos de visita no Convento de Cristo. O sr. vice-presidente recusou liminarmente, sem qualquer diálogo prévio. A srª presidente nem sequer respondeu até agora.
Com autarcas assim, muito dificilmente Tomar conseguirá ultrapassar a doença que a aflige -a decadência. Mas há eleições em Setembro/Outubro, excelente ocasião para os tomarenses manifestarem a sua opinião. Pelo menos aqueles que não vendem o seu voto por um prato de lentilhas.

quarta-feira, 28 de abril de 2021



Política local

ALELUIA! O PS DE SOARES REGRESSOU À TERRA!

António Rebelo

Senti de repente um novo alento. Nem tudo está (ainda) perdido, pensei para comigo. Acabava de ler na 1ª página do CIDADE DE TOMAR, que recebi hoje, esta bela frase do deputado socialista Hugo Costa, na minha opinião um jovem com um futuro promissor: "Temos de encontrar formas de nos aproximar dos cidadãos."
É isso mesmo, sr. deputado. Voltar ao contacto cara a cara com os eleitores. Com todos os eleitores. Incluindo aqueles de que discordamos e com os quais embirramos.
Quanto mais não seja porque, diz o povo, "Não é com vinagre que se apanham moscas", como comprova o outro anexim segundo o qual "Com papas e bolos se enganam os tolos". O problema, designadamente em Tomar, é que restam cada vez menos tolos, e nem todos gostam de papas e bolos. Preferem feijoada, febras, tintol ou cervejola. Embora também não desdenhem uns subsídios, a demonstrar que afinal não são assim tão tolos.
Na sua terra, que é também a minha, que é ou devia ser de todos, julgo ser fácil encontrar formas de se aproximar dos cidadãos. Basta começar por descer ao nível deles, abandonando o ar de superioridade e de fingida competência de alguns autarcas nabantinos. Basta responder pontualmente e com calma às suas reclamações, por muito injustas ou duras que possam ser. Basta ler com atenção quando escrevem, e responder logo em seguida, Basta dialogar de espírito aberto, mesmo quando discordamos abertamente das propostas apresentadas. Basta saber continuar a ser cidadão, quando se é cidadão-eleito.
Se assim não for, não vamos longe. Lá diz o provérbio que "Quem semeia ventos, colhe tempestades" e nas tempestades há sempre naufrágios, quase sempre das embarcações com menos calado.
Em qualquer caso, obrigado sr. deputado Hugo Costa! Ao fim de anos e anos, voltei a ver luz ao fundo do túnel socialista tomarense! Já era tempo!

 



Foto Tomar na rede

Política local - Candidatura do CHEGA

COM GENTE ASSIM É DIFÍCIL SAIR DA CEPA TORTA

António Rebelo

Américo Costa é bem conhecido em Tomar e na região, por todos os que de alguma maneira se interessam pelas coisas de Tomar, particularmente na área ambiental. Dele guardo um acto de coragem e de coerência, ao sentar-se sozinho no fundo da Levada, para evitar uma descarga de betão para a nova ponte.
Foi tão sério que o empreiteiro até chamou a PSP para o levar dali, mas o policial em questão esteve à altura das circunstâncias. Disse a quem o chamara que o cidadão Américo Costa estava apenas a exercer o seu direito de protestar pacificamente e sem armas, reconhecido na Lei fundamental, acrescentando que só o mandaria retirar pela força, mediante documento nesse sentido susbscrito por um juiz.
Como é óbvio, não houve documento do poder judicial, nem evacuação pela força. O cidadão Costa acabou por regressar pacificamente a sua casa, quando chegou a hora do jantar.
Posteriormente, Américo Costa, que é frequentador assíduo e interveniente nas reuniões do executivo municipal, já se candidatou como cabeça de lista pelo PTP nas autárquicas de 2017, tendo conseguido pouco mais de 300 votos. O que mostra bem o interesse dos tomarenses pelos problemas ambientais, incluindo os da poluição do Nabão.
Conquanto não tenha conversado com ele nestes últimos anos, não me recordo de alguma vez ter ouvido Américo Costa proclamar-se de esquerda, do centro ou da direita. Apenas ambientalista e defensor da sua terra. Está no seu direito. Cada cidadão é o que lhe apraz ser, no âmbito das liberdades individuais próprias das sociedades abertas.
Para as próximas autárquicas, previstas para Setembro/Outubro e que podem vir a facultar várias surpresas, algumas das quais dolorosas para os instalados, Américo Costa aceitou candidatar-se pelo CHEGA, como cabeça de lista à Assembleia Municipal. Percebe-se. Como não conseguiu votação suficiente em 2017, espera vir a conseguir desta vez uma tribuna permanente e oficial para lutar por aquilo em que acredita.
Anunciada a candidatura no Tomar na rede, logo apareceram os habituais comentários, regra geral reveladores do atraso educacional e cívico de alguns dos tomarenses que comentam. Um desses comentários é bem elucidativo: "Um bom exemplo de coerência política".
Uma vez que, conforme referido mais acima, Américo Costa nunca se declarou de esquerda, de centro ou de direita, a que propósito vem essa da coerência? Será que a defesa do ambiente é também um monopólio da esquerda, como parece ser o 25 de Abril?
A questão torna-se ainda mais preocupante quando se sabe constar no microcosmo tomarista que o autor do comentário reproduzido é um docente, ou ex-docente, do ensino superior local. A ser verdade, com professores assim, não espanta a actuação política de ex-alunos da casa. Como por exemplo Anabela Freitas.

