sábado, 31 de dezembro de 2022




Turismo

A diferença entre brincar ao turismo 

e trabalhar em turismo

Jericoacoara é um pequena vila costeira, de 10 mil habitantes, a cerca de 400 quilómetros de Fortaleza. Mantém as ruas de areia, sem pavimentação, por decisão dos seus habitantes, que integram o Município de Jijoca (17 mil habitantes). Ambas estão integradas no Parque nacional de Jericoacoara, com 7.850 hectares, cujas principais atracções são as dunas, os lagos, as praias, o penedo furado e a árvore da preguiça. A principal actividade económica é o turismo, com cerca de meio milhão de visitantes por ano.

Segundo O Povo de hoje, página 13, o Parque nacional de Jericoacoara vai ser concessionado a privados, por 30 anos, não podendo o valor oferecido ser inferior a 1 milhão e duzentos mil euros. Além disso, cada concorrente terá de apresentar uma garantia bancária correspondente a 2 milhões de euros, bem como comprovar ter experiência em:

-gestão do património monumental e natural
-bilhética
-estacionamento
-acessibilidades
-hospedagem
-alimentação
-comércio
-eventos

para um fluxo anual mínimo de 240 mil clientes/ano. A arrematação à melhor oferta terá lugar em 20 de Março, na Bolsa de valores de S. Paulo. Não estão previstos subsídios, nem ajudas europeias.
Como se pode ver, os brasileiros/cearenses não brincam ao turismo. De resto, até já usam vocabulário diferente. Os profissionais de terreno dizem que trabalham no "recetivo", enquanto os docentes universitários e outros estudiosos do sector, não são mais peritos em Turismo, mas simplesmente "turismólogos". Ora toma! Só em Tomar é que basta perceber alguma coisinha de eventos para dirigir o turismo local. Por isso estamos cada vez melhor no recetivo.



VOTOS DE BOM 2023

Para os que lêem regularmente e com gosto Tomar a dianteira 3, assim demonstrando que preferem a nudez forte da verdade ao manto diáfano da fantasia, Feliz 2023! Com a noção de que vêm aí dias, semanas e meses difíceis. Mesmo para os que pensam conseguir passar, mais uma vez, pelos intervalos da chuva.

Para os outros, Bom 2023! Que será o melhor de sempre e durante o qual tudo vai correr pelo melhor, com Portugal ao abrigo de qualquer crise sistémica e Tomar no rumo certo, embora ninguém diga ou saiba sequer para onde. Vão continuando a intrujar o pessoal, enquanto não chegar a vossa vez de serem intrujados. A gamela também se acaba.

Tudo de bom, para todos os de boa vontade. Para os outros, aquilo que merecem.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

Funcionários municipais e antigos combatentes

Para os amigos tudo.
Para os outros aplica-se a lei.

https://omirante.pt/opiniao/2022-12-30-A-Municipalizacao-da-Educacao-5fd7cf76

Quando a Câmara de Tomar se prepara, finalmente, para organizar concursos públicos para provimento dos lugares de chefe de divisão e de director de serviços, há anos ocupados em regime de substituição, parece útil aconselhar a leitura da crónica semanal de Santana Maia Leonardo, n'O Mirante online. (ver link supra). 
Entretanto, tendo sempre presente que o Município de Tomar é, sem sombra de dúvida, uma pequena ilhota de honestidade num oceano de pouca vergonha, porque outra coisa seria inimaginável, visto que o lema da casa é "Para os amigos tudo, para os outros aplica-se a lei", eis dois excertos da tal crónica, para aguçar o apetite, uma vez que a leitura de Tomar a dianteira 3 é geralmente pouco apetitosa e de difícil digestão, sobretudo para os honestos servidores  públicos tomarenses, sempre acima de qualquer suspeita. Era só o que faltava!
"Ora, sendo do conhecimento público que a contratação de pessoal das autarquias, mesmo por concurso público, é totalmente viciada, ao ponto de se saber sempre quem ganha o concurso antes dele se realizar..."
E, antecipando-se aos costumeiros protestos indignados dos senhores eleitos e funcionários, que insistem em considerar que os cidadãos são todos néscios, acrescenta Santana Maia Leonardo: "E não vale a pena os hipócritas fingirem-se escandalizados com o que acabo de afirmar, porque toda a gente sabe que é assim que as coisas funcionam. E não só nos concursos. É em tudo." Este "É em tudo" mostra bem a bela realidade tomarense.
Na tal ilhota de honestidade num oceano de pouca vergonha, para não irmos mais longe, há ex-Flecheiros isentos do pagamento de renda de casa, e até uma escola profissional que acaba de conseguir a isenção permanente do pagamento da modesta renda mensal de 2.600€. Já os antigos combatentes e respectivas viúvas, apesar do direito permanente a transporte público gratuito, atribuído expressamente pelo governo, têm de pagar 30 euros anuais e submeter-se ao beija-mão mensal nos serviços municipais de atendimento, para poderem circular na vastíssima rede de transporte dos TUT.
Mas estão isentos de usar uma estrela vermelha ao peito, cozida no vestuário, com a inscrição "Combatente na guerra colonial", bem como uma coleira em plástico vermelho, com uma chapa metálica numerada, a fornecer pela autarquia. Por enquanto?
É o zelo antifascista, da rapaziada que tinha dez anos ou menos ainda, na altura da guerra no então ultramar. O autor destas linhas, por exemplo, andou de arma na mão no norte de Angola, entre 1963 e 1965 (CCAÇ 593/R.I.7). Que idade tinham os agora autarcas nessa altura? 
Acresce, por ser ainda mais triste, se tal é possível, que a maioria autárquica autora da evidente falta de estima pelos antigos combatentes e viúvas, tem entre os seus membros um militar de carreira, na situação de reserva, que pelos jeitos não viu nada de mal no caso dos seus antigos camaradas de armas. Ou viu, mais achou mais prudente o silêncio? Isto é que é uma terra!
Feliz ano ano novo, mesmo assim.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

 

