sexta-feira, 30 de setembro de 2022


Política local

Com evidente carência de cultura democrática, os eleitos do executivo autárquico nabantino vão preparando sem querer um lindo funeral para a cidade e o concelho em 2025

Não devia escrever o título supra, nem o que segue, caso o meu intuito fosse aceder ao poder local. Uma vez que não tenho idade, nem vontade, nem paciência para tanto, desculparão aqueles leitores mais intolerantes, mas insisto nos meus pontos de vista. Que poderão estar errados, mas ainda ninguém me demonstrou que assim é. Estão apenas interessados em que me cale. Por alguma coisa será.

Infelizmente, desde 2013 que temos executivos tomarenses cujos membros, salvo honrosas excepções, carecem de cultura democrática. As sucessivas maiorias PS denotam autoritarismo, intolerância e arrogância. Ou têm feitio de ditador, ou alma de lacaio, ou ambos. A frase não é minha, mas do velho socialista Manuel Alegre, em plena AR. Assim, alguém se recorda de ver os membros da atual maioria aceitarem uma crítica, ou prometer uma alteração, após crítica e debate sério? Pelo contrário, acham que as propostas adversas são apenas opiniões sem valor. Venham de onde vierem.

Ainda recentemente, a propósito de um incidente no Bairro 1º de Maio, em que um grupo de habitantes se manifestou, com alguma violência, contra a instalação de mais uma família cigana, a resposta do vice Cristóvão à Rádio Hertz foi lapidar: "Prevaleceu e prevalece sempre a decisão camarária." Querem mais claro? Assim falam em geral os ditadores.

Perante tão absurdo e condenável comportamento, qual a atitude da outra componente do executivo, os 3 vereadores PSD? Concordam sempre, ou na maioria dos casos, com os socialistas. Pior ainda, quando a atual maioria vê a situação às avessas, acusando os críticos de mesquinhice e má-fé, quando afinal são os socialistas locais que se têm revelado intolerantes, arrogantes e sectários, os social-democratas, apesar de maltratados amiúde, também acham que a culpa é de quem critica. Mentalidade de sitiados, típica dos menos competentes.

Temos até, agora, uma situação algo cómica. Enquanto deputados municipais laranja acusam o executivo de não respeitar a Assembleia Municipal, assim se colocando numa posição ilegal, no executivo os vereadores PSD nada dizem, concordando implicitamente com o pensamento dominante no PS: "Eles querem é derrubar o executivo e tomar conta do poder." Será mesmo?

No triste e preocupante estado atual das coisas, tudo parece indicar que os pouco cultos membros do executivo estão a preparar, involuntariamente, um lindo funeral para a cidade e o concelho, em 2025. De que forma? Nas eleições de 2021, o PS local perdeu 800 votos em relação ao mandato anterior. Pouca coisa? Seria realmente, não fora o caso de terem sido eleitos com apenas 7.157 votos. Menos de 25% do corpo eleitoral. E depois armam-se em representantes da maioria. Que maioria? Por serem 4 em 7? Mas a oposição representa 6.248 votos, apenas menos 909 que os socialistas. Por conseguinte, o peso eleitoral das propostas PSD pouco difere do das propostas socialistas. Porquê e para quê então tanto autoritarismo, tanta sobranceria?

Os 800 votos perdidos pelo PS em 2021 não foram para a oposição PSD, que também perdeu 567 votos, o que tende a mostrar que as duas componentes do atual executivo estão a afundar-se. Lentamente, mas sem remédio, porque o causador das quedas foi o CHEGA, que arrecadou em 2021 1.108 votos, o que representa 6,15%. Não é realmente grande coisa, pensarão os simpatizantes dos partidos tradicionais, mas convém ter em conta que foi a primeira vez, e passou logo a ser a 3ª força política no concelho. Quem já conseguiu melhor?

Como vai ser em 2025? Olhem para a Itália e para a vitória de Meloni, num país fundador da União Europeia, em que os comunistas chegaram a alcançar 30% dos votos. Depois, não venham dizer que o culpado é o Ventura. Ou o Américo, seu eleito local, de quem os socialistas tomaristas têm dito o que nem Maomé disse da carne de porco, só porque é um cidadão tomarense, empenhado, sincero e frontal, que não vive da política, nem é funcionário público.

quinta-feira, 29 de setembro de 2022


Alta velocidade Lisboa-Porto-Vigo

Como se fosse uma surpresa desagradável...

É de desencanto, desalento, e desesperança o ambiente em Tomar e na região, perante o anúncio público do trajecto da futura linha ferroviária de alta velocidade. Santarém, Entroncamento e Tomar não foram comtempladas. Um desastre para os cidadãos de um país pequeno, como o nosso, habituados a ter tudo praticamente à saída da porta de casa. Mas queriam o quê, afinal?

O conjunto Santarém - Entroncamento -Tomar tem cerca de 120 mil habitantes. Na futura ligação ferroviária a construir, só Aveiro é que tem menos de 100 mil habitantes. E a linha vai ligar três aglomerações urbanas com mais de 300 mil habitantes cada uma: Lisboa-Gaia/Porto-Vigo. Nestas condições, a nossa região não tinha grandes hipóteses. E contas feitas, Leiria futura paragem do AVE, fica a pouco mais de 40 quilómetros.

Como bem sabem os que estão habituados a estudar estas coisas, a população desloca-se para onde há serviços essenciais, mas a inversa também é verdadeira. As infra-estruturas pesadas são preferencialmente construídas onde há mais população, o que se compreende, devido aos elevados custos iniciais. Temos neste caso os acordos celebrados com Espanha, no domínio do transporte ferroviário, com a linha de alta velocidade Lisboa-Madrid ainda em banho maria do lado português, porém já muito avançada do lado espanhol. E também não consta que venha a passar pelo Entroncamento ou Santarém. O único centro urbano ainda em dúvida é Setúbal, com 125 mil habitantes.

Mais uma vez abandonadas à sua triste sorte, neste caso da alta velocidade, as regiões do Médio Tejo e da Lezíria do Tejo, estão a ser vítimas de um círculo vicioso: Há cada vez menos população, porque faltam estruturas de acolhimento, e não se constroem essas estruturas porque há cada vez menos população. Com uma agravante. Sem anteverem as consequências nefastas das políticas que vão implementando, algumas autarquias estão afinal a incrementar a fuga da população.

Todos os especialistas por essa Europa fora sabem muito bem (embora a muitos não convenha admiti-lo) que em todos os casos conhecidos, quando se fomenta a integração social forçada de etnias diferentes, a tendência é para o êxodo dos habitantes de origem. Quer haja ou não questões de religião ou cor da pele. Aqui fica o recado, para quem possa ser útil.




Eleições no Brasil

Resultado incerto, com vantagem para Lula

Para os leitores de TAD 3 que se interessam por política e pelo Brasil, eis algumas informações sobre as eleições de Domingo próximo. Como sempre, é enorme a animação e a paixão que vai por esse imenso país fora. Bandeiras e mais bandeiras, música. muita música, carreatas (cortejos de automóveis) e motociatas. Até já se registaram dois assassinatos a sangue frio, ao saberem os criminosos que os agora cadáveres iam votar no adversário.

Embora só se fale praticamente da eleição presidencial, e dos dois candidatos mais cotados nas sondagens, Lula e Bolsonaro, o que vai acontecer domingo é bem mais complexo. Desde logo, porque o voto é obrigatório, para todos os brasileiros maiores de 16 anos. Quem não for votar, terá de se justificar depois, perante o Tribunal eleitoral. E se a justificação for recusada, paga uma multa.

Temos assim um corpo eleitoral próximo dos 200 milhões que, ao contrário do que se pensa no estrangeiro, terá de votar sucessivamente para presidente da república, senadores da república, deputados federais, governadores dos 27 estados da federação e deputados estaduais.

Não havendo urnas tradicionais, mas apenas electrónicas, foi estabelecida uma ordem de votação, da presidência para os deputados estaduais. Foi também atribuído a cada candidato, por sorteio, um número de dois dígitos que o identifica na votação. Para votar Lula, o eleitor tecla 13, para Bolsonaro tecla 22, para Capitão Wagner, candidato a governador estadual do Ceará, 44, e assim sucessivamente.