 



Desenvolvimento turístico local

INFORMAÇÃO COM EVOLUÇÃO

António Rebelo

ESTAMOS CADA VEZ MELHOR é o título da mensagem aqui publicada em 04 de Abril deste ano, sobre o novo site turístico informativo da Câmara de Tomar. Nesse texto, critica-se a dificuldade de acesso ao dito síte e a impossibilidade de obter, por exemplo, informações sobre campismo. Como de costume, tanto a presidente como a vereadora do pelouro fizeram de conta que não leram nem ouviram falar. Aquela conhecida posição adolescente, segundo a qual só existe aquilo de que se fala. Maneiras de ver.
O que vale é que, mesmo em Tomar, felizmente nem todos pensam assim. E fora de Tomar, a prática corrente é encarar as coisas e procurar solucioná-las. É exactamente o que acaba de fazer a redacção d'O MIRANTE, que voltou a publicar a local na origem da crítica supra referida, com pequenas alterações.
O título dessa notícia, que pode ler aqui:
é aliciante, embora algo datado. Tomar sempre foi uma referência no turismo da região, exclusivamente por causa do Convento de Cristo e, de quatro em quatro anos, dos Tabuleiros. Mesmo sem o PLANO DE HOSPITALIDADE TURÍSTICA DE TOMAR, ou quando a Câmara não se exibiu como tal para fins eleitorais.
Para que conste, já em 1936 Tomar tinha a mais imponente e importante Comissão de Iniciativa e Turismo da região centro. Resta-nos agora o belo edifício neo-renascentista onde funcionou esse extinto organismo. (Ver foto)
Mas a parte mais importante da antes citada notícia mirantina não é o título. Nem o tal plano de hospitalidade turística. É a última frase, porque dá uma resposta à crítica de Tomar a dianteira 3, ainda que sem mencionar este blogue: "O sítio já está activo, embora precise de alguns meses até estar a funcionar em pleno."
Agradece-se o esclarecimento e acredita-se que assim será. Todavia com uma ressalva importante: Mesmo após esses meses experimentais, e uma vez implementada (?) a anunciada hospitalidade turística, nunca vai ser possível publicitar, dialogar ou obter informações sobre estruturas básicas, que deviam existir mas não existem em Tomar. Parque de campismo, sanitários sem ser nos cafés, estacionamento suficiente no núcleo urbano e junto ao Convento, sinalização turística, visitas guiadas acessíveis, itinerários aconselhados, são elementos sem os quais o turísmo não pode desenvolver-se de forma harmoniosa.
Há até um pormenor que mostra os inconvenientes da improvisação na área turística. A Câmara acaba de anunciar, na sua rádio oficial, que passa a existir um rastreamento dos lugares disponíveis de estacionamento. Basta baixar o indispensável aplicativo e já está. Muito bem.
Acompanhemos então o cidadão Godofredo, que num destes fins de semana resolve visitar o Convento de Cristo, com a sua família. Escolhe um domingo de manhã, consulta o tal site de hospitalidade, onde o aconselham a baixar o aplicativo do estacionamento. Mais de 150 quilómetros andados, resolvem parar para esticar as pernas e consultar o estacionamento junto ao Convento de Cristo, Surpresa e das grandes, não há vagas. Está tudo ocupado. O que de Junho a Setembro acontece todos os dias, a partir das 10 da manhã, porque só há 50 lugares para ligeiros em dois parques, e apenas 7 lugares para autocarros de turismo.
Se fosse você, o que fazia? Vinha assim mesmo até Tomar, porque em Portugal há sempre lugar para mais um, nem que seja debaixo de uma oliveira, num terreno privado? Ou punha-se a andar, rumo a locais mais acolhedores e melhor equipados?
É por estas e por outras que, no meu entendimento, se entretanto não houver grandes mudanças de atitude, convém começar a procurar alternativas para as próximas autárquicas. Aqui fica o alerta, que é apenas a minha opinião fundamentada.

terça-feira, 27 de abril de 2021

 



Foto Tomar na rede

Quiosque da Várzea grande

EMPRESÁRIO CORAJOSO E COM VISÃO, MAS ILUDIDO?
FRETE PARA SALVAR A HONRA DO CONVENTO?

António Rebelo

Contrariando a opinião geral na zona, que não prevê qualquer viabilidade, o quiosque instalado pela Câmara ao lado de igreja de S. Francisco acaba de ser arrematado por um concorrente com experiência, que explora duas cafetarias, uma no estacionamento da Cerrada dos Cães, junto ao castelo,  outra dentro do Convento de Cristo, no Claustro dos corvos.
Uma vez que, assim à primeira vista, o dito quiosque não tem condições sanitárias, nem localização, nem dimensão suficiente para uma exploração rentável, duas hipóteses se colocam. A primeira é que o empresário arrematante é uma pessoa de visão e com muita coragem, que consegue vislumbrar coisas que escapam ao comum dos mortais, mas que neste caso pode estar iludido. 
A outra é que se trata apenas de fazer um frete, quiçá para pagar favores, visando salvar a honra do convento, neste caso de quem teve a ideia,  estapafúrdia para o autor destas linhas, de ali instalar o quiosque.
As próximas eleições são em Setembro/Outubro. Lá para Dezembro, ou dentro de um ano, o mais tardar, logo veremos quem se enganou, (se os críticos, se o empresário),  ou o que aconteceu realmente. Bastará reparar se o quiosque continua a funcionar. 
Quando a esmola é demasiado grande, não é neste caso o santo que desconfia, são os crentes que vêem dar uma esmola assim tão avultada à autarquia.

