segunda-feira, 18 de março de 2024

Torre sineira de Santa Maria dos Olivais, com um cartaz anunciando a vinda do papa, contra o qual ninguém reclamou, apesar de ser proibido afixar propaganda ou publicidade nos monumentos nacionais. É perfeitamente visível na parede da direita que o reboco já estava a cair...

Turismo incapazes  e assistidos

O realojamento problemático, 

o buxo sacrificado, a experiência  imersiva

 e o naufrágio nabantino





Se faz parte daquele grupo abençoado dos que detestam ler textos críticos, salvo quando são sobre futebol e afins, por favor passe adiante. Vá ler outra coisa, que o que segue não é para si e pode causar-lhe problemas de saúde, ou pelo menos de digestão.
Desde há anos que por aqui se vai tentando mostrar que em Tomar as coisas não vão bem e poderiam ir bastante melhor, perante a incredulidade de boa parte da população, cuja preparação cívica, infelizmente para todos, lhe não permite enxergar mais. Falei da poluição do rio e dos riscos para o turismo. Falei do realojamento mal programado do pessoal do Flecheiro, que prejudicou e prejudica seriamente outra parte da população.
Expliquei as origens da crise do buxo na Cerca, e indiquei o que se devia fazer para resolver o problema. Anotei a evolução algo caótica dos museus da Levada. Insurgi-me contra o modelo organizativo dos tabuleiros e o seu oneroso custo, e assim sucessivamente. 
Aparece agora o percalço de "experiência templária imersiva", no Convento de Cristo, que durou apenas alguns dias até avariar.(ver link)  Em todos os casos mencionados e em tantos outros, que lentamente vão provocando o naufrágio nabantino, aparecem as mesmas causas: eleitos impreparados e pouco competentes, com comportamentos autistas, ou mal aconselhados por oportunistas de vão de escada, à coca de dinheiros europeus e respectivas escorrências.
No caso do rio, acharam que bastava anunciar um investimentos de 20 milhões e a coisa ficava resolvida. Não ficou. O realojamento dos calés do Flecheiro até nem correu muito mal, mas ninguém ponderou antes as consequências nefastas para os novos vizinhos, que eram detectáveis, e elas aí estão. cada vez mais graves e frequentes, como era previsível. E depois ainda acham que quem vota no Chega é porque não regula bem da cabeça...
O caso do açude do Mouchão, tradicionalmente desmontável, que se tornou fixo para não sobrecarregar o pessoal braçal da Câmara, transformou-se numa anedota. A presidente de então reconheceu que tal não era a tradição, e que o açude aumentava o nível médio da água, mas garantiu que em caso de inundação não haverá agravamento provocado pelo açude. Mais comentários para quê?
Situação semelhante no caso do maltratado jardim da Mata. Cortada a água dos Pegões, alterou-se um ecossistema que já durava há três séculos, e cujo desaparecimento já causou e vai continuar a provocar sérios danos no coberto vegetal, a começar pela antiga Horta dos frades, o actual jardim da entrada. Do alto da sua competência, assessorada não se sabe por quem, Anabela Freitas.determinou e mandou publicar, à custa dos contribuintes, a sua sentença sem apelo nem agravo: é uma doença do buxo, um fungo, e os técnicos garantem que com uns tratamentos de insecticida o problema fica resolvido. Basta lá ir para ver que não ficou. Resta arrancar e replantar. Para depois secar novamente, enquanto a água não voltar a correr nos Pegões, até à torre de Dª Catarina, no castelo templário.
Falando em templário, surge agora, repentinamente, o caso da "experiência templária imersiva", que foi muito badalada, mas durou apenas alguns dias. Uma arreliadora avaria obrigou a encerrar a sala respectiva, que ninguém sabe quando reabrirá, pois depende de serviços de manutenção informática, que se ignora quando e de onde virão. Isto num monumento Património da humanidade, com problemas de estacionamento, de acesso, de segurança, de visitação, de horários, de sanitários e de recursos humanos preparados. Mas houve quem entendesse que era melhor instalar a tal sala imersiva, que permitiu arrecadar umas largas centenas de milhares de euros aos seus autores. A manutenção, as lacunas e os visitantes que se lixem.
De resto, há mais de dois anos, a autarquia encomendou a uma empresa de Braga, pela módica quantia de cem mil euros, um conjunto de sinalização turística a instalar no núcleo histórico. Onde está essa sinalização? E não se pense que são só casos do passado. Nos últimos dias, o Tomar na rede alertou para a queda de pedaços de reboco da torre sineira de Santa Maria dos Olivais.(ver link). 
Ao contrário do afirmado na notícia, que foi útil e oportuna, o perigo é bastante relativo, pois o reboco já vem caindo há pelo menos dez  anos (ver imagem) e ainda não se registaram acidentes pessoais. Mesmo assim, apareceu logo um usual comentador a recomendar "um aturado trabalho de manutenção em todo o conjunto, cuja importância histórica é por demais evidente." E a terminar com este encómio: "Merece uma atenção ao nível do que se praticou na Igreja de S. João." Que custou quase dois milhões de euros, convém recordar.
Azar dos azares, quem conhece aquele templo de além da ponte, sabe muito bem que apenas necessita um novo reboco com saibro em parte da torre sineira, e alguma atenção no portal principal, cuja recuperação é praticamente impossível, dado o estado avançado de degradação, provocada pelo salitre ou cancro da pedra. Tudo o resto está bem e recomenda-se, incluindo o telhado, que foi limpo e reparado há poucos anos. Mas os fundos europeus, e sobretudo as respectivas escorrências, são uma tentação neste desgraçado país. Mais uns milhões europeus para Santa Maria, vinham a calhar para certos bolsos, mesmo não havendo necessidade de grandes obras naquele outrora panteão templário.




