sexta-feira, 31 de março de 2023


Política municipal

Duas asneiras grandes 

que os seus autores consideram grandes êxitos

Em declarações ao semanário O Templário, o vice-presidente autárquico disse que "Requalificar o Flecheiro era premente para nós." Sempre na busca do melhor português possível, foi-se ao dicionário e em PREMENTE apareceram três acepções possíveis: 1 - que exige solução rápida; urgente; 2 - Que aperta, que faz compressão; 3 - Que afecta o coração, angustiante, aflitivo.
Conclui-se portanto que, para o grupo do sr. autarca eleito, o PS, venceram as hipóteses 1 e 3, com destaque para esta última. O que impediu a indispensável ponderação. Aflitos e angustiados, ninguém se lembrou do velho provérbio segundo o qual "cadelas apressadas costumam parir cachorros cegos". Mas foi o que aconteceu, em sentido figurado, é claro.
Ninguém de bom senso contesta a acção de realojamento dos ciganos do Flecheiro. Discorda-se porém, e muito, da maneira como vem sendo feita. Não por questões pessoais ou partidárias. Apenas por se constatar que, para acabar com um problema grave, acabaram por criar quatro ou cinco, potencialmente ainda mais graves.
O que vai obrigar, quanto mais cedo melhor, a destricotar o que foi mal feito, por muito que isso possa doer a quem fez. Apregoar êxitos é fácil. Consegui-los é que é difícil.
É dos livros que "uma asneira raramente vem só" e o caso do Flecheiro é mais um exemplo flagrante disso mesmo.
Falhado, por má execução, o plano de realojamento, veio a seguir e vai agora começar a parte prática de requalificação daquele imenso espaço. A presidência da Câmara acha que os tomarenses vão querer desfrutar de tudo aquilo, e até se lastimou um dia destes de ter 55 anos sem nunca ter podido fazer isso mesmo.
Bastante mais velho, tão pouco tive a ocasião de desfrutar daquela zona, que era na minha juventude o matadouro municipal, o esterqueiro municipal e uma quinta privada, com árvores de fruto, sobretudo ameixieiras, para ser mais preciso. Roubei por ali alguma fruta, que os tempos eram de fome e não de desfrute, aprendi a nadar no então açude do matadouro, e atravessei algumas vezes o milheiral "da Marchanta". Aceito por isso que agora alguns dos seus descendentes nem sequer me cumprimentem quando nos cruzamos na rua. A nova geração, porque com os papás sempre me dei muito bem, uma vez que fomos companheiros de escola, nalguns casos.
Quer isto dizer que viva o progresso e que a população vai finalmente aproveitar todo aquele espaço? É claro que não! Só quem passa os dias e os anos sentado, olhando para o computador, pode ter semelhante ideia. Quem já teve ocasião de observar o Mouchão, a Várzea Pequena ou a Mata, com olhos de ver, sabe bem que, mesmo com sombras e árvores de grande porte, são raros os frequentadores respectivos. E iam agora para o Flecheiro, numa extremidade da cidade, sem árvores de grande porte nem sombras, apanhar um escaldão? Os tomarenses têm os seus defeitos. Não me consta que sejam néscios.
Vamos ter assim mais uma obra falhada, de pura propaganda, que não serve para  nada, a não ser para gastar dinheiro europeu. Uma espécie de Várzea grande 2, o que faz todo o sentido, pois até ao final do século XVIII aquilo também integrava a Várzea Grande. 
Que fazer então? Não sei. Não fui eu que me apresentei ao eleitorado para o representar, e nem sequer frequentei qualquer curso de arquitectura ou urbanismo. Limito-me a opinar, como cidadão pagante.

quinta-feira, 30 de março de 2023

 

Vida local

Anexo clandestino no Bairro Calé

Quando nestas colunas se afirma que a má execução do realojamento dos ciganos do Flecheiro provocou problemas ainda mais graves, uma vez que transformou um acampamento em 4 ou cinco, a maioria PS avança logo que é um exagero e evidente má vontade.
A imagem acima mostra que não é tanto assim. Onde quer que se instalem, os ciganos fazem quase sempre as mesmas coisas: aumentam a família, o que obriga a fazer uns anexos. Provisórios, claro está. Como muitos no velho bairro 1º de Maio, que nem sequer são obra de ciganos.
O que significa que no Bairro Calé a expansão já começou. Se nada for feito, sendo pouco natural que seja, não tarda muito e teremos o dobro da população, com os inerentes problemas, mesmo nas barbas, por assim dizer, da GNR, que que nada pode fazer, pois continua com as mãos atadas administrativamente.