Política local

O íntimo desconforto 

dos apoiantes socialistas locais

Habituados à política pura e dura desde o duplo regicídio da Revolução francesa, há mais de dois séculos, os franceses, se habitassem em Tomar há alguns anos, diriam simplesmente "Il fallait s'y attendre". Que é como quem diz, em língua lusa, "já era de se esperar". Deslumbrados com a inesperada vitória que lhes caiu no colo em 2013, os costistas locais nunca perceberam, nem quiseram compreender, o que lhes aconteceu. A euforia excessiva tem dessas coisas.
Em vez de aceitarem a realidade, considerando que foi o PSD que perdeu e não propriamente eles que ganharam, preferiram a fantasia triunfalista e agiram em consequência. Enquanto foram negociando, com dinheiros públicos, o apoio da informação local, difundiram a versão segundo a qual quem os criticava eram invejosos, ressabiados, inimigos pessoais, ou estavam feitos com o PSD, os culpados de tudo.
Enquanto os social-democratas, por razões que não cabe agora analisar aqui, foram assumindo a posição de oposição colaborante, as tretas socialistas foram funcionando e intrujando o eleitorado. Tomar na rede e Tomar a dianteira 3 eram, para o núcleo duro dos costistas locais, órgãos malditos, difundindo só doutrina falsa e pecaminosa.
Pouco a pouco, insensivelmente, o ambiente mudou. Com a vitória de Montenegro no PSD, passou a haver oposição a sério na Câmara de Tomar, de que é exemplo este relato enviado à informação local pelos social-democratas tomarenses: "Na reunião do executivo de 26 de Dezembro, o vereador Tiago Carrão apontou este final de ano como um "desastre" para a governação socialista que, nas últimas semanas, foi notícia nacional pelas piores razões (Público, SIC, TVI, Correio da Manhã, Polígrafo): eventuais irregularidades na contratação pública de Tomar Natal, preços das casas a aumentar 30%, ambulâncias avariadas, poluição no rio Nabão." (PSD Tomar, informação à imprensa sobre a reunião camarária de 26/12/2022).
Todos cheios de si próprios, ao terem conseguido, sem olhar a meios, forçar quem escreve estas linhas a deixar de colaborar no Tomar na rede, alguns apoiantes PS locais, também deixaram afinal de comentar naquele blogue, mesmo sob pseudónimo, decerto envergonhados por terem usado termos e frases inqualificáveis, que os desclassificaram aos olhos dos conterrâneos. O remorso não mata, mas mói.
E agora, quatro meses mais tarde, eis que aparecem alguns, poucos,  também sob pseudónimo, "a pedir batatinhas", aqui no antes considerado covil do diabo. "Deixe-se disso, você até foi amigo do Mário Soares, escreva um livro, não gaste a sua inteligência com miudezas, parece que tem gastrite intelectual, diz mal de tudo por dá cá aquela palha", etc. etc. O que permite perceber quão grave deve ser o desconforto, entre os eleitos da maioria e os seus apoiantes mais activistas.
Usando vocabulário do camarada Costa, direi apenas habituem-se!  Passem a agir como eleitos dialogantes, se querem evitar uma tragédia em 2025. Digo isto, porque me recordo bem de um célebre debate, no primeiro canal da TV francesa, entre um membro do comité central do Partido comunista francês e o cardeal arcebispo de Paris. Também aí as posições eram fortemente antagónicas e afastadas, como se calcula.
O que mesmo assim permitiu um longo diálogo franco e fraterno, entre dois franceses cultos, separados pela política. Um representava a classe operária, o outro os crentes católicos.
Várias vezes o cardeal arcebispo aceitou serem verdadeiros os dramas relatados pelo comunista, mas acrescentou sempre: - "Estamos de acordo, é horrível tudo isso que acaba de relatar. Mas olhe para cima, para a salvação, que é o bem supremo". E o comunista (também católico praticante) anuindo: -"Pois seja! Mas porque não olha o senhor cardeal também cá para baixo, para a miséria e os dramas que por aí há?"
Neste pequeno drama tomarense que estamos vivendo, não há cardeais nem comunistas envolvidos. Apenas um velho socialista soarista, de antes do 25 de Abril, e alguns jovens socialistas costistas, naturalmente ainda com o sangue na guelra. Deve portanto ser fácil conviverem sem incidentes perniciosos, tendo sempre em conta uma atitude que Mário Soares ensinou, pelo exemplo, durante o seu exílio em Paris, após S. Tomé: "O direito à indignação exerce-se e não é negociável".


 

Política local

Mais uma salada tomarense

TOMAR – Câmara isenta Escola Profissional de pagar renda na Casa dos Tetos. Está em causa um apoio de 2600 euros mensais justificado pelo «défice financeiro» daquele estabelecimento de ensino | Rádio Hertz (radiohertz.pt)

É sempre a somar. Neste caso, a pagar. A Escola Profissional de Tomar não presta contas, não publica contas, nem informa sobre contas. Deduz-se portanto que a situação não seja brilhante. Em representação do Município de Tomar, sócio da escola com uma parte de 50%, o vice-presidente Hugo Cristóvão admitiu que "há défice" (ver link supra) e apresentou no executivo uma proposta para isentar a EPT do pagamento de renda da sua sede, propriedade municipal. 
Coisa para 2600 euros mensais, 31.200 euros anuais. Que é isso, ao lado das despesas com eventos, da ordem dos milhões anuais? Entretanto, qual foi a última renda paga pela escola? Qual o montante do défice? Quantos alunos tinha há cinco anos? Quanto alunos tem agora? Quais as causas da crise de recrutamento? Como tencionam, a direcção da escola e os seus proprietários, ultrapassar os problemas?
Tudo perguntas sem resposta por enquanto. Sabe-se apenas que o défice admitido por Hugo Cristóvão se deve à redução do número de alunos. Redução essa que resulta de quê? Do covid 19? Das alterações climáticas? Ou mais prosaicamente de cursos pouco adequados às necessidades da região, e pedagogias ultrapassadas?
O PSD votou contra a isenção do pagamento de rendas, alegando falta de informação. Têm razão. Não faz qualquer sentido estar a facilitar, sem se saber bem o quê e a quem, nem haver um plano de recuperação, tanto quanto se sabe. É afinal mais um sorvedouro de dinheiro público, como a Tejo ambiente, só que em mais pequeno e mais fechado. A Tejo ambiente, conquanto forçada, sempre vai prestando contas de tempos a tempos Estes da EPT, nem isso. Até quando?
A complicar singularmente a situação, está prevista pela maioria PS a transferência da escola para as antigas instalações do CNA, condição prévia para a instalação, no actual edifício da escola, de um auto-designado "museu templário". Com ou sem pagamento de renda? Não se sabe. Embora já haja na urbe quem garanta conhecer o nome do futuro director do museu.

 


Humor de fim de ano

A revolta das ambulâncias

https://radiohertz.pt/tomar-anabela-freitas-recorda-investimento-que-tem-sido-feito-na-corporacao-fardamento-dos-bombeiros-tinha-cerca-de-15-anos/

As declarações não solicitadas da senhora presidente da Câmara, constantes do link supra, permitem finalmente explicar, de forma cabal, a situação insólita e perigosa de quatro ambulâncias dos bombeiros municipais avariadas ao mesmo tempo, apesar de sempre manutencionadas nos intervalos indicados.

Segundo Anabela Freitas, "o fardamento dos bombeiros tinha cerca de 15 anos".  É portanto natural a revolta e o protesto das ambulâncias municipais, avariando. Não querem andar com bombeiros fora de moda, mal vestidos e, se calhar, nalguns casos, bem bebidos. 

Que me perdoem se peco, mas ainda me recordo de determinado condutor de ambulância, João de seu nome, já falecido, que parava sempre o veículo para fazer continência, quando passava frente a uma adega cooperativa da região.


Urbanismo e gestão do território

O sr. vice-presidente está equivocado

TOMAR – Hugo Cristóvão reage a acusações do Provedor da Santa Casa: «Não é a dizer coisas na praça pública para ver se se pressiona alguém… que se consegue alterar a Lei» | Rádio Hertz (radiohertz.pt)

Conseguiu surpreender-me. Nunca pensei que o vice-presidente Cristóvão criticasse publicamente a conduta política do seu camarada António Alexandre, provedor da Santa casa. Mas fê-lo, e daí resultam duas consequências, uma desfavorável para ele, outra benéfica para a colectividade. A desfavorável é o evidente equívoco daquilo que disse. Nas democracias ocidentais (e se calhar não só) "é a dizer as coisas na praça pública, para ver se se pressiona alguém, que se consegue alterar a Lei". Só em Tomar é que ainda não, porque o atraso é grande, havendo quem saiba aproveitar-se disso.
Mas Cristóvão disse também uma frase muito importante: A doação do terreno à Santa casa tem condições que não são realizáveis. Já foram, mas agora já não são, porque a Lei não permite. Por conseguinte, deduz-se que em tempos era possível alterar a afectação dos terrenos, mas agora deixou de ser, nos termos da Lei. Que lei, sr. vice-presidente? Em que termos legais?
Não sou provedor da Santa casa, nem sequer seu advogado. Mas se fosse, era por aí que começava a contestação. Requeria à Câmara a indicação por escrito da Lei ou leis, artigos, parágrafos, pontos e alíneas nas quais se apoiam os respectivos serviços técnicos para dar parecer desfavorável à pretensão da Misericórdia. Recebidos e analisados os documentos mencionados, chegar-se-ia forçosamente a uma de duas conclusões possíveis, a saber:
 
Conclusão A
Não há nada nas leis indicadas que possa fundamentar o indeferimento da pretensão da Santa casa, pelo que se trata de uma interpretação capciosa da lei, visando sustentar posições susceptíveis de proporcionar benefícios injustos.

