Impostos, turismo e demografia
Nem tudo é mau
Lá diz o povo, na sua sabedoria milenar, que ninguém consegue fazer tudo bem, nem tudo mal. A srª presidente Anabela Freitas acaba de confirmar isso mesmo. Tendo decidido devolver, em 2023, 1% do IRS aos eleitores (um esforço camarário de 360 mil euros), (naturalmente por razões de equidade, que nada têm a ver com as eleições de 2025, não senhor!), houve logo um simpático vereador laranja que tentou ajudar a maioria PS a compensar a perda. Aconselhado pelo chefe da divisão financeira da autarquia, avançou com a ideia de uma taxa turística, que já existe em vários concelhos, por esse país fora.
Evitando cair na armadilha, uma contradição insanável, que seria a cobrança de uma taxa adicional aos turistas, por parte de uma autarquia que não assegura as estruturas básicas de acolhimento, a srª presidente recusou a ideia. Fez bem. Sobretudo na política, é sempre nefasto quando se põe o carro à frente dos bois, como seria o caso com a dita taxa.
Outra tendência que vai no bom sentido, é a acção municipal contra o despovoamento. Embora evitem falar no assunto, continuando a fingir que ignoram o problema, cada vez mais grave em Tomar e na região, os senhores eleitos em idade de procriar lá vão providenciando. Só este ano já nasceram três novos tomarenses, filhos de membros do executivo (Filipa Fernandes, Hugo Cristóvão, Tiago Carrão). Concebidos portanto no exercício das funções que lhes foram confiadas pelos eleitores. Assim é que é! Ir fazendo o trabalho de casa, além de beneficiar os ciganos e fecundar os eleitores em geral.
Continuem, caros conterrâneos! E que sejam todos muito felizes! Não atacam a raíz do problema demográfico, é verdade. Mas pelo menos vão contribuindo para o minimizar, ainda que muito modestamente. Em qualquer caso, "quem faz o que pode, a mais não é obrigado".
ESCLARECIMENTO
Porquê a imagem da virgem ou de nossa senhora do leite, que encima esta crónica ?
Porque procriar implica forçosamente amamentar, com leite materno ou comprado no comércio. Nada melhor portanto que a protecção da santa adequada. Mesmo para os que não são crentes, mal não fará decerto. Afinal, de certo modo, há muito que em Tomar andamos todos à mama, de uma maneira ou de outra. Mesmo os que ignoravam até ao presente que há uma imagem da virgem do leite, com mais de cinco séculos, na agora também igreja paroquial, antes só panteão templário.
Finalmente faz-se política numa reunião da Câmara.
ResponderEliminarE logo com o tema dos impostos, que chegou a ser debatido nas eleições autárquicas. Sobressaíram na altura as posições do Chega, com a redução do IMI, do BE com a redução da derrama, onde o PSD já se tinha manifestado a favor, nalgumas ocasiões, incluindo com a atual vereação na discussão do orçamento de 2022. Só que aqui foram muito esbanjadores e queriam reduzir tudo:
https://mediotejo.net/tomar-maioria-ps-mantem-carga-fiscal-para-2022-psd-queria-reducao-c-audio/
Pessoalmente, manifestei-me numa comparação com os municípios vizinhos e com Lisboa (O Templário 2020-12-10) e defendi a redução da retenção do IRS (O Templário 2020-04-30). Na entrevista de campanha na rádio Hertz, fui explícito nesse ponto, a partir dos 47 min - https://www.youtube.com/watch?v=5LpH1Xx1ZHM&t=3353s.
Enquadrei a questão na recuperação da economia e na prioridade no favorecimento fiscal das pessoas antes dos proprietários e dos empresários.
Continuo a pensar assim, pelo que na apresentação da medida, o PS foi bem. O pior veio depois. Como compensar o dinheiro que deixava de se cobrar?
Nota intercalar - dá-me volta ao estômago quando reduzir taxas de imposto é tratado como uma perda, um prejuízo ou uma falta...
https://radiohertz.pt/tomar-camara-devolve-1-de-irs-em-2023-e-anabela-freitas-recusa-criar-taxa-turistica-para-compensar-perda-de-360-mil-euros/
Nas medidas de compensação, toda a gente andou mal:
- O PSD (e pelos vistos os serviços financeiros da Câmara) a querer trocar um imposto por uma taxa.
O que diria o líder nacional que anda a propor comida à borla e menos impostos.
https://eco.sapo.pt/2022/08/14/psd-quer-vale-alimentar-e-reducao-de-irs-ja-este-ano/
Teremos de ficar alerta, quando há promessas de redução fiscal, para ver de onde vamos levar com a pancada para compensar?
O PS não aceitou e vai compensar com menos obras. Não inclui aquelas financiadas de que ninguém precisa, além de quem as executa. Ou seja vai fazer menos obras, das que são necessárias, nomeadamente as de manutenção.
Aqui discordo de ambos. A Câmara tem gorduras que pode eliminar, serviços que de otimizar. Tem pessoal que não lhe sabe o que há-de fazer (ainda existem os tais do SMAS que não transitaram para a Tejo Ambiente?). Pode recorrer a meios próprios e evitar serviços de terceiros. Claro que ainda há o argumento de que façam menos festas e sejam mais criteriosos nos subsídios.
Mas acima de tudo, um orçamento que raramente é executado integralmente, não encaixa esta e outras reduções, sem efeitos secundários?