Política local 

Pacóvios contentes

Antes de se exaltarem com o título, aconselho os que se sentirem ofendidos a procurarem num bom dicionário os vários significados do vocábulo pacóvio. Depois me dirão se  maldigo ou apenas constato. E vamos à crónica. Os pacóvios locais, de certa forma representados pelo nazi Manuel, um excelso comentador anónimo local, cuja escrita consegue ser ainda mais falsa e perigosa que a do Adolfo, andam todos satisfeitos. Pudera! Têm a gamela cheia e todos falam de Tomar. É  uma festa de arromba!
Em geral, por razões de índole sociológica que conviria apurar, os nabantinos são cabotinos. Gostam muito de aparecer, de ter palco, directamente ou graças à sua adorada cidade."A mais linda do Mundo", pensam eles, que do Mundo conhecem pouco, e quase só via tv. Mas têm sido bem servidos nestes últimos tempos. Desde 2013 que a principal preocupação dos governantes locais tem sido a propaganda, a imagem deles e da cidade deles.
O convento, a cidade, o rio e a festa, eis o quarteto que propicia grandes alegrias aos tomarenses, quando a informação nacional ou internacional diz alguma coisa a respeito. "Pela positiva", já se vê. Este ano então, vai ser em cheio. Temos a Festa grande, a maravilha das maravilhas, que a todos encanta e leva a meter a mão ao bolso, e até veio o sr. primeiro-ministro. Em missão partidária, mas mesmo assim. O franquista Manuel, que nestas coisas nunca se engana ou tem dúvidas, exultou e aplaudiu. Enquanto houver gamela...
Em Tomar, o habilidoso Costa limitou-se a falar da excelência do Politécnico, agora também doutoreiro, que todos na região bem conhecem. Mas logo no dia seguinte, na outra banda e em conjunto com o governo, alargou-se em promessas de toda a ordem, que serão ampliadas durante a prevista reunião ministerial em Setúbal.
No Hotel dos templários, se quisesse, o dirigente partidário Costa poderia ter avançado com alguns projectos regionais, como por exemplo a nova ponte da Chamusca, a conclusão da A13 ou o aeroporto de Santarém. Não o fez, decerto por ter pena de Tomar, onde infelizmente não há nesta altura qualquer projecto camarário de envergadura a apresentar. Tudo o que não seja ornamentar, enfeitar, requalificar, não interessa à Câmara que temos. É uma opção como outra qualquer. 
As estruturas de acolhimento, indispensáveis numa cidade de turismo, vão continuar a aguardar melhores dias. Dois grandes parques de estacionamento no centro histórico ? Ligação rápida e não poluente ao Convento? Instalações sanitárias? Sinalização? Parque de campismo moderno? Arena multiusos para congressos até mil participantes? Tudo coisas que podem esperar. Importante mesmo e prioritário era realojar os ciganos, uns cidadãos honrados que tão grandes contributos têm dado para a comunidade tomarense, à qual agora também pertencem de pleno direito. Ou não?



