Ensino superior local
"No hay para tanto !"
https://tomarnarede.pt/sociedade/politecnico-de-tomar-divulga-composicao-do-conselho-geral-apos-queixa/
A notícia acima "linkada" provocou alguma celeuma, com relevo para comentários de autores locais consagrados, que chegam a pedir o encerramento do Politécnico em Tomar. Subentendido: em Abrantes pode continuar, que são boas pessoas. Julgo que No hay para tanto, como dizem os nossos vizinhos castelhanos, dos quais gostamos tanto que até falsificamos a história quando necessário, para legitimar certas opções.
Ainda há pouco, para dar lustro ao golpe do 1º de Dezembro de 1640, foi dito e escrito que uma das razões era a questão dinástica, de sangue. Que questão dinástica? Ao receber a coroa portuguesa em Tomar, Filipe II de Espanha e 1º de Portugal, foi claro: "Este é o meu reino! Herdei-o! Conquistei-o! Comprei-o!
Deixando agora de lado, para melhor altura, a conquista e a compra, quanto à herança estava cheio de razão. Neto de D. Manuel I, porque filho de Carlos V (Carlos I de Espanha) e de Isabel de Portugal, filha do rei português, era sem dúvida, após Alcácer Quibir, o herdeiro dinástico legítimo. Mentem portanto os defensores de 1640. Houve decerto outras razões para o golpe. A dinástica não.
A problemática do Politécnico de Tomar tem também algo a ver com heranças e dinastias. Criado durante a primavera marcelista, no tempo da outra senhora, ao mesmo tempo que o politécnico da Covilhã, agora já Universidade da Beira Interior, a instituição tomarense não começou da melhor forma. Era preciso um professor catedrático para abrir de facto, e o seu próprio criador, o tomarense Fraústo da Silva, recusou assumir sem explicações.
Foi o início do desastre. A partir daí tem sido quase sempre, tanto a nível docente como discente, a casa do "refugo do refugo". Quem não consegue lugar alhures, lá tem de aceitar vir para Tomar, naturalmente com algumas notáveis exceções. E o recrutamento docente, quase sempre por compadrio, tem sido tão complexo que convirá estudá-lo um dia.
Com tão seleta composição, as manias e os vícios são, como era expetável, o complemento natural. Tomar na rede queixa-se da falta de abertura na área da informação. Estava à espera de quê? Aprenderam com os estabelecimentos do secundário, com a Escola profissional, e sobretudo com a Câmara, presidida por uma diplomada do IPT, que agora até integra o seu conselho geral.
O caso da professora brasileira, licenciada em odontologia, especialidade inexistente no IPT, que preside ao Conselho geral? É apenas mais um caso, faltando saber o que levou o anterior presidente do CG, Augusto Mateus, conhecido economista, a abandonar o barco. Se calhar achou pouco cómodo ter de colaborar com o presidente do IPT, especialista em calhaus, e a brasileira era a única hipótese disponível, pelo que à falta de melhor...
Para terminar com uma nota positiva, que isto não pode ser só dizer mal, registe-se aquele velho dito popular que vem muito a propósito: "Quem sai aos seus não degenera." Ou, se preferirem, "Tal terra, tal Câmara, tal Politécnico"
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