Durante o próximo domingo, em cada local de votação, fortemente vigiado a certa distância no exterior, o eleitor comparece com um documento de identidade, encontram o seu nome nos cadernos e ele assina. Depois dirige-se para a cabine de voto, onde está uma urna electrónica. Praticamente um computador simplificado, branco, com teclado e ecrã. Caso já não se lembre dos números dos candidatos em que pretende votar, em cada local de voto estão afixados na parede os cartazes dos candidatos todos, com foto, nome e número atribuído.

Frente ao computador, o eleitor digita o número escolhido e aparece no ecrã a fotografia a cores do candidato selecionado. Se não houver engano, basta então teclar em "confirmar" e passar aos senadores, depois aos deputados federais e assim sucessivamente. Quando termina a votação, a máquina emite um som, indicando aos membros da mesa que podem mandar avançar o eleitor seguinte.

Contrariando a conhecida frase dos comentadores políticos europeus, segundo a qual "os votos só se contam à saída da urna", aqui no Brasil vão sendo contados à entrada, de tal forma que, no final da votação, o presidente da mesa recolhe o rolo de registo da máquina, que é assinado pelos mesários, como forma de autenticação posterior em caso de dúvida.

Quem vai vencer? "Ya lo verá usted", como dizia o castelhano. Lula está agora com 47% e Bolsonaro com 32%. Mas são apenas sondagens, que valem o que valem. O primeiro é acusado de corrupção, quando foi presidente. O outro de não respeitar as mulheres. Um dia destes saiu-se com esta: "Ofendo as mulheres, mas não sou ladrão."

Caso nenhum dos candidatos à presidência consiga obter mais de 50% dos votos na primeira volta, o que é extremamente difícil porque são oficialmente 16, haverá segunda volta entre os dois mais votados, no domingo 23 de Outubro.

quarta-feira, 28 de setembro de 2022


Foto O Mirante, com os agradecimentos de TAD 3

Política social local

A cada vez mais díficil inserção 

dos ciganos na comunidade tomarense

A notícia é da Rádio Hertz: TOMAR – Denúncia é do PSD: alguns moradores do Bairro 1º de Maio protestaram contra a entrega de casa a uma família mas a decisão da Câmara prevaleceu - Rádio Hertz (radiohertz.pt) Trata-se portanto da versão oficial da autarquia, da qual aquela rádio é usual porta-voz. (Não se trata de um ataque, ou de uma crítica. É apenas uma constatação. O facto de ser porta-voz não é algo de reprovável em si. Convém é clarificar a situação.)

Temos assim que, respondendo em sessão da AM à vereadora PSD, Célia Bonet, (único eleito social-democrata que, desde 2013, tem feito oposição com alguma eficácia na autarquia tomarense), o vice-presidente Cristóvão, ultimamente muito activo, porque decerto já a sprintar para 2025, "admitiu que é necessária coragem e determinação para enfrentar os problemas... ...deixando claro, por outro lado, que a decisão final é sempre dos serviços sociais, independentemente da maior ou menor resistência que possa existir"

É bem possível que o respeitável eleito, no calor da discussão, nem tenha tido oportunidade de pesar devidamente aquilo que foi dizendo. Porque está redondamente enganado neste caso. A decisão final nunca é dos serviços, ou dos funcionários. Oficialmente, é sempre política. Por isso e para isso, há eleições para escolher os representantes da população, aos quais compete tomar decisões finais. Nada de sacudir a água do capote! 

Nos antigos países do leste europeu é que a decisão final era sempre do comissário político respectivo, que nunca tinha sido eleito. A ver se nos entendemos, e concordamos que vivemos num país livre, com autarcas eleitos em eleições limpas, que não se deixam dominar por funcionários pouco liberais ou esquerdelhos, e respondem perante os cidadãos eleitores.

Uma notícia d'O Mirante confirma o que se acaba de escrever. Qualquer decisão final, numa autarquia ou no governo, é sempre política e nunca dos técnicos, por melhores que possam ser, enquanto vivermos em democracia plena:

https://omirante.pt/sociedade/familia-despejada-por-nao-pagar-a-renda-de-5-euros-dormiu-a-porta-da-camara/

O PS também é poder em Vila Franca de Xira (5PS, 3CDU, 2PSD, 1CH), mas como está em minoria, os seus eleitos já não dizem que são os serviços sociais que tomam as decisões finais. Se fossem, esta família cigana não seria despejada por não pagar a renda. Uma mini-renda. 5 euros mensais. Uma dívida de mil euros. Mais de 15 anos sem pagar. (A notícia não refere que é uma família cigana, mas a foto não engana. É como o algodão do anúncio.)

Aproveitando o ensejo, uma vez que em Tomar os eleitos da oposição parece que têm vergonha de perguntar:

1 - A Câmara de Tomar é dona de quantos alojamentos sociais em Tomar?

2 - Quantos ciganos do Flecheiro já estão alojados em casas da Câmara?

3 - Quanto pagam em média de renda mensal?

4 - Há muitos inadimplentes? Quantos? Qual o total acumulado das dívidas?

5- Qual é, ou quais são as penalidades para os rendeiros camarários, que se recusam a pagar a renda?

6 - Que decisões tenciona a Cãmara tomar, para restabelecer a normalidade, quando assim acontece?

É praticamente certo que a autarquia não vai responder às perguntas acima. Mas pode ser que a oposição queira ter a bondade de fazer as mesmas perguntas, nos locais próprios (executivo e AM), em vez de andar a servir de capacho à maioria PS. Precisamos muito de cidadãos activos. Lacaios já há que baste.

Actualização às 15H20 de 29/09/2022

https://omirante.pt/sociedade/familia-despejada-de-casa-municipal-ja-tem-reuniao-marcada-com-a-camara-de-vfx/


Assembleia Municipal

A MONTANHA PARIU UM rato

Bonito serviço! É sabido que os nabantinos são em geral avessos à política. Perto de metade nem sequer vota, e os que votam, tendem a ficar por aí. São raras as excepções. Mesmo perante um aumento geral de 23% da água, poucos foram os protestos, apesar de liderados pela CDU, que na área reivindicativa tem uma experiência ímpar.

Neste quadro, convém portanto que os eleitos façam o melhor possível, no sentido de não desacreditar ainda mais as funções que lhes foram confiadas. É do interesse do próprio regime democrático. Pois não senhor! Acaba de ocorrer exactamente o oposto, na Assembleia Municipal de Tomar. Ao cabo de laboriosas negociações, lá conseguiram parir uma moção de censura à Tejo Ambiente. Contra o excessivo preço da água? Não. Contra os estranhos erros de cálculo? Não. Contra as provisões excepcionais que, já vão em mais de dois milhões, só para Tomar? Não. 

Nada de contas de merceeiro, que a AM não serve para tais tarefas, implicitamente consideradas reles. A moção de censura refere apenas a falta de informação atempada à AM por parte da Tejo Ambiente, e só durante o mandato do actual presidente, o oureense Albuquerque, que por mero acaso é do PSD. Como os tomarenses bem sabem, no mandato anterior, de Anabela Freitas, em termos de informação atempada, a Tejo Ambiente foi por assim dizer um livro aberto. De tal maneira que a auditoria externa, nesse tempo aprovada, continua na gaveta. Se é que foi feita.

Encantados com tão inesperado presente, se calhar fruto de aturada negociação, e que isenta na prática Anabela Freitas de qualquer responsabilidade no descalabro inicial da Tejo Ambiente, o PS saltou sobre a ocasião. Em vez de votar contra a moção, ou de não participar no voto, absteve-se. Maneira subtil de transmitir a mensagem ao actual presidente da Tejo Ambiente: -"Está a ver como eu consigo controlar até os seus companheiros, aqui em Tomar?"