quarta-feira, 29 de março de 2023

Política local

Frases para meditar

Com intervalo de poucas horas, li três frases que marcaram este dia, pelo que dizem e pelo que permitem pensar. Num programa da Hertz, Hugo Cristóvão citou um crítico que terá afirmado isto: "A Câmara faz muitas obras, mas fá-las mal." Naturalmente o eleito discorda, e procurou demonstrar o contrário. Todavia, sendo falso que a autarquia tenha feito muitas obras, é verdade que as fez mal. Houve problemas de projecto, de execução, de fiscalização, de prazos e de oportunidade. Praticamente nenhuma era prioritária e há carências gritantes nas proximidades. Como explicar, por exemplo, as obras do Flecheiro, que são só para tornar mais bonito, quando logo mais abaixo a estrada de Carvalhos de Figueiredo aguarda há décadas os indispensáveis passeios e outros melhoramentos? E a rede de saneamento da zona do hospital velho, que data da idade média, quando será requalificada?
Nas jornadas parlamentares do PS, no Hotel dos templários, a presidência da Câmara usou da palavra de forma sucinta, mas ainda assim, segundo O Mirante, com expressões de teor tautológico. Reconheceu que há no concelho e na região graves problemas demográficos, mas igualmente uma acentuada queda do PIB. Olha que admiração! O contrário é que seria surpreendente.
Talvez tivesse sido mais proveitoso, caso a militante e eleita tivesse acrescentado que o acentuado despovoamento começa a causar sérios rombos na economia local e regional, nomeadamente naqueles concelhos, como Tomar, em que o sector público é largamente dominante. O que já conduziu a pelo menos uma situação preocupante. Em 308 municípios, Tomar está no grupo dos 10 que mais gastam com pessoal. O que não surpreende. Ourém tem agora mais 10 mil habitantes que Tomar, mas menos quase 150 funcionários municipais. Como se explica tal anomalia? E a maioria PS nabantina continua a recrutar, tendo em vista 2025...
Última frase por agora, um militante do PS com mais de 40 anos de filiação, desabafou no Facebook que está desencantado com a actual maioria, pelo que em 2025, se o candidato for quem ele pensa (Hugo Cristóvão), não vão contar com o seu voto. Mau sinal, quando ainda tão longe do porto, já há ratos velhos, que sabem muito, preparados para abandonar o barco. Olhando para a História, verifica-se que os fins de reinado são quase sempre bastante conturbados.


terça-feira, 28 de março de 2023

Tomarensices

Em Tomar 

saber produzir textos é por vezes bastante complicado.

Muito se fala do american way of life, uns para o defender, outros para contestar, mas há também o modo de vida tomarense, que passa despercebido à maior parte, apesar da sua evidente originalidade. Eis alguns exemplos, com menos de 10 anos.
Bateram-me à porta pela hora de almoço, sem se darem conta da inconveniência e, convidados a entrar após exposição sumária do assunto, começaram por chorar, chorar, chorar... Depois lá veio então a terrivel confissão. A menina tinha sido abusada por um membro do clero, era muito grave, mas eram católicos praticantes e por isso não podiam queixar-se publicamente.
Depois de contarem tudo de forma detalhada, pediam para eu denunciar por escrito a prevaricação hedionda. Disse-lhes que o faria de boa vontade, mas que teriam de se assumir como pais da vítima, indo até aos tribunais se necessário. Recusaram porque a religião não lhes permitia, na visão deles.
Os anos passaram, a vítima já é adulta e houve alterações no clero regional. Não me consta que no recente relatório independente se tenha incluído o caso que mencionei antes...
Anos volvidos, um tomarense conceituado e tradicional, daqueles que não falham uma missa e comungam com frequência, veio falar comigo, pois sentia-se ultrajado. O pároco tinha mandado para o museu diocesano de Santarém um dos quadros de S. João Baptista, assim sem mais nem menos. Como se tudo aquilo fosse propriedade da Igreja católica, quando afinal é do Estado. Perguntava se eu estaria disponível para ajudar. Obtida a minha anuência, foram convocadas duas reuniões, cada uma com meia dúzia de tomarenses, durante as quais expliquei o que se podia fazer. Escrevi dois protestos num semanário local, que desencadearam uma polémica com um conhecido causídico nabantino, entretanto já falecido.
Desde então, alguns dos participantes nas reuniões nem sequer me cumprimentam, quando nos cruzamos na rua. Quanto ao quadro em questão, ignoro qual seja a situação, se regressou a Tomar, se continua em Santarém. Creio que a Cãmara também não sabe. Não se mete nessas coisas. Segundo a tradição "A Cristo o que é de Cristo, a César o que é de César." Onde isso já vai!
Já este ano, tive ocasião de me insurgir contra dois evidentes abusos do clero católico local. Refiro-me à tela de propaganda, abusivamente colocada na parede norte da torre sineira de Santa Maria, e à missa campal em pleno Mouchão, com os escuteiros em cima da relva.
Já me chegaram ecos de que ambos os protestos caíram mal entre os fiéis locais, os quais alegam que a igreja católica não é criticável pois "é obra de Deus". Peço licença para discordar. A Igreja não é obra de Deus, mas dos homens, alegadamente em nome de Deus, o que não é de todo a mesma coisa. Está portanto sujeita à crítica como qualquer outra instituição ou pessoa. É muito desagradável? Tenham santa paciência. Ter conterrâneos assim também não é nada fácil.
Mas é claro, se eu repetir que os piores inimigos de Tomar são os seus próprios habitantes, vão achar que é um manifesto exagero. E no entanto...