domingo, 17 de março de 2024


Meu Caro Amigo António Rebelo, mais uma vez vem do Brasil o que falta em Tomar e se me permite, já que ninguém lê eu aproveito aqui entre nós, para lhe dizer a minha opinião e no sentido de concordar com quase tudo o que tem vido a abordar sobre este importante assunto, nomeadamente para a nossa terra.
Debate sério, sobre os problemas e qual a estratégia, essa é a questão fundamental para o progresso no futuro de Tomar, já que o passado é bem evidente, foi e é um desastre tremendo, na governação municipal.
Outra coisa é o recrutamento do pessoal político, para a gestão municipal.
Esse foi também um grande problema nos últimos 50 anos e será no futuro.
Ausência de conhecimento político, de gestão pública e de conhecimento de áreas a gerir ou a desenvolver, isso matou como estamos a assistir, qualquer possibilidade de melhoria em qualquer área.
Só o gasto em foguetes aumentou.
Tomar e Portugal, necessitam de um forte abanão e parece estar já em marcha e na ausência de outra via o CHEGA, será possivelmente muito útil para que isso aconteça, razão evidente são já os votos que obteve nesta eleição.
Duas outras questões, que no PS não foram permitidas discutir e que agora se colocam é a base eleitoral actual, são os mais velhos e menos instruídos.
Curioso é, que tendo o PS na sua liderança a geração mais nova (da JS), não atraia os eleitores mais novos, sinal mais do que evidente, da sua errada gestão e estratégia.
Enfim é na mudança de pessoas de estratégia e muito possivelmente, até de partidos, que o futuro pode ser melhor, é já hoje o sinal dado por os eleitores, falta assim o debate, a escolha dos protagonistas a apresentar aos eleitores, os programas e equipas, para uma outra e melhor governação dos interesses da comunidade.
Claro que em Tomar isso é uma impossibilidade, em que o CHEGA, terá agora uma grande possibilidade de fazer acordar, não só o PS, mas também o PSD, de que assim não servem Tomar.
Pena, que numa análise séria e livre a esperança, possa estar noutros novos partidos e não nos que naturalmente o meu caro Amigo, eu também e muitos outros eleitores esperam.
Será que o PS, acorda e faz o óbvio?
Texto de António Alexandre, copiado do Facebook