 




Árvores da Várzea grande

MAIS UM DESASTRE FRUTO DA INCOMPETÊNCIA

António Rebelo

Secaram as seis dezenas de novas árvores plantadas na Várzea grande, naqueles caríssimos recipientes de calcáreo que também são bancos, daqueles para se sentar e não para depositar. Ou quando foram transplantadas já estavam secas? Nunca saberemos: https://tomarnarede.pt/destaque/morreram-todos-os-jacarandas-da-varzea-grande/
São jacarandás mimosos, árvores de médio porte (até 15 metros de altura) originárias da Argentina, Bolívia e Brasil, que preferem o clima subtropical. Muito utilizadas para ornamentar ruas, praças e parques, não resistem aos grandes frios de inverno, quando são jovens. Há muitas em Lisboa, tanto em praças como em avenidas. Deve ter vindo daí o modelo.
No caso da Várzea grande, terá sido uma escolha inicial errada, feita por gente pouco competente. Se assim não fora, teriam tido em conta que é uma árvore "de copa rala, arredondada, irregular, que faculta boa madeira mas fraca sombra."  Tendo em conta aqueles dispendiosos bancos, não se percebe de todo tal opção, pois apenas vão ser utilizados de noite. Se forem...
Primou portanto a vertente ornamental, espetacular, muito ao gosto saloio de algumas camadas sociais com pouco chá e escasso verniz. Como por exemplo aqueles eleitos, e respectivos apoiantes avençados, que ficam irritados quando se escreve uma evidência:  que as dispendiosas obras da Várzea grande não têm nenhuma utilidade prática, mas ficam muito bonitas nas fotografias. É mais um resultado negativo do feitio megalómano, e do cabotinismo.
Regressando aos jacarandás, está por saber se, nos termos da garantia de 12 meses, o empreiteiro vai substituir as defuntas, ou se preferirá refugiar-se numa daquelas infindáveis querelas jurídicas à portuguesa, para não as mudar. A experiência ensina que optará pelo que lhe ficar mais barato. Entretanto, os tomarenses que se vão habituando à ideia de apenas se poderem sentar na Várzea à noite, ou naqueles dias encobertos de inverno, com um frio cortante. Mesmo se mudados, e uma vez já crescidos, os jacarandás nunca darão sombra de jeito. É mais um desastre, fruto da pouca competência reinante. Como disse há poucos dias o coronel Vasco Lourenço, a propósito da reforma das forças armadas, [Os governantes] não sabem nem querem aprender e têm raiva a quem saiba."

 



Tropelias do cisne Gualdim

PAVOAS E PAVÕES É QUE ERA

António Rebelo

Tem sido o cabo dos trabalhos para acabar com a solidão do cisne Gualdim, que parece julgar-se dono do Nabão, escreve o Tomar na rede:
Percebe-se. Solitário há longos anos e com o nome do fundador, o cisne mostra-se muito nabantino, que é  como quem diz pouco ou nada sociável. Só não ostenta um ar macambúzio, tão tomarense, porque não tem rosto.
Uma vez que as sucessivas tentativas para lhe arranjar companheira e companhia têm fracassado, era capaz de ser melhor escolher outras aves, mais sociáveis. Pavoas e pavões, por exemplo, menos elegantes mas muito mais vistosos que o Gualdim. Espetaculares mesmo!
Podia-se até ir um pouco mais longe. Tendo em conta o novo hábito camarário de homenagear tomarenses no 1º de Março, por um lado, e o feitio dos autarcas, que gostam muito de dar nas vistas -o conhecido penacho- por outro lado, podíam-se homenagear os autarcas,  colocando no Nabão, ali na zona da Ponte velha,  um total de 10 exemplares, cinco pavoas e cinco pavões. 
Cada uma das aves seria batizada com o nome de uma ou de um eleito do executivo, consoante o caso. Nesta altura, por exemplo, teríamos a pavoa Anabela, o pavão Hugo, a pavoa Filipa e o pavão Helder, pelo PS, quatro aves tipo pavão rosa. Teríamos também o pavão José, a pavoa Célia e o pavão Luis, trés aves tipo pavão laranja, pelo PSD, ou PS BIS, como consta por aí. 
Para evitar futuros casos de rebeldia, provocados por falta de companhia, haveria três aves, laranja e rosa, com nome de acordo com as circunstâncias.
Durante todo o ano, as aves viveriam no Nabão, ou no parque do Mouchão. No dia da cidade passeariam pela Corredoura e Praça da República, previamente adornadas com milho, para grande alegria dos visitantes fotógrafos, que agora são praticamente todos. Poderiam mesmo ir passear até à Alameda, mas para isso seria preciso mais milho. Como nos subsídios. Mesmo assim, quanto não valeria nas redes sociais uma selfie urbana, com uma pavoa ou um pavão ao lado? Quase tanto como com um tabuleiro ao lado ou à cabeça. Mas os tabuleiros custam muito mais milho, porque são mais de 500, e não só dez.
É claro que se trata apenas de ironia, como todos já perceberam. Ainda assim, nunca fiando. É melhor assinalar, não vá dar-se o caso de haver equívocos. Como é uso dizer-se, uma pessoa sabe o que escreve, mas ignora o que cada um vai ler. A interpretação é livre.