Conclusão B
Há realmente, nos diplomas legais invocados, um ou vários pontos que vieram alterar profundamente a situação anterior, tornando impossíveis operações de loteamento e reclassificação de terrenos que antes eram legais.

No caso da conclusão A, feita a respectiva demonstração jurídica do ou dos erros, se a autarquia e/ou os organismos estatais não aceitarem rever favoravelmente o requerido, restará o recurso ao poder judicial, que decidirá em definitivo.
No caso da conclusão B, constatada a existência de novas interdições impeditivas, caberá recorrer ao Tribunal Constitucional, para determinar se o diploma legal recorrido está ou não em conformidade com a Constituição. Isto porque, tanto na conclusão A como na B, estão em causa direitos, liberdades e garantias dos cidadãos, legalmente protegidos, sendo certo que a Constituição só pode ser alterada por maioria qualificada da Assembleia da República, reunida para esse efeito. Por conseguinte, se antes era possível e não houve entretanto qualquer revisão da Constituição...
Se o diferendo viesse a ser entregue num tribunal administrativo, os interessados na interdição esariam tranquilos, porque haveria um intervalo de meses e até anos, antes de uma decisão. Tratando-se do Tribunal constitucional, cujas determinações são muito mais rápidas, é natural que, mesmo aqueles intervenientes com mais apetite, se vejam constrangidos a meter a colher e o garfo no bolso...

quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

 

Imagem copiada da Rádio Hertz, com os agradecimentos de TAD3

Política local

Uma visão perigosa das coisas

TOMAR – Duas das quatro ambulâncias que tinham avariado já estão ao serviço dos Bombeiros do Município | Rádio Hertz (radiohertz.pt)

https://tomarnarede.pt/sociedade/ambulancia-da-cruz-vermelha-continua-a-substituir-a-dos-bombeiros/

Tenho igual consideração e respeito por todos os cidadãos, e portanto pelos meus conterrâneos. O que não me impede de emitir opiniões fundamentadas sobre o seu desempenho, enquanto eleitos livremente pela população, procurando respeitar sempre a sua vida privada e a sua dignidade. Dito isto, que é indispensável para tentar evitar qualquer ideia de que, entre Anabela Freitas e Tiago Carrão prefiro um ou outro. Se tivesse de votar e a escolha fosse essa, julgo que não teria dúvidas. Mas em matéria de análise política não se trata de escolher, e sim de explicar e fundamentar os raciocínios.
Já desconfiara recentemente, aquando da questão do açude do Mouchão. Anabela Freitas assumiu uma posição insustentável porque ilógica, mesmo para os leigos. Qualquer pessoa intelectualmente capaz percebe que um açude fixo, que aumenta o nível médio da corrente pelo menos meio metro, só pode aumentar também o perigo de o curso de água galgar as margens imediatamente antes do açude em caso de inundação. Quem eventualmente tenha dúvidas sobre este ponto, fará o favor de perguntar a um engenheiro, sem mencionar nomes nem locais, para evitar equívocos interesseiros.
Uma interpelação do vereador Tiago Carrão, do PSD, na reunião do executivo do passado dia 26 (ver link no início) veio avolumar as minhas suspeitas de que a senhora presidente da câmara, no exercício normal das suas funções, pode vir a tomar decisões inaceitáveis porque baseadas em raciocínios sem lógica e perigosos, pelo que urge alertar a opinião pública tomarense para essa vertente, quiçá involuntária.
Na dita reunião, o eleito social democrata discordou das declarações de Anabela Freitas, segundo os quais "nunca esteve em perigo a prestação de socorro à população", o que não passa de uma verdade conveniente. Como é óbvio, numa determinada comunidade humana, residindo numa dada zona geográfica, se não há quase nenhum perigo com uma dotação de X ambulâncias e respectivas tripulações, o perigo de carência aumenta inevitavelmente com menos quatro ambulâncias em simultâneo, como foi o caso durante alguns dias. É indesmentível em termos de probabilidades.
O vereador do PSD não foi por aí directamente. Avançou uma conclusão semelhante, ao referir que, sem as ambulâncias e a contar com a solidariedade das corporações vizinhas, havia um problema de prontidão do socorro, particularmente importante em certos casos. A senhora presidente recorreu imediatamente aos tais raciocínios que se podem vir a revelar perigosos, procurando rebater a posição do social democrata.
Disse então duas coisas que não são aceitáveis entre políticos adultos e de boa fé. A primeira é que não se trata de solidariedade entre corporações, mas de triangulação. E o que é a triangulação, senhora presidente, senão a distribuição entre entidades solidárias que assumiram esse compromisso? E se são solidárias, praticam a solidariedade inevitavelmente. Ou não?
Depois, Anabela Freitas embrulhou-se, na vã tentativa de demonstrar que também não estiveram em causa os tempos de espera, situação que só pode gerar desconforto, numa altura em que doentes esperam horas e horas por esse país fora, sobretudo no atendimento médico, por falta de recursos humanos e materiais.
Com ou sem triangulação, com ou sem solidariedade, o vereador Tiago Carrão tem razão. Na esmagadora maioria das situações de urgência, a ambulância mais próxima é sempre a dos bombeiros do concelho respectivo. E quanto mais próximos estejam, mais depressa chegam. Ou em Tomar também é diferente neste caso?



Cultura

Um grafito contra a burguesia

Mandaram-me a imagem acima, lastimando que ainda exista, apesar do tempo e das chuvas. Já nem me lembrava de tal nódoa na paisagem urbana da minha amada terra. O clima agradável e os sete mil quilómetros de afastamento, facilitam o olvido, mesmo continuando a usar a mesma língua.
Nunca percebi de onde raio veio tão infeliz ideia, que ainda por cima adultera a História. Nunca houve "velhos do Restelo". Apenas um, como personagem camoniano,  criticando as navegações portuguesas e os "fumos da Índia". Qual a relação com o muro de suporte da antiga horta Torres Pinheiro? Talvez as águas do Nabão, se considerarmos aquela rampa de cimento como o areal de Belém. Tem tudo a ver, não tem? Só falta aparecer por ali um dia destes o tio Cèlito a andar de canoa...
Acresce que os alcunhados "velhos do Restelo" têm todo o aspecto de turistas burgueses britânicos, de regresso ao seu país. Aquele cavalheiro de chapéu de coco é british pura lã. E a lady ao lado, com ar desvairado, idem. Que fazem ali? Ignoro. Mas conhecendo um bocadinho os súbditos de sua majestade britânica, muito menos calados que os tomarenses, são bem capazes de estar a preparar-se para um protesto contra o encerramento do parque de campismo, ainda hoje mal explicado.
Já antes da palermice do grafito anti-burguesia, (não de quem o executou, mas de quem encomendou ou deixou fazer, em nome da liberdade criativa e da falta de sentido crítico), houve outra parvoíce de maior espanto. Aquela horta Torres Pinheiro foi expropriada pelo então presidente da câmara, capitão Fernando de Oliveira, um dos tenentes fascistas do golpe militar de 28 de Maio de 1926, mas também o tomarense que até hoje mais fez por Tomar. Nessa altura, anos 50 do século passado, o situacionista Fernando Ferreira e o comunista Lopes Graça protestaram contra a municipalização da horta. Sete décadas mais tarde, ei-los em amena conversa nos terrenos que não queriam públicos, enquanto o autor da expropriação foi relegado para um sítio recôndito da Várzea Pequena. Por quem? Vá-se lá saber, numa terra onde praticamente ninguém se assume, nem dá a cara. Em Tomar, a culpa morre sempre solteira. Excepto tratando-se de quem ouse criticar a maioria PS. Esse já é culpado, mesmo antes de abrir a boca. Culpado de quê? Depois se vê.
Temos assim uma originalidade no país, que felizmente as televisões ainda não descobriram. Os "novos velhos de Restelo", agora certamente "velhos do Nabão" disfarçados de lordes ingleses, observando o rio transformado em emissário ocasional dos esgotos de Ourém, e protestando contra os excrementos de Seiça, o que facilita o esquecimento de muita merda tomarense. Parafraseando já não sei quem, não se nasce nem se cresce impunemente em Tomar. Cuja população tem  muitas qualidades, não duvido. Pena que a principal não seja de certeza o discernimento. Infelizmente.
É isso que o estranho grafito, com um cisne branco do lado direito, também mostra. Como bem escreveu Einstein, "Conheço  apenas duas coisas infinitas: o Universo e a estupidez humana. Em relação ao Universo, não tenho a certeza."