Política local - debate

Desde o 25 de Abril, 
em Tomar "só o gasto nos foguetes aumentou"


Meu caro conterrâneo e amigo António Alexandre:

Gostei tanto do seu detalhado comentário no Facebook, que resolvi copiá-lo e publicá-lo mais acima, com os meus agradecimentos. Não queria estar agora no seu lugar. Provedor da Santa Casa, haverá leitores que vão decerto pensar que o meu prezado amigo devia era entreter-se a tentar fazer milagres, em vez de criticar os daquela casa onde ambos já fomos felizes, e os outros mais alaranjados.
A mim, o que me preocupa sobretudo, é a manifesta incapacidade dos visados para entenderem o meio humano no qual vivem e trabalham. Como bem sabe, em vez de ouvirem e eventualmente responderem, como é seu direito, tanto a maioria como a oposição acham que o problema são os críticos e a liberdade de informação.
Consideram que estão a governar bem, ou a desempenhar correctamente o seu papel de oposição, e que os que criticam querem apenas roubar-lhes os lugares. Que são gente sem categoria. O mais curioso, é que quase toda a informação local parece também pensar a mesma coisa, mas percebe-se porquê. Têm a mesma origem social, frequentaram as mesmas escolas, vão aos mesmos cafés e restaurantes, e comem dos mesmos orçamentos.
Nestas condições, é óbvio que o Chega aparece agora como a única alternativa possível. Resta apurar se os seus actuais dirigentes saberão estar à altura das circunstâncias. Alguns indícios recentes levam a pensar que há neles um excesso de entusiasmo com o recente sucesso nas legislativas, uma certa euforia,  o que os leva a assumir atitudes tipo César na Gália: "Cheguei, vi e venci". Se assim for, nada feito. Como bem sabem os que foram caçadores, só se deve vender a pele do animal depois de o capturar.
Ganhar a Câmara de Tomar não vai ser nada difícil em 2025. Basta ouvir quem sabe, (um saber de experiência feito), arranjar antes o candidato adequado, um projecto  bem estruturado, e uma lista com fôlego. Daquelas que impõem respeito, mesmo aos adversários. Depois é só fazer uma campanha eleitoral eficaz e aguardar os resultados. 
Haverá bom senso para tanto? Como reza o velho provérbio, "dá tempo ao tempo, e o tempo dá-te todas as respostas." Mas há também o dito milenar chinês, segundo o qual "quando o dedo aponta a Lua, os néscios olham para o dedo". E quando se limitam a olhar para o dedo, ainda nem tudo está perdido. Pior é quando resolvem hostilizar, como é por vezes  o caso em Tomar.

sábado, 16 de março de 2024

Henrico Berlinguer, secretário geral do PCI, partidário do eurocomunismo, que chegou a alcançar 25% dos votos em Itália. Onde isso já vai...

Resultados eleitorais

A pensar em voz alta...

