segunda-feira, 31 de julho de 2023



Turismo e estacionamento

Promover Tomar? Expandir o turismo? 
Ou intrujar os cidadãos eleitores?


Por causa da visita do Papa, segundo alegou a Câmara, só no dia 9 de Agosto será conhecido o palpite oficial sobre o total de visitantes durante os tabuleiros. Enquanto aguardam, os tomarenses são confrontados com queixas diárias e ásperas, sobre a falta de locais de estacionamento. Ocasião para abordar as duas questões -turistas e estacionamento- em simultâneo.
Os senhores autarcas que temos são avessos à crítica e à transparência, já o sabemos. Detestam ser postos em causa, ou fornecer dados exactos. No caso da Festa dos tabuleiros avançaram, ou deixaram avançar, totais de visitantes irrealistas, e agora não sabem como descalçar a bota. Já aqui foi escrito que há uma única forma fiável de contar visitantes, turistas ou espectadores. É cobrar bilhetes de entrada, distribuir talões numerados, para fins estatísticos, ou instalar pórticos de contagem, daqueles das auto-estradas, em todos os acessos à cidade. Nada disso foi feito.
Mesmo que tivesse sido feito, nada garante que seria suficiente para a maioria socialista fornecer finalmente dados precisos sobre o total de visitantes. Temos até um exemplo anual do contrário. Tendo herdado de mandatos anteriores, do PSD, o Congresso da sopa, com entradas pagas sob a forma de bilhetes ou de pulseiras individuais obrigatórias, alguma vez indicaram preto no branco quantos vieram comer sopa e pagaram à entrada? Não consta.
Apenas houve umas vagas declarações do tipo "Apontamos para cerca de 2.500 pessoas, mais que no ano passado." E no entanto seria bem simples fazer as coisas de forma asseada: Vendemos 2.350 pulseiras, a 5 euros cada uma (números supostos), o que dá um total de 11.750€. Como pagámos 100 euros a cada um dos 37 fornecedores de sopa, num total de 3.700€, restaram 8.050€, dos quais foram entregues ao CIRE, conforme compromisso anterior, 5 mil euros, restando um lucro ilíquido de 3.050€, para cobrir despesas com pessoal, veículos e combustível. É assim tão díficil publicar a verdade factual?
No caso dos Tabuleiros, não havendo outras referências além do "olhómetro" de cada um, andam para aí a cozinhar números, sem ter em conta algumas realidades comezinhas. Exemplos:
1 - Mil autocarros trazem um máximo de 55.000 pessoas;
2 -50 comboios do Ramal de Tomar trazem um máximo de 30.000 pessoas;
3 -Mil auto-caravanas transportam um máximo de 3.000 pessoas;
4 - Mil automóveis trazem no máximo 4.000 pessoas.
5 - Mil autocarros + mil auto-caravanas + mil automóveis, representam uma fila contínua de 15 quilómetros.
Tudo somado, dá um total de 92.000 pessoas. Acham que veio assim tanta gente aos tabuleiros? Cinquenta comboios, dá uma média de 5 comboios diários, exclusivamente com visitantes. Parece-vos que há em Tomar e arredores, estacionamento próximo para mil autocarros, mil automóveis e mil caravanas, em simultâneo? Onde, se até os moradores, que conhecem bem os cantos à casa, se queixam de que não há estacionamento suficiente? Agora imaginem os visitantes, mesmo com GPS...
Não será melhor começar a descer à terra, encarar as coisas como elas são, e projectar finalmente pelo menos dois grandes parques de estacionamento de 500 lugares cada um, na área urbana? O mundo da fantasia é muito bonito e agradável, mas só para crianças e adolescentes mal resolvidos.
O mordomo falou, logo no início, em milhão e meio de visitantes durante os 10 dias da festa. Uma média de 150 mil por dia. Terão estado em Tomar 150 mil visitantes, em qualquer dos dias anteriores ao grande cortejo? E 300 mil no dia do cortejo, para compensar as falhas anteriores?
Até para intrujar, convém ser moderado. Não ir além do razoável. Já o Aleixo, que era quase analfabeto, dizia na década de 40 do século passado:

Prá mentira ser segura
E atingir profundidade
Deve trazer à mistura
Qualquer coisa de verdade

Neste caso dos tabuleiros, houve bastantes visitantes, lá isso é verdade. Mas muito menos do que os previstos pelo mordomo, que terá sido vítima da usual megalomania tomarense, quando se trata de gabar as nossas coisas. A paixão é  incompatível com o bom senso e o rigor. E quase todos temos uma paixão por Tomar e pelas coisas tomarenses.

domingo, 30 de julho de 2023

 

Turismo e Património

Convento de Cristo Empresa Pública



Nas terras pequenas, alguém tem de abordar na informação local os grandes temas. Aqueles que condicionam o nosso futuro como comunidade. Pode não servir para nada no imediato. Mas fica escrito, para memória futura. Para mais tarde recordar.
Julgo que terão lido nos jornais que o governo publicou legislação sobre a administração do património do Estado. Ao princípio, em 1974, era a Direcção Geral da Fazenda Pública. Depois apareceu o IPPC, com o Lucas Pires. Seguiram-se o IPAAR, o IGESPAR e a DGPC. Aparece agora, finalmente, uma separação de águas. Os museus e monumentos, até agora na alçada da DGPC - Direcção-Geral do Património Cultural, passam a integrar a Empresa Pública Monumentos e Museus de Portugal. É o caso do nosso Convento de Cristo-Castelo dos Templários-Aqueduto dos Pegões, que vão passar a ser geridos como uma empresa pública, da qual se espera que dê lucro. Sejamos optimistas. Esqueçamos a TAP, a REFER, o METRO, e tantas outras. O Convento não é um serviço público essencial, apesar de alguns considerarem o contrário, e ainda bem.
Quem diz empresa pública, diz gestão empresarial, com criação de valor acrescentado, na melhor das hipóteses. No caso do Convento não vai ser nada fácil, porque se trata do monumento mais complexo do país. Um aglomerado edificado ao longo de cinco séculos, sem plano de conjunto. Tomando o Corredor do Cruzeiro como ponto de referência, estamos no 4º piso, com a Charola Templária, quatro séculos mais antiga, igualmente no 4º piso, porém cerca de metro e meio acima do piso do citado corredor,  e todavia no nível térreo, que corresponde ao primeiro andar do Claustro da Lavagem. Percebeu? Não se preocupe. A maior parte dos leitores e dos visitantes do monumento também não.
Tal complexidade obrigaria a ter visitas guiadas, a partir do momento em que se quisesse evitar que haja visitantes perdidos, buscando a saída, quando ainda não percorreram sequer metade do monumento, como acontece todos os dias, durante a alta estação. E quem diz visitas guiadas para todos, admite a existência de pessoal suficiente, tanto em número como em qualidade, muito longe da situação presente.
Mais pessoal, mais encargos, mais dificuldades, não tardará que a futura direcção da antiga Casa da Ordem se dê conta da estranha situação,  no que concerne ao total de visitantes anuais. Apesar de livre da obrigação de manter a igreja aberta ao público e de acesso gratuito, ao contrário do que acontece na Batalha e em Alcobaça, o Convento tem menos visitantes com bilhete do que aqueles dois outros monumentos.
Praticamente em igualdade de circunstâncias no que concerne a grandes vias de acesso, os futuros gestores, se estiverem à altura dos cargos que ocupam, cedo se vão dar conta dos dois maiores estrangulamentos que impedem o aumento de visitantes do Convento. A gritante falta de estacionamento na proximidades, que força muitos potenciais visitantes a irem-se embora sem visitar, por não terem onde parar o carro, e a ausência de um meio de ligação rápida e não poluente entre o Centro histórico e o Castelo.
Não tardarão portanto esses responsáveis a pressionar a Câmara, no sentido de fazer a parte que lhe cabe -os indispensáveis parques de estacionamento e a urgente ligação mecânica cidade-castelo. Sem projectos, nem ideias fundamentadas para os encomendar, os autarcas tomarenses vão tentar sacudir a água do capote, como é habitual por esse país fora, e já está a acontecer com os homólogos de Trás os montes.
Informados de que o Museu Abade de Baçal e o Museu da Terra de Miranda não integrarão o património da futura empresa pública, sendo entregues às respectivas autarquias, (como S. João Baptista e Santa Maria dos Olivais?), os presidentes de câmara de Bragança e de Miranda do Douro, em vez de agradecerem, já protestaram junto do governo. Consideram essa decisão uma despromoção. O hábito de viver à custa dos fundos do governo central, (os impostos de todos os contribuintes), está de tal forma enraizado, que qualquer proposta de mudança é logo considerada uma blasfémia, um atentado aos direitos adquiridos.  Antes mesmo de qualquer negociação.
Regressando a Tomar e ao Convento, sendo previsível que a autarquia oferecerá forte resistência às pretensões dos futuros gestores daquele monumento, tudo pode acontecer. É plausível que a prazo, estes possam mandar instalar parques de estacionamento a oeste do edificado, assim desviando boa parte dos potenciais visitantes da cidade, como já hoje acontece com os turistas em autocarros, impedidos de descer pela Estrada do Convento. A iniciativa privada local é que perde, mas terá de continuar a pagar as suas obrigações fiscais.
Fica aqui este modesto alerta, uma vez que as autárquicas são já em 2025, com grande probabilidade de que este tema faça parte da campanha eleitoral. A não ser que os tomarenses continuem a preferir balelas agradáveis a realidades complexas. Pode acontecer uma vez mais, ajudando à decadência que depois se vai lamentando...atribuindo a culpa aos outros.