ADENDA

É pouco provável que o grafito venha a desaparecer. As tintas parecem boas e os autarcas da maioria são "de antes quebrar que torcer", como se isso fosse sempre uma virtude. Há no entanto alterações climáticas tão evidentes, ali para as bandas da Praça da República, que  não é de excluir um súbito módico de realismo forçado. 2025 é já ali adiante...
Nesse caso, para substituir o grafito actual, propõe-se um outro, com quatro ambulâncias novas e a etiqueta "Um exemplo de boa gestão local". Para sossegar a população agradecida, que já percebeu que os eventos e os grafitos servem para muita coisa, mas por enquanto ainda não transportam doentes para os hospitais. Por isso dirá: "-Vá lá! Desta feita pelo menos lembraram-se das ambulâncias! Haja esperança!"

terça-feira, 27 de dezembro de 2022

https://tomarnarede.pt/destaque/fogo-de-artificio-lancado-da-zona-do-castelo-na-passagem-do-ano/

https://tomarnarede.pt/economia/feira-de-santa-iria-com-prejuizo-superior-a-165-mil-euros/Pitotecnia

Pirotecnia na passagem de ano

FOGO DE VISTA

Noticiou a informação local (ver link supra) que os tomarenses vão ter fogo de artifício na noite de ano novo. Fogo de vista, como é habitual. Só que desta vez lançado da Cerrada dos cães, por técnicos competentes. Também podia ser do adro da Senhora da Conceição, ou do terreiro da Senhora da Piedade, mas não seria a mesma coisa. A Cerrada dos cães é mais central. Mesmo à ilharga da origem, permite ver a silhueta do castelo, ao mesmo tempo que o fogo deslumbrante. Detalhe importante. O pessoal gosta é de aparência. Fogo de vista.

É certo que se trata de um espaço rodeado de vegetação, com edifícios velhos de habitação cá em baixo. Mas está tudo bem regado. Não há portanto perigo algum. Para mais, se algo de anormal ocorrer, os autotanques dos bombeiros não devem estar todos avariados, nem os bombeiros todos com baixa. Certamente a Câmara vai destacar um piquete para o local do lançamento e outro para a entrada da Mata, cujo portão terá sido previamente aberto. E do piquete fará parte pelo menos um bombeiro conhecedor da Mata.  Além disso, estou certo, haverá um drone geoestacionário de observação, na vertical da Praça da República, pelo que os tomarenses podem estar descansados. Big sister is watching you! Está assim excluído que possa ocorrer qualquer incidente. Já quanto a acidentes...previsões só no final.

Trata-se portanto de uma excelente ideia, para ajudar a indústria pirotécnica, a qual, se bem me recordo, ocorre pela primeira vez em Tomar nesta altura, e tem duas enormes vantagens. Por um lado e principalmente, vai atrair milhares de turistas. O clima é agradável nesta altura do ano, a vida está cada vez mais barata, sobretudo os combustíveis, e em Tomar há estacionamento com fartura, e outras acessibilidades para os visitantes. Praticamente é só chegar, instalar-se num dos vários parques de estacionamento, e assistir ao fogo. Em caso de necessidade, há sanitários  logo ao lado,  que até têm distribuidores de preservativos, e outros.

Além disso, como ocorre no mundo inteiro, designadamente no Funchal para os turistas dos barcos de cruzeiro ancorados na baía, ou aqui à porta de onde escrevo, no aterro da Praia de Iracema, os cidadãos contribuintes vão poder ver, durante largos minutos, o seu dinheiro a arder, algo muito ao gosto dos portugueses. 

Nos idos de 20 e 30 do século passado, no auge do império da borracha, contou-me o guia do Teatro Amazonas, em Manaus, com portas, janelas, pavimento, plateia e o resto em madeira de sucupira, da selva amazónica envolvente, nos intervalos dos espectáculos de ópera, com artistas vindos directamente de Paris ou Roma, via rio Amazonas, com uma semana de viagem desde Belém do Pará, os negociantes seringueiros acendiam os charutos com notas de conto de réis. Só para alardear riqueza. Pelo jeito, a piromania é uma herança genética na lusofonia.

Poderão alguns objectar que fica caro. Nem tanto, queridos conterrâneos. Dizem as últimas notícias que a Feira de Santa Iria 2022 registou "um prejuízo superior a 165 mil euros" (ver link no início), o equivalente ao custo de um bom apartamento mobilado em Tomar. Ou de uma ambulância bem equipada. Não me parece que o fogo de artifício fique ainda mais caro. E mesmo se assim for, ainda estaremos longe dos 700 mil euros sem retorno, já orçamentados para os Tabuleiros 2023. Fora a usual animação cultural. É outro fogo de vista. Muito mais caro, mas também muito mais espectacular. E dura mais de três horas, em vez dos dez minutos  da pirotecnia. Promoção, quanto em teu nome...

Perante isto, são conhecidas duas reacções, uma internacional e outra local. A internacional é do antigo dirigente comunista francês Maurice Thorez, já falecido. Quando o general De Gaulle, também já falecido, lhe perguntou se como dirigente comunista não tinha vergonha de andar num belo carro, com motorista fardado e tudo, foi peremptório: -"Nada é demasiado bom para a classe operária, meu general!"

A outra reacção é de um cínico local, que escreve sob pseudónimo: -"Votaram neles, não foi?! Então agora aturem-nos!" Até 2025, que remédio, para além de ir lendo O triunfo dos porcos, de George Orwell. Onde se fica a saber, no mínimo, que "os porcos são todos iguais, mas há uns mais iguais que os outros". A frase é conhecida há décadas, porém os porcos agora já são mais novos. A grande maioria.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2022


Política local

-Elementar, meu caro Dr. Watson!

Já lá vai o tempo em que se liam os policiais do inglês Conan Doyle, com Sherlock Holmes e o Dr. Watson como personagens principais. Agora só se for nalguma série TV, com episódios calibrados de 50 minutos, e dois intervalos para publicidade. Os tempos não estão para grandes leituras. É pena, porque o método indutivo-dedutivo daquele detective britânico permite compreender melhor a política, mesmo em Tomar, quando correctamente aplicado.