Aqui, a mais de sete horas de avião de Lisboa, seguindo com empenho o que se passa no meu país e na minha terra, tenho a deia que os eleitores de esquerda, sobretudo os das alas mais radicais, ficaram atordoados com a para eles inesperada subida do Chega. De tal forma que choveram, e continuam a chover, disparates a esse respeito. Desde o "pôr de parte" às acusações caluniosas, tem havido de tudo, culminando com a expressão muito tomarense "está tudo doido ou quê?", que vinda de gente de esquerda, me levou a pensar nos internamentos psiquiátricos forçados, que se praticavam na ex-União Soviética, nos anos 60-70 do século passado. Com uma argumentação praticamente inatacável: Quem criticava um regime tendo como objectivo assumido o bem comum, só podia estar louco. Há hoje em Tomar, sobretudo entre os novos licenciados disto e daquilo, quem pense exactamente o mesmo. Mas ganrantem que não são comunistas. Contradições por assumir.
Atingiu-se agora tal nível nos comentários disparatados, que o próprio secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, foi claro e contundente: "Não há 18% de fascistas no país." Pois não, camarada Santos. Nem 18% de cidadãos que saibam o que isso é, quanto mais agora 18% de fascistas.
O pessoal político formado à pressa em 1974/75, e os seus herdeiros, têm interesse em reformular o discurso quanto antes, sob pena de desaparecerem a médio prazo. Porque, sejamos francos, o fascismo foi um movimento político italiano de extrema direita, que se associou aos nazis de Hitler, tendo depois o seu fundador, Benito Mussolini, sido executado publicamente pelos seus adversários, juntamente com a sua companheira. O problema é que, havendo ou não muitos fascistas em Itália, eles estão de novo no governo da senhora Meloni, juntos com outros partidos de extrema-direita. E não consta que a União europeia esteja muito incomodada com tal situação, proveniente de eleições livres e limpas, após o que não há nada a fazer, senão aceitar.
Na minha óptica, o Chega não é um partido fascista nem anti-democrático, de acordo com as normas ocidentais, mas apenas um movimento político de causas. Aquilo a que a extrema esquerda chama populismo, e existe um pouco por toda a Europa, com destaque para a França, a Itália a Holanda e a Hungria, E que estava a fazer muita falta em Portugal, onde partidos sem passado, com a notável excepção do PCP, se arvoraram em condutores de massas, a reboque dos militares de Abril, com excelentes intenções mas desprovidos de grande formação política.
De tal forma assim tem sido, e se mantém, que em Tomar subsiste um caldo partidário tipo sopa de pedra. Um consenso geral nunca assumido, que faz que anda mas não anda, nem deixa andar. A título de exemplo, o Chega diz publicamente ao que vem: combater a corrupção e os tachos, controlar a imigração, os ciganos e os assistidos do RSI, melhorar a justiça, moralizar a administração pública, e por aí adiante. As tais causas.
Cinquenta anos após Abril, os partidos tradicionais com expressão tomarense, o que pensam a tal respeito? Ninguém sabe. Mesmo no que concerne a temas locais, impera o silêncio e o subentendido.
Qual a posição de cada partido em relação ao oneroso modelo organizativo dos tabuleiros? Ao desempenho dos serviços camarários? Sobre o parque de campismo? Àcerca da degradação da Mata e dos Pegões? Do realojamento dos ciganos de Flecheiro? Da gestão do Convento de Cristo? Dos equipamentos turísticos que não há? Do estacionamento no casco urbano? 
Reina o acordo tácito geral. Nada de mexer em assuntos que podem prejudicar, em termos de posterior recolha de votos. Com uma única e notável excepção: No caso lamentável da Tejo Ambiente, a CDU já se pronunciou claramente. São a favor do desmantelamento e do regresso aos SMAS-Tomar. Não se pode dizer que seja uma posição muito realista, mas tem o mérito da clareza, enquanto os outros...
É a evidente falta de coragem e de transparência dos partidos tradicionais que vai alimentando o Chega, com Ventura a saber abordar os temas que mais agradam à generalidade da população. O Chega ganhou no Algarve, porque além dos seus temas acima elencados, prometeu que trataria do Hospital e da crónica falta de água, por exemplo.
Em vez de se excitarem contra o êxito do Chega, numa clara demonstração de desejo mimético contrariado, os militantes da esquerda, sobretudo aqueles da mais radical, deviam estudar com atenção o que aconteceu ao partido de Henrico Berlinguer, e aos seus 25% de votos, de Georges Marchais e os seus 20% de votos, de Krivine e a sua 4ª internacional, e mesmo ao PS de Miterrand, em vez de moerem o juízo a gente politicamente pouco culta, com posições caducas e temas ultrapassados. Porque no meu entender, o Chega está para crescer e durar, quer se goste ou não, como fica demonstrado com a senhora Meloni e a senhora Marine Le Pen, que apesar de vítima de Macron, num célebre debate em que não se mostrou à altura, vai conquistando cada vez mais votos para o partido fundado pelo seu pai.


 

Documento copiado da página Facebook do arquitecto Nuno Madureira.