segunda-feira, 27 de março de 2023

Tomarenses 

Os cidadãos ouriços e maus adeptos

As novas tecnologias da informação trouxeram muitas vantagens, tanto a quem escreve como a quem lê. Uma delas é que permite aos dissidentes pouco adaptáveis a certas práticas, como por exemplo lamber botas, continuar a escrever via internet, mesmo quando os visados com alma de ditador fazem o possível para os silenciar. Outra é a contagem imediata. Cada autor pode saber a cada instante quantos leitores já teve nos seus sucessivos escritos. Embora ter cem ou mil pessoas a ler seja rigorosamente a mesma coisa, para quem sempre se recusou a negociar a sua escrita.
Daí a estabelecer uma relação entre o que se escreve e quem lê, é um pequeno passo que logo se dá. Aqui no Tomar a dianteira permitiu 3 chegar a uma curiosa conclusão: os leitores tomarenses são do tipo ouriço. Pessoas evoluídas, habituadas à leitura recreativa, perante algo que não lhes agrada, "enrolam-se" como os animais de picos. Recusam-se a ler. Não querem ver.
São como os maus adeptos desportivos que temos. Quando o clube do coração está a perder, abandonam o estádio para não ver desgraças, justamente quando  a equipa mais precisava de apoio. Na base destes dois comportamentos convergentes parece estar uma permanente atitude de intolerância, alicerçada num mau ensino dito de esquerda, que inculcou ideias abstrusas como "moralmente superior", "sentido da história", "linha justa" ou "classe operária". Daí resulta que os da geração mais qualificada de sempre, são também, regra geral, os mais intolerantes de sempre. Recusam-se a mudar, e como os outros escrevem coisas que não lhes agradam, sem que os possam impedir, deixam de ler, tal como abandonam o estádio quando o clube está a ser castigado.
No Tomar a dianteira 3 é nítido, tanto no blogue como no Facebook, que quanto mais se denunciam os grosseiros erros camarários, menos leitores há. Se calhar convencidos de que, não lendo, a repercussão vai ser menor, uma vez que se consideram o centro do mundo. E se o centro do mundo não lê, o texto simplesmente não existe. Para eles, claro. 
Depois admiram-se de estar cada vez mais a ser penetrados sem vaselina. Nunca ouviram dizer, ou não leram porque não lhes convinha, que gente informada é menos "enrabada", porque já está de sobreaviso. (Peço desculpa pelo palavrão. Podia dizer de outro modo. Mas não seria bem a mesma coisa.)