Estranha-se a posição da CDU, representada por alguém com longa experiência política, que noutros tempos não teria embarcado em semelhante viagem enganadora. Mas se calhar os tempos mudaram mesmo, e agora já não dão para mais. Deve ser isso. Fica-se com a impressão que, com decisões assim, nas próximas autárquicas a abstenção só pode aumentar, salvo imprevisto cataclismo eleitoral. De direita, claro. Basta olhar para Itália, e para os resultados das suas intermináveis "combinazioni" políticas.

terça-feira, 27 de setembro de 2022

Eleitos e funcionários

Façam um favor a Tomar a dianteira 3

TAD 3 ia a escrever sobre um assunto camarário, quando se deu conta que podia estar a ser injusto. Dado que, a sete mil quilómetros de Tomar, não é fácil recolher opiniões, pede-se que tenham a amabilidade de ouvir e ver este video:

TOMAR – Posto de Turismo já tem uma ‘Loja do Turismo’, onde os artesãos e produtores locais dão a conhecer aquilo que de melhor fazem (c/vídeo) - Rádio Hertz (radiohertz.pt)

Já está? Então agora faça o favor de dar a sua opinião, que não será publicada, para anfrarebelo@gmail.com

O pomo da discórdia é, para TAD 3, a insistência da senhora nos elogios às funcionárias, que parece querer transformar em heroínas, quando afinal se limitam a cumprir as suas obrigações funcionais. Não é a primeira nem a segunda vez que tal acontece. Está mesmo a tornar-se repetitivo, e por isso penoso, para não dizer outra coisa mais pesada. Afinal as autárquicas ainda vêm longe. Os franceses têm um verbo para o efeito, infelizmente sem tradução perfeita em português: "radoter = Répéter de façon ennuyeuse les mêmes propos, les mêmes thèmes."

Muito obrigado a todos que ousarem colaborar.

segunda-feira, 26 de setembro de 2022

Bombeiros

Autarcas poupados 

e eleitos com a mania que são ricos

Lê-se na informação local que houve em Ourém, no passado domingo, um cortejo de oferendas para os bombeiros voluntários, que rendeu 157 mil euros e materiais de vária ordem, faltando ainda apurar os donativos recolhidos durante o desfile: https://radiohertz.pt/ourem-cortejo-de-oferendas-dos-bombeiros-regressou-as-ruas-da-cidade/

O concelho vizinho de Ourém tem actualmente 40 mil eleitores inscritos, (mais 7 mil que em Tomar) e quatro corporações de bombeiros voluntários, em Caxarias, Fátima, Freixianda e Ourém. Assolados por vários incêndios de grandes proporções, durante o verão, não consta que nenhuma delas se tenha queixado de falta de material ou de recursos humanos. Beneficiaram da habitual ajuda solidária, a nível nacional, sempre desencadeada quando necessário. Mesmo assim, a autarquia resolveu incentivar um cortejo de oferendas, que já não se realizava há seis anos.

Vinte quilómetros ao lado, banhada pelo Nabão, Tomar tem agora menos habitantes que Ourém e uma única corporação de bombeiros municipais, que inclui alguns voluntários. Há queixas de falta de recursos humanos e de material operacional. No caso das ambulâncias, são frequentes as queixas de que têm de vir de fora do concelho, para levar doentes a Coimbra ou a Lisboa. Apesar de tal penúria, não consta que a autarquia tomarense tencione organizar qualquer cortejo de oferendas, para recolha de donativos.

É o mesmo país, com a mesma língua, mas costumes e mentalidades diferentes, separadas por 20 quilómetros! Gente remediada em Ourém, que se vai esforçando para ajudar os seus bombeiros voluntários, que não são funcionários da Câmara, mas estão bem equipados. Gente rica em Tomar, que municipalizou o velho "Corpo de Salvação Pública", agora Bombeiros Municipais de Tomar. Poucos e mal equipados, porque financiados pela Câmara e o orçamento municipal não dá para tudo. "Quem quer festa sua-lhe a testa", diz o povo. Excepto em Tomar, onde basta aguardar que a Câmara organize as suas frequentes festarolas.

Então, e o cortejo de oferendas a favor dos bombeiros? Nem pensar! Câmara rica não recorre à caridade popular. Era só o que faltava! Houve em tempos idos, até à primeira metade do século passado, um cortejo de oferendas nas margens do Nabão, destinado a matar a fome aos seus habitantes pobres. Era a Festa dos tabuleiros, no seu figurino original, com tabuleiros e outros donativos oferecidos pela população.

Com a reforma de João dos Santos Simões, em 1950, e sobretudo após o 25 de Abril, os Tabuleiros passaram a ser um cortejo municipal de beija-mão, quase integralmente financiado pela autarquia. Custou mais de 700 mil euros aos cofres municipais em 2019, e prevê-se que vai custar à roda de um milhão em 2023. Entretanto, os bombeiros que se vão governando com o que têm e chega muito bem, pensam os autarcas, pois quando necessário vêm sempre as corporações vizinhas para ajudar.

Vivam as festas, os eventos, as festanças, os passeios e as comezainas! Importa é ganhar as eleições e em Tomar não é com cortejos de oferendas ou bombeiros bem equipados que vamos lá! Assim devem pensar os que mandam na autarquia nabantina. Ou julgam que mandam...

ADENDA

Os meus queridos conterrâneos que não fiquem zangados nem tristes. Em Tomar há só um corpo de bombeiros, mas temos no concelho quatro bandas de música (Gualdim Pais, Nabantina, Paialvo e Pedreira) e os oureenses não. Portanto, a Câmara nabantina tem razão com as suas festarolas. O pessoal tomarista quer é música! Além disso, nós temos o Convento, o Politécnico, o RI 15 e um Hospital médio, e os oureenses não. Mas têm Fátima, dirão alguns oráculos locais, sempre muito esclarecidos e esclarecedores. Pois.

O Atlântico sul visto a partir da varanda do autor, no 7º andar. Vista bem melhor que a do 75 da Aurora de Macedo.

Política local

PROVEDOR DO CIDADÃO

O Tomar na rede aborda de novo a problemática do Provedor do cidadão, uma promessa da actual maioria PS que, quase a meio do 3º mandato, continua por cumprir: https://tomarnarede.pt/politica/provedor-do-municipe-continua-so-no-papel/

Quem escreve estas linhas sente-se na obrigação de confessar que se sente culpado por tal situação. Conquanto nunca tenha sido formalmente convidado para o cargo, soube em tempo útil que era ele o escolhido. Desde então, ou porque não encontrou substituto à altura, ou porque nenhum dos sondados aceitou meter-se em semelhante camisa de onze varas, por 200 euros mensais, a srª presidente mantém prudentemente o processo em banho-maria. Que é como quem diz na gaveta.

Após várias críticas de amigos, todas insistindo na incoerência que é criticar a falta de quem ajude os cidadãos, e ao mesmo tempo recusar-se a ser o elo de ligação legal com a autarquia, resolvi mudar de opinião. É capaz de ser demasiado tarde, mas logo se verá.

Assim, declaro para os efeitos tidos por convenientes, que estaria disposto a assumir o cargo de provedor do munícipe, nas seguintes condições:

1 - Mudar a designação para "provedor do cidadão";

2 - Poder continuar a escrever livremente em Tomar a dianteira 3, respeitando sempre a verdade factual;

3 - Atender os cidadãos presencialmente durante dois meses, e via Net nos restantes 10.

4 - Prescindir das senhas de presença;

5 - Responder unicamente perante a AM.

Aqui fica a oferta sincera, com o único intuito de contribuir para desbloquear a situação. Caso a opção seja outra, até ficarei agradecido.

Imagens Tomar na rede (alteradas), com os agradecimentos de TAD3

Informação local

UMA TERRA DE COMENTADORES 

DOENTES QUE SE IGNORAM

O que segue procura ser apenas descritivo. Para facultar aos leitores de TAD3 uma imagem pouco conhecida de Tomar, que não deve prestigiar muito a cidade.