Em que consistia esse método? Em considerar todos os factos e indícios, para daí deduzir a solução do crime, do mistério ou do enigma. É à vontade do freguês, neste caso de quem lê. Ficou célebre a interrogação dedutiva "Elementar, meu caro Watson: Quem beneficiou com o crime?"

Usando o mesmo raciocínio em relação às tranquibérnias locais, conseguem-se conclusões nem sempre esperadas, porém indesmentíveis. Vejamos. O mais recente escândalo, (modesto porque em Tomar é tudo modesto, excepto o Convento de Cristo e a arrogância de alguns camaristas), foi aquele estranho caso das quatro ambulâncias avariadas ao mesmo tempo. Quem beneficiou com a triste ocorrência? Indiscutivelmente dois grupos -os que pretendem melhor equipamento rolante para os bombeiros e os opositores à actual maioria. Um deles difundiu a notícia. De certeza.

No caso do açude de madeira do Mouchão, que de amovível anualmente passou a fixo, quem beneficiou? Segundo a senhora presidente, foi a Câmara, que passou a poupar cerca de oito mil euros anuais (!). Vendo contudo com mais atenção, induzindo mais elementos, lá aparecem dois .grupos: quem forneceu e instalou o açude fixo, por um lado, e por outro lado os funcionários municipais, que deixaram de ter a chatice anual da montagem e da desmontagem, ambas a exigir bastante esforço físico, o que vai contra as normas tomarenses. Tudo pelos funcionários municipais, nada contra os funcionários municipais. Os votos deles e das famílias dão muito jeito, num eleitorado cada vez mais encolhido.

O que contribui para esclarecer outra situação assaz complexa, que já vem de há anos e promete estar para durar. Trata-se das Unidades de planeamento, Planos de pormenor e Planos de urbanização, constantemente em evolução, com alterações em cadeia, culminando em geral na revogação e substituição. (Ver crónica anterior, do vereador Tiago Carrão)

Quem beneficia com tais situações abstrusas? O município certamente que não. Tão pouco os cidadãos potenciais investidores, que querem é clareza, justamente aquilo que falta quase sempre em Tomar. Restam portanto os próprios autores e intervenientes, que além de andarem entretidos, aproveitam para endrominar quem calha, segundo as suas conveniências, e daí extrair benefícios substanciais. Não é só na política que aquilo que parece é. Acontece também nas obras, no urbanismo e na gestão do território. -Elementar, meu caro Dr. Watson!  Uma sacanice dá sempre nas vistas.

Tudo pelos funcionários, nada contra os funcionários, também tem os seus custos, forçosamente. Ninguém dá nada a ninguém. Havendo algo na mesa para repartir, todos se fazem convidados. Só se de todo não puderem. Ainda hoje, mais de quinze anos volvidos, António Paiva é considerado maldito em Tomar, por ter resolvido mudar de cardápio na autarquia, para o que começou por providenciar a saída da então cozinheira chefe, que até cozinhava na cama.

Camões nem sempre viu bem, decerto por ser zarolho. Em Tomar, Mudam-se os tempos, mantêm-se as vontades/ Todo o mundo é feito de mudança mas ficam sempre as maldades.

domingo, 25 de dezembro de 2022


PLANO DE PORMENOR DE VALE DOS OVOS

DA MIRAGEM À DESILUSÃO

Este ano que se aproxima do fim, começou com a prorrogação da elaboração

do Plano de Pormenor de Vale dos Ovos em janeiro, a qual apelidei de miragem,

para agora terminar em desilusão, com a sua revogação e consequente

regresso à “estaca zero”. Em suma, este processo é um exemplo gritante

da incompetência da governação socialista.

A 7 de janeiro de 2019, é iniciado o processo de elaboração do Plano de

Pormenor de Vale dos Ovos com o objetivo de ali criar uma zona industrial, com

base no pressuposto de que o solo seria classificado como urbano na revisão

do PDM, mas as entidades responsáveis não o permitiram, acabando por ficar

como solo rústico.

Em janeiro de 2022, é deliberada a prorrogação do procedimento até 2025 (não

sendo possível nova prorrogação posteriormente), depois de durante os 3 anos

iniciais nada ter sido feito, os trabalhos não foram iniciados nem a equipa para

execução do Plano foi concretizada.

Agora, em dezembro de 2022, a governação socialista propôs e aprovou, com

o voto contra e de protesto dos Vereadores do PSD, revogar o procedimento em

curso e iniciar um novo, tendo em conta a reclassificação do solo. Este novo

procedimento tem também um prazo de 3 anos, prorrogável por mais 3, ou

seja, na melhor das hipóteses temos o Plano de Pormenor de Vale dos Ovos em

2026. Tendo em conta que é necessário tratar de infraestruturas, negociar com

proprietários, pareceres de diversas entidades, avaliação ambiental, consultas

públicas, licenciamentos, entre outros, dificilmente teremos empresas na nova

zona industrial de Vale dos Ovos nos próximos anos.

Voltámos, por isso, à “estaca zero”, foram quatro anos perdidos – um exemplo

gritante da incompetência da governação socialista. Mas, a julgar pela

forma como o processo decorreu até aqui, dificilmente nos podemos deixar

enganar pela propaganda socialista. Vejamos:

• Ao longo dos 3 anos iniciais para elaboração do Plano de Pormenor, nada foi

feito, conforme indicado em informação técnica: “os trabalhos não foram

iniciados ou contratualizados”. Só em outubro de 2021, a 3 meses de acabar


o prazo, enviaram um pedido de informação sobre as infraestruturas

existentes a empresas como a Tejo Ambiente e a Tagusgás. E, pasme-se, a

justificação para a prorrogação foi a demora da resposta destas entidades.

• Aquando da prorrogação do procedimento da elaboração do Plano de

Pormenor de Vale dos Ovos a 10 de janeiro último, a governação municipal

socialista já sabia que no novo PDM, aprovado em Assembleia Municipal 2

meses antes, o procedimento em causa não era viável. Ainda assim, o

Partido Socialista decidiu dar continuidade ao procedimento por mais

3 anos, apesar de saber já que não seria possível de concluir. Um ano

perdido que poderia ter sido evitado, se à data têm avançado logo com a

revogação e início de novo procedimento.

• Que garantias existem de que as mesmas entidades que impediram que o

solo fosse classificado como urbano na revisão do PDM, vão aprovar um Plano

de Pormenor com base na reclassificação do solo?

• Sabendo o Partido Socialista que nada estava a ser feito e que o

procedimento em concurso não seria possível de concluir, como é que

andaram a anunciar a “nova zona industrial de Vale dos Ovos” e fizeram dela

propaganda na campanha eleitoral de 2021?

Está à vista de todos a incompetência e a irresponsabilidade dos socialistas na

condução deste processo, impedindo a fixação de empresas, a criação de postos

de trabalho e o desenvolvimento do concelho.

A forma leviana como conduziram este processo numa área tão importante

como a economia e o tecido empresarial, levou à criação de expetativas junto

de empresários, que perceberam agora o logro em que caíram, e que não vão

certamente esperar pelo menos mais três anos, especialmente, quando no

concelho ao lado temos um investimento de mais de 3 milhões de euros já a

avançar na infraestruturação de uma nova zona industrial.

Tomar merece mais!

Tiago Carrão

Presidente do PSD de Tomar

Vereador da Câmara Municipal de Tomar, eleito pelo PSD

Esclarecimento de Tomar a dianteira 3

Agradece-se a tolerância e a abertura de espírito da nova direcção do PSD, ao enviar-nos a tomada de posição supra, que se publica com todo o gosto. Para respeitar um hábito nabantino pós 25 de Abril, devia colocar-se antes do título uma etiqueta OPINIÂO. Tratando-se do presidente do PSD local e vereador da CMT, pareceu redundante, do tipo "chover no molhado". É óbvio que o lider  dos social-democratas nabantinos não se entretém a publicar notícias do tipo "a gata da minha vizinha deu à luz três gatinhos, que estão todos de boa saúde."