Informação local

Há mesmo corrupção na Câmara de Tomar

Foi uma grata surpresa, encontrar na grelha inicial da Rádio Hertz um debate sobre corrupção, entre o vice-presidente Cristóvão e o vereador Carrão, com o incansável António Feliciano sempre ao ataque, procurando extrair mais e mais.  Neste caso, sem grande resultado. Os convidados ficaram-se pelas usuais generosas generalidades. 
Partindo do recente caso de Torres Novas, Carrão discordou da posição dos eleitos torrejanos, por afirmarem que era apenas um problema de funcionários municipais. Vincou e bem que a responsabilidade é sempre dos eleitos, que são os responsáveis máximos.
Cristóvão afirmou não querer referir-se a outras câmaras, como sempre tem feito, e asseverou que  no caso de Tomar não há exemplos de corrupção, embora não se possam excluir à priori, conforme acrescentou, pois tudo o que é humano... Nada a recear, portanto. Contudo, sendo certo que não há provas nem indícios suficientes, desde há muito que se fala numa "panelinha municipal" nabantina, mais cara que a de Leiria, por exemplo.
Não podendo ir por aí, dada a falta dos tais elementos mencionados, uma vez que as pessoas falam falam, mas quando chega a ocasião de apresentar provas, ou mesmo dar a cara, não estão para ninguém, sustenta-se ainda assim que há corrupção na Câmara de Tomar.
Não, talvez, aquela corrupção "hard", de embolsar milhares, mas a corrupção "soft", para obter vantagens indevidas, para si ou para os parceiros. Não indo muito longe no tempo, pense-se naquele concurso para chefe de divisão do turismo e cultura. Causou algum escândalo que se tenha exigido, no programa do concurso, uma licenciatura em "geografia humana", quando a legislação vigente apenas exige uma licenciatura, sem qualquer especificação.
Questionado sobre o assunto, uma vez que a dita licenciatura em geografia humana era exactamente a habilitação da pessoa que ocupava o cargo, à data do concurso (que recorde-se, é sempre para uma comissão de serviço, limitada no tempo), Cristóvão esclareceu que há anos se fazia assim, pelo que se decidiu continuar.
Admitiu portanto que há anos se pratica na Câmara uma forma de corrupção, a qual consiste em falsificar previamente os resultados dos concursos públicos de recrutamento. Aquilo que vulgarmente se chama "concursos com vencedor antecipado". Que os eleitos achem normais tais práticas, que se prolongam para o sector dos ajustes directos, dos projectos e das obras municipais, mostra bem que a administração pública carece cada vez mais de uma ampla reforma, que a possa tornar novamente naquilo que foi antes do 25 de Abril -a garantia do rigoroso cumprimento das leis da República, que são iguais para todos. É para quando?
Uma nota final, para os leitores perceberam melhor a situação pantanosa em que nos encontramos cada vez mais. Há umas dezenas de anos, ruiu a velha ponte de Entre os rios, quando ia a passar um autocarro cheio, causando dezenas de mortos. Logo   a seguir, o ministro da administração interna, o agora falecido Jorge Coelho (PS), demitiu-se alegando que a responsabilidade era também dele. Décadas mais tarde, num caso de corrupção municipal em Torres Novas, os autarcas PS acham que é um assunto só entre funcionários, que não envolve eleitos. Haverá quem acredite?

domingo, 26 de março de 2023


Política local

A brincar ao turismo

Em 2016, a maioria PS local decidiu encerrar o parque de campismo, alegando que não fazia parte do planeamento urbanístico da zona. Entretanto, nas suas múltiplas intervenções em estilo triunfalista, a presidência da Câmara foi afirmando que não queriam "turismo de massa", mas sim "turismo de luxo". Os termos usados foram outros, mas a ideia era esta.
Num concelho amorfo, cuja população praticamente nunca discorda seja do que for, houve ainda assim alguns resmungos, o que levou os socialistas locais, leia-se o vereador do pelouro, a decidir que afinal, contas bem feitas, não podia haver ali um parque de campismo, mas um "encosto" de caravanismo. O que foi feito. Desde então, na antigas instalações do campismo, que oficialmente não podem estar alí, há um sector para estacionamento de caravanistas. Turistas que não sendo de luxo, também não são dos de saco às costas. Estava salva a honra do convento. Deixou de haver resmungos a nível local e a Câmara deixou de ter chatices com os funcionários do parque, que foram adstritos a outras secções. Há é certo uma situação incongruente, com caravanistas a queixarem-se, uns por não haver água quente, outros por haver guarda durante o dia, mas não durante a noite, quando seria bem mais útil.
Estávamos assim, com o povo calado como habitualmente, quando foi noticiado que, neste fim de semana e durante dois dias, vão estar em Tomar quase 600 escuteiros dos 8 aos 12 anos. Onde vão acampar? Ora ora! Está-se mesmo a ver que no ex-parque de campismo. Porque entretanto a Câmara cedeu uma parte do parque a um agrupamento de escuteiros de Tomar. Ou seja, parque de campismo não. Mas se forem caravanistas ou escuteiros acampados, tudo bem. Curioso planeamento urbanístico...
Acrescentando à embrulhada administrativa, no domingo as centenas de criancinhas tiveram direito a missa campal no Mouchão, instaladas em cima da relva. Como nos concertos pop da Filipinha. Conclusão: Nada de campistas de saco às costas, a não ser que sejam escuteiros. Apesar de haver outros locais, está-se mesmo a ver que, no planeamento urbanístico da cidade, o Mouchão é um jardim municipal, local de concertos e de missas campais. 
Na Cerca? Nem pensar, para não verem que tudo aquilo ou já secou, como o buxo, outros arbustos e árvores de grande porte, ou acabará por secar, vítima do desmazelo de quem governa, que fala muito mas faz pouco e mal. Mas 2025 é já ali adiante...