Publicou o Tomar na rede uma notícia com o título "Miguel Relvas com nova imagem". É um texto curto, no qual se pode ler que o retratado tem um currículo político invejável:

-Deputado PSD na AR entre 1985-2009

-Presidente da AM de Tomar de 1997 a 2012

-Secretário de Estado de Durão Barroso

-Ministro de Passos Coelho

A notícia registou até agora 507 visualizações, uma miséria, num blogue em que uma outra local, sobre caloteiros numa tasca, já vai nas 316 mil. Fraca audiência portanto, mas mesmo assim quatro comentários. Pelo estilo, dos mesmos comentadores que aqui há tempos conseguiram afastar o autor destas linhas do Tomar na rede. Faltam apenas dois, mas se calhar mudaram entretanto de nome suposto. Tudo gente séria...

O primeiro comentário, eliminado pelo administrador do blogue, mas que ainda se conseguiu ler, era do suposto sr. "Silva" e dizia: "Uma "poia" gentelha assim..." O vocabulário escolhido, que embora ordinário não está ao alcance de muita gente, leva a supor tratar-se de um funcionário municipal, agora igualmente de confiança política, cujo nome não é Silva, mas também começa por S. É apenas uma suspeita.

O segundo comentário, assinado "Residente", é sintético: "As pragas voltam ciclicamente". Que pragas? fica por saberJá o terceiro, de "António Pina", é bastante mais elaborado e longo, o que obrigou a fazer como com os chouriços: Cortar e servir às rodelas. "Este sr. Relvas é o exemplo do que não deve ser um servidor da causa pública... ...Só envergonha a cidade." Falta saber porquê? onde? como? e quando? Mas pronto é uma opinião, digamos desfavorável.

O quarto comentário, do sr. "Carlos Martins", tem mais que se lhe diga: "Parece o avô cantigas. Está mais gordo, mais branco e certamente mais grunho. ...Este Relvas é um verdadeiro calhau com olhos. Para terminar peço ao "artista" que publicou esta "notícia" que tenha pena de Tomar. Já bem basta a fauna que cá existe ser da qualidade que é. São notícias imprecisas como esta que fazem muita gente pensar que o Tomar na rede é um reduto de jornalixo."

Os argumentos, o vocabulário, o tipo frásico, levam a considerar que Residente, António Pina e Carlos Martins são respeitáveis cidadãos com a síndrome do "estalinista frustrado", particularmente grave nesta altura, por causa da Ucrânia. Carlos Martins é particularmente requintado na sua arte: Vai semeando merda nos seus escritos, aproveitando para qualificar o suporte dos seus comentários de "jornalixo". É o que se chama fazer o mal e a caramunha. 

Em conclusão: Uma terra de comentadores doentes que se ignoram. Ou talvez nem tanto. Porque se é certo que denotam todos evidentes "pancadas", também é verdade que em geral os psiquiatras aconselham que vão escrevendo, para aliviar a cabeça. Podemos estar portanto perante gente que se limita a seguir a terapèutica recomendada pelo clínico respectivo. Boas melhoras, é o que se deseja!




domingo, 25 de setembro de 2022





Património 

PEGÕES AO ABANDONO

AGORA NEM TÊM DONO

Já se desconfiava, mas agora é oficial. Segundo uma resposta da DGPC ao leitor Hugo Neves, o Aqueduto dos Pegões pertence à Câmara de Tomar, excepto na sua parte final, confinante com o Convento de Cristo. Eis a transcrição que o amável leitor antes citado teve a amabilidade, que se agradece, de transmitir a TAD3:

"(...) a DGPC só tem a responsabilidade direta, isto é, obrigação de conceber/executar obras nos imóveis que lhe estão afetos, o que não é o caso do Aqueduto do Convento de Cristo (com exceção do troço final que liga ao corpo conventual). Segundo cremos, este imóvel estará afeto à Câmara Municipal de Tomar, numa extensão significativa do seu percurso. Nestas situações, o município envia os projetos, seus e de particulares, quer respeitantes a intervenções no monumento, quer os respeitantes a intervenções nas zonas de proteção (zona geral de 50 m / zona especial de proteção), para que a DGPC se pronuncie, como consta da Lei de Bases do Património Cultural, Lei n.º 107/2001, de 8 de setembro.
(...)
A DGPC tem colaborado com a Câmara Municipal de Tomar nas obras levadas a efeito no aqueduto, nomeadamente na campanha levada a efeito em 2016, no troço que inspirava maiores cuidados. A monitorização do estado de conservação do aqueduto cabe, em primeira instância, à Câmara Municipal de Tomar."

Temos assim mais uma situação muito peculiar. Numa altura em que o executivo do Município de Tomar está em litígio com o CIRE, sobre um terreno cuja propriedade reivindica, embora não apresente qualquer documento comprovativo, a DGPC - Direcção-Geral do Património Cultural atribui à Câmara Municipal de Tomar a propriedade do Aqueduto do Convento de Cristo, também sem qualquer documento oficial comprovativo.

Pela forma como está redigido o texto citado, percebe-se em que se apoiam, por analogia, para tal atribuição de propriedade. Tomam como exemplo o Aqueduto das Águas Livres, agora tutelado pela EPAL, mas antes propriedade da Câmara de Lisboa, o que se compreende, uma vez que abastecia a cidade-capital. Mais precisamente, a DGPC toma como exemplo paralelo o caso dos ramais de abastecimento doméstico de água. O que está na rua é da Câmara, (na ciscunstância da Tejo Ambiente em Tomar, da EPAL em Lisboa), o que esta na parede é da casa. Assim no caso dos Pegões: A parte confinante com o Convento seria da DGPC e o restante da Câmara de Tomar.

Trata-se, como é óbvio, de uma interpretação errónea. Ao contrário do Aqueduto das Águas Livres, o dos Pegões foi construído e sempre serviu exclusivamente para abastecer o Convento e regar os terrenos anexos. Por conseguinte, a Câmara de Tomar nunca foi vista nem achada na sua propriedade ou gestão, pois Aqueduto e Convento sempre pertenceram à Ordem de Cristo, dona da região.

Houve é certo, já com esta maioria PS, obras importantes de restauro, custeadas pela Câmara com o apoio técnico da DGPC, mas isso não significa que a Câmara se tenha assumido ou assuma como dona do monumento. Apenas como cuidadora dos problemas concelhios mais urgentes. Conviria, isso sim, que o executivo municipal debatesse o assunto quanto antes, e assumisse uma posição clara. Que poderá ser esta, por parecer a mais favorável para todas as partes: O município de Tomar não se considera proprietário do Aqueduto dos Pegões, por não dispôr de qualquer documento nesse sentido, mas declara-se pronto a assumir tal encargo, desde que o governo se comprometa a transferir também, além da propriedade do monumento, as verbas correspondentes e necessárias para as várias tarefas pendentes e urgentes. 


sábado, 24 de setembro de 2022


Obras numa rua entre duas escolas

Construção civil e direitos dos cidadãos

Mais abusos...

A evidente falta de respeito pelos direitos dos cidadãos, levou alguém a enviar a TAD3 as duas fotos supra, o que se agradece. São de uma obra de construção civil, situada entre a Escola Gualdim Pais e a Escola Nun'Álvares. Uma é de Junho, outra de Setembro de 2022. Nelas se pode ver que há abusos evidentes na ocupação do espaço público, e que esses abusos não respeitam os direitos fundamentais dos cidadãos.

Deixando de lado, a cércea, a volumetria e outros, que se ignora se respeitam ou não a legislação vigente, saltam à vista dois abusos inaceitáveis:

1 - Contrariando normas legais em vigor, a fachada da obra não está resguardada com mantas de tecido sintético, de forma a evitar quedas fortuitas de líquidos ou sólidos. Qualquer cidadão menos atento que transite no local e se aproxime demasiado, para fugir dos carros, arrisca-se a ser atingido por um tijolo, ou um balde de massa de cimento, por exemplo. Sobretudo a partir das varandas.

2 - O tapume e as grades instaladas, impedem a passagem de caminhantes pelo que resta do passeio, mormente junto ao candeeiro de iluminação pública, obrigando a usar a faixa de rodagem. E quanto a carrinhos de bébé, cadeiras de rodas e cidadãos com canadianas, ou com sacos de compras, é melhor nem falar. Dirão os defensores usuais da autarquia que a largura do passeio não dá para mais. É possível. Mais uma razão para fixar uns prumos e instalar umas grades no asfalto, de forma a criar um corredor de passagem para peões.

