A SITUAÇÃO TOMARISTA
"O que perpassa é a ideia de que somos uma cleptocracia legitimada nas urnas. Os escândalos sucedem-se, numa comunicação social genericamente amansada. Basta ser paciente e esperar que a tempestade passe e que o escândalo mais recente encubra o anterior contando, cada vez mais, com a miopia mediática."
Óscar Afonso, Sete anos depois, a deceção, EXPRESSO ONLINE, 15/09/2022
Para aqueles que, contra toda a evidência, insistem em fingir que confundem análise política com "dizer mal", porque lhes convém, aqui está uma boa resposta. A ser assim, então até no mais prestigiado semanário português se pratica o tal "dizer mal", a "má-lingua".
Mas não foi isso que levou a aproveitar a citação supra. Ainda que seja bem mais agradável a boa companhia, do que sentir-se só ou mal acompanhado. Tratou-se sobretudo de mostrar aos leitores duas diferenças entre a governação de Lisboa e a de Tomar. Mais precisamente, de pôr em causa as noções de "cleptocracia legitimada nas urnas" e "comunicação social genericamente amansada".
Quanto à primeira, parece-me exagerada, pelo menos ao nível de Tomar, mas o respeitável articulista saberá decerto bem mais do que o autor destas linhas. Segue-se que, nas margens nabantinas, não consta que haja um "governo de ladrões", o significado de cleptocracia. Tanto quanto é possível saber, existem apenas três grupos que vão procurando "abotoar-se" na medida do possível, mas tudo dentro da legalidade. São a "chupistocracia", a "oportunocracia" e a "bandalhocracia".
Os vocábulos bastam-se a si próprios, como sempre deve ser. Apenas uma achega sobre "oportunocracia", cambada composta por chupistas de oportunidade. Geralmente de direita moderada ou extrema, apoiam quem está no poder, mas só enquanto lá está, pois daí depende o acesso à grande e farta mesa do orçamento municipal. Um velho semanário local é o melhor exemplo.
Sobre a "comunicação social genericamente amansada", é algo inexistente em Tomar. Há, é certo, alguns órgãos ditos de informação, todos averiguadamente ao serviço da autarquia, que os comprou em tempo oportuno, excepto um. Temos assim vários exemplos da "voz do dono", da dona no caso, menos um, que se mantém, por força das circunstâncias, independente.
Acontece que o tal independente está mais virado para o fait-divers, não publicando análise política, sobretudo desde que foi constrangido pelos da bandalhocracia a interromper a colaboração do único analista político que lá escrevia. O autor deste texto.
Em conclusão, chupistas, oportunistas, bandalhos e informação comprada, eis o actual panorama político tomarense, devidamente verificado, e que os leitores bem conhecem, pois são em geral os tansos da história. Citando um célebre e rústico presidente de junta, já falecido: "É assim que querem qu'esta merda progreda?!"
ADENDA
Sobretudo para os mais novos, a seguir se indica o significado de algumas palavras nabantinas:
TOMARENSE
1 - Que nasceu em Tomar ou alhures, mas foi registado, cresceu e foi educado em Tomar;
2 - Quem chegou a Tomar já adulto e formado, mas tem interesse em fazer-se passar pelo que não é.
TOMARENSISTA
Tomarense ou meteco, defensor acérrimo do que considera serem os interesses de Tomar.
TOMARISTA - Tomarense ou não, sempre grande defensor de causas locais enquanto houver mesa orçamental farta, onde possa aboletar.
TOMARUDO - Tomarense à antiga, de antes quebrar que torcer. Quem não estiver de acordo com ele, é mais prudente afastar-se.
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