Imagem O Mirante, com os nossos agradecimentos
Cultura

Uma situação singular

 https://omirante.pt/sociedade/2022-12-24-Apresentacao-da-Fabrica-da-Cultura-em-Minde-comecou-com-um-protesto-contra-lobis-da-cultura-0f4747e7

O essencial está no link acima. Convém todavia ler a notícia completa, antes de prosseguir aqui. Foi um dançarino de Fátima que provocou o incidente, muito útil posto que provou na prática vivermos em democracia pluripartidária, coisa cada vez mais rara por esse mundo fora. Segundo as últimas notícias, já só restam 34 democracias de tipo ocidental, entre as nações. E nalguns casos...

Outra utilidade da imprevista e áspera intervenção, foi a de se ficar a saber que Fátima, uma freguesia do concelho de Ourém, tem uma companhia de dança desde o início deste século. E também que na sede do concelho há um director do teatro local. 

Tomar fica a 20 quilómetros, tem "Fábrica da cultura" na antiga moagem MG, mas não consta que tenha companhia de dança ou director do cine-teatro Paraíso. Se calhar não tardará, mas por enquanto...tome-se nota da atitude dialogante da vereadora da cultura de Alcanena, que após a interpelação agreste procurou falar com o artista dançarino contestatário. Ate parecia uma situação tomarense, com Anabela Freitas, Hugo Cristóvão e Filipa Fernandes, esforçando-se denodadamente para dialogar com o crítico de serviço, em virtude de os outros estarem a descansar desde 2013, à sombra de subsídios, ajudas, avenças, ajustes directos, jantaradas, tretas e palmadas nas costas, ou simplesmente para não contrariar o patrão, o que convenhamos não é nada aconselhável numa terra onde quem manda tem sempre razão. Mesmo quando não tem. Bizarrias nabantinas.

Onde o problema fulcral não é a falta de cultura, ou de apoio generoso aos artistas (e há cada artista!), mas o facto de os ignorantes se julgarem cultos, tolerantes, competentes e no sentido da História, agindo nessa falsa condição. Um equívoco monumental, com os resultados que estão cada vez mais à vista de todos. Há porém o império da cegueira... e os piores cegos são os que não querem ver, ou que têm os olhos tapados com notas de 200 euros, já que as de 500 deixaram de ser feitas pela fábrica alemã da cultura...

sábado, 24 de dezembro de 2022

Mensagem natalina

Tão boa quanto imaginada

A todas e a todos, sem excepção, Tomar a dianteira 3 deseja uma ceia de Natal tão boa quanto imaginada ao longo do ano e preparada com carinho na noite natalina, num clima de tolerância, de solidariedade e de serenidade. Amém!

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

Imagem Tomar na rede, com os agradecimentos de TAD3

Obras no Convento de Santa Iria

As novas janelas e a rega do jardim

https://tomarnarede.pt/destaque/abriram-quatro-novas-janelas-no-convento-de-santa-iria/

Conforme link acima, o Tomar na rede noticiou com destaque que abriram 4 novas janelas na fachada virada para o rio do ex-Convento de Santa Iria. Anteriormente já noticiara que na mesma obra foram feitos prodígios de equilíbrio para salvar uma chaminé. É útil e saudável que a informação local saiba se manter vigilante em relação à vida da cidade, particularmente quando podem estar em causa valores irrecuperáveis.

No caso, por enquanto, e de acordo com a informação disponível, não há razão alguma para se queixar. Pelo contrário. Aquela chaminé preservada poderia muito bem ter sido demolida e depois reconstituída, no mesmo local, que não se teria perdido nada de essencial. Quanto às novas janelas, trata-se de uma ampla fachada/empena em estilo chão, que não perde qualquer característica diferenciadora, com mais ou menos novas janelas, desde que semelhantes às de origem.

Há apenas um detalhe que me preocupa, e julgo irremediável no estado actual das coisas. No tempo do Convento, antes do encerramento em 1834 e posterior venda como "bem nacional", havia uma conduta, a partir do Cu de cão, na parte norte do Açude dos frades, que trazia a água do Nabão até ao claustro, à cozinha e ao horto do Convento de Santa Iria, numa evidente cópia do sistema conventual de Alcobaça.

A entrada dessa conduta ainda lá está, no Cu de cão e boa parte da conduta foi entulhada aquando das obras de construção do estádio e respectivos arranjos paisagísticos.  A partir daí,  será mais difícil reconstituir, pois o primitivo convento foi muito adulterado, tendo-se mantido inalterados apenas a igreja, o claustro e o pego de Santa Iria.

Seria por isso de uma importância excepcional para a recuperação do património, encontrar e restaurar a conduta na sua totalidade, o que permitiria poupar muita água, refrescar o claustro e a cozinha, bem como regar os jardins, tudo com água gratuita do Nabão, captada por gravidade. Estará isso previsto no caderno de encargos da obra? É claro que não. Mas a empresa Vila Galé é bem capaz de meter mãos à obra, porque sempre foi muito responsável, e só teria a ganhar, Aqui está o desafio.


Política municipal

Uma autarquia com feudos?

Faltando conhecer os antecedentes, para usar linguagem da casa, prosseguem as negociações para a utilização dos terrenos a poente do Convento de S. Francisco. Até à data, não adiantou nada, só irritou como é costume, lembrar que há muito espaço livre, a carecer de requalificação dentro do próprio edifício, que é gigantesco para os parâmetros locais. Tão pouco produziu qualquer efeito, que se saiba, o alerta para encontrar e ler com cuidado os documentos referentes à cedência do "Quartel de S. Francisco" à Câmara, pelo então Ministério do Exército, bem como  a posterior venda ilegal pela Câmara da parte norte do conjunto edificado recebido por doação. Assim se vai gerindo em Tomar, em finais de 2022...

Segundo as declarações da senhora presidente, os terrenos em questão, uma vez comprados ou alugados, vão servir para construir um grande edifício que albergará os serviços administrativos da autarquia. Não se vê bem quais possam ser as vantagens, tanto mais que nunca constou na urbe que haja falta de espaço para os serviços da autarquia, mas enfim. Opções são opções, mais a mais legitimadas pelo voto, pensará a senhora erradamente, uma vez que nunca submeteu essa escolha aos eleitores.

Surge agora o senhor vice-presidente a declarar que vão ser instalados, na sede da antiga cooperativa Nabância, os serviços municipais de protecção de crianças e adolescentes, e que para mais tarde está prevista igualmente a instalação dos serviços sociais da autarquia.

Em que ficamos afinal? Vão todos para S. Francisco, dentro de x anos, ou cada vereador tem o seu feudo, com instalações próprias, separadas das outras? Conhecendo um bocadinho a casa, (onde até já se edificaram gabinetes interiores precários, para isolar determinado funcionário superior, sob a alegação de odor corporal demasiado intenso), parece que a ideia peregrina do centro administrativo em S. Francisco terá vindo de quadros superiores desejosos de que as suas visitas não sejam vistas, nem pelos eleitos nem pela população. E para isso, realmente, S. Francisco é bem mais discreto que a Praça da República.

Há porém outra explicação plausível. Tanto a presidente como o seu vice sempre foram funcionários públicos "de primeira linha", o chamado "front office", o horror dos quadros superiores, sobretudo daqueles que nunca foram escolhidos por concurso público aberto. Vai daí, decidiram inculcar nos dois eleitos chefes a ideia de separar o trigo do joio de uma vez por todas. Eleitos e funcionários superiores de 2ª linha numas instalações, funcionários de 1ª linha (atendimento ao público) noutras.