Política local-obras particulares

UMA VITÓRIA DA CIDADANIA


A imagem supra testemunha uma  vitória da cidadania, o que não é pouca coisa em Tomar, terra de gente acomodada, que não gosta nada de política. Preferem em geral futebol, cerveja e tintol. 
Considerando-se injustiçado sem base legal para isso, o arquitecto Nuno Madureira ousou reclamar publicamente, em vez de tentar negociar favores "por baixo da mesa". Apresentou as suas razões directamente no executivo, mas também na informação local, numa atitude corajosa, sabendo muito bem que poderia vir a ser prejudicado por posterior retaliação. Correu o risco.
Em vez disso e felizmente, acaba de ver deferido o seu projecto em causa, o que constitui um importante sucesso cívico numa pacata cidade provinciana. Não é ainda o fim da camarilha municipal, que muitos sabem que existe, mas ninguém quer enfrentar. É um golpe sério naqueles que abusam dos seus lugares de funcionários públicos em proveito próprio. Gente de escassa vergonha e fraca envergadura moral.
Já aconteceu uma vez na Câmara tomarense. Em 2015, o então chefe de gabinete Luís Ferreira e o vice-presidente, arquitecto Serrano, procuraram ultrapassar um problema semelhante de licenciamento indeferido, em que, curiosamente, também ocorreu um erro como agora, com uma rua urbana a ser considerada caminho vicinal. Conseguiram levar a melhor, mas pouco depois foram ambos afastados, em circunstâncias ainda hoje por apurar.
Será que desta feita, a camarilha foi forçada a recuar em toda a linha, mas está já a preparar a contra-ofensiva? Seja como for, uma coisa é certa: Em Outubro 2025 haverá eleições autárquicas, e para qualquer lista concorrente que queira respeitar o eleitorado, a principal tarefa prioritária será controlar, arejar e aligeirar a função pública municipal, sobretudo na sua componente urbanística e de licenciamento de obras particulares. Fica desde já aqui escrito, para depois não haver esquecimentos nem surpresas. 
O ofício supra está datado de 12 de Março, mas como é evidente o resultado das eleições legislativas, ocorridas dois dias antes,  particularmente o do Chega, não teve qualquer influência na sua elaboração e envio à requerente britânica. Nem pensar. Foi um simples acaso.
Entretanto, parabéns e um grande aplauso para o corajoso arquitecto que ousou defender-se e venceu. Audaces fortuna juvat, a sorte protege os audazes, já diziam os romanos. Ficamos todos a ganhar, porque foi uma importante vitória da honestidade e da transparência, contra a malandragem diplomada, habituada a "coçar-se para dentro", como diz o povo. Vitória transitória? Ainda assim melhor que nada.


quinta-feira, 14 de março de 2024

Análise de resultados eleitorais

O PS -Tomar conseguiu 

salvar a honra do convento, mas...

TOMAR – Câmara investe cerca de 560 mil euros no associativismo do concelho | Rádio Hertz (radiohertz.pt)