Houve um tempo, que terá durado mais de uma década, em que a burocracia camarária tomarense foi conhecida no país como demasiado miudinha, demasiado caricata, demasiado exigente e demasiado cara. Foi a época do anterior PDM, dos Planos de pormenor, da protecção do património e da protecção do ambiente, que serviam para justificar as exigências mais abstrusas, geralmente ultrapassáveis mediante adjuvantes submesa, também conhecidos por "luvas".

Perante o evidente definhar da urbe e a fuga dos construtores civis e outros empreendedores, cansados de aturar mesquinhices interesseiras, passou-se pouco a pouco de um excesso a outro. Do controle estrito para o deixa andar. As duas fotos acima testemunham isso mesmo. Há pelo menos 6 meses que as ilegalidades se mantêm e ainda ninguém reparou? A Câmara já não têm fiscais de obras? Os cidadãos andam todos a dormir? A informação local não tem repórteres ? O medo de represálias camarárias não será afinal mais que uma cómoda desculpa?

É pouco provável que este texto de intervenção venha a conseguir alterar a condenável situação acima denunciada.. Os senhores camaristas gabam-se privadamente de nunca fazerem ou mandarem fazer o que nestas colunas se propõe ou denuncia, como forma de mostrarem que TAD3 não tem qualquer audiência ou importância na urbe. Se assim acontece, resta lamentar, e relembrar que não tem grande relevância. Aqui, conforme já dito e redito anteriormente, escreve-se para memória futura. Para a história local. Para que daqui a uns anos, quem resolver escrever a história de Tomar, possa dispôr de elementos sobre o modus vivendi e o modus operandi dos políticos e dos simples cidadãos. De forma a perceber então quem ficou bem e quem ficou mal nas sucessivas fotografias. Incluindo os eleitos, que entretanto também passarão ao esquecimento, embora possam estar convencidos do contrário.

ADENDA

A desculpa alegando que o perigo é diminuto, porque no local há muito pouco trânsito, também não colhe. Por três motivos. Primeiro porque seria caso único no país, uma via entre duas escolas EB 2-3 a funcionar, e com pouca circulação. Depois porque basta um veículo conduzido por um cidadão sedento, após um almoço bem regado, para atropelar mortalmente um peão. E há um excelente restaurante muito popular mesmo ali ao lado... Finalmente, porque as normas legais em vigor são de aplicação geral, e não só para locais de grande trânsito.

 

Imagem Tomar na rede. Aspecto do acampamento do Flecheiro.

Realojamento dos ciganos do Flecheiro

Afinal, o PSD não parece, mas até sabe...

"A problemática é complexa, possivelmente daqui a 10, 15 ou mais anos, o assunto não estará debelado. Há questões de interculturalidade por resolver, em que a radicalidade e o extremar de posições só dificultam. Parece haver um caminho a percorrer."

"Ao que consta, no passado também existiam hipóteses de resolução, talvez mais eficazes, só que efectivamente não chegaram a ser concretizadas... ...depois a liderança da governação camarária mudou de partido."

Luis Francisco, vereador pelo PSD, Flecheiro 1,2,3, 

Cidade de Tomar de 23/09/2022, página 10

Surpreendente? Também quem escreve estas linhas ficou atónito. Apesar do mar de bonança que têm sido as reuniões do executivo tomarense, pelo menos um dos eleitos pelo PSD não parece concordar com a solução adoptada para o realojamento dos ciganos de Flecheiro. Duvida até que o problema possa estar ultrapassado daqui a 15 ou mais anos. Não é pouca coisa!

Imagine-se! Uma questão de tanta gravidade e os social-democratas nunca discordaram em público, que se saiba, nem apresentaram alternativas no lugar próprio -as reuniões do executivo camarário. Porquê? Por falta de propostas próprias? Não parece ser o caso. No próprio texto é dito que "no passado também existiam hipóteses de resolução, talvez mais eficazes..."

Tolhidos porque "Há questões de interculturalidade"? Se é o caso, estão equivocados. Não existe no contexto, salvo mais fundamentada opinião, qualquer interculturalidade. Os ciganos em questão têm a mesma nacionalidade, a mesma língua, a mesma religião, em muitos casos a mesma naturalidade, e praticamente os mesmos costumes dos tomarenses. Pelo contrário, há é evidente falta de cultura, de abertura de espírito, de parte a parte, porém muito mais óbvia nos ciganos, tradicionalmente avessos à mudança de hábitos.

Existe também, e não é pouco, uma generalizada recusa de integração social, de assimilação, do chamado "povo calé de origem romani", que tende a marginalizar-se, para daí extrair benefícios (não pagar impostos, auferir o RSI, beneficiar de alojamentos gratuitos ou de rendas baixas, que em muitos casos não  pagam, conseguir auxílio alimentar das IPSS, praticar pequenos delitos, não obedecer a certas normas sociais, etc).

Perante tal comportamento geral, as autarquias têm agido de forma menos adequada, em geral aconselhadas por assistentes sociais formados num sistema de ensino que assimila os ciganos a estrangeiros exóticos e renitentes, que reivindicam o direito ao seu próprio estilo de vida, camada social abundante na periferia de Lisboa, por exemplo, mas praticamente inexistente em Tomar. Donde um certo receio de os levar a cumprirem  normas sociais que a todos obrigam.

Dois exemplos, para que não restem dúvidas, nalguns espíritos menos abertos: 

1-Quando finalmente foi imposto aos ciganos que só podiam receber o RSI depois de matricularem a descendência no ensino obrigatório, e apresentarem o respectivo certificado, praticamente  todos abandonaram o costume tradicional de não mandar os filhos (sobretudo as filhas) à escola, como no Afeganistão. Foi remédio santo, nesse aspecto. Aguardam o quê, para prosseguir nessa linha de exigências sine qua non ?

2 -Uma das queixas mais frequentes contra os ciganos é o barulho excessivo fora de horas. Lamentam-se os vizinhos, que chamam as autoridades e estas nada podem fazer, pelo que a pouca vergonha continua. Aqui em Fortaleza, onde não há ciganos mas há favelas, chamadas comunidades, nos condomínios e respectivos arredores, quando há casos de altercação nocturna ou excesso de barulho, chama-se a polícia militar, que avisa, processa e multa os faltosos. Geralmente resolve. Mas o Brasil fica no 3º mundo, e tem muita violência urbana. É melhor a "paz podre" tomarense. Rende mais votos, e isso é que importa.

Regressando ao escrito de Luís Francisco, vereador pelo PSD, salvo outra e melhor opinião, parece-me lamentável que discorde das opções camarárias, que considera erradas e onerosas para o município, sem todavia o dizer no local próprio, ou apresentar propostas alternativas. Mostra assim que os eleitos pelo PSD também praticam afinal o "quanto pior melhor" da velha extrema-esquerda, ao agirem deliberadamente no sentido de deixarem os socialistas enterrar-se quanto mais melhor, pois 2025 é já ali adiante. Conseguirão?


sexta-feira, 23 de setembro de 2022

Imagem NERSANT

Demografia e política local

"Alguns autarcas têm falta de mundo e chegam a recusar investimento para não perderem poder."

A frase anterior não é do autor destas linhas. Foi copiada daqui: https://omirante.pt/entrevista/autarcas-tem-falta-de-mundo-e-chegam-a-recusar investimentos-para-nao-perderem-poder/ Os eleitos nabantinos quase todos, tanto da maioria como da oposição, ficam muito incomodados, e até furiosos nalguns casos, quando o escriba opina que lhes falta mundo, e dá exemplos.

Pois surge agora, n'O Mirante online, parte de uma entrevista com o eng. José Eduardo Marçal, fundador da NERSANT e ex-governador civil, da qual se extraíram os seguintes tópicos: "Natural de Abrantes, vai à terra de 15 em 15 dias. Os filhos já não têm ligação à cidade, que na sua opinião está cada vez pior."