Com um bocado de sorte (ou de azar, dependendo dos pontos de vista), dentro de alguns anos vamos ter a presidência da Câmara e os seus funcionários de apoio nos Paços do Concelho, a vice-presidência e os seus funcionários de apoio no mesmo edifício, mas do lado oposto, a vereadora do turismo onde já funciona, na Cândido Madureira, e dos serviços sociais na Nabância. Quanto aos cemitérios, parques e jardins, vão continuar na velha abegoaria municipal, 

Eventualmente haverá também uns gabinetes para os vereadores da oposição, com secretariado de apoio, enquanto de portarem bem, nos Paços do concelho. Caso contrário, vão para a antiga biblioteca municipal, em conjunto com a AM.

Então e o Convento de S. Francisco, perguntará a leitora ou o leitor. Boa pergunta, mas algo prematura por enquanto. Muito vai depender dos "concursos" para prover finalmente algumas chefias, há dez anos em regime de substituição. Só depois se saberá se vai para S. Francisco unicamente a DGT e agregados, ou se irão também o DOM e a DF. Os chefes nunca eleitos é que vão decidir. É pouco digno numa democracia europeia, mas quando os políticos estão dispostos a todas as cedências para se manterem no poder, é o que está à vista, para quem saiba ver.

Cita-se muito aquele "Mudam-se os tempos/Mudam-se as vontades", do Camões, mas poucos reparam no terceto final do poema, até porque o vocabulário é complexo:

"E afora este mudar-se cada dia

Outra mudança há de mor espanto

Que não se muda já como soía"

Se há cinco séculos Camões se lastimava que a mudança já não se fazia como era costume (como soía), agora imaginem em Tomar, em 2023 ou mais adiante.

ADENDA

Com esta crónica pronta para publicação, a Hertz noticiou que a antiga sede da PSP pode vir a acolher um "ninho de empresas": https://radiohertz.pt/tomar-palacio-alvim-podera-ter-finalmente-destino-a-vista-ninho-de-empresas-podera-nascer-naquele-emblematico-edificio/

Acrescenta a notícia que o executivo municipal vai debater o assunto na próxima segunda-feira, dia 26 de Dezembro, em conjunto com um auto de vistoria e a recepção final das obras do telhado.

Pra se ter uma ideia do ritmo infernal das obras camarárias, acrescente-se que neste caso do Palácio Alvim, estão concluídas há mais de cinco anos. Por este caminho, vamos ter ninho de empresas, se for essa a opção retida, lá para final do próximo mandato camarário 2025-2029. E quem lhes garante que o sucessores serão da mesma opinião?




quinta-feira, 22 de dezembro de 2022



Bombeiros municipais

Bombeiros, ambulâncias e balelas municipais

ttps://radiohertz.pt/tomar-falta-de-ambulancias-na-corporacao-dos-bombeiros-anabela-freitas-fez-ponto-de-situacao-e-assegura-que-o-socorro-a-populacao-nunca-esteve-em-causa/

De tudo querer explicar, à sua maneira, acaba por fornecer lenha para se queimar. Tal é a curiosa situação da nossa senhora presidente. Desta feita, tratou-se de justificar a bronca das 4 ambulâncias avariadas ao mesmo tempo, garantindo à população que o socorro nunca esteve em causa. Caiu assim na situação daquele dito popular "Com as calças do meu pai, também eu sou um homem". Isto porque só não houve mesmo falta de socorro graças à boa vontade da Cruz Vermelha, e das corporações de bombeiros da zona, que são todas entidades privadas. E se, por lamentável coincidência, esses bombeiros também não tivessem ambulâncias disponíveis, como era? Vinham os bombeiros do regimento de urgência de Abrantes? Ou os de Leiria?

Na ânsia de tudo justificar sem ter como, a nossa senhora presidente acabou também por avançar esta informação: "Tomar é o segundo concelho do distrito de Santarém com mais ocorrências." Subentendido, as ambulâncias estão todas no estaleiro por excesso de trabalho, provocado pelos tomarenses que pedem demasiado socorro.

Pois trata-se apenas de mais uma verdade conveniente. Na realidade, as duas outras cidades do distrito de Santarém com população igual ou superior a Tomar, têm situações bem diferentes e mais fiáveis que a nossa. Santarém têm duas corporações de bombeiros, os municipais e os voluntários, que naturalmente dividem as tarefas, pelo que as ocorrências respectivas devem ser somadas, antes de comparar com Tomar.

Quanto a Ourém, há apenas bombeiros voluntários, mas numerosos e bem equipados. Têm quatro quartéis no concelho, em Caxarias, Fátima, Freixianda e Ourém. Aqui na zona, só Tomar resolveu municipalizar os bombeiros, sem nunca ter explicado cabalmente porquê e para quê. Este lamentável acaso das ambulâncias avariadas veio mostrar mais uma vez que a nossa senhora presidente tem grande facilidade de palavra, e quiçá boas intenções, mas quanto ao resto...

Os tomarenses gostam de explicações, sem verdades convenientes de preferência. Mas querem sobretudo, bombeiros suficientes e bem treinados, com bom equipamento e bom material rolante, bem geridos e bem pagos. 

Vem a propósito o caso do velho cabo de corneteiros do 15, quando o quartel ainda era em S. Francisco. Para comodidade dos vizinhos e dos próprios militares, iam treinar para o pinhal de Santa Bárbara, nas traseiras do quartel. Era só atravessar a estrada e subir. Chegados lá em cima, o cabo corneteiro era objectivo: -"Tão aí as cornetas. Quem sabe toca. Quem não sabe passa a outro, que não há cornetas para todos." É como na câmara sobre os bombeiros. Quem sabe, dirige. Quem não sabe, que passe a tarefa a outro, pois não há bombeiros nem material para tudo.



Maioria PS

JORNALISMO ANÓNIMO ENCOMENDADO

Queixam-se os visados, com o apoio acéfalo de  apaniguados e lacaios. Tomar a dianteira "só sabe dizer mal" e nunca publica nada favorável à maioria PS "porque o gajo está ressabiado e procura vingança". É duplamente falso, como bem sabe quem está de boa fé e vê a situação com imparcialidade. Tomar a dianteira não diz mal nem diz bem. Escreve como pode e sabe, procurando respeitar sempre a verdade factual. E nunca foi de vinganças. Se fosse...

Que a situação não agrade a quem "fica mal na fotografia", é natural. O  que todavia não justifica falsas acusações posteriores. Mas desculpa-se, por se desconfiar que não são bem acusações. Simplesmente os  argumentos de que dispõem os tais apoiantes da maioria PS. Em geral, gente de fraco arcaboiço cultural. Com notáveis excepções naturalmente. Cada um é o que é. Não adianta disfarçar.

Para que dúvidas não restem a tal respeito, e graças à ajuda de um conterrâneo, a quem se agradece,  recorda-se a seguir uma notícia muito favorável a Anabela Freitas. Data de 2017 e foi publicada num semanário da zona, que trabalha bem, mas cobra em conformidade. Por intermédio de uma empresa de comunicação, que entretanto celebrou um ajuste directo com o Município de Tomar, para promover a respectiva imagem. É tudo boa gente e não há nada de ilegal.  Há apenas aquela questão que aparece na letra de uma velha cantilena: "Josézito/ já te tenho dito/ que não é bonito/ andares a enganar. Pois agora/Josézito chora/ Que me vou embora/ Para não voltar..." Ou seja, falta a assinatura por baixo, em cada publicação. Na terra do penacho, é uma lacuna imperdoável. Marca imediatamente o tipo de texto. Ou sacanice ou encomenda.