Ladina como é, a vereadora Filipa já está a procurar pôr água na fervura. Sai mais meio milhão de euros dos cofres municipais, para comprar votos nas colectividades concelhias. (Ver link) A senhora fala de investimento, decerto sem se dar conta que despesa pública nunca é investimento, pois não origina valor acrescentado monetário como retorno. A não ser talvez na sua óptica assaz peculiar. Deve considerar um investimento, porque fica a aguardar os dividendos em votos, lá para Outubro de 2025. Parece-me, porém, que pode estar a ver mal a nova situação, após as recentes legislativas.
Conquanto tenha conseguido salvar o essencial -averbou mais votos no concelho que a AD- o PS está agora numa situação deveras desconfortável. Para além dos sucessivos escândalos camarários, os resultados eleitorais também não têm sido brilhantes. 39,70% em 2021, 42,61% em 2022, mas só 29,82% em 2024.
Tudo isto num universo eleitoral muito particular. Em 2013 havia 37.310 eleitores inscritos, e votaram 53,30% = 19.880. Onze anos decorridos, em 2024 votaram 22.240 = 66,23%, mas os inscritos já são apenas 33.346. Menos 3.964 eleitores inscritos, em relação a 2013.
Situação nova em Tomar, que altera tudo o antes tido por adquirido: Em relação a 2013, votaram mais 2.360 eleitores, num concelho com menos 3.964 inscritos. Dedução lógica, este aumento de afluência às urnas deve-se a cidadãos que antes não votavam, considerando que quem não vota é porque está insatisfeito e tende a emigrar logo que possível. Estes são portanto os que ficaram apesar de tudo, para agora protestarem, e de que maneira!
Nestas condições, os milhões em festas, subsídios e concertos, tudo à borla, só têm resultado na aparência, pois não só a crise continua e se agrava, como agora os descontentes resolveram manifestar-se, votando no partido da direita de protesto. O Chega ultrapassou os 20% em todos os concelhos da região, tendo obtido o melhor resultado em Constância, com 27,76%. Em Tomar, após 6,95% em 2021 e 9,86% em 2022, alcançou agora 20,67%, o mesmo patamar do PS, com 29,82%, o que contrasta com 39,70%, em 2021, e 42,61% em 2022, convém relembrar.
Conclusão: Ou muito me engano, ou respeitando algumas ideias básicas e evitando cometer demasiados erros, o Chega pode vir a alcançar uma brilhante vitória em Tomar nas próximas autárquicas, aproveitando a óbvia falta de arcaboiço do PS local e a notória inépcia do PSD nabantino. Espero ainda poder assistir aos efeitos da alegada má-língua, pelos jeitos muito activa no Algarve, onde o Chega ganhou.


Política local - Debate


"Houston, temos um problema!"


Ao ler e reler a tribuna do PSD, aqui publicada ontem, sem comentários, como exige o estrito respeito pela democracia de tipo ocidental, senti-me um pouco como aquele astronauta que em tempos disse lá de cima para a base "Houston, temos um problema!", porque algo não funcionava a contento. Neste caso, não se trata de funcionamento, mas de incompreensão, quiçá provocada pela distância e pela diferença de temperatura. O comunicado partidário terá sido escrito no frio e eu li-o no calor, o que poderá ter embaciado o meu raciocínio.
Seja como for, há nele três pontos que, sem me provocarem azia, tão pouco me agradaram. O que me leva a esta contestação serena, no âmbito do normal debate democrático, sem acrimónia nem cedências. O primeiro e mais gritante é o próprio título. Não consigo entender em que se baseiam para afirmar que "AD cresce e aponta para a mudança em Tomar". Na verdade, conservaram os 3 deputados distritais, perderam em Tomar para o PS, e mantiveram a pequena diferença numérica desfavorável, que já vem das autárquicas de 2013. É isto que aponta para a mudança? Não se vê como. A não ser que estejam a pensar noutra mudança, aquela de que falou Camões, num verso célebre...
Afirmam que o PS perdeu 1.600 votos no distrito, e podiam até ter acrescentado que perdeu também 13 pontos percentuais , em relação a 2022, mas esqueceram-se de acrescentar que o beneficiário dessa queda foi o Chega, que passou de um para três deputados no distrito, sendo que nenhum deles é de Tomar, infelizmente.
O segundo ponto refere-se justamente aos candidatos a deputados. Já aqui foi dito, noutra altura, que a candidatura social-democrata tomarense foi um desastre, ao lograr apenas o nono e último lugar na lista partidária, contrastando com o 2º lugar do socialista Hugo Costa, o que terá sido uma das causas do fraco resultado local do PSD. Assim sendo, a que propósito resolveram mencionar a candidata de triste memória neste comunicado? Foi exigência da própria, que padece de cabotinismo? Nunca ouviram dizer que quanto mais se mexe em certas coisas, mais desagradável é o cheiro?
O terceiro e último ponto é sobre o próprio comunicado. É natural a divergência de opiniões, a tal ponto que, já no tempo da outra senhora, o professor José Hermano Saraiva tinha um programa na TV, cujo título nunca causou engulhos à censura de então: "Outras maneiras de ver". Só que há maneiras e maneiras. É a velha história da garrafa, meio cheia, meio vazia, ou meia, e todos têm razão. Ressalta todavia deste comunicado que, uma de três: ! - Os dirigentes laranja nabantinos estão a ver mal o problema das legislativas, em que foram vencidos em Tomar sem apelo nem agravo. 2 - Compreendem muito bem a situação, mas resolveram tentar iludir mais uma vez os eleitores. 3 - Não entendem bem as causas do que se passou, e resolveram proceder como habitualmente.
Como dizem os índios, que oficialmente são pardos, aqui pelo nordeste brasileiro "São brancos, eles que se entendam!" Não devem contudo esquecer que é a partir de agora que se ganham ou perdem as autárquicas de 2025, pelo que convirá refletir, afastando desde já quem seja demasiado susceptível, pois como é bem sabido, "quem tem calos não se deve meter em apertos", e com a extraordinária ascensão do Chega, a situação política ficou mesmo muito apertada. Passou-se de uma situação bipartidária, para uma tripartidária. Não é pouca coisa, sobretudo nas cidades mais pequenas, com executivos de cinco, ou de sete elementos.
Muito mais complicada ainda, é doravante a situação no concelho de Silves (Algarve), cuja Câmara é de maioria CDU (PCP-PEV), mas onde o Chega ganhou folgadamente, ficando aquela coligação de esquerda em 4º lugar, com 5,96%. Nas autárquicas de 2021, a CDU obteve 43,1% e 4 eleitos num executivo de 7. Aceitam-se explicações convincentes a respeito, partindo do princípio que não se devem comparar autárquicas com legislativas, embora os eleitores sejam os mesmos, nas mesmas condições exteriores.