segunda-feira, 26 de abril de 2021

 




Centros de saúde urbanos

MAIS COMÉDIA PRÉ-ELEITORAL

Os artistas começam a estar rodados. Já conseguem representar sem "ponto", no teatro eleitoral local. Desta vez foi novamente o vereador Ramos, PSD, a alertar para a condenável situação dos utentes dos dois centros de saúde urbanos, de Além da ponte - Marmelais e Nabância.
Segundo a Rádio Hertz, emissora oficial da autarquia, os coitados, além de estarem doentes, ainda têm de suportar horas em pé, ao sol ou à chuva, aguardando a sua vez de serem vistos pelo "médico da caixa":
É, sem dúvida alguma, uma denúncia justíssima, que peca todavia pela oportunidade. Mesmo tendo em conta que mais vale tarde que nunca, há quantos meses,  ou anos até, os referidos cidadãos são tratados daquela maneira? Só agora, a poucos meses das eleições, é que o sr vereador e a Câmara se deram conta da situação? Ou só agora conseguiram cabimentar verba para "se chegar à frente" e comprar chapas acrílicas, destinadas a  abrigos precários? E os indispensáveis bancos, ficam para melhor oportunidade? Ou para a campanha eleitoral de 2025?
Por falar de chapas acrílicas, bancos e cidadãos maltratados, a Câmara já resolveu aquela situação, semelhante a esta, dos candidatos à vacinação no Pavilhão Jácome Ratton, que também esperam (esperavam?) na rua, sem ter onde se sentar, apesar de haver amplas bancadas livres no interior? Se resolveram, não informaram.
Para o fim em vista, era mais urgente dizer na Rádio Hertz que a Câmara já está a providenciar, "a equacionar soluções". Obrigado Câmara. Que rica Câmara. Do melhor. Se não fosse uma ou outra crítica maldosa, vinda de quem só sabe dizer mal, ainda acabavam todos santificados pelo papa Francisco que, sendo de origem italiana, deve conhecer e apreciar a commédia dell'arte.

 




Insolvência da IFM/PLATEX

A CULPA É SEMPRE DOS OUTROS

Num dos mais recentes diálogos entre  o vereador Cristóvão, do PS, e o vereador Delgado, do PSD, que alguma crítica local apelida de "debates Dupont-Dupond", os comparsas abordaram o problema da insolvência da IFM/PLATEX. Normal. A Hertz até intitula a coisa "Especial informação".
Deliberadamente exilado a mais de sete mil quilómetros da Corredoura, mas com a mesma paixão por Tomar, lancei-me na audição do resumo do antes citado debate. Coisa pouca. Cerca de sete minutos. Falta-me a paciência para ouvir a versão integral no YouTube.
Do que percebi, ficou-me a frase destacada pela Hertz para título: "Mais do que nunca, o gestor de insolvência tem um papel crucial no futuro da empresa." Porquê mais do que nunca? Porquê um papel crucial? Porquê "no futuro da empresa" e não no HIPOTÉTICO futuro da empresa?
Creio que só os intervenientes poderão esclarecer. Ou clarificar. Ou completar, consoante os pontos de vista. Entretanto, parece-me importante relembrar que a IFM/PLATEX é apenas o caso mais recente de insolvência na zona de Tomar. Antes já tinham fechado a Fiação, o  Prado, a Matrena, FMG e Porto de Cavaleiros, para só mencionar as mais importantes. Houve entretanto também a crise do matadouro regional, felizmente superada.
Os insucessos empresariais, vulgarmente designados falências, são ocorrências normais. Fazem parte daquilo que o economista Schumpeter designa como "destruição criadora", indispensável ao progresso económico, pois é a partir das empresas falidas que podem nascer novas empresas viáveis.
Cabe recordar que nos países anglo-saxónicos, sobretudo nos Estados Unidos, até as grandes cidades (Detroit, por exemplo) e os Estados (a Califórnia, por exemplo) vão à falência. E renascem ainda mais pujantes, mesmo sem a ajuda do governo federal.
Ao contrário, em Portugal, só o Estado e as empresas privadas é que vão à falência. Empresas públicas e autarquias, por exemplo, nem pensar. Os contribuintes pagam tudo. O que resulta no que está à vista, mas poucos querem ver.
Em todos os casos tomarenses antes mencionados, houve três grandes problemas que provocaram as sucessivas insolvências, sem cuja resolução prévia nem adianta falar em recuperação. É bem sabido, desde há séculos, que "as mesmas causas, nas mesmas condições exteriores, produzem sempre os mesmos efeitos."
Problemas ambientais, problemas laborais e problemas industriais, eis a três chagas mortais das agora encerradas empresas tomarenses. Problemas ambientais porque, com as novas exigências governamentais, houve necessidade de acrescentar estações de tratamento, filtros e etc, que vieram tornar mais caros os custos de produção, assim reduzindo a competitividade e limitando as vendas. E sem vendas não há efetivação do valor acrescentado. 
Problemas laborais, porque as regalias obtidas após o 25 de Abril acabaram com os operários/agricultores e implicaram grandes aumentos da massa salarial. Pagar 12 meses por ano e passar bruscamente a pagar  14 meses, é um salto demasiado perigoso, que nem todos tinham capacidade para realizar, com o inevitável aumento dos custos de produção.
Terceiro problema, assoberbados com os novos encargos e subsequentes aumentos dos custos de produção, os empresários não conseguiram recursos financeiros para modernizar o aparelho produtivo. E nos casos em que conseguiram, era já demasiado tarde.
Nestas condições, não me parece que o gestor de insolvência da IFM/PLATEX tenha um papel mais crucial que antes. na eventual salvação daquela empresa. Continuará apenas procurando a melhor solução para saldar, na medida do possível, os créditos dos fornecedores e outros, pois para isso foi nomeado.
Depende do governo, como distribuidor dos dinheiros europeus, de alguns organismos governamentais, como entidades fiscalizadoras, e da Câmara, como titular de toda a burocracia local, que é muita e excessiva, dar aos potenciais investidores as garantias antecipadas que procuram.
Por conseguinte, se a PLATEX não for salva, o culpado não será o gestor de insolvência, mas antes o governo e a Câmara. Porque em Portugal é assim que as coisas funcionam, para o bem e para o mal. Nada de sacudir a água do capote. Que cada qual assuma as suas responsabilidades.