sexta-feira, 28 de julho de 2023

Foto copiada de Tomar na rede, com os agradecimentos de TAD3.

Um festivaleiro estrangeiro, sob o efeito de anfetaminas, cagou, conspurcou e masturbou-se na TAC do Hospital de Castelo Branco, tendo sido chamada a PSP, que finalmente o conseguiu dominar. (Ver link infra).

Apesar dos conservadores empedernidos

Parece finalmente a caminho 
a inevitável reforma da Festa dos tabuleiros




Mas cautela e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém. Desde logo, para moderar a oposição dos defensores da tradição, que nem sabem muito bem de que tradição se trata. A de 1934? A de 1950? Uma das posteriores? Depois porque, se já tivesse sido feita tal série de alterações, não estaríamos agora a divertir-nos com a evidente atrapalhação de alguns, para conseguirem finalmente fornecer totais credíveis de visitantes para a edição deste ano.
É sobretudo aí que está o busilis da questão. Quantos vieram à festa? Quanto rendeu a festa? Duas perguntas simples, sem resposta incontroversa enquanto não houver controle total das entradas. Com bilhetes pagos ou gratuitos, porém obrigatórios para fins estatísticos. Vai sendo tempo de abandonar a tradicional música de embalar: "Cumprir a tradição, promover Tomar, incentivar o trabalho comunitário, exaltar o tomarensismo", etc. Já deu para perceber que se trata também de comprar votos. Bastante caros, por sinal.
Há quem diga que na verdade, a reforma da festa já começou, e que a edição deste ano foi a mais bem organizada de sempre, na via da transformação da tradicional festa religiosa, numa manifestação mista, tipo Festival de música - Festa dos tabuleiros, como aconteceu este ano com os 20 concertos gratuitos, 10 na Várzea grande e outros 10 no Mouchão. "À bruta como os ricos, num concelho com muita gente pobre, incluindo pobres de espírito", conforme já li algures.
São afinal os oportunistas do costume, que defendem sempre a posição bem conhecida do personagem de Lampeduza: "É preciso ir mudando qualquer coisinha, para que tudo possa continuar na mesma." Só que, desta vez, parece ser largamente insuficiente. Por um lado, há até membros da Comissão central da festa a gozar com a óbvia atrapalhação para fornecer números. Por outro lado, a propalada transformação a prazo dos tabuleiros num festival de música, com o cortejo tradicional como ponto alto, pode não ser a evolução mais adequada.
Sendo certo que os excursionistas à antiga são de interesse quase nulo para a economia local, é também verdade que se tratará de uma percentagem pouco significativa do total de visitantes, logo que Tomar possa facultar adequadas estruturas de acolhimento, nomeadamente estacionamento e pontos fixos de tomada e largada de passageiros na área urbana, permitindo assim que todos tenham acesso aos restaurantes e outros estabelecimentos, sem cansativas e imprevistas caminhadas demasiado longas, o que obriga a trazer farnel. Quem sabe que vai para o mar, avia-se em terra. Foi o que aconteceu em muitos casos.
Acresce que o anunciado festival de música agregado aos tabuleiros, como sucedeu este ano, pode não ser a melhor solução, tendo em conta igualmente que os festivaleiros também não são todos de elevado poder de compra, antes pelo contrário, e alguns têm mesmo comportamentos inaceitáveis. Leia-se o link supra, e imagine-se o escândalo que seria, se tais desmandos ocorressem em Tomar. Afinal, o Festival de Idanha a Nova até foi bem modesto, comparando com os tabuleiros. Reuniu apenas 35 mil visitantes no total, contra o milhão e meio anunciado pelo mordomo da Festa grande, logo no início. E mesmo assim...

 


 



Política local

Um achado genial


Eu já desconfiava antes, que havia algo escondido. A cada crítica fundamentada, a resposta era, e continua sendo,  sempre a mesma. Acusar quem critica de má~língua, uma maneira ardilosa de esconder, ou negar, o objecto da crítica. Mais cómodo que reconhecer erros. Até que o evidente bico de obra da falta de estacionamento na área urbana provocou o esclarecimento definitivo da situação.
Confrontado com o estacionamento ilegal junto à capela de S. Gregório, por falta de melhor opção,  o indigitado novo presidente da Câmara, a quem saúdo respeitosamente, desejando-lhe sinceramente as maiores felicidades no desempenho do cargo, para benefício de todos nós, o novo presidente da câmara dizia eu, achou uma solução genial.
Em vez de reconhecer que há realmente muita falta de estacionamento na cidade, tanto para moradores como para visitantes, e arranjar novos parques, Cristóvão mandou colocar uma boa centena de pilaretes, assim eliminando um quarteirão de lugares para estacionar. Bem visto e muito mais fácil e rápido. Assim, apesar de não ser muito estética a nova visão do local, como reconheceu o próprio autarca, na Rádio Hertz, os cidadãos olham para aquilo e vão pensar de certeza que não deve haver falta de estacionamento na urbe. Se houvesse, a Câmara não faria uma barbaridade daquelas.
E não se pense que é caso único. Pelo contrário. Parece ser uma nova prática maduramente meditada. Já antes Anabela Freitas, a querida presidente de saída, que também nunca reconheceu erros, fez algo semelhante. Perante a fuga da população, que atribuiu à migração para a faixa costeira, resolveu encontrar maneira de abandonar a Câmara antes do final do mandato, indo também ela trabalhar para Aveiro, justamente na faixa costeira.
Perante tal situação, os eleitores tomarenses vão decerto pensar que não há fuga da população, muito menos para a faixa costeira. Se houvesse, a nossa querida ex-presidente não faria decerto o que vai fazer, assim dando um péssimo exemplo aos conterrâneos e outros.
Terceiro exemplo do novo achado tomarense, está em curso a preparação da operação de fabricação de uma assistência conveniente para a Festa dos tabuleiros 2023. Processo moroso, como se compreende, até já houve um adiamento, usando como desculpa a vinda do papa. 
Perante o problema da evidente falta de estacionamento e de organização adequada, que provocaram nomeadamente longas caminhadas a muitos visitantes desprevenidos, (ver imagem), assim como sérias dificuldades para ver o cortejo em condições decentes, a querida presidente encontrou também a tal solução genial. Se a própria Comissão central anunciar que houve mais gente na festa que em 2019, nomeadamente nos concertos à borla, o povo vai pensar, sem dúvida alguma, que não houve falta de estacionamento, nem de organização. Se tivesse havido, não teria vindo tanta gente.
Chama-se a tudo isto manipulação da realidade envolvente. Uma habilidade política que mete medo. Porque, por esse caminho, havendo uma gritante falta de médicos no concelho, quem nos garante que um dia destes não vão expulsar médicos, ou transferir doentes para a faixa costeira, maneiras ardilosas de dar a entender que não há falta de clínicos?
Há gente capaz de tudo para manter o tachito. Até eleitores que não lêem determinadas crónicas, quando palpitam que transmitem uma verdade desagradável, ou pelo menos inconveniente, para depois dizerem que não leram, onde convier. Pensam que não lendo, a crónica não existe e portanto a verdade desagradável ou inconveniente também não. E fica-se bem visto pelos tomaristas empedernidos, que recusam ver mais longe. Até ao dia em que precisam de estacionar o carro, ir ao médico ou abrir uma torneira que tenha água...