 

quarta-feira, 13 de março de 2024

Política local

Tribuna do PSD - Tomar 

ELEIÇÕES LEGISLATIVAS:

AD CRESCE E APONTA  

PARA A MUDANÇA EM TOMAR


As eleições legislativas que se realizaram no passado dia 10 de março constituíram um ponto de viragem no panorama político do nosso país, com a vitória da Aliança Democrática (AD) e, ao que tudo indica, com a formação de governo liderado por Luís Montenegro.
Ao longo de toda a campanha, a equipa da Aliança Democrática, onde constava Lurdes Ferromau Fernandes, como candidata a deputada à Assembleia da República, percorreu os 21 concelhos do distrito de Santarém, visitando empresas, serviços públicos, associações, IPSS, património e contactando com a população, registando preocupações e anseios. Uma campanha distrital de muita dinâmica que resultou na eleição de 3 deputados - Eduardo de Oliveira e Sousa, João Moura e Isaura Morais -, a quem desejamos um excelente mandato na defesa do nosso território.
Em Tomar, apesar do Partido Socialista ter mantido uma vantagem de 261 votos sobre a Aliança Democrática, é impossível ignorar a queda de mais de 1.600 votos quando comparado a 2022, enquanto a coligação liderada pelo PSD está numa clara trajetória crescente, recuperando mais de 600 votos face às últimas eleições legislativas. Um crescimento que reflete o empenho e a dedicação das estruturas locais, dos autarcas, militantes e simpatizantes. Destaque também para a vitória da Aliança Democrática em 5 freguesias do nosso concelho (União das Freguesias de Tomar, União das Freguesias de Casais e Alviobeira, União das Freguesias da Serra e Junceira, Olalhas e São Pedro).
O resultado e o crescimento da AD em Tomar criam perspetivas promissoras para as eleições autárquicas de 2025, ficando clara a vontade de mudança dos tomarenses. Estamos empenhados em continuar a trabalhar pelo desenvolvimento do nosso concelho e honrar a confiança de todos os que que votaram Aliança Democrática.
Por último, o PSD de Tomar agradece a todos os que contribuíram para este resultado eleitoral e a todos os envolvidos no processo eleitoral.

Tomar, 12 de março de 2024

PSD de Tomar