sábado, 24 de abril de 2021

 



Vida local

A FUGA DA POPULAÇÃO NÃO ENGANA

Com a vitória acanhada do PS em 2013, e acontecimentos posteriores ainda por explicar, tornou-se progressivamente mais nítido um sentimento de supremacia por parte dos eleitos socialistas. Como se integrassem uma nova aristocracia legitimada pelo voto. Essa atitude sobranceira, por vezes a roçar a arrogância, (da qual não me posso queixar, pois sempre fui tratado com decência), culminou na condenação administrativa de Anabela Freitas, que até pagou coimas por não responder atempadamente a um munícipe.
Apesar disso, o hábito tem-se mantido. Raramente dão informações completas e arranjam desculpas para tudo. Algumas a provocar o riso, mas isso fica para outra oportunidade. Agora o ponto é o seguinte.
Essa curiosa postura da maioria PS, com exclusão do vereador independente, parece querer dizer aos eleitores, "podem criticar à vontade, que os cães ladram mas a caravana passa." O que é verdade, porém com uma pequena nuance importante: a caravana municipal não passa; vai passando, de forma cada vez mais difícil, mesmo com a óbvia compra de apoios.
Quer isto dizer que bastantes eleitores decidiram votar com os pés, indo-se para melhores ares, em vez de continuar a enfiar o papel na urna. A listagem abaixo não deixa margem para dúvidas, nem deveria tranquilizar a maioria PS, porque atrás de tempo, tempo vem.
Entre 2013 e 2021, dois mandatos de Anabela Freitas em Tomar, foram as seguintes as percentagens de perda de eleitores inscritos, por ordem decrescente:

1 - Abrantes............9,32%
2 - Tomar................8,78%
3 - Alcanena...........8,02%
4 - Elvas.................5,68%
5 - Guarda..............5,61%
6 - Ourém...............5,52%
7 - T. Novas...........5,07%
8 - Barquinha.........4,41%
9 - Santarém..........4,29%
10 - Entronc..........1,67%
11 - Leiria.............0,23%

(Elaborado a partir dos documentos oficiais do MAI -eleitores inscritos- referentes às autárquicas de 2013 e às presidenciais de 2021.)

Agora, senhores autarcas da maioria PS, arranjem as desculpas que quiserem ou puderem. Do Tipo "Ourém tem Fátima e o Entroncamento tem a CP" ou "é por causa da interioridade". São argumentos que  colam cada vez menos, porque a série acima até inclui duas cidades muito mais interiores que Tomar (Elvas e Guarda), apesar disso com resultados bem melhores, sem Fátima nem CP.
Menos quase 9% de eleitores em 8 anos, é grave. Muito grave. Dá uma média anual de 341 eleitores que emigram. Porquê? Mesmo que procurem disfarçar, isso indica que a caravana não poderá continuar a passar durante muito mais tempo, sem sérios sobressaltos. Em 2013, Carlos Carrão também pensou que a caravana passava, e não passou, por menos de 300 votos. Outro tanto aconteceu em 2017, com José Delgado, por uma diferença mais encorpada, obtida graças a uma manobra de última hora.
Em qualquer caso, a fuga populacional não engana,  tal como o algodão do anúncio televisivo. Pior só em Abrantes, cuja responsável já assumiu outras funções. Por isso, talvez fosse melhor deixar a sobranceria e a condescendência, passando a ouvir as pessoas. Nomeadamente quando oferecem ajuda na área da sua vasta experiência profissional confirmada, para acabar com lacunas evidentes nas estruturas locais.
Quando a caravana não passar,  já é demasiado tarde e sem remédio.

2 comentários:

  1. A estas pessoas, "autarcas da maioria PS", apenas interessa a vitoria. O passado foié passado, o presente é a vitoria, o Futuro a alguem há-de pertencer.
    O Antonio Rebelo contradiz-se, pois reconhece a "compra de votos".
    Ora, se há mercado de votos, compra mais facil quem controla o orçamento....
    Portamnto, não prevejo que hajam dificuldades paea "estes autarcas" manterem o poder na Camara. E, desgraçadamente para todos nós, e para o Futuro do Concelho, a administralção da Autarquia.

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  2. Não me parece que haja contradição. Concordo que a compra mais fácil para quem está no poder e controla o orçamento. Mas será suficiente? É grande o descontentamento, começa a notar-se algum cansaço e abunda a hipocrisia. Pode bem acontecer que alguns vendidos acabem por roer a corda. O problema é que a alternativa também não é do melhor que se podia arranjar.
    Temos até uma situação curiosa: bons candidatos em listas que já sabemos que não ganham, candidatos medíocres nas listas que habitualmente ganham.
    Resta ver os programas, que poucos lêem.
    Pobre terra. Pobre gente.

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