Pelo estilo da encomenda abaixo, o autor parece ser o inenarrável "Manuel" e os seus "verdadeiros tomarenses". Quem habitualmente segue os comentários no Tomar na rede, sabe do que se trata. Carrega Manel!

Como tudo parece indicar que se trata de uma avença mensal, proveniente do tal ajuste directo, quanto é que terá custado aos cofres municipais até agora? E daqui para o futuro?


A frase final "Tomar... ...merece uma governação política à altura dos seus pergaminhos", pode considerar-se um verdadeiro achado, de quem gosta muito da época medieval, com ordens templárias e tudo. Há quatro importantes pergaminhos nabantinos conhecidos: dois forais de Gualdim Pais, o foral novo de D. Manuel I e a Carta régia de 1844. Estará esta governação PS à altura de algum deles? É só uma pergunta. Não se enervem.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

 


Bombeiros e protecção civil

A bronca lamentável das 4 ambulâncias avariadas em simultâneo

TOMAR – Infeliz coincidência: Bombeiros sem as suas quatro viaturas de socorro… que avariaram. Veículos da Cruz Vermelha auxiliam na prestação de serviço à população | Rádio Hertz (radiohertz.pt)

https://tomarnarede.pt/sociedade/cruz-vermelha-substitui-bombeiros-de-tomar-nos-servicos-de-emergencia/

Lendo as duas notícias "supralinkadas", para não haver dúvidas, confirma-se a ideia de que há sempre pelo menos dois enfoques possíveis para a mesma situação. Neste caso  das quatro ambulâncias municipais, avariadas ao mesmo tempo, enquanto a Hertz anota "Infeliz coincidência", citando o comandante da corporação tomarense, Tomar na rede mostra, com declarações anónimas, que o problema reside na falta de adequada gestão da corporação e do material circulante.

É do domínio público que a falta de ambulâncias em condições nos bombeiros nabantinos é uma doença crónica e antiga, anterior à maioria socialista. Vir agora com questões de simples coincidência infeliz, é mais uma tentativa tacanha, tipo conto do vigário, para branquear o poder municipal. Acresce que de tão infantil, a desculpa não convence ninguém, uma vez que todos sabemos que infelicidade, falta de sorte, excesso de azar e afins, são tudo coisas que acontecem sobretudo, para não dizer sempre, aos incapazes que se julgam só azes.

Perante uma situação como esta, que só não coloca a população numa situação de abandono total, graças aos esforços da Cruz Vermelha e à solidariedade forçada das corporações vizinhas, os mais ligados a estas coisas não podem deixar de pensar nos milhões gastos anualmente pelo município com festas, eventos e subsídios, o que naturalmente impede depois a adequada manutenção e substituição do material circulante dos bombeiros, por alegada falta de recursos.

Parece haver na verdade falta de recursos, mas não propriamente recursos financeiros e sim humanos, ao nível da gestão municipal, como está à vista de todos. É um mal bem antigo no país. Já antes do 25 de Abril, havia chefes de família com um oneroso lugar cativo no estádio do clube, mas sem dinheiro para as  despesas da casa. Meio século mais tarde, temos uma câmara com muita animação cultural e muitos subsídios, mas sem dinheiro para uma adequada gestão da frota dos bombeiros. Quanto mais mudamos, mais estamos na mesma.

Manda o bom senso dizer que, entre a alegada infelicidade e a evidente incompetência, há pelo menos outra hipótese. Tomar a dianteira 3 avança a possibilidade de haver no Município recursos suficientes para comprar duas ambulâncias, apesar dos gastos excessivos com festarolas e subsídios.

O problema é que o executivo ainda não encontrou uma empresa disposta a vender, por ajuste directo, duas ambulâncias a 200 mil euros cada uma, com as características exigidas pelo comprador: Exemplares únicos, peças artísticas assinadas, com aspecto exterior e demais detalhes só para Tomar. Além da pintura preta, branca e vermelha (as cores dos templários), uma cruz dos templários de cada lado, em vez da tradicional, a Janela do capítulo na traseira, e o acrónimo ATAME (Ambulância Templária de Assistência Médica Exterior), substituindo o usual INEM. Era o mínimo dos mínimos, para passar no crivo do Tribunal de contas, e por isso os representantes das marcas não quiseram meter-se em alhadas. Depois podiam ficar com uma fama desgraçada, pelo que aconselharam ir pelo trivial bem feitinho -o concurso público. Sendo conhecida a tendência camarária para os ajustes directos, o resto adivinha-se. E o material circulante, mesmo de boa marca, tem os seus limites...

Seria bom que na próxima consulta eleitoral, e até nas próximas sessões, eleitos e eleitores se lembrassem desta lamentável situação, que não é filha única, e agissem em conformidade. Para evitar repetições. Mas é pouco provável. Como diz o povo "uma mão lava a outra". Após um bom concerto, uma agradável jantarada, uma festa brilhante, ou um subsídio extraordinário que veio mesmo a calhar, quem quer saber das desgraças dos bombeiros? É cada um para si e Deus para todos. Até um provérbio popular diz que "quem parte ou reparte e não fica com boa parte, ou é burro ou não tem arte." Tristeza!


terça-feira, 20 de dezembro de 2022

Autarquia

TOMAR – PSD aponta à «Câmara dos ajustes diretos» e adverte para situação a «roçar a ilegalidade». Anabela Freitas justifica ação do executivo | Rádio Hertz (radiohertz.pt)

Não tem nada a esconder?

Respondendo, de forma incomodada, a interpelações do PSD sobre 56 ajustes directos, entre os quais aquelas brincadeiras natalinas da Praça da República, por 200 mil euros, a senhora presidente da Câmara disse que não tem nada a esconder. Parece-me que se equivocou. Terá se calhar pensado naquela sentença, demasiado batida na política, segundo a qual "À mulher de César não lhe basta ser séria, tem de parecê-lo." E para parecer...

O problema, na circunstância, é que não se trata da mulher de César, mas do próprio imperador em versão feminina. E neste caso, ainda que a senhora presidente possa não ter nada a esconder, também não tem nada para mostrar, que justifique a sua afirmação. A começar pelo tom incomodado, crispado, da resposta. Já está no 3º mandato, não podendo portanto alegar que ignora o óbvio: Ao aceitar candidatar-se, e depois ao tomar posse, aceitou implicitamente ser escrutinada em permanência no exercício do cargo que assumiu, como é caso. Porquê então a atitude hostil, ao dizer com ar arrogante que não tem nada a esconder? Não foi isso que lhe perguntaram.

Se não tem mesmo nada a esconder, na área dos ajustes directos e noutras, porque vem procurando, desde o início do seu reinado, silenciar a oposição, os críticos e a informação em geral,  designadamente aliciando-os com dinheiros públicos sempre que possível, mas não só? É voz pública que "quem não quer ser lobo, não lhe veste a pele", havendo mesmo, lá para o norte do país, um ditado que convém meditar: "Fidalguia sem comedoria, é gaita que não assobia."

O ideal, naturalmente, seria colocar todas as contas bancárias dos eleitos e familiares à disposição das entidades fiscalizadoras competentes, para acabar com as dúvidas de vez, à inglesa, mas infelizmente tal não faz parte dos hábitos portugueses. 

Remata-se por isso com um lema do século XIV (14, para os menos eruditos): "Honni soit qui mal y pense."  "Maldito seja quem mal nisso veja", mas tanto ajuste directo é excessivo. Mesmo sem água no bico, por alguma razão será.