segunda-feira, 12 de setembro de 2022


Imagem Tomar na rede, ligeiramente alterada, com os nossos agradecimentos.
Bombeiros municipais

Falta pessoal e material, ou gestão rigorosa dos recursos?

Não há muito tempo, houve em Tomar duas ocorrências que suscitaram reparos da população. Numa delas, a duzentos metros do quartel dos bombeiros, veio uma ambulância do Entroncamento para acudir a uma cidadã vítima de indisposição súbita.

Na outra, no dia seguinte, vieram três ambulâncias, não sei de onde, (por carência da informação local), para socorrer uma turista que desmaiou na Corredoura. Apesar de esforços nesse sentido, ainda não se conseguiu qualquer explicação convincente para ambos os casos. Apenas uns palpites, do tipo "Têm de vir ambulâncias e bombeiros de fora, que os de Tomar têm falta de pessoal e de material em condições."

Foi por isso com surpresa que li uma notícia sobre um cadáver já em decomposição, num apartamento do 3º andar, num prédio da Rua de Coimbra. Segundo a notícia, compareceram 4 viaturas e 10 operacionais dos bombeiros de Tomar, que usaram a escada Magirus para entrar pela janela. (ver imagem supra). Quatro viaturas e dez operacionais para retirar um cadáver já em decomposição? 

No meu pobre entendimento, teria sido bem mais fácil e barato usar a escada do prédio e arrombar a porta do apartamento. Poupava-se combustível, tempo, material e pelo menos dois operacionais. Mas se calhar estarei a ver mal. Parece-me que o recurso ao camião com a escada foi só para dar nas vistas. Fica melhor nas fotografias e a ocorrência adquire logo outra importância, torna-se mais espectacular, embora continue a haver só um cadáver em decomposição.

Também desta vez, como se na urbe os incidentes ocorressem sempre aos pares, houve lugar pouco tempo depois para uma ocorrência junto ao rio, frente aos correios. Ardeu uma viatura de passageiros, cujas duas ocupantes puderam safar-se a tempo. Compareceram outra vez 4 viaturas e 10 bombeiros. Quatro viaturas e dez operacionais, para acudir a uma viatura ligeira a arder? Então, mas afinal há ou não falta de pessoal e de material? Se não houvesse, teriam vindo quantos? 8 viaturas e 20 operacionais? Não será antes, ou também e sobretudo, falta de gestão operacional rigorosa dos recursos disponíveis?

Vem à memória aquela anedota dos profissionais de segurança, algures no Alentejo profundo, que ao cabo de meses e meses sem luz no local de atendimento, lá resolveram finalmente comprar uma lâmpada. Como não havia escadote, nem vontade de ir pedir emprestado, resolveram que o melhor era usar os ombros de um deles. Já cansado de suportar o peso, depois do outro ter recorrido a uma cadeira e ao balcão para subir, o de baixo perguntou: -Afinal leva assim tanto tempo a tirar uma lâmpada e pôr a outra?! -Estás à espera de quê para andar à roda?! perguntou o de cima. Uma bela gestão de tarefas, não é? Palpita-me que em certos outros sítios deve ocorrer algo parecido.

ADENDA às 18H18 de 12/09/2022

Convém ter igualmente em conta um tradicional provérbio português: "Tem tanta força cada um em sua casa, que mesmo depois de morto são precisos quatro para o tirarem." A ser assim, a democracia deu muita força aos tomarenses. De tal forma que agora, de acordo com a ocorrência supra, quando um deles morre em casa, são precisos dez bombeiros municipais e uma escada Magirus para o tirarem de lá. Essa é que é essa!

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