quarta-feira, 26 de julho de 2023

Quantos vieram à Festa grande? Muitos.

O conto do Vigário e os tabuleiros - 1


Já terão decerto ouvido falar do "conto do Vigário", e tido a tentação de perguntar de que se trata afinal, mas nunca ousaram, por ser sempre incómodo passar por ignorante. Sobretudo numa terrinha como Tomar, com tantos sábios, sabões, sabonetes, detergentes e assimilados. Convém portanto começar por explicar a coisa.
O respeitável cidadão Vigário,  ex-emigrante com toda uma vida de expedientes vários, resolveu um dia cravar um conhecido seu. Com música variada e adequada, convenceu-o a emprestar-lhe 25 mil euros, para um negócio infalível, a reembolsar seis meses mais tarde.
Chegada a data do reembolso, nada. O amigo credor começou a ficar preocupado e a pressionar o Vigário, no sentido de cumprir o combinado. Até que, dois meses mais tarde, foi o próprio Vigário a dar a boa notícia. Marcou encontro com o amigo a quem devia no café da aldeia, para o reembolsar e agradecer a boa vontade.
Após alguns "demi panaché" (cerveja misturada com conhaque, um hábito  francês do tempo da emigração), ficaram ambos bastante alegres e aí o Vigário aproveitou para acertar contas. Deu ao outro cinco maços de 50 notas de 200 euros, e pediu-lhe que assinasse um recibo, que trazia já preparado, para evitar dúvidas, "porque há viver e morrer e nunca se sabe".
O amigo leu o documento e ficou agradavelmente surpreendido com o seu teor: "Eu abaixo assinado, Abílio Antunes Zeferino, declaro ter recebido de Adalberto Vigário cinco maços de 50 notas de cem euros, para liquidação da sua dívida de 25 mil euros. Alcafozes, 30 de Abril de 2022". Convencido de que o Vigário estava bêbado, e por isso não se dava conta do engano, assinou logo e arrecadou os cinco maços de 50 notas de 200 euros, após o que se despediu.
No dia seguinte, quando tentou depositar o dinheiro no único banco da aldeia, foi informado  pelo caixa e gerente que as notas de 200 euros eram falsas. Revoltado, foi logo à GNR, onde apresentou queixa contra o Vigário, por abuso de confiança e passagem de dinheiro falso.
A autoridade deslocou-se a casa do alegado falsário, trouxe-o para o posto sob custódia, mas aí o Vigário alegou que havia um mal entendido. Não tinha nada a ver com o tal dinheiro falso, uma vez que pagara ao Abílio com 250 notas de cem euros, conforme constava do recibo assinado pelo outro, que mostrou, e as notas falsas eram de 200 euros. A GNR libertou-o, e o Abílio ficou enrascado, não conseguindo explicar como conseguira as notas falsas.
Em Tomar, estamos desde 2013 numa situação comparável em termos políticos. A maioria socialista pratica com arte o "conto do Vigário", de forma mais sofisticada. (Continua)

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