sábado, 25 de março de 2023


Vida local

Sobre emigrantes tomarenses

Assim sem quase me dar conta, já estou em Fortaleza  há perto de sete anos. E a vontade de regressar é nula. Por causa do clima, pensará quem lê. Também, mas não só. Há em Tomar gente simpática e hospitaleira, calculo que como em qualquer outra terra, mas não serão maioritários, bem pelo contrário. E os outros...
Sem entrar em detalhes, residem aqui na capital cearense alguns tomarenses, que trabalham na área do comércio. O que surpreende, quando se fala com eles, é que expressam saudade, porém sem qualquer vontade de regressar.
Outro indício no mesmo sentido, de todo inesperado, aconteceu há semanas. Uma amiga brasileira, que aluga em regime de alojamento local, apresentou-me a três clientes portuguesas. De conversa em conversa, acabei por concluir que uma delas é tomarense de nascimento, como eu, mas está na Suiça há perto de vinte anos.
Estiveram aqui três meses, e já se foram embora, mas antes convidaram-nos, a Neila e eu, para as ir visitar no próximo Verão, em S. Martinho do Porto, onde uma delas tem uma vivenda. Julgando estar a dizer uma evidência, avancei que antes disso se calhar ainda nos íamos encontrar em Tomar. A resposta da conterrânea foi algo ríspida: -Voltar a Tomar? Nem à força! Nunca mais. Só morta!.
A boa educação impediu-me de questionar. Ficou a dúvida. Que lhe terão feito, ou deixado de fazer, que justifique tal reacção? É o problema das terras pequenas dos países menos evoluídos. As pessoas vivem contentes consigo próprias, viradas para dentro, alheias ao  Mundo que as cerca, julgam-se cheias de razão, defendendo ideias e princípíos que já não se usam em nenhum outro sítio civilizado e achando que os culpados são sempre os outros. Será assim?
Inadvertidamente, ou talvez não, arranjam conflitos com os vizinhos e conterrâneos, agravando ainda mais o autismo dos tomarenses, produto de um ensino que deixa a desejar. Não é por mero acaso que, logo à primeira tentativa, o Chega, intolerante, ultrapassou a  barreira dos 10%, colocando-se na posição de 3ª força política do concelho, bem na frente de outros que se dizem progressistas e andam há quase cinquenta anos a difundir uma doutrina com cada vez menos seguidores. Definham, como a igreja católica.
Tomar é uma bela cidade, com um monumento fora de série e uma festa original. É portanto normal que os tomarenses gostem da sua terra. Mas é também doentio endeusar a urbe e idolatrar os tabuleiros, como tem sido feito e tende a agravar-se. É uma lástima o que se vai vendo no Facebook, publicado por nabantinos.
O mundo é grande e ameno, dizem os espanhóis. Convém olhar também para ele, saber relativizar as coisas, e questionar-se: Porque está Tomar a ficar cada vez mais trás? Será exagero dizer que os piores inimigos da cidade e do concelho são os seus próprios habitantes, ainda que sem disso se darem conta?