domingo, 25 de abril de 2021



Equipamento urbano

O MISTÉRIO DAS TROTINETES DESLOCADAS

Acaba de ser noticiado o aparecimento, em diversos locais da cidade, de trotinetes elétricas, que podem ser usadas mediante pagamento de 9 euros por hora. Facto que me parece significativo, a notícia foi difundida pelo único meio informativo local (ainda?) não controlado pela câmara - o Tomar na rede, do amigo José Gaio.
Indo por partes, o surgimento das trotinetes foi repentino, mas a deliberação camarária "com caráter de urgência" data de 20 de Dezembro do ano passado. Para quê a urgência, se a coisa só veio a concretizar-se quatro meses mais tarde?
Ao lado dessa estranheza avulta outra, relacionada com a deliberação camarária e com a necessária transparência. O documento camarário foi aprovado por 5 votos a favor e o voto contra da vereadora Célia Bonet, do PSD.
Uma vez que o executivo camarário é composto por 7 eleitos,  e apenas constam 6 na minuta assinada, que aconteceu ao outro? Ausentou-se? Faltou? Não tomou parte na votação? Nada consta. Os eleitores não têm nada que meter o nariz onde não são chamados?
Ainda quanto à deliberação camarária, a vereadora apresentou uma declaração justificando o seu voto contra, na qual indica os motivos da sua discordância. Em contrapartida, a minuta aprovada, em linguagem administrativa patusca, omite dados essenciais. Linguagem patusca, porque "aprovar o referido termo de cooperação nos seus precisos termos", não é português lavado, nem aceitável numa instituição cujos membros se respeitem, honrando a língua materna.
Acresce que "A Câmara, tudo visto e analisado, deliberou aprovar o referido termo de cooperação."  Muito bem. E quanto ao termo em questão? Onde está? O que dele consta? Onde pode ser consultado? Parece óbvio que, "tudo visto e analisado",  a ninguém ocorreu que convinha anexar cópia do termo de cooperação à minuta da respetiva deliberação. Ou terá sido o jornalista que só copiou um e desprezou o outro?
São apenas mais algumas achegas para demonstrar que a Câmara de Tomar está cheia de vícios (e os agora apontados nem são dos piores, longe disso) e sem eleitos com vontade e arcaboiço para cortar o mal pela raiz, dando início a outra era mais promissora para todos.
Finalmente, a questão das trotinetes propriamente ditas. A não ser que o tal "termo de cooperação", que continua no segredo dos gabinetes, outorgue à empresa algum tipo de compensação monetária, parece-me uma ideia inovadora, arriscada e simpática, infelizmente condenada ao fracasso a breve trecho. Designadamente por falta de geografia adequada e de população com apetência e capacidade monetária para tal meio de transporte e recreio. Falta de geografia adequada, uma vez que a cidade é pequena e muito "em sobe e desce". A única via plana de mais de 5 quilómetros é a estrada nacional 110 - Carvalhos de Figueiredo, uma autêntica armadilha para peões, ciclistas e afins, porque não tem passeios nem bermas. 
Falta de população,  porque há relativamente poucos jovens e muito menos com dinheiro para divertimentos  a 9 euros/hora.
Dito isto, há que louvar a iniciativa de uma empresa privada, que aceita arriscar numa conjuntura muito difícil e numa terra em acentuada decadência. Gosto pelo risco? Simples inconsciência, fruto da inexperiência? Logo saberemos.

sábado, 24 de abril de 2021

 



Vida local

A FUGA DA POPULAÇÃO NÃO ENGANA

Com a vitória acanhada do PS em 2013, e acontecimentos posteriores ainda por explicar, tornou-se progressivamente mais nítido um sentimento de supremacia por parte dos eleitos socialistas. Como se integrassem uma nova aristocracia legitimada pelo voto. Essa atitude sobranceira, por vezes a roçar a arrogância, (da qual não me posso queixar, pois sempre fui tratado com decência), culminou na condenação administrativa de Anabela Freitas, que até pagou coimas por não responder atempadamente a um munícipe.
Apesar disso, o hábito tem-se mantido. Raramente dão informações completas e arranjam desculpas para tudo. Algumas a provocar o riso, mas isso fica para outra oportunidade. Agora o ponto é o seguinte.
Essa curiosa postura da maioria PS, com exclusão do vereador independente, parece querer dizer aos eleitores, "podem criticar à vontade, que os cães ladram mas a caravana passa." O que é verdade, porém com uma pequena nuance importante: a caravana municipal não passa; vai passando, de forma cada vez mais difícil, mesmo com a óbvia compra de apoios.
Quer isto dizer que bastantes eleitores decidiram votar com os pés, indo-se para melhores ares, em vez de continuar a enfiar o papel na urna. A listagem abaixo não deixa margem para dúvidas, nem deveria tranquilizar a maioria PS, porque atrás de tempo, tempo vem.
Entre 2013 e 2021, dois mandatos de Anabela Freitas em Tomar, foram as seguintes as percentagens de perda de eleitores inscritos, por ordem decrescente:

1 - Abrantes............9,32%
2 - Tomar................8,78%
3 - Alcanena...........8,02%
4 - Elvas.................5,68%
5 - Guarda..............5,61%
6 - Ourém...............5,52%
7 - T. Novas...........5,07%
8 - Barquinha.........4,41%
9 - Santarém..........4,29%
10 - Entronc..........1,67%
11 - Leiria.............0,23%

(Elaborado a partir dos documentos oficiais do MAI -eleitores inscritos- referentes às autárquicas de 2013 e às presidenciais de 2021.)

Agora, senhores autarcas da maioria PS, arranjem as desculpas que quiserem ou puderem. Do Tipo "Ourém tem Fátima e o Entroncamento tem a CP" ou "é por causa da interioridade". São argumentos que  colam cada vez menos, porque a série acima até inclui duas cidades muito mais interiores que Tomar (Elvas e Guarda), apesar disso com resultados bem melhores, sem Fátima nem CP.
Menos quase 9% de eleitores em 8 anos, é grave. Muito grave. Dá uma média anual de 341 eleitores que emigram. Porquê? Mesmo que procurem disfarçar, isso indica que a caravana não poderá continuar a passar durante muito mais tempo, sem sérios sobressaltos. Em 2013, Carlos Carrão também pensou que a caravana passava, e não passou, por menos de 300 votos. Outro tanto aconteceu em 2017, com José Delgado, por uma diferença mais encorpada, obtida graças a uma manobra de última hora.
Em qualquer caso, a fuga populacional não engana,  tal como o algodão do anúncio televisivo. Pior só em Abrantes, cuja responsável já assumiu outras funções. Por isso, talvez fosse melhor deixar a sobranceria e a condescendência, passando a ouvir as pessoas. Nomeadamente quando oferecem ajuda na área da sua vasta experiência profissional confirmada, para acabar com lacunas evidentes nas estruturas locais.
Quando a caravana não passar,  já é demasiado tarde e sem remédio.

 




       Foto Tomar na rede

Mais uma rusga da PSP no Flecheiro

AS COISAS COMO ELAS SÃO

Para executar mandatos de busca e apreensão, segundo a  versão oficial, a PSP realizou mais uma rusga de grande aparato no acampamento cigano do Flecheiro. No dia seguinte foi difundido um comunicado, anunciando duas detenções, seguidas de apresentação à autoridade judicial, que decretou o habitual termo de identidade e residência, com apresentações diárias às autoridades. Houve também apreensão de droga,  de material para a sua preparação, armas, munições de dois calibres e dinheiro. Muito dinheiro, para o meio pequeno que é o acampamento. Quase oito mil euros, tudo em notas pequenas, até 50 euros, como é lógico.
Para quem habita próximo, estas ações das forças da ordem agradam, mas já não convencem. Dizem tratar-se de simples demonstrações de força, que na verdade não há, com o duplo objetivo de intimidar o pessoal do acampamento e tranquilizar quem reside nos prédios das redondezas, por vezes a pedido da autarquia, que procura manter uma imagem de paz social, o que se compreende.
Afirmam que quando a PSP e a GNR conseguirem trabalhar em conjunto, utilizando drones e cães farejadores, no quadro de operações furtivas de cerco total de ambos os lados do caminho de ferro, não denunciadas previamente aos do acampamento nem aos do Bairro calé, aí sim haverá resultados. E que resultados!
Nas condições atuais, sem meios humanos e materiais suficientes, tanto a PSP como a GNR vão trabalhando em separado, praticamente "para a fotografia", sabido como é que, dados os fracos indícios recolhidos, e a conhecida técnica calé do "confessa Zé Nega", o poder judicial também não pode decretar grandes condenações. E assim vamos vivendo. De rusga em rusga, até ao descalabro total. Como vai acontecendo por esse mundo fora, infelizmente.
Sem ovos, ninguém consegue fazer omeletes.

sexta-feira, 23 de abril de 2021





Estacionamento urbano para residentes e turistas


 A PROPAGANDA  PS  E A TRISTE REALIDADE

Câmara PS há oito anos sem solução para o problema da falta de estacionamento junto ao Convento de Cristo


Segundo a Rádio Hertz, a Câmara acaba de mandar instalar dispositivos de rastreamento de lugares de estacionamento, na área urbana:
Basta baixar o respectivo aplicativo no seu telemóvel e pronto. Melhoramento útil, sem dúvida. Problema do estacionamento resolvido? Nem pensar!
Desde logo porque os lugares não chegam para todos os residentes, quanto mais agora para os visitantes. Segue-se que os turistas não terão o indispensável aplicativo instalado, como é lógico, e se calhar nem sabem que tal facilidade existe pelas bandas do Nabão, cujo nome ignoram, claro está.
Trata-se portanto de mais uma medida sobretudo eleitoralista, para dar a ideia de que Tomar está na senda do progresso. Infelizmente,  tanto para  visitantes como para residentes, a realidade é bem diferente, como mostra  uma notícia de ABRIL de 2013. Há oito anos! Em 2021, após dois mandatos PS,  está praticamente tudo na mesma: Junto ao Convento de Cristo, apenas há 50 lugares de estacionamento pago para ligeiros, em dois parques,  e 7 lugares gratuitos para autocarros. Largamente insuficiente. Antes da pandemia e durante a "época alta", a fila de carros e autocarros estacionados ilegalmente chegou a ultrapassar o final da estrada do convento, no Casal de Santo António, entrada na estrada da Venda da Gaita. E não há solução à vista.
É esta a tão apregoada política PS de desenvolvimento local do turismo? Leia a notícia e os dois comentários:

 



Obras municipais


EM DEMOCRACIA, TUDO É ESCRUTINÁVEL 
TRATANDO-SE DE OBRAS PÚBLICAS

“Em Portugal popularizou-se a visão da ciclovia em piso “sintético” pintadas a laranja ou algo parecido, ou em vias desenhadas diretamente no betuminoso das vias. Mas não é necessariamente assim, e particularmente em espaço urbano não é essa a prática europeia. O projetista que ganhou este concurso e fez o projeto é experimentado em vários projetos em várias cidades europeias, e com muitos prémios, diga-se, e aplicou aqui as melhores práticas daquilo que se vai fazendo pela Europa em matéria de reabilitação urbana”.
(Anabela Freitas, CIDADE DE TOMAR, 23/04/2021, página 6)

Começa a ser um hábito em Tomar. Apesar de vivermos em democracia há mais de 45 anos, quando surge algum problema na administração local, há silêncios que não se entendem. O caso mais recente é o da poluição do Nabão. Há meses e meses que a srª presidente da câmara vem falando de quatro fontes poluidoras, mas continuamos sem saber quem são e onde são. Outro tanto acontece com os resultados das análises à água poluída do rio, prometidos para Abril de 2020 (ou 2019?), mas até à data nada.
Aparece agora a resposta acima, dada pela srª presidente da câmara: "projetista experimentado,  com vários projetos em várias cidades europeias e com muitos prémios".
Pois muito bem. Nem se ousa sequer pensar que Anabela Freitas, enquanto presidente da edilidade tomarense, possa estar a atraiçoar a verdade, uma vez que jurou publicamente desempenhar com lealdade as funções que lhe estão confiadas. Acontece contudo que, em democracia, tudo o que se refere a administração pública deve poder ser escrutinado. O que não acontece nem no caso da poluição do rio, nem neste das obras na  Av. Nun'Álvares Pereira, por falta de informação completa.
No caso da poluição no Nabão, lá se acabou por saber, de fonte oficial idónea, que afinal Anabela Freitas não é a culpada pela ocultação deliberada de dados. Essa responsabilidade cabe à APA, um organismo governamental, faltando agora saber até quando persistirá o silêncio. Têm a palavra os senhores deputados pelo distrito, que vão questionar o diretor daquele órgão no próximo dia 27: Quem são os poluidores? Em que concelho se situam? Que provas há contra eles? Qual a percentagem de poluição atribuível a cada um? Há processos em curso? Que punições estão previstas? Como acabar com esses focos de poluição?
Na questão das obras ornamentais antes citadas, há apenas dois serviços municipais envolvidos na parte técnica - DGT e  DOM. Assim sendo,  pensa-se que a srª presidente não terá qualquer dificuldade em responder às questões seguintes, aqui para o blogue ou no Cidade de Tomar,  se necessário ao abrigo da Lei do direito à informação:
1 - Qual o preço final do projecto?
2 - Quantos foram os concorrentes?
3 - Qual a designação oficial do gabinete vencedor?
4 - Qual o nome do arquiteto que subscreve o projeto?
5 - Há quantos anos exerce a profissão?
5 - Para que cidades portuguesas e/ou estrangeiras já assinou projetos?
6 - Que tipo de projetos?
7 - Em que outras cidades se podem observar pistas cicláveis em calçada de paralelos na parte moderna?
8 - Que prémios já  foram atribuídos ao arquiteto autor do projeto? (Com indicação das entidades atribuidoras)

Quem aceita exercer funções públicas, como eleito, funcionário ou prestador de serviços, sabe que também aceita o eventual escrutínio permanente das suas atividades profissionais pelos cidadãos eleitores.

quinta-feira, 22 de abril de 2021

 