À pergunta "Estamos perante um contrassenso, quando ouvimos autarcas a dizerem que querem cativar mais população?" foi directo e contundente: "Acredito que alguns autarcas dizem isso porque têm falta de mundo. Eles até acreditam no que dizem, mas o único modelo de desenvolvimento que conhecem, é aquele que praticam. É fundamental que os autarcas vejam outras realidades. Se chegarmos a uma localidade do interior do país, 70% depende, directa ou indirectamente, da Câmara."

Perante isto, dito por quem sabe e não tem qualquer interesse em enganar os leitores, perpassa a ideia de que, se o emprego local depende nalguns casos em 70% da Câmara, os movimentos de população também devem depender em grande parte das autarquias respectivas. 

Que movimentos têm sido esses desde o 25 de Abril, nas quatro principais autarquias da região? Desculparão os queridos autarcas locais, sempre muito irritados com os dados estatísticos de TAD3, mas aí vão mais alguns:

Dados auxiliares para a interpretação dos resultados:

1 - Abrantes foi governada pelo PS desde 1976, salvo num mandato PSD, nos anos 90.

2 - Ourém foi governada sobretudo pelo CDS e o PSD, com dois mandatos PS intercalados.

3 - Tomar tem alternado entre o PSD e o PS, com os socialistas no poder local desde 2013.

4 - Torres Novas é feudo do PS, tal como Abrantes.

ELEITORES INSCRITOS...............1976.............2013................2022

ABRANTES...................................35.886..........35.075.............31.508

OURÉM..........................................27.035..........43.331............40.778

TOMAR..........................................32.438..........37.310............33.705

TORRES NOVAS...........................26.837..........32.546............30.774

Fonte: eleicoes.mai.gov.pt

Perante estes números alarmantes, que os autarcas simulam  ignorar, os esclarecidos arautos nabantinos do costume, não deixarão de proclamar que o nítido êxito demográfico de Ourém "é por causa de Fátima". Será mesmo? Desta vez o milagre da procriação humana entre azinheiras?

Já no caso do nítido avanço de Torres Novas, quase a ultrapassar Abrantes, será por causa do casal A1 - A23 não usar preservativo nas suas relações?

E a nossa querida Tomar, objecto proclamado de todos os desvelos (ou preferem "zelos"?) que depois de ter chegado ao máximo histórico de 40.906 em 1997, já estava nos 37.310 em 2013, e desde então tem sido sempre a descer, estando agora a apenas 1.267 eleitores de 1976, o que é uma vergonha?  Será porque a artilharia do Gualdim é só a fingir? Ou haverá também muita aselhice camarária pelo meio? 

Na freguesia urbana, temos uma aldeia chamada Cabeças, mas no panorama intelectual concelhio, não tenho visto assim muitas. Devo ter andado distraído. Ou será da idade. No verão passado, alguns foram perguntando, aos que me são próximos, como é que eu estou da cabeça. Só posso agradecer a preocupação. Se calhar contrariados, mas lá foram admitindo implicitamente que tenho cabeça. Já é um princípio de aceitação da realidade desconfortável.

Equipamentos desportivos

Agora estão bem lixados!

Chamaram a atenção de TAD3 para os protestos, no Instagram da autarquia, dos maltratados praticantes de "skate". Como os leitores bem sabem, a maioria PS local mandou destruir prematuramente o "skatódromo" da Nabância, no quadro das obras ornamentais da Estrada da Serra. Prometeu então aos "skatistas" que logo haveria outro recinto, devidamente equipado, naquela estreita faixa praticamente ao abandono, entre a Rodoviária e a estação da CP.

O tempo foi passando, e até agora nicles. De forma que o pessoal do "skate", regra geral de outra geração, mais arejada e com outros hábitos operacionais, resolveu passar à acção. Merecem apoio, até porque estão cheios de razão. Teme-se, porém, que tenham ultrapassado o limite. Que não tenham conseguido evitar ir além do demasiado longe, ao começarem a criticar a autarquia no seu próprio Instagram.

A maioria anabelista já demonstrou amplamente, em situações anteriores, que é muito boa em birras, retaliações e represálias. -"Ai protestaram?! Pois agora aguentem-se!" "Querem assim e exigem?! Pois não vão ter nem assim nem assado."

Há que dar tempo ao tempo, para conhecer as respostas. Entretanto, a impressão dominante é que agora os "skatistas" nabantinos estão bem lixados. Resolveram brincar com o fogo, e estão queimados. Tanto mais que, sendo jovens e por isso impulsivos, talvez ignorem ainda aquela velha máxima, segundo a qual "se fizeres uma revolução, vai até ao fim, se não queres vir a ser vítima dela." Fica o conselho implícito.

quinta-feira, 22 de setembro de 2022

Política local e informação

Vai mesmo tudo dar ao mesmo?

A longa série de incongruências denunciadas na crónica anterior, terá tido como reacção, da parte de alguns notáveis locais, algo como "Tanto faz assim como assado, vai tudo dar ao mesmo." Ou, na versão pretérita, "Tanto fazia assim como assado, ia tudo dar ao mesmo". Apesar de duplamente falso, pois nem tanto faz assim como assado, nem vai tudo dar ao mesmo, o axioma tem sido uma das principais "bengalas" dos coxos intelectuais que temos. Serve para desculpar tudo e mais alguma coisa. E para justificar a posteriori todas as enormidades. Como por exemplo uns sanitários pequenos custarem mais de 100 mil euros, sem incluir o terreno, e continuarem fechados 8 meses após a conclusão da obra.

Situação que só surpreenderá quem viva longe da urbe nabantina, ou ande particularmente distraído e mal informado, pela Corredoura fora. Isto porque o "tanto faz assim como assado, vai tudo dar ao mesmo" se transformou praticamente num modo de vida, que tem a virtude de evitar fazer grandes escolhas. Optar é sempre difícil, e em política local pode mesmo transformar-se numa maldição. Que o diga António Paiva. Errou algumas vezes, porém deixou obra importante. Teve a coragem de optar com rigor. Não se ficou pelo "vai tudo dar ao mesmo". Por isso ainda agora é amaldiçoado por tantos tomarenses.

Tendo-se transformado num modo de vida, o "tanto faz assim como assado, vai tudo dar ao mesmo" invadiu silenciosamente todas as áreas. Acabo de ler no Tomar na rede -por cujo administrador tenho muita estima e consideração- o título "União Europeia financia construção do Hotel Vila Galé em Tomar". União Europeia financia construção do hotel Vila Galé em Tomar (c/ fotos e vídeo) | Tomar na Rede

Educado num ambiente de rigor cartesiano, lá para as bandas do Sena, pensei logo para com os meus botões: Bruxelas financia a construção toda? Há compadrio? Perderam a cabeça ou quê?

Afinal, lendo a notícia, a situação é bem diferente e o respectivo título engana. Na verdade, a União Europeia AJUDA no financiamento do hotel. Avança com 1,8 milhões de euros, parte como empréstimo e outra "a fundo perdido", se não erro, o que corresponde a cerca de 20% do orçamento total. Nada de extraordinário portanto. Através dos seus programas destinados a Portugal, a UE ajuda praticamente todos os investidores com alguma envergadura...e bem relacionados.

Donde não resulta, todavia, que "a UE paga tudo", ou "tanto faz assim como assado, vai tudo dar ao mesmo". Pior ainda, conheço e prezo o administrador de Tomar na rede há muitos anos, pelo que julgo estar certo ao afirmar que não agiu deliberadamente para induzir os leitores em erro. Mas a verdade é que quem lê só o título da notícia... É esse o perigo que nos ameaça, quando a falta de rigor começa a ser o pão nosso de cada dia. Cada qual age erradamente, como se não houvesse melhor alternativa, que de resto nem procura. No caso havia as alternativas "UE participa no financiamento", "UE ajuda no financiamento", "UE assume 20% do custo total da obra". 