quinta-feira, 27 de julho de 2023

 


Quantos vieram à Festa grande? Muitos.

O "conto do Vigário" e os tabuleiros - 2

ATUALIDADE – Raul Almeida eleito presidente da Turismo Centro de Portugal com 98,2% dos votos. Anabela Freitas fica na Comissão executiva | Rádio Hertz (radiohertz.pt)

TOMAR – Festa dos Tabuleiros. Divulgação do número aproximado de visitantes foi adiada para 9 de Agosto | Rádio Hertz (radiohertz.pt)

TOMAR – Agora sim, é oficial! Anabela Freitas vai deixar a presidência da Câmara, ao que tudo indica depois de 15 de Setembro próximo (c/vídeo) | Rádio Hertz (radiohertz.pt)

Quem tenha lido com atenção a crónica anterior, terá ficado a perceber que o "conto do Vigário" é afinal uma vigarice bem engendrada, que consiste em levar os outros a acreditar numa realidade falsa, para daí retirar benefícios. Exactamente o que se faz na política, com alguma frequência. Embora já fosse praticada por estas bandas desde as primeiras eleições livres, a partir de 2013 os tomarenses deram o poder local a uma maioria PS, que se tem revelado desde então como verdadeiros artistas na área da vigarice política. Bem intencionada, sem dúvida alguma, porém mesmo assim vigarice. Dois exemplos recentes, não me parece que deixem lugar para dúvidas.
Todos os que seguem com alguma atenção a política local se recordam, sem dúvida, do momento em que Anabela Freitas anunciou, com solenidade, que se ia candidatar à Entidade Regional de Turismo do Centro, e que se fosse eleita, renunciaria à presidência da autarquia.
Já habituados à ideia, aqueles tomarenses que lêem estas coisas vieram a saber mais tarde que afinal a nossa querida presidente concluira um acordo com um colega autarca do PSD, nos termos do qual já não seria candidata, mas apenas número dois da lista social-democrata unitária, renunciando mesmo assim à presidência da Câmara, mas só a partir de 15 de Setembro, terminada a época de maior incidência dos incêndios. (Ver 3º link supra).
As eleições foram no dia 26 de Julho, e só graças à notícia muito completa da Hertz (ver  1º link supra) se ficou a saber que, verificação feita, Anabela Freitas é apenas 3ª na lista votada. Ou seja, na prática conseguiu  manter o lugar que já ocupava na comissão executiva anterior, como representante de Tomar ou do Médio Tejo, não havendo portanto sequer a necessidade de renunciar à presidência, a não ser para ocupar outra posição remunerada no Turismo do Centro. Acrescente-se que, com menos alarido e sem nunca ter anunciado a sua candidatura, ou a hipotética renúncia ao cargo, o presidente de Ourém, Luís Albuquerque, do PSD, conseguiu o 5º lugar na lista do seu companheiro de partido Raul Almeida. Diferentes maneiras de estar no poder local. Uns com, outros sem vigarices políticas.
Na mesma linha, e partindo da mesma referência noticiosa (ver 2º link supra), constata-se que Anabela Freitas adiou para o dia 9 de Agosto a indicação dos totais estimados de visitantes que vieram a Tomar por ocasião dos tabuleiros. Trata-se do adiamento de mais uma vigarice política, uma vez que não há elementos fiáveis que permitam avançar números com alguma credibilidade. A própria senhora presidente vai acentuando que se trata de estimativas fornecidas pelas autoridades policiais, naturalmente falíveis.
A bem dizer, é um assunto sem qualquer importância prática. Quer tenham vindo muitos ou poucos visitantes, mais ou menos que em 2019, é irrelevante. Está feito, está feito. Já não tem remédio algum. Porquê então tanto empenho da senhora? Antes de mais, por vaidade, protagonismo e vingança política, contra quem ousa criticá-la. Quer sair triunfalmente, após ter realizado a que ela considera a maior Festa dos tabuleiros de sempre, que custou a barbaridade de mais de um milhão de euros à autarquia, contra menos de metade em 2019. Por esse caminho...
Infelizmente para ela, é já do domínio público que houve falhas e das grandes, podendo até ter acontecido que aqueles 20 concertos gratuitos tenham sido apenas um erro monumental de adolescentes serôdios, incapazes de administrar honestamente os recursos alheios. Consciente disso, a senhora tenta recorrer, uma vez mais, à vigarice política, para desviar a atenção e virar o jogo a seu favor. Parte do princípio que, se for anunciado oficialmente ter havido mais visitantes este ano que em 2019, isso constituirá um êxito indesmentível. E se essa enorme massa de gente se distribuiu pelos dez dias da festa, terá mesmo sido um sucesso retumbante, a justificar os gastos e as alterações feitas, nomeadamente o alargamento temporal, a antecipação das ruas ornamentadas e os 20 concertos à borla, para atrair público, numa festa "do povo para o povo".
Vigária experiente, assim como quem não quer influenciar de modo algum, já foi dando o seu lamiré. Avançou que, na sua opinião, (ler no segundo link),  terá havido mais visitantes nos dias anteriores ao cortejo, e menos durante o grande desfile, tudo em relação a 2019. Mas onde terá a senhora ido pescar os elementos para fundamentar tal posição? Trata-se tão somente de confundir o que deseja, com o que ocorreu realmente. O tal conto do Vigário. Vamos aguardar os números, mas de pé atrás. 
Tanto mais que o mandatário da lista PSD para o Turismo do Centro foi o administrador da empresa hoteleira Vila Galé, com a qual a Câmara de Tomar celebrou aquela venda muito vantajosa para o comprador do ex-Convento de Santa Iria e anexos. Avaliado em 3 milhões de euros no mandato de António Paiva, mais tarde reduzidos para 2,5 e 2 milhões de euros, foi agora cedido pelo PS por pouco mais de 700 mil euros. Honni soit qui mal y pense! Mas na política, aquilo que parece é.

quarta-feira, 26 de julho de 2023

Quantos vieram à Festa grande? Muitos.

