segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

 


Plano e orçamento do Município para 2023

Esperança renovada

O magnífico, percutante e muito oportuno comentário de Hugo Neves, na crónica de ontem, trouxe um novo alento, uma esperança renovada. Veio mostrar que não se está sozinho e que vale a pena continuar a atravessar o deserto nabantino de ideias e cidadãos audazes. Escrever isto é a melhor maneira que encontrei para lhe agradecer, vindo a propósito lembrar que, segundo os detratores, o autor "só sabe dizer mal".

Encarando o problema global do turismo em Tomar, com olhos de ver e cabeça a funcionar, Hugo Neves mostra o sombrio panorama inicial, propondo depois soluções práticas, numa perspetiva nem sempre coincidente com a de quem escreve estas linhas, como não podia deixar de ser, entre cidadãos livres e habituados ao debate das causas públicas.

Inesperadamente, e sem ser essa a sua intenção primordial, Hugo Neves mostra na prática que os nossos eleitos do executivo, aqueles que mandam, estão de facto a leste dos problemas reais do turismo local, que o mesmo é dizer do desenvolvimento económico da cidade e do concelho. No plano global do Município para o próximo ano, limitam-se a dizer  que, "No desenvolvimento económico, destaca-se a importância dada ao turismo, à Festa dos tabuleiros e aos eventos." (Página 49)

Que importância dada? Além dos tabuleiros, que vão transformar o sábado e o domingo da festa num inferno, por evidente falta estruturas de acolhimento (estacionamento, sinalização adequada, sanitários, zonas de descanso, espaço para assistir, organização adequada), que mais propõem? Rigorosamente nada. Os anunciados eventos são só para entreter os pacóvios.

Como se não bastasse tal inépcia, a actual maioria escolheu outras opções de desenvolvimento, que só podiam lembrar a um microcosmo de funcionários públicos sentados (o que exclui médicos, enfermeiros, professores, e outros servidores públicos). No seu comentário, Hugo Neves propõe-se resolver, pelo menos parcialmente, o problema do estacionamento e da ligação ao Convento, mediante a construção de um silo auto nas traseiras de S. Francisco, com ligação à Mata e elevadores para acesso ao Castelo.

Trata-se de uma ideia fecunda, que o ilustre comentador já havia avançado aqui há tempos, na sequência de uma proposta feita para um grande parque de estacionamento subterrâneo na Várzea grande, por causa do desnível em relação ao leito do rio e subsequentes infiltrações eventuais. Pois imagine-se que, na sua estranha maneira de fazer planos, e vá-se lá saber porquê, a actual maioria camarária já resolveu, e teima, a 3 anos do final do mandato, que as traseiras de S. Francisco são para a edificação do novo centro administrativo camarário, destinado a concentrar todos os serviços. 

Segundo é dito no plano, dessa concentração de serviços resultará uma redução de pessoal, pois serão eliminadas algumas redundâncias. Decorrem entretanto negociações com o Ministério da defesa, tendo em vista a ocupação do terreno, por compra ou por arrendamento.

O problema é que entretanto, ainda nem começaram as obras, e já consta que afinal nem todos os serviços administrativos autárquicos vão ser agrupados no futuro centro administrativo de S. Francisco. Turismo, Desporto, Cultura, Educação e Ação social, vão continuar onde estão. Porquê? Se calhar porque já não ocupam o santuário que são os Paços do concelho, futuro privilégio só para eleitos, assim se evitando contágios de toda a ordem.

Se não fosse tão grave, até daria para rir, quando se olha para a antiga esquadra da PSP, ou para a grande fachada de S. Francisco, imensas edificações há mais de dez anos às moscas. É Tomar, onde já pouco me surpreende.

Resta aguardar que os deputados municipais de oposição saibam estar à altura da situação, que é grave, rejeitando opções esdrúxulas, que nada justifica, a não ser uma obstinação doentia, e a ideia de alguns de que são donos do município, e aprovando soluções racionais urgentes para os reais problemas citadinos.

1 comentário:

  1. Agradeço as palavras, mas só escrevi o que está nos olhos de toda a gente..

    Até como se pode ver neste artigo do Expresso:
    https://expresso.pt/sociedade/2022-12-10-Portugal-e-um-pais-de-monumentos-fechados--dos-4500-imoveis-classificados-so-250-estao-abertos-e-podiam-gerar-224-milhoes-de-euros-a1376df7

    ...estudo esse que uma associação de turismo repescou, devia ser lido por quem tem interesse e obrigações neste tema..

    https://www.patrimonio.pt/post/estudo-patrim%C3%B3nio-cultural-em-portugal-avalia%C3%A7%C3%A3o-do-valor-econ%C3%B3mico-e-social

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