Conformistas conformados, e pouco rigorosos, em suma. Como os nossos eleitos, por exemplo. É todo um estilo de vida, afinal.

quarta-feira, 21 de setembro de 2022

Obras municipais

Problemas de merda 

derivados de opções de caca

Agora que a maioria local PS, vencedora inesperada em 2013, por falta de comparência eficaz dos adversários, vai entrar no décimo ano de governação, é possível analisar serenamente o que tem feito bem, e onde tem falhado. Aparece então uma linha de fundo -decisões às avessas, ao arrepio do senso comum. São já tantos os casos, que não se podem considerar como fortuitos.

Porquê então? Falta de adequada bagagem técnica para amparar decisões complexas? Assessores movidos por outros interesses, que não os de ajudar os eleitos? Simples prazer infantil de contrariar o bom senso? Certo, mesmo certo, é que até a grande reforma prevista no programa inicial PS -a resolução do problema do Flecheiro- está a revelar-se o seu exacto oposto. E ainda falta realojar o clã dos Fragosos, com a presidente a anunciar o início das obras para Outubro ou Novembro. Será possível?

Dantes, havia apenas duas zonas locais com querelas frequentes. Eram o Flecheiro e o conjunto Bairro 1º de Maio - Choromela. Agora há várias: Srª dos Anjos, Bairro da Caixa, 1º de Maio, Rua Gil Avô, Choromela, Bairro calé e etc. Em vez de acabarem com os problemas, multiplicaram-nos.

Nesta matéria de realojamento, é evidente a inversão de prioridades. Em vez de começarem por reabilitar o Bairro 1º de Maio, há muito degradado e com situações insustentáveis a prazo, o que teria permitido triplicar o total de alojamentos no mesmo terreno, evitando a edificação do Bairro calé e outras aselhices, optaram por simples remendos. Não solucionaram quase nada. Antes agravaram singularmente a situação local. A tal ponto que há indícios de causalidade entre a conflitualidade local e a fuga da população. Apesar de tudo, é sempre tempo de emendar, de mudar de caminho.

O ambiente geral no bairro 1º de Maio é agora tão mau, que até um dos RSI assistidos, que já lá habita há anos sem pagar renda, e cuja identidade se oculta para evitar represálias, já encara a hipótese de deixar a casa e ir acampar para outro lado, como antes, tantos são os roubos e ofensas que já sofreu, da parte dos novos vizinhos.

Falhanço só no caso dos ciganos? Era bom era! Infelizmente o alfobre é vasto. A começar pelas obras na freguesia de S. João, que deixaram para trás o essencial, numa zona da cidade antiga -o saneamento, a água e o pavimento- para tratarem do acessório: a ornamentação da Várzea e das avenidas da parte sul, com os resultados conhecidos. Uma avenida com duas pistas para bicicletas e, 50 metros mais além, uma estrada nacional com muito trânsito, mas sem passeios, ou qualquer espaço resguardado para peões. Tem algum jeito? Faz algum sentido?

Falta estacionamento em toda a cidade, com especial premência junto ao Castelo-Convento, no verão, mas a câmara vai-se entretendo com as ciclovias, que ficam à espera das bicicletas que não há. A principal via de acesso à cidade, a "estrada de Lisboa", está uma miséria, mas quem manda preferiu para já obras na "estrada da Serra", as quais vão reduzir os lugares de estacionamento. Mas haverá ciclovia, claro!

O rol é longo, mas os leitores gostam pouco de textos tipo lençol. Vamos portanto à conclusão. Que apreciação política fazer de uma maioria, há quase dez anos no poder, que confessou estar, em fins de Setembro, a aguardar a compra e instalação de moedeiros de 20 cêntimos, para só depois abrir os sanitários da Várzea grande, que custaram mais de 100 mil euros, e estão prontos desde Fevereiro? É o estilo tartaruga?

Pior ainda: Quem pode apoiar esta maioria, que assegura gratuitamente o realojamento de centenas de cidadãos que não pagam impostos, mas obriga os outros, os contribuintes, a pagar para "arrear o calhau", em plena zona urbana? Estão à espera que se aliviem em plena via pública? Ou contam com a iniciativa privada (cafés e pastelarias) para resolver problemas de merda, derivados de opções de caca?


Base aérea 3 - Tancos

Estruturas de acolhimento turístico

NOVO AEROPORTO EM SANTARÉM?

Inesperadamente, apareceu um amplo movimento de apoio à localização em Santarém do novo aeroporto "de Lisboa", um problema por resolver há mais de meio século. Consta tratar-se de um projecto privado, com a participação de Humberto Pedrosa, do grupo Barraqueiro, accionista minoritário da TAP. Cheira a manobra mais vasta, cujos contornos desconheço, por estar a sete horas de avião do "diz que disse" da região.

Antes dos dinheiros de Bruxelas, fomos um país de pobretanas assumidos, de forretas, cujo expoente máximo foi o Botas de Santa Comba. Poupar era uma virtude. Os tempos mudaram, e de que maneira! com as verbas europeias. Agora até já temos auto-estradas paralelas quase sem tráfego, grandes estádios às moscas, e a mania que somos um país rico, com recursos ilimitados. Donde as ideias mirobolantes, para caçar fundos europeus.

Andamos há cinquenta anos à procura de uma solução para o futuro aeroporto de Lisboa, o único na Europa que ainda funciona dentro da cidade, e nos últimos anos têm-se sucedido as tentativas de nova localização (Ota, Alcochete, Alverca, Montijo). Esta de Santarém é apenas a mais recente, e tem algo de estranho. Não só na maneira como veio a público, mas também e sobretudo por se tratar de uma iniciativa não governamental, o que em Portugal é pouco comum, para além de uma certa envergadura. Acresce que, tratando-se de um projecto de dezenas de milhões de euros, os seus mentores não parecem estar assaz documentados sobre a realidade envolvente.

Se estivessem, e se mantivessem com os pés bem assentes no solo, teriam em conta o que já existe nessa área e na região. Há em Tancos, a 30 quilómetros de Santarém, um mini-aeroporto pronto a servir (basta adaptá-lo), dispondo de auto-estrada de acesso (A 23) e de ligação ferroviária ao Entroncamento. Para quê então ir triplicar o equipamento da zona? Para fazer um triângulo Monte Real - Santarém - Tancos?

Visitei parte da China, no final do século passado, quando Macau ainda era administrado por Portugal e nem sequer dispunha de aeroporto. Fui no voo Londres - Hong-Kong, e daí em hidro-deslizador para Macau. Regressei duas semanas depois, no voo Pequim-Londres. Na altura, o turismo ainda despontava naquele grande país, de tal forma que andávamos em auto-estradas novas e com muito pouco trânsito...a 40 quilómetros por hora. E para ligar as cidades distantes, descolei e aterrei em bases aéreas toscas, sem salas de espera nem sanitários decentes, com os velhos caças MIG alinhados ao lado das pistas. Nalguns casos, ainda não estava sentado e já o avião rolava na pista...

Outros tempos, num país muito acolhedor, que por não beneficiar de fundos europeus nunca se considerou rico, o que levou os seus dirigentes comunistas a recorrer a práticas capitalistas. Usar os então fracos recursos disponíveis, para conseguir mais-valia destinada a melhorar as estruturas de acolhimento, sem cuidar de saber se os ditos recursos eram militares ou civis. 

Como bem disse o falecido Deng Xiau Ping, "pouco importa a cor do gato, desde que cace ratos". Os mentores da ideia do futuro aeroporto em Santarém, ou têm cartas escondidas na manga, ou parece que têm. Conviria por isso jogá-las quanto antes, se as têm, para apoiar a ideia. No estado actual das coisas, aeroporto em Santarém? Sou contra! Em Tancos fica muito mais barato, porque já há pista, torre de controlo e as indispensáveis ligações rodoviárias e ferroviários. Além de ficar mais perto de Abrantes, Tomar, Ourém, Leiria e Coimbra, por exemplo. Sejamos realistas!

terça-feira, 20 de setembro de 2022


Sanitários da Várzea grande

Uma infindável série de problemas

Ao princípio era o verbo, uma frase feita bem conhecida, toma nova forma quando se aborda o desastre dos WCs da Várzea grande. Ao princípio, se bem se recordam, eram os sanitários englobados na empreitada geral. Já durante a execução das obras, não se sabe bem porquê, resolveu-se que a recuperação das velhas sentinas públicas seria separada.