O conto do Vigário e os tabuleiros - 1


Já terão decerto ouvido falar do "conto do Vigário", e tido a tentação de perguntar de que se trata afinal, mas nunca ousaram, por ser sempre incómodo passar por ignorante. Sobretudo numa terrinha como Tomar, com tantos sábios, sabões, sabonetes, detergentes e assimilados. Convém portanto começar por explicar a coisa.
O respeitável cidadão Vigário,  ex-emigrante com toda uma vida de expedientes vários, resolveu um dia cravar um conhecido seu. Com música variada e adequada, convenceu-o a emprestar-lhe 25 mil euros, para um negócio infalível, a reembolsar seis meses mais tarde.
Chegada a data do reembolso, nada. O amigo credor começou a ficar preocupado e a pressionar o Vigário, no sentido de cumprir o combinado. Até que, dois meses mais tarde, foi o próprio Vigário a dar a boa notícia. Marcou encontro com o amigo a quem devia no café da aldeia, para o reembolsar e agradecer a boa vontade.
Após alguns "demi panaché" (cerveja misturada com conhaque, um hábito  francês do tempo da emigração), ficaram ambos bastante alegres e aí o Vigário aproveitou para acertar contas. Deu ao outro cinco maços de 50 notas de 200 euros, e pediu-lhe que assinasse um recibo, que trazia já preparado, para evitar dúvidas, "porque há viver e morrer e nunca se sabe".
O amigo leu o documento e ficou agradavelmente surpreendido com o seu teor: "Eu abaixo assinado, Abílio Antunes Zeferino, declaro ter recebido de Adalberto Vigário cinco maços de 50 notas de cem euros, para liquidação da sua dívida de 25 mil euros. Alcafozes, 30 de Abril de 2022". Convencido de que o Vigário estava bêbado, e por isso não se dava conta do engano, assinou logo e arrecadou os cinco maços de 50 notas de 200 euros, após o que se despediu.
No dia seguinte, quando tentou depositar o dinheiro no único banco da aldeia, foi informado  pelo caixa e gerente que as notas de 200 euros eram falsas. Revoltado, foi logo à GNR, onde apresentou queixa contra o Vigário, por abuso de confiança e passagem de dinheiro falso.
A autoridade deslocou-se a casa do alegado falsário, trouxe-o para o posto sob custódia, mas aí o Vigário alegou que havia um mal entendido. Não tinha nada a ver com o tal dinheiro falso, uma vez que pagara ao Abílio com 250 notas de cem euros, conforme constava do recibo assinado pelo outro, que mostrou, e as notas falsas eram de 200 euros. A GNR libertou-o, e o Abílio ficou enrascado, não conseguindo explicar como conseguira as notas falsas.
Em Tomar, estamos desde 2013 numa situação comparável em termos políticos. A maioria socialista pratica com arte o "conto do Vigário", de forma mais sofisticada. (Continua)

terça-feira, 25 de julho de 2023

Ciclovias ornamentais

Um retrato de Tomar e dos tomarenses

https://tomarnarede.pt/insolito/ciclovia-que-termina-numa-esplanada-da-que-falar/

Conforme o link acima, o Tomar na rede acha insólito que uma ciclovia comece ou acabe numa esplanada da Estrada da Serra:

Foto Tomar na rede, com os agradecimentos de TAD3.

Tomar a dianteira 3 concorda, pois é realmente original, mas parece-lhe ainda mais estranho e típico, que tenha sido uma holandesa residente a dar pela marosca. Tanta gente nabantina a passar por ali, e só uma estrangeira reparou e fotografou. E logo uma holandesa, vinda do país que tem, de longe, a melhor e maior rede de ciclovias do continente:



Os tomarenses, como de costume, ou não repararam, ou viram e calaram, porque a senhora presidente é tão boa pessoa, tão simpática, fala tão bem, dá tanta música,  concede tantos subsídios, ajuda tantos ciganos, e mesmo assim é só malandragem a dizer mal dela. São uns ingratos! A verdade porém, nua e crua, é que já havia antes asneira do mesmo tipo, aquém da ponte, na premiada Avenida Nun'Álvares, e ninguém alertou:


Conforme se pode ver na imagem, só falta a árvore, cujo tronco aparece na foto anterior a esta. Em contrapartida, tem o desvio para a esquerda, rumo à ciclovia do lado oposto, via passagem para peões. E não se ficam por aqui as originalidades cicloviais. Na mesma avenida, com mais trânsito que a Estrada da Serra, há não uma mas duas ciclovias, sendo a da esquerda, no sentido Tomar-Lisboa, mais curta que a da direita, cerca de 20 metros em cada extremidade. Porquê? Mistério.
Decerto conscientes da extrema utilidade de tais vias de circulação, os comerciantes e industriais da zona dão-lhes a importância que merecem:



Nem a chapinha metálica com a bicicleta,  cravada no solo, nem o painel de paragem dos TUT são suficientes para manter a via livre. Sinal de que por ali, bicicleta é coisa rara,  e cidadão abusador bastante comum.
Mas há mais curioso ainda,  um pouco mais acima, na Avenida dos Combatentes da Grande Guerra:





Numa artéria urbana bastante curta, há ciclovia dupla mas ao meio, contudo só em metade do percurso. Ou seja, menos de 30 metros. Mais parece uma pista de aterragem-descolagem de bicicletas voadoras, para quando as houver, bem entendido. Tomar sempre na liderança do futuro! A ciclovia mais curta da região centro? Ou será do país e da Europa?
Fica-se sem saber bem o que achar mais estranho:
-Estas e outras asneiras, que só servem para estragar dinheiro, e armar ao pingarelho, apesar de terem passado pelo crivo de funcionários superiores certamente competentes e de eleitos naturalmente honestos  com experiência?
-A usual passividade dos tomarenses, que tudo aceitam sem protestar?
-Ou a atitude vergonhosa dos oportunistas reles, que para irem sacando algum, vão culpando os raros que ainda arranjam ânimo para criticar, com a falsa alegação de má-língua, em vez de ousarem recconhecer as coisas como elas são?
Estes casos fora do comum são afinal apenas mais um retrato fiel de Tomar e dos tomarenses, em 2023. E nem a cidade nem os seus cidadãos ficam nada bem na fotografia. Todos. Pagam os justos pelos pecadores. É pena e está aqui documentado, para memória futura.


 