sexta-feira, 24 de março de 2023

Política local

Gente com pouca educação

Caixa de entrada (1 252) - anfrarebelo@gmail.com - Gmail (google.com)

TOMAR – Câmara avança para a compra de terrenos próximos ao Convento de São Francisco. Negócio deve fazer-se por cerca de 750 mil euros | Rádio Hertz (radiohertz.pt)

TOMAR – Reabilitação do Convento de S. Francisco em equação. Câmara fecha protocolo de comodato com ministra da Ordem Franciscana | Rádio Hertz (radiohertz.pt)

Começar o dia a pensar, entre outros, nos temas acima, não é das tarefas mais agradáveis. Era bem mais cómodo ver um filme na televisão, ou ir ali para a praia com um bom livro, para ler à sombra das árvores. Mas hábitos são hábitos. Quando os enxotamos, regressam em grande velocidade.
Acabei agora de percorrer O Templário e fiquei contente. Após um silêncio profundo de mais de dois anos, publica agora uma ampla notícia sobre o há muito anunciado desastre ecológico na Mata dos sete montes. Infelizmente, por razões conhecidas que têm a ver com dependência económica, fica-se pela fantasista versão oficial da Câmara e do ICNF, que apenas pretendem sacudir a água do capote, tentando atirar a responsabilidade que lhes cabe, por desmazelo, para cima de um hipotético parasita.
A foto do lado direito da página 6 do jornal, (ver link supra) mostra bem  a triste situação. Não há parasita nenhum. Apenas falta de manutenção adequada e da água dos Pegões. Prova disso é que, na dita fotografia, o buxo ainda está em bom estado, mas as árvores à esquerda, com raízes mais profundas, já estão mortas. Secaram porque a Ribeira dos 7 montes, ali ao lado, deixou de correr, quando desapareceu a água dos Pegões no tanque da Cadeira d'el-rei. Haja coragem para encarar a realidade!
Os dois outros temas têm em comum a  pouca educação política e cívica dos eleitos. A tal geração mais qualificada de sempre, pode também vir a revelar-se a mais mal educada e intolerante de sempre. Em todos os casos, a presidência da Câmara decidiu, sem antes ouvir quem a elegeu e, pior ainda, assume compromissos que vão para além da sua permanência no poder. Com que autoridade moral?
Quem já sabe que, aconteça o que acontecer, deixará de estar no poder municipal em 2025, por imposição legal intransponível, a que título assume agora compromissos que vão onerar os sucessores? Tem a certeza que o PS vai ganhar? Sabe se outro eventual vencedor terá as mesmas opções? Trata-se obviamente de falta de boas maneiras, a tal má educação, o que é sempre lamentável.
Sejamos claros. Negociar agora uns terrenos onde, na melhor das hipóteses, só haverá construção (se houver!) lá para 2026 ou 2027, uma vez que o ritmo de trabalho da autarquia nabantina é bem conhecido, é puro abuso de poder, e indicia que haverá outros interesses em jogo, que os próximos autarcas podem não estar interessados em satisfazer...

Adenda

Se pensa que a crónica acabada de ler é um bocadinho agreste, por favor aceda este link:



quinta-feira, 23 de março de 2023

 

Imagem MRJN

Ambiente e património

Afinal o buxo da Mata parece que

morreu afogado ou de pneumonia galopante

Finalmente, um outro órgão de informação local noticia capazmente o grave desastre ecológico da Mata dos sete montes. A Rádio Hertz publica um trabalho, que inclui video com declarações da presidência da Câmara, e citações de um esclarecimento conseguido pela Hertz junto do Instituto de conservação da natureza e das florestas, o qual pode ser lido aqui:

TOMAR – ICNF garante que atual estado desolador do Mata dos Sete Montes «não tem a ver com a manutenção». «Há a expetativa de recuperação» a tempo da Festa dos Tabuleiros mas há fatores que podem comprometer essa esperança | Rádio Hertz (radiohertz.pt)