Concluídas os obras dos novos sanitários, verifica-se que o aspecto geral não é mau, mas os problemas subsistem. Desde logo o custo exorbitante. Se uns sanitários de poucos lugares custaram mais de 100 mil euros, não incluindo o valor do terreno, para onde vão os preços do imobiliário em Tomar e no país? Mas ninguém parece ter-se incomodado até ao presente. Siga a música, que o baile está animado.

Ignorando deliberadamente o passado, designadamente as causas da indispensável requalificação das sentinas, o novo projecto implementado sofre de várias maleitas. A distribuição de espaços torna muito difícil a colocação de sistemas de controlo de admissão. Os materiais usados não são os mais modernos, nem sequer os mais adequados, sobretudo no que se refere a loiças, torneiras e autoclismos. Ter deixado troços de calcáreo antigo à vista, contraria elementares normas sanitárias, as quais impõem superfícies vitrificadas, para evitar cheiros e bolores, facilitando a limpeza.

Consumado o desastre, o executivo fechou-se em copas e manteve os sanitários fechados. Como as crianças que procuram esconder as asneiras que fazem. Neste caso, a primeira asneira foi nunca ter esclarecido cabalmente o problema das velhas sentinas públicas junto à Abegoaria municipal. Porque chegaram a tal estado de degradação, que as tornou irrecuperáveis?

Porque a actual maioria socialista se tem mostrado incapaz de gerir os funcionários municipais, de forma a que cumpram as obrigações para as quais foram contratados. Donde resultou e resulta que, entre outros óbices, não há quem cuide da limpeza e manutenção das instalações sanitárias. Situação por assim dizer normal em Tomar, a terra do penacho. Todos gostam de ser heróis, mas ninguém gosta de vergar a mola, sobretudo quando o trabalho não é muito limpo, nem prestigiante. É uma situação que tende a agravar-se, mesmo em países com menos cabotinos. Em França, por exemplo, o país da cultura por excelência, o governo enfrenta agora graves dificuldades para recrutar professores, sobretudo do ensino secundário. Porque será?

Perante uma situação de todo inesperada, e não podendo apertar com os funcionários para não perder votos, o executivo foi forçado a encarar a única hipótese disponível para acabar com o impasse dos WCs da Várzea grande -o recurso a empresas privadas. A chamada "terceirização" É o que já fazem há muito os hipermercados, por exemplo. Mediante contratos prévios, que não são nada baratos, empregados especializados limpam, lavam e reabastecem de PH e toalhas de papel, várias vezes por dia, as instalações sanitárias, ou alertam para a necessidade de reparar os secadores de mãos e outro material. Depois indicam, no quadro existente no local, a data e hora do serviço.

É este sistema que a autarquia parece pretender adoptar, mas está com sérias dificuldades, porque falta aos seus membros Mundo e experiência de vida fora da função pública. Se assim não fora, não teriam caído na incerteza actual, com os sanitários fechados enquanto o executivo municipal vai procurando moedeiros de acesso, que funcionem com moedas de 20 cêntimos, uma vez que estão todos calibrados para moedas de 50 cêntimos, dado o mais elevado custo de vida na Europa para lá da fronteira, mas que seria demasiado caro em Portugal.

Nas actuais circunstâncias, em vez de perder demasiado tempo com "problemas de merda", para usar linguagem chã, os senhores do executivo andariam bem se celebrassem mais um ajuste directo com uma empresa que assegure a limpeza, manutenção e vigilância presencial nos WCs luxuosos (tendo em conta o preço de custo) da Várzea grande, tudo sem pagamento no local por parte dos utentes.

Ficaria muito caro? Sem dúvida. Mas faz parte das funções essenciais da autarquia, no quadro da higiene, limpeza e saneamento urbano. Ao contrário das dezenas de eventos anuais, muito mais caros, que só servem para angariar votos, pois são sempre supérfluos. Qualquer cidadão pode passar semanas, meses ou anos sem assistir a um espectáculo gratuito pago pela autarquia, sobretudo agora com a Tv e os filmes "pagar para ver", mas precisa várias vezes por dia de um local adequado para se aliviar.

Obrigar a pagar como forma de evitar degradações, é mais uma ilusão dos anjinhos que nos governam. Primeiro porque não evita nada, conforme demonstra a experiência. Segundo, porque na verdade, ao usar gratuitamente sanitários públicos, cada qual está apenas a beneficiar daquilo que já pagou antes, ao liquidar IRS, IVA, IMI, IRC, etc. Ou a Câmara tem alguma máquina de imprimir notas do BCE?

Quando é que os nossos autarcas resolvem começar a encarar os problemas com olhos de ver e a agir em conformidade? Vai sendo tempo...

(Não estranhem as cores dos títulos. Correspondem aos dejectos dos WCs. Convém tentar manter sempre a coerência entre o que se vê e o que se escreve. Só ainda não consegui ultrapassar os problemas do relevo e do cheiro, que melhorariam muito a prosa, estou convencido.)

Desentendimentos no Médio Tejo

De acordo com a evolução dos resultados eleitorais, quem podem ser os discordantes?

Li algures, já por duas vezes, que a nossa presidente, Anabela Freitas, lançou farpas contra os que quebram a unidade da A I Médio Tejo. Na altura não me pareceu necessário analisar melhor tal posição, mas depois mudei de opinião. Infelizmente já não consegui voltar a ler as duas notícias, apesar de várias tentativas nesse sentido. Sumiram.

Mesmo sem a releitura das ditas notícias, deduzi que os dissidentes alvo das tais farpas -porque é disso que se trata- serão autarcas descontentes com a gestão da Médio Tejo. Designadamente aqueles que, entre 2017 e 2021 perderam votos, embora continuem a governar. E resolvi analisar os resultados eleitorais em questão, como habitualmente no site http//www.eleiçoes. mai.gov.pt

CONCELHOS....................2017.....................2021.............Evolução.........Partidos 

                               

ABRANTES.......................9.252....................9.620..............positiva...............PS

ALCANENA......................2.050....................3.150...................."....................PSD

CONSTÂNCIA..................1.311....................1.355....................".....................PS

F. ZÊZERE........................2.295.....................2.823...................."....................PS

MAÇÃO.............................3.025......................2.647............negativa...............PSD menos 378 votos

OURÉM...........................11.179....................13.809.............positiva................PSD

SARDOAL.........................1.373......................1.049.............negativa...............PSD menos 324 votos

TOMAR.............................7.972......................7.157..................".......................PS    menos 815 votos

T. NOVAS..........................8.853.......................7.865..................".......................PS   menos 988 votos

V. N. BARQUINHA.........2.294.......................1.773..................".......................PS    menos 521 votos

SERTÃ..............................3.054.......................4.249............positiva..................PS

VILA DE REI...................1.231......................1.213............negativa.................PSD menos 18 votos

Fonte: http//www.eleições,mai.gov.pt

CONCLUSÂO

A srª presidente Anabela Freitas teria simplificado muito a tarefa dos eventuais analistas se, ao queixar-se de dissidências, tivesse mencionado os nomes dos santos. Não o tendo feito, porque decerto a clareza não faz parte da sua cultura política, força a elaboração de palpites fundamentados. Com os inerentes riscos de erro.

Ante os dados supra, é plausível que a contestação à gestão da presidente do Médio Tejo -porque afinal é disso mesmo que se trata- virá daqueles autarcas com evolução negativa, temendo pela reeleição. Não estou a ver os pesos pesados que são Abrantes e Ourém, um com 5, outro com 6 eleitos em 7, armados em contestatários. Por dois motivos. Antes de mais, porque são cavalheiros e sabem por isso muito bem que nunca é conveniente agredir publicamente uma dama. Depois, porque sabem igualmente estar a senhora em causa em fim de percurso, havendo depois muito tempo para reformular a sua detestada herança. Acresce que o presidente de Mação até já aventou por diversas vezes a hipótese de abandonar a Tejo Ambiente, filha querida de Anabela Freitas.