Intervenção cívica

Uma explicação necessária


Conquanto escreva apenas para me entreter, honrando o meu dever de cidadania, sem qualquer pretensão de agradar, de ter muitos leitores ou de me candidatar ao que seja, por demasiado tardio, sinto que devo uma explicação a quem me lê por opção.
Resolvi há pouco tempo deixar de partilhar as minhas toscas crónicas no Facebook. O que não impede que outros o possam fazer, se assim o entenderem. Não tendo justificado a minha decisão, por considerar que já sou adulto há tempo suficiente para não dever explicações a ninguém, ficou a dúvida sobre a minha intenção. E naturalmente terão aparecido algumas ideias menos apresentáveis, porque muito afastadas da verdade e demasiado próximas da fantasia maledicente.
Aqui vai portanto uma singela explicação. Comecei a partilhar os meus escritos no Facebook para tentar ampliar o leitorado, o que foi conseguido. Passou-se de menos de cem leitores por texto, para por vezes mais de 500, e até além de mil, mais raramente. Dei-me todavia conta de que havia um inconveniente, e dos grandes.
Notei nalguns comentários certa agressividade, como se eu tivesse ousado invadir a privacidade do leitor, colocando-o frente a textos que ele não procurou e nunca teria escolhido, por serem de natureza estranha aos seus hábitos de leitura. Senti-me escorraçado e um estrangeiro rejeitado, na minha própria terra natal. Foi particularmente evidente, e penoso, num curto debate escrito com uma conterrânea da comissão dos tabuleiros, em que a senhora me julgou até capaz de fazer milagres, quando eu nem sequer acredito em tal coisa.
Daí a minha decisão de regressar às origens e de por aqui ficar. Agradável ou agreste, divertido ou chato, só lê Tomar a dianteira 3 quem antes teve o cuidado de procurar essa leitura. Serão por conseguinte leitores esclarecidos, exactamente aqueles que me interessam, até porque por vezes os outros, aqueles que se sentem invadidos, demonstram alguma dificuldade para entender cabalmente aquilo que vou escrevendo. Não por má vontade das partes. Apenas porque o português deles é demasiado curto, tal como o meu, que não consegue chegar ao nível mais básico, porque escrever simples não é nada fácil. E depois ainda resta a questão dos temas, quase nunca convergentes. 
Donde resulta quase sempre uma conclusão semelhante aquela da ocorrência com um proprietário alentejano, que foi visitar a sua herdade. Estava ele conversando com o pastor do rebanho de cabras e ovelhas, quando passou um avião da TAP, demasiado baixo. -Que bicho será aquele? perguntou o pastor. -Ignoro, respondeu secamente o patrão, ante tão inesperada pergunta. -Ca ganda ingnoro, rematou o pastor.
Continuamos assim neste país, 49 anos após o 25 de Abril. Que deu a liberdade a todos, mas se esqueceu de formar cidadãos, segundo Ramalho Eanes. O que me levou a recuar às origens, após uma tentativa feliz, todavia parcialmente malograda, pois não pretendo importunar ninguém, que não seja eleito nem  funcionário superior da autarquia nabantina. É isto.


segunda-feira, 24 de julho de 2023

 



Turismo

A desconfortável situação nabantina


Distraídos com festas, música, passeios e subsídios, os tomarenses parecem viver felizes, excepto quando toca a pagar. No hipermercado, na estação de serviço ou no banco, dão-se conta que algo não está bem. Que as coisas não acontecem como habitualmente. Que se passa afinal em Tomar, quando nas cidades vizinhas se vive melhor e mais barato, embora alguns se esforcem por nos convencer do contrário?
Digam o que disserem, os factos são teimosos. Somos cada vez menos e mais velhos. Porquê? Alguns dos que em Tomar se interessam por estas minudências, vítimas inocentes da ideologia dominante, dirão que não há razão para alarme. Que nas outras terras vizinhas também há emigração e a população está igualmente cada vez mais velha. Têm razão, mas não vão ao fundo da questão: Em Tomar tanto a fuga da população como o envelhecimento são bem mais graves que nos concelhos vizinhos, de acordo com os dados oficiais disponíveis. Porquê?
Assim à superfície das coisas, desde 2013 que somos governados por uma maioria legítima, com uma singular actuação. Há dinheiro a rodos, para festas, eventos vários e subsídios abundantes para todas as colectividades, mas faltam obras essenciais, básicas, e coragem para corrigir o que está mal. As asneiras que foram fazendo, por vezes propositadamente. Adormecida pelas  benesses interesseiras, a população aplaude, ou não se manifesta, em vez de protestar.
Sem pretender ser detentor da verdade, ou único intérprete credível da realidade, penso ter a obrigação cívica de publicar o que segue. Quer queiramos ou não, a época da indústria em Tomar já foi. Já passou e não volta com a mesma força. E o quartel  general também não. Agora é o turismo o motor económico local, como mostram o incremento hoteleiro e as centenas de milhares de visitantes anuais atraídos pelo Convento, apesar dos erros cometidos. Faculta empregos mal pagos e precários? E daí? No Algarve, em Lisboa, Madrid, Roma ou Paris é diferente? Não consta, e os envolvidos não se lastimam. Trabalham. Só em Tomar é que preferem a crítica apriorística, sobretudo quando devidamente lubrificados pelos tais subsídios abundantes. Que não vão durar sempre. Tudo tem um fim, e parte do dinheiro vem de Bruxelas.
Examinando com alguma atenção o trabalho passado desta maioria socialista, aparece uma série de factos, à primeira vista sem nexo, mas afinal interligados. Fecharam o parque de campismo. Impedem os autocarros de descer do Convento à cidade. Não providenciam lugares de estacionamento para turistas nem para autocarros de turismo, nem junto ao Castelo-Convento nem na área urbana. Nunca mostraram qualquer intenção de melhorar a cobertura sanitária, ou de implementar sinalização turística capaz.
Temos portanto uma Câmara sem programa nem projecto adaptado, que ignora para onde vamos, porque nem vislumbra um caminho possível. Mas que disfarçadamente, assim como quem não quer a coisa, vai procurando limitar aquilo que eles julgam erradamente ser o "turismo dos pobres".
A senhora presidente, agora de saída, para ir integrar precisamente uma estrutura regional de turismo, foi bem clara a dada altura.  Afirmou  que o turismo de excursão, de fraco poder de compra, não interessa. Que devemos procurar atrair os visitantes de elevado poder de compra, que fiquem vários dias. Louvável propósito, obviamente postiço, pois não foi dito como  alcançá-lo, e muito menos demonstrado que o excursionismo e o campismo são de fraco poder de compra,  o turismo dos pobres. Serão mesmo?
Alguns comerciantes locais mais antigos, ainda se lembram do tempo em que o parque de campismo estava aberto e albergava centenas de turistas na época alta, muitos deles estrangeiros, forçosamente de alto poder de compra, dada a diferença de ordenados entre Portugal e a Europa do norte. Ficando em Tomar regra geral uma ou duas semanas, acabavam por gastar muito mais do que os tais turistas de alegado alto poder de compra, que ficam uma ou duas noites nos hotéis locais, quando ficam. Fechar o parque de campismo foi assim uma machadada no turismo e na economia local, embora os responsáveis o neguem, por ignorância. Os católicos bem vão dizendo: Perdoa-lhes pai! Eles não sabem o que fazem. Neste caso, o que fizeram.
Acresce que o encerramento do parque de campismo não foi uma asneira isolada. As onerosas obras levadas a cabo pela gerência de António Paiva e sucessores PSD, apenas facultaram 7 lugares de estacionamento para autocarros junto ao Convento, tendo provocado em simultâneo a impossibilidade prática dos mesmos autocarros descerem à cidade. A estrada do Convento ficou mais estreita após as obras, tornando impossível o cruzamento de dois veículos pesados num pequeno sector. Em vez de mandarem corrigir a anomalia, para restabelecer as condições de trânsito anteriores, os senhores autarcas PS optaram por proibir o trânsito descendente de pesados. Evitam assim que os tais turistas de excursão desçam à cidade, uma vez que são de fraco poder de compra. Serão mesmo?
Um dos nichos mais florescentes do turismo moderno é o dos cruzeiros. Lisboa já se equipou e vai recebendo cada vez mais barcos, vindos tanto do Mediterrâneo como da Europa do norte. E os comerciantes lisboetas esfregam as mãos de contentes, Cada um destes monstros transporta mais de mil turistas, e em cada escala organizam excursões para visitar designadamente os monumentos mais interessantes das proximidades. Tomar tem ficado de fora, não por ser longe, mas por não dispôr de estacionamento suficiente, nem de locais para tomada e largada de passageiros, o que irrita os motoristas e os operadores turísticos. Cada cruzeiro dá origem a excursões de 20 ou 30 autocarros, que obviamente não podem operar em Tomar. nas condições actuais. Os turistas de cruzeiro também são de fraco poder de compra?
Durante a recente Festa dos tabuleiros, só não foi um escândalo a nível nacional aquela imagem de centenas de excursionistas a palmilhar quilómetros a pé, (ver imagem) designadamente porque os tomarenses já estão por tudo, aliciados pelas benesses locais, mas também porque as equipas televisivas foram importunadas nos controles dos arredores, por questões de vestuário, e voltaram para trás em protesto. Por isso só houve reportagem capaz na SIC.
Em conclusão, para lá das festas, dos eventos, dos lautos subsídios para a cultura e desporto, bem como da  apregoada intenção de promover Tomar, os factos indicam que temos na autarquia uma maioria de cangalheiros inconscientes do desenvolvimento turístico local. E quem diz desenvolvimento turístico, está a falar de incremento económico, sem o qual não pode haver melhoria das condições de vida. Quero crer, apesar de tudo, que os nossos autarcas são pessoas honestas e bem intencionadas, que todavia não se dão conta dos malefícios de algumas decisões que vão tomando. Seria ainda mais trágico se assim não fora.


