sábado, 12 de abril de 2025

 

Um dos acessos ao castelo de Leiria.

Turismo e estruturas de acolhimento

TOMAR/LEIRIA: 
Mais turistas mas menos equipamento

Num saudável, sereno e raro debate escrito sobre turismo e indústria em Tomar, o leitor José Caldas discordou da posição de TAD3, segundo a qual Tomar deve apostar sobretudo no desenvolvimento do turismo. Segundo José Caldas, sem indústria nada feito, Teremos apenas baixos salários e empregos pouco qualificados. E apresentou Leiria, como exemplo de desenvolvimento industrial e turístico.
Procurei esclarecer então que a cidade do Liz é sem dúvida um caso feliz de desenvolvimento industrial, mas nunca foi nem é um grande polo turístico, por evidente falta de recursos/âncora. Intuindo que José Caldas não ficaria assim muito convencido, foi-se à procura de argumentos para mostrar a diferença entre Tomar e Leiria, na área do turismo cultural.
Em Tomar, o principal monumento é o Convento de Cristo, que registou 311 mil visitantes em 2024, a 15 euros cada um (4 milhões 665 mil euros, que vão para Lisboa, porque a Câmara nunca reivindicou a gestão do Convento). Durante o mesmo período, o Castelo de Leiria, principal atracção turística daquela cidade, registou 124.788 visitantes, a dois euros cada entrada (249.576 euros, que entram nas contas camarárias). Há portanto uma nítida diferença entre as duas cidades, tanto em termos quantitativos como qualitativos, tendo em conta o custo da entrada nos monumentos respectivos.
O mais insólito na comparação Leiria-Tomar é que, apesar dos 311 mil visitantes em 2024, a 15 euros por cabeça, em Tomar o acesso ao Castelo-Convento, a partir do centro histórico, só pode fazer-se a pé, via Calçada de S. Tiago ou pela Mata dos 7 montes, ou em transporte motorizado poluente. Já em Leiria, com apenas 125 mil visitantes em 2024, a 2 euros cada um, pode escolher-se a forma de acesso ao Castelo. Além das vias pedestres tradicionais, há também um elevador inclinado, do lado norte, e dois elevadores verticais do lado sul do castelo. (ver imagem supra)
Fiquei com a impressão que em Tomar estamos um bocadinho atrasados na área dos acessos ao Convento, quando comparamos com Leiria, por exemplo, e andamos a procurar disfarçar com a necessidade de reindustrialização, mas é capaz de ser apenas uma opinião demasiado pessimista...



3 comentários:

  1. Não é pessimismo, é realismo.
    Não basta entender que industrializar é bom, é necessário conhecer as bases existentes, de onde se pode partir, e em direção a onde, para construir o quê. E em que tempo, porque o estado de crise e declínio em que estamos em Tomar requer ações que produzam resultados em tempo útil.
    E se for assim, não duvido quais são as bases e o caminho a percorrer. Herança patrimonial, histórica e cultural. Turismo com T.

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  2. Deve ser falha minha, pois não consigo explicar ao António Rebelo que concordo com as sua posição quanto ao Turismo, em especial todas as lacunas que existem e são gritantes e antigas em Tomar.
    A diferença está que não considero o Turismo O salva vidas de Tomar e muito menos de Portugal.
    Continuo a afirmar que é um setor predador , em especial quando ultrapassa a faixa dos 15% do PIB , e de pouco valor acrescentado, servindo para ocupar mão de obra desqualificada e barata , em países em desenvolvimento.
    Se continuarmos em Portugal a apostar em aumentar a quantidade , iremos a caminho de sermos um país tipo Inatel dos países ricos, e até a segurança começa a desviar turistas com maior poder de compra .
    Tem de haver setores com bons salários, e valor acrescentado e se possível exportados para que os próprios portugueses tenham condições de ficar em Portugal e também eles possam fazer férias em Portugal, coisa que cada vez menos acontece, sem ser em casa.
    E estes setores são o industrial, o de serviços tecnológicos e de produtos inovadores, não é o Turismo!!

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    1. Muito esclarecedora esta sua resposta, que agradeço, bom amigo Zé Caldas. Já desconfiava que é muito mais aquilo que nos une politicamente, do que aquilo que nos separa, mas assim dissipam-se as dúvidas.
      Concordo inteiramente com a parte final deste seu comentário. Aquilo que tenho criticado é a tendência para usar a necessidade de reindustrialização como argumento para não fazer nada na área das estruturas de acolhimento turístico, como tem sucedido em Tomar. Caiu--se numa situação de nem indústria nem turismo. Nem o pai morre, nem a gente almoça. Não lhe parece?

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