terça-feira, 20 de dezembro de 2022

Autarquia

TOMAR – PSD aponta à «Câmara dos ajustes diretos» e adverte para situação a «roçar a ilegalidade». Anabela Freitas justifica ação do executivo | Rádio Hertz (radiohertz.pt)

Não tem nada a esconder?

Respondendo, de forma incomodada, a interpelações do PSD sobre 56 ajustes directos, entre os quais aquelas brincadeiras natalinas da Praça da República, por 200 mil euros, a senhora presidente da Câmara disse que não tem nada a esconder. Parece-me que se equivocou. Terá se calhar pensado naquela sentença, demasiado batida na política, segundo a qual "À mulher de César não lhe basta ser séria, tem de parecê-lo." E para parecer...

O problema, na circunstância, é que não se trata da mulher de César, mas do próprio imperador em versão feminina. E neste caso, ainda que a senhora presidente possa não ter nada a esconder, também não tem nada para mostrar, que justifique a sua afirmação. A começar pelo tom incomodado, crispado, da resposta. Já está no 3º mandato, não podendo portanto alegar que ignora o óbvio: Ao aceitar candidatar-se, e depois ao tomar posse, aceitou implicitamente ser escrutinada em permanência no exercício do cargo que assumiu, como é caso. Porquê então a atitude hostil, ao dizer com ar arrogante que não tem nada a esconder? Não foi isso que lhe perguntaram.

Se não tem mesmo nada a esconder, na área dos ajustes directos e noutras, porque vem procurando, desde o início do seu reinado, silenciar a oposição, os críticos e a informação em geral,  designadamente aliciando-os com dinheiros públicos sempre que possível, mas não só? É voz pública que "quem não quer ser lobo, não lhe veste a pele", havendo mesmo, lá para o norte do país, um ditado que convém meditar: "Fidalguia sem comedoria, é gaita que não assobia."

O ideal, naturalmente, seria colocar todas as contas bancárias dos eleitos e familiares à disposição das entidades fiscalizadoras competentes, para acabar com as dúvidas de vez, à inglesa, mas infelizmente tal não faz parte dos hábitos portugueses. 

Remata-se por isso com um lema do século XIV (14, para os menos eruditos): "Honni soit qui mal y pense."  "Maldito seja quem mal nisso veja", mas tanto ajuste directo é excessivo. Mesmo sem água no bico, por alguma razão será.

1 comentário:

  1. O tom crispado é apanágio recorrente da senhora , não augura nada de bom ,ainda para mais para uma senhora que tenta parecer muito elegante.
    Veja-se nas reuniões de Camara onde com a sua maioria absoluta tenta impor a sua autoridade mas só tenta !
    Assista-se por exemplo á sua presença perante a assembleia Municipal ,quase o oposto ,como dizia o seu colega e amigo de partido José Sócrates está mais... ... ...

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