domingo, 23 de julho de 2023

 Arranjo da Várzea grande


Mais "Um ícone para o mundo inteiro"


Dou o braço a torcer. Já andei bastante por esse mundo fora. De Pequim à Ilha da Páscoa e de Ushuaia a Helsínquia. Ou de Benares a Londres e de Saigão a Nova Iorque e Moscovo, passando pelo Cairo, Jerusalém, Atenas e Paris.  Confesso porém nunca ter visto um quiosque metálico moderno, com sanitários anexos em forma de paralelepípedo. Ainda para mais num relvado mesmo ao lado de um convento franciscano do século XVII (17, para a geração mais escolarizada de sempre). "E não choca", como diria no século passado um jornalista amador local, entretanto já falecido, em pleno café Paraíso, na época a catedral do bom gosto e dos bons costumes. Ou por outra: Só choca os metecos, que os tomaristas demonstram a cada passo estarem já muito habituados ao mau gosto e à bandalheira. Só os cartazes grandes do Chega é que ainda os incomodam. Sobretudo quando estão no percurso dos tabuleiros. Adiante.
De forma que, aquele outro quiosque, já antigo, na esquina da Rua Cavaleiros de Cristo, à ilharga do Bairro da Caixa, esse é que chocava mesmo, sobretudo porque não tinha WC ao lado. Em boa hora a Câmara mandou desocupar, e depois demolir, por ser de um mandato anterior, que desfigurou a cidade, segundo os adolescentes serôdios agora no poder. Já o do Mouchão, de modelo mais luso e liso, um cubo muito bem integrado no meio dos grandes plátanos, tal como a altaneira ponte marreca, parece estar para durar, conquanto sem utilidade conhecida até agora. Se calhar aguardando a última moda.
Temos por conseguinte, integrado na extraordinária requalificação da Várzea grande, mais um valioso equipamento urbano, ao mesmo tempo "um ícone para o mundo inteiro", tal como os tabuleiros, ou os pesados e numerosos bancos em calcáreo daquela agora moderna praça, usando a linguagem dos responsáveis pelo turismo e cultura locais.
Quem nos acode, nesta queda rumo ao abismo do mau gosto e da irrelevância?


 



Uma cidade abandalhada


Vaidade e exibicionismo 

procurando esconder mazelas várias



Louvar é fácil, parece barato, mas custa milhões. Encarar a realidade e resolver os problemas existentes exige coragem e dá muito trabalho. Enganam a população com a beleza das ruas ornamentadas, muito apreciadas pelos turistas, e a pretensa importância universal dos tabuleiros, mas não cuidam do dia a dia dos cidadãos e as doenças locais vão-se agravando. O Mouchão está um frangalho, uma ruína, quando comparado com o que já foi, e a Câmara insiste em transformá-lo num terreno para tudo (recinto desportivo, parque de exposições, feira, local de espectáculos vários) em vez de o reabilitar. Bárbaros estrangeiros não fariam melhor. Ou mesmo certa etnia lusa.
Os cidadãos que se interessam por estas minudências, que são poucos, concordarão que o antigo parque, com largos canteiros verdes, está agora transformado num espaço mal cuidado, abandalhado, onde há cada vez mais terreno castanho porque desguarnecido.  São todavia menos ainda os que conseguem alargar a visão para outras enfermidades do Mouchão.
Por exemplo, que está ali a fazer uma hipótese de quiosque, já com mais de 10 anos e que nunca funcionou? O lajedo mesmo ao lado, indica que se destinava a apoiar uma esplanada, a qual nunca foi instalada porque a construção é demasiado exígua e não dispõe de água nem de sanitários. -É do tempo do Paiva, dirão os apoiantes dos actuais autarcas, sempre lestos a sacudir a água do capote. Pois é sim senhor. E daí? Estão à espera de quê para o melhorar e pôr a funcionar, ou para o demolir? Dez anos é muito tempo. Ainda não chega?
Mesmo ao lado, outra encrenca deixada pelo Paiva, aquela ponte metálica com escadarias de acesso de ambos os lados, e um vão sobre a água do Nabão, a lembrar a Ponte dos suspiros em Veneza, está ali a fazer o quê? Em Veneza, o amplo vão destina-se a permitir a passagem das gôndolas típicas com turistas. Em Tomat tem que finalidade? Mostrar a vaidade de alguns? A incapacidade de outros? Ou a passagem de girafas aquáticas, ainda por inventar?
Por favor, não me venham com a cantilena do leito de cheia e do vão contra inundações. Dada a diferença de nível básico entre o Mouchão e o ex-estádio, se alguma vez o Nabão cobrisse ambos, a ponte não serviria de nada, isolada no meio das águas. Por conseguinte, deixem-se de tretas, mandem retirar os degraus e rampas de ambos os lados, e baixar o tabuleiro para os níveis do terreno,  dando àquilo um aspecto mais decente e consentâneo com a envolvência. Sobretudo do lado do Mouchão.
Logo mais acima, e bem mais simples, uma represa com mais de quinhentos anos -o Açude dos frades- está no estado calamitoso documentado pela imagem. Se a Câmara não tem pessoal, nem vontade de limpar com regularidade as ervas invasoras, pelo menos peçam a um cidadão que tenha uma ou duas cabras... Ovelhas não, porque essas já andam muito ocupadas a preparar os próximos eventos para turista ver e tomarista desfrutar.
Tudo maleitas já antigas? A outra imagem supra mostra uma encrenca recente, obra desta maioria. Avisaram em tempo útil a senhora presidente que um quiosque na Várzea grande, era dinheiro mal gasto. Houve em tempos um outro, frente à porta principal de S. Francisco, mas então havia ali um regimento de infantaria, com mais de 500 militares, que se foi para além da ponte. Teimosa, obstinada mesmo, a eleita socialista levou a sua ideia avante e mandou depois abrir concurso para a exploração do quiosque. Logo um apoiante interesseiro arrematou a concessão, visivelmente para salvar a honra do convento, mas de nada lhe valeu até agora a manobra, e já lá vão dois anos. Só depois se terá dado conta de que, para transformar aquilo numa espécie de buvette com esplanada, (porque a vender jornais, revistas e livros já ninguém se governa), faltavam as instalações sanitárias. Vá de instalar as ditas, o que resulta num conjunto algo absconso em termos urbanísticos. Mais uma despesa extemporânea, e assim estamos. Entretanto, algo terá corrido mal e a obra está encalhada há meses. Entretanto o tal concessionário interesseiro já fez saber que só começa a pagar quando iniciar a exploração efectiva daquela coisa.
É assim uma boa administração autárquica?