Estacionamento na Av Nun'Álvares -Foto Tomar na rede

Política local

 A ILUSÃO PATOLÓGICA DA MAIORIA PS

António Rebelo

É uma maleita tão específica do PS português, particularmente desde Sócrates,  que nem sequer se observa no PSOE espanhol. Quando conseguem  o poder, passam a considerar-se e a agir como se fossem insubstituíveis, omnicompetentes, donos do Estado e educadores dos eleitores contribuintes. É tão evidente que agora até em Tomar, uma pequena cidade de província, infelizmente em plena decadência, os respectivos sinais exteriores são inequívocos.
Num bom trabalho jornalístico de CIDADE DE TOMAR, conseguiu a periodista obter respostas escritas da srª presidente da Câmara sobre as queixas dos moradores da Av. Nun'Álvares. Aconselho vivamente a sua leitura integral, (página 6 da edição de 22/04/2021), caso tenham paciência para tanto. Eu confesso que não consegui.
Li só em diagonal e fiquei incomodado com duas respostas da srª autarca. A primeira criticando os donos dos prédios que, segundo ela, fizeram obras clandestinas, com as quais a autarquia não pode concordar e por isso o projecto não teve em conta, nem podia ter, todos os portões de acesso. Em linguagem directa, os problemas existentes foram provocados pelos proprietários e não por erros dos projectistas. É o povo ao serviço do poder, e não o inverso, como é norma por essa Europa fora. Os europeus estão errados, segundo este ponto de vista de Anabela Freitas. Prepotência, já ouviram falar?
A outra resposta é ainda mais chocante, porque de uma grande arrogância, quiçá involuntária, e nesse caso ainda mais grave. Anabela Freitas afirma que "são obras para 50 anos", quando muito provavelmente nem 10 anos vão durar, tanto na avenida como na Várzea Grande. A própria srª presidente deixa perceber que também assim pensa implicitamente, quando afirma mais adiante: "Não temos grandes dúvidas que ao longo da próxima década esta será a zona mais atrativa e de maior transformação da cidade." É claramente irrealista, bem entendido, cabendo  perguntar se a anunciada transformação também vai incluir visitas guiadas ao Bairro Calé. Mas admitamos que corra bem e como previsto agora. Tudo se vai transformar, menos as obras da avenida, que "são para 50 anos" ?
Nada indica que sejam. Na Nun'Álvares, por causa da futura e indispensável rotunda da ARAL, da alteração dos passeios e do estacionamento. Na Várzea grande, para resolver o problema dos sanitários e do estacionamento turístico em termos de futuro.
O poder, mesmo o modesto poder local, é inebriante. Provoca o mesmo efeito do álcool e outras drogas. Quando sobe à cabeça de quem lidera, pode ser um caso patológico muito sério. Com evidentes riscos e prejuízos para todos. Incluindo os protagonistas, que nem sempre disso se dão conta.
Mau sinal quando os eleitos começam a julgar que estão a fazer HISTÓRIA e, poucos anos volvidos, é como se vê agora em relação aos antecessores. Só nos lembramos deles pelas piores razões.

 




Dia a dia local

MURO DE LAMENTAÇÕES - 2

Nabão rima com poluição e ocultação

Ouvida na Assembleia da República, em conjunto com o seu homólogo de Ourém, Anabela Freitas reincidiu. Disse que há quatro poluidores do Nabão, mas não disse onde nem quem são. Porquê?. 
Na mesma sessão, o presidente de Ourém referiu novamente que se a origem da poluição fosse a que dizem, então a água do Nabão no Agroal não teria a classificação de excelente.
E andamos nisto, para entreter e cativar os eleitores.

Nabão também rima com falta de informação

Incomodado com o persistente silêncio quanto à identificação dos poluidores do Nabão, conforme texto anterior, fui indagando, indagando, indagando, até que consegui algo. Valeu-me S. Bento. O palácio, bem entendido.
Ao que me foi dito, o tal caso de ocultação dos poluidores do Nabão é ainda mais caricato do que eu julgava. A  Agência Portuguesa do Ambiente - APA, já investigou, sabe quem são os prevaricadores, mas não comunica à presidente Anabela Freitas, porque as relações entre a APA e a Câmara de Tomar são péssimas. Falta apurar porquê. 
Ora toma! Desta vez a culpa não morre solteira. Vai morrer para a APA. Será só devido às más relações? Custa a crer.

Silos Talhas e Tulhas

O sr. arqueólogo Batata referiu há poucos dias que um dos principais indícios da presença muçulmana em Tomar são os 160 silos enterrados, já identificados no núcleo histórico. Pouco sei de arqueologia e tenho só um bacharelato em história. Todavia, sem inúteis alardes, comprei e recuperei em tempos quatro pequenos prédios na freguesia de S. João Baptista. Em cada um deles encontrei, durante as obras, um poço e uma ou várias talhas enterradas. Como naquele edifício do lado poente da Sinagoga.
Graças aos restos encontrados no interior, foi possível concluir que essas talhas serviram na verdade como tulhas, para guardar azeite, cereais, enchidos, farinhas, carnes salgadas, ou vinho.
Dada a sua localização, as ditas tulhas ou talhas, feitas na rua dos Oleiros (actual Alexandre Herculano) ou na Asseiceira, são todas posteriores ao século XV, pelo motivo apontado em Muro de lamentações - 1.

Pagamento em géneros, direito de comedoria e de aposentadoria

As tulhas ou talhas, referidas na peça anterior, eram enterradas como medida de precaução. Naquela época os impostos eram pagos em géneros e a nobreza tinha, entre outros, dois privilégios hoje felizmente desaparecidos -o direito de aposentadoria e o direito de comedoria.
Em virtude do primeiro, qualquer habitante com casa era obrigado a alojar o nobre que tal exigisse, bem como a sua comitiva e cavalos. Além disso tinha de assegurar a alimentação, por causa do direito de comedoria.
Compreende-se portanto que era de toda a conveniência esconder em local seguro e dissimulado -as tulhas cobertas com palha e feno- todos os mantimentos susceptíveis de esbulho, quando se garantia aos indesejados hóspedes, ou aos meirinhos do fisco, que não havia nada para comer.
Mas parece-me claro que tal prática nada tinha a ver com muçulmanos em Tomar, pois estamos a referir factos posteriores à regularização do curso do Nabão pelo infante D. Henrique, a partir de 1420. Século XV portanto. Muito depois dos séculos IX e X mencionados pelo sr. Batata.