Trata-se de uma publicação sem dúvida útil, sobretudo porque o vídeo mostra a miséria a que chegou a Mata. O resto mais parece um texto humorístico, não por culpa do jornalista redactor, mas devido à argumentação avançada. Cabe de resto esclarecer que a própria designação oficial do ICNF - Instituto de conservação da natureza e das florestas - já resulta um pouco cómica. Todos sabemos que "da natureza e das florestas" é uma redundância infeliz, pois não se conhece floresta alguma que não faça parte da natureza. Mesmo as modernas florestas de cimento, que fazem parte da natureza das coisas.
O título da notícia é assaz  elucidativo da atrapalhação reinante: "ICNF garante que actual estado desolador da Mata dos sete montes não tem a ver com a manutenção", o que é verdade. Em bom rigor estamos perante o resultado evidente da falta de manutenção. Segue-se outra argumentação do mesmo calibre, que pode ser lida no link acima, com destaque para estes dois excertos: "Há a expectativa de recuperação a tempo da Festa dos Tabuleiros, mas há factores que podem comprometer essa esperança." Uma frase do tipo "Amanhã vai estar um lindo dia de sol, a não ser que chova por causa das nuvens." E estamos conversados a respeito.
Noutro parágrafo "O ICMF alerta para factores biológicos, fisiológicos, e climáticos a considerar", sendo que acertou parcialmente, sem querer. A água dos Pegões, que há mais de vinte anos deixou de correr e escorrer para a Mata, após mais de três séculos, alterou assim o microclima  daquele espaço, provocando a morte dos buxos, mas também de muitas árvores, que aparentemente o ICNF ainda não viu. Após uma lengalenga sobre outros alegados casos idênticos, imprestável porque não cita nomes nem locais que permitam verificar, o ICNF tem esta tirada de almanaque: "Ou seja, aparentemente, justifica o Instituto [o buxo seco] deve-se a pluviosidade acima do normal e períodos mais prolongados de temperaturas baixas." Por outras palavras, uma parte do buxo morreu afogada, por excesso de chuva. Ou terá sido de congestão? A outra parte foi vítima de pneumonia galopante, devido ao frio e à falta de agasalho. Falha de manutenção capaz e de água,  é que não foi de certeza!
Tomar a  dianteira 3 já conhecia diversas correntes do socialismo democrático. Só pode portanto ficar contente, ao constatar que a maioria rosa local, com a notável colaboração de outros organismos do Estado, vai procurando implementar o "socialismo brincalhão". Tipo programa TV do RAP.
Sempre nos vamos rindo, o que parecendo que não, pode ajudar um pouco, em plena crise, pois não muda de preço. E substitui com vantagem o clássico "Tenha santa paciência!".

 

Bairro Nª Srª dos Anjos - Estrada de Paialvo

Política local

A Câmara administra 

182 alojamentos de renda apoiada

É um hábito muito tomarense., e até português. Falar de economia, habitação, educação, emigração, população, etc. sem quase nunca apresentar dados verificáveis. Tendem a ficar sempre pelo blá-blá-blá de circunstância. Procurando remediar tal maleita na medida do possível, Tomar a dianteira 3 requereu à Câmara, ao abrigo da LADA -Lei de acesso aos documentos administrativos, algumas informações sobre o seu parque habitacional. Vulgo habitação social. Para finalmente formar uma ideia fundamentada sobre o parque habitacional nabantino.
Primeiro indício da pouca vontade camarária, a referida Lei concede-lhes 10 dias para responder, mas só o fizeram passados vinte dias, depois de interpelados pela CADA, o organismo supervisor. E mesmo assim com lacunas. Excesso de trabalho, certamente...
Dos elementos facultados, conclui-se que a autarquia possui ou administra 182 alojamentos no concelho. 7 T1 (duas assoalhadas), 70 T2 (três assoalhadas), 102 T3 (quatro assoalhadas), 3 T4 (cinco assoalhadas). Desse total, 174 estão arrendados em regime de renda apoiada, e os 8 restantes estão devolutos, em processo de reabilitação.
Apesar de solicitada nesse sentido, a Câmara não forneceu o montante de cada renda, nem mesmo de forma genérica, refugiando-se na regulamentação oficial, avançando com decretos, portarias, circulares e