    


sábado, 22 de julho de 2023

 
Não, não é uma falha. É mesmo intencional. Uma câmara a auto-elogiar-se e a louvar os eleitores, em vez de serem estes a enaltecer os autarcas pelo trabalho efectuado, é o mundo de pernas para o ar. Às avessas. Tal como a imagem.

Política local


É simplesmente ridículo


Informa O Templário, na 1ª página da sua edição impressa de 21 de Julho, que "A Câmara de Tomar aprovou um voto de louvor a todos os Tomarenses pela realização da Festa Grande." Com letra grande, como convém sempre nestes casos balofos. Vindo ao mundo no hospital velho, baptizado em S. João Baptista, e aluno na escola da Várzea grande, sou forçosamente tomarense, mas sempre me considerei dos de letra pequena, do povo. Dos que servem sem se servir. E por vezes até assim me sinto envergonhado, como agora acontece. Mas presunção e água benta, cada qual toma a que quer, como devia ser bem sabido, porém infelizmente não é.
Acossada por problemas de toda a ordem, em parte resultantes da sua própria incapacidade por manifesta impreparação cultural, a maioria socialista local acentua o seu comportamento populista, recorrendo mesmo ao estilo maoista dos anos 70. Uma vez que não é tão gabada quanto gostaria, apesar das amplas e imerecidas benesses que vai distribuindo a esmo, resolveu enaltecer-se a si própria, servindo-se da festa como pretexto: "Reconhecida como património cultural imaterial nacional, a Festa dos Tabuleiros é um ícone para o mundo inteiro, potenciadora das belezas de Tomar e da capacidade empreendedora dos Tomarenses."
Estão a tentar gozar com quem? É muito feio abusar da ignorância alheia. Só falta a frase clássica "Sob a heróica direcção da gloriosa maioria PS local.". Haja decência, recato e sentido da realidade, senhores eleitos! "Um ícone para o mundo inteiro"? De Vilar Formoso para lá, ninguém sabe o que possam ser tabuleiros verticais, a não ser que tenha nascido neste recanto à beira-mar plantado. E mesmo assim...
"Capacidade empreendedora dos tomarenses"? Se houvesse realmente tal coisa, já há muito tempo se saberia. E nunca constou que assim seja. Salvo raras excepções, que confirmam a regra,  os tomarenses sempre se revelaram empreendedores fora de Tomar, pois o clima local é avesso a essas coisas. A festa não é um empreendimento. É uma tosca repetição, que cumpre mal os objectivos anunciados (honrar a tradição e promover Tomar), devido aos erros cometidos. Que são sempre os mesmos e estão à vista de todos.
Concluindo, parece-me um manifesto abuso de linguagem o "voto de louvor a todos os Tomarenses", incluindo portanto os senhores autarcas autores da coisa. É simplesmente ridículo. E encaixa perfeitamente naquele dito popular "Já que ninguém diz bem de mim, digo eu!" 
Resta portanto excluir-me dos louvados, (o que decerto os senhores eleitos PS já terão feito antecipadamente, como é óbvio),  também com um abuso de linguagem: Já anexei o vosso louvor ao rolo de papel higiénico, para os fins tidos por convenientes. Mas honni soit qui mal y pense. É apenas o desabafo de um cidadão indignado. A demagogia não é uma maleita mortal, o que nos obriga a aturar certos eleitos, cada vez menos dignos dos lugares que ocupam.
Foi um louvor unânime, dirão alguns,  o que inclui os eleitos laranja. De acordo. Sempre disse que os social-democratas locais têm qualidades. Infelizmente a sinceridade, a coragem e a frontalidade não fazem parte do rol, como tem estado à vista,  e se lamenta. De resto, não é por mero acaso, nem só por mérito próprio, que os socialistas estão no poder em Tomar desde 2013. As coisas são o que são.


sexta-feira, 21 de julho de 2023

 

Festa dos tabuleiros


Dar música e dança ao pessoal


Tem prosseguido no Facebook o debate (mais ou menos) sereno entre António Freitas e Luís Ferreira, já aqui referido anteriormente. As posições são conhecidas. Freitas pugna por mudanças substanciais no modelo organizativo da festa grande, insurgindo-se designadamente contra as aselhices na área do estacionamento, os eventos à borla que não permitem controlar a afluência, e a hora tardia de início do cortejo, que prejudica gravemente os excursionistas.
Ferreira não discorda, porém sempre vai atacando os "excursionistas de garrafão e farnel", afirmando que não interessam a ninguém, e garantindo que a edição 2023 dos tabuleiros foi a melhor de sempre, na transição de uma festa paroquial para um grande festival de música, como mostram os 20 concertos gratuitos do programa. Quando confrontado com os elevados custos suportados pelo orçamento camarário, este ano superiores a um milhão de euros, ao que tudo indica, o ex-chefe de gabinete lança uma resposta ideológica, de grande aceitação popular no vale nabantino. -"Até podiam ser dois milhões de euros. É uma festa popular, o povo gosta e a felicidade não tem preço."
Tolhido por tão audaciosa posição, Freitas vai insistindo na necessidade de reformas urgentes, que sabe serem praticamente impossíveis no estado actual das coisas, e Ferreira rejubila ao constatar que a sua ideia festivaleira vai fazendo o seu caminho. Não surpreende, uma vez que, se Freitas é organizador e guia de excursões, o seu contraditor, além de político experiente, já foi músico profissional, ao que consta também excelente executante numa filarmónica local. É portanto natural que goste de dar música e dança ao pessoal, mesmo depois de ter saído da política activa.
Pegando na sua ideia subjacente de transformar a festa nabantina num grande evento musical, tendo o cortejo dos tabuleiros como um dos seus momentos altos, mas apenas isso, não custa imaginar o sonho de alguns galegos, finalmente realizado. Há uns anos, numa deslocação promocional de um grupo de pares com tabuleiros à Galiza, quando o desfile mal tinha começado, ouviu-se uma voz potente: -Então, não dançam? e foi o espanto na delegação tomarense, segundo o mordomo que então acompanhou o grupo.
Mais de quinze anos depois, parece chegada a altura de responder em Tomar à pergunta galega. Seguindo a directriz de Luís Ferreira, já estou a ver um futuro grande cortejo, de pelo menos 700 tabuleiros, com cada acompanhante tocando um instrumento musical, e as portadoras dançando com os tabuleiros à cabeça, enquanto as manageiras,  os manageiros e os aguadeiros, de barrete preto ao ombro, vão fazendo de coro dançante, à americana. 
Segundo a mãe do autor destas linhas, que dançava com um cântaro cheio de água à cabeça, pesando entre 15 e 20 quilos, não custava nada, estando o cântaro cheio. O problema era só quando estava meio, por causa da estabilidade e do equilíbrio. Pode portanto dizer-se que um cortejo dos tabuleiros com nova coreografia, era bonito, envolvente, novo, grandioso e sem perigo, lá isso era. Mas respeitaria a tradição? Aguarda-se a resposta popular, uma vez que alegadamente "a festa é do povo, para o povo e paga pelo povo". Que remédio... Mas Luís Ferreira já deve ter uma resposta pronta, do tipo "A felicidade não tem preço". Bem ao estilo socrático, quando o então chefe de governo declarou na tv que as dívidas do Estado não são para pagar.
De forma que, se o PS volta a ganhar em 2025, vamos ter decerto tabuleiros musicais e dançantes em 2027, faltando apenas escolher a música, estabelecer a respectiva coreografia...e alinhar os mais de dois milhões de euros que custará a folia. Assim uma espécie de mix Moulin Rouge et Folies Bergère, naturalmente à borla  e  numa modesta povoação que já foi cidade.


quinta-feira, 20 de julho de 2023

 

As defensoras e defensores da igualdade de género devem delirar com esta e outras  imagens do Cortejo dos rapazes: Os meninos de costa direita, olhando à volta, e as meninas a alombarem com os tabuleiros, numa idade em que não convém ter pesos à cabeça, por causa da coluna vertebral, ainda em desenvolvimento. Mesmo sem serem obrigadas, claro. Como no caso das muçulmanas e do hijabe. Só daqui a muitos anos, vão queixar-se dos bicos de papagaio, sem estabelecer então a relação de causa a efeito. As dos tabuleiros. Não as do hijabe E quanto aos adversários acérrimos do trabalho infantil, estamos conversados. Convém ponderar também estes aspectos, antes de avançar com a candidatura para a UNESCO como César na Gália. Porque não vai ser fácil. Nem lá perto.

Críticas à Festa do tabuleiros

Até os que lucram gozam com os tomaristas


Para as luminárias tomaristas, sempre prontas a apontar o dedo ao Tomar a dianteira 3, acusando-o de só publicar má-língua, de dizer mal,  eis aqui um belo guardanapo ribatejano para limparem os queixos, depois de terem botado faladura:

"Orbivagante Manuel Serra d’Aire

A origem da Festa dos Tabuleiros em Tomar perde-se na bruma dos tempos e só isso pode justificar que o culto da misoginia [misoginia = ódio às mulheres, esclarecimento de Tomar a dianteira 3] perdure até hoje. Há tradições imutáveis; e numa cidade que tem origem nos cavaleiros templários, que não eram propriamente conhecidos pela fervorosa devoção ao sexo feminino, é preciso ter cuidado quando se trata da cultura enraizada. É por isso, provavelmente, que o Cortejo dos Rapazes, na Festa dos Tabuleiros, continua a ter essa designação apesar da absoluta paridade que existe no desfile, composto por pares de meninos e meninas. Com a agravante de serem as moças a terem que carregar com os tabuleiros à cabeça durante o percurso, à semelhança do que acontece no principal desfile com mulheres já feitas.
O Cavaleiro Andante já tinha alertado para esta flagrante desigualdade e eu corroboro-a. O que me admira é que os movimentos de empoderamento feminino ainda não tenham dado pela coisa e não tenham lançado um dos seus manifestos exigindo a mudança do nome para cortejo dos rapazes e das raparigas, dos meninos e das meninas, dos cachopos e das cachopas, deles e delas ou coisa que o valha. Pelos visto as capazes andam distraídas ou entretidas com outras coisas..."

Serafim das Neves, Emails do outro mundo, O MIRANTE online, 19/07/2023

"Igualitário Serafim das Neves

Referes a misoginia da Festa dos Tabuleiros de Tomar e dás como exemplo a manutenção da designação de Cortejo dos Rapazes, para um desfile em que há tantos rapazes como raparigas e em que, ainda por cima, são elas que levam os tabuleiros à cabeça durante todo o percurso. Se pensarmos bem, é exactamente por isso que o cortejo mantém o nome. E também porque assim o exige a tradição.
A Festa dos Tabuleiros pode não ser um exemplo a nível de igualdade de sexos, mas é um excelente exemplo da manutenção das tradições. Gualdim Pais e os homens do seu tempo, cavaleiros templários ou não,  ficariam satisfeitos se voltassem cá e assistissem à coisa.
Mas há outras interpretações. Qualquer feminista das boas te dirá que ao carregarem os tabuleiros, as mulheres mostram a sua superioridade, porque os homens o não conseguem fazer. Seja por não terem força ou não conseguirem equilibrar aquelas torres de pão no cocuruto das suas minúsculas cabeças. E quem sou eu para contestar?!!"

Manuel Serra d'Aire, Emails do outro mundo, O MIRANTE, 20/07/2023, página 10
Com a devida vénia e os agradecimentos de Tomar a dianteira 3

quarta-feira, 19 de julho de 2023



Tabuleiros a património imaterial da UNESCO?


Um seminário assaz peculiar


A imagem supra documenta um seminário, a ter lugar no Politécnico de Tomar, na sexta-feira, 21 de Julho. Por razões que entendo perfeitamente, e aceito sem protesto, antes pelo contrário, não fui convidado e agradeço. O que me leva a escrever esta crónica é a curiosa e variada participação activa no citado evento, ao que percebo integrado na candidatura dos tabuleiros a património imaterial da UNESCO, e financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.
Começando pelo princípio, como diria o secretário do senhor de La Palisse,  Cláudia Pires da Silva é-me desconhecida. Nunca antes ouvi falar da senhora e o Projeto FestasB, ignoro do que se trata. Está publicado? Onde? Tenho uma vaga ideia do pai, (ou sogro?), que foi presidente do IPT durante anos, embora sem doutoramento.
Marta Dionísio também não consta dos meus conhecimentos, nem entendo muito bem o que possa vir fazer num colóquio sobre tabuleiros nabantinos, admitindo contudo que seja eventualmente muito útil. Quanto a João Coroado, é o actual presidente do IPT, doutorado em geologia, se não erro. Só não estou a ver a sua ligação com à festa grande tomarense. Nem ele nasceu cá, nem os tabuleiros são de pedra.
Sobre a nossa querida conterrânea e presidente PS Anabela Freitas, que está de abalada para Aveiro, como vice de um presidente PSD, nada mais acrescentarei, para além de lhe desejar sinceramente boa viagem e todas as felicidades possíveis no novo cargo.
Quanto à senhora Ana Saraiva, chefe de divisão da DGPC, talvez ela aproveite o ensejo para explicar finalmente porque motivo ou motivos a candidatura dos tabuleiros tardou quase quatro anos para ser inscrita na lista nacional do património imaterial, contra uma média de seis meses a um ano, para outras candidaturas. Oxalá assim aconteça.
Segue-se o autor executivo da referida candidatura, André Camponês,  que entretanto foi contratado como funcionário superior da autarquia, e que antes fora indicado ao município tomarense pelo seu director de tese, autor da candidatura da Festa da flor, em Campo Maior, à UNESCO.
Sobre a respeitável vereadora do Turismo e da Cultura, Filipa Fernandes, julgo supérfluo acrescentar o que seja, após a célebre viagem à India, em representação do município, e sobretudo depois da longa lista de eventos musicais à borla e no Mouchão, que já custaram ao município bem mais de um milhão de euros, e boa parte da relva daquele ex-belo parque urbano, sem retorno efectivo, para além dos votos comprados. e que não terão falhado.
Logo a seguir, aparece João Victal, funcionário do município, ex-mordomo competente, culto, simpático e discreto, que continua todavia sem explicar porque resolveu há quatro anos deixar de ser responsável executivo pela festa.
Finalmente, João Pedro Coelho, Tiago Pereira e Tânia Grazinas serão decerto jovens talentos locais, dos quais todavia nunca ouvi falar antes. Ignorância minha portanto. Ignoro totalmente o que possa ser o "Projecto FESTAB", ou qual a relação dos tabuleiros com "A música portuguesa a gostar dela própria". Será já a tal ideia, exposta por Luís Ferreira no Facebook, de ir transformando progressivamente a Festa grande tomarense num festival de música portuguesa, pré-anunciado pelos 20 concertos à borla deste ano?
A terminar, a minha dúvida é esta: Carlos Trincão -que é agora o tomarense que mais sabe sobre os tabuleiros e não só- Áppio Sotto-Mayor, Ernesto Jana ou Maria de Lurdes Craveiro, não foram convidados porquê? Ou foram e recusaram participar como actores, num filme em que não se sentiriam bem? Eles o dirão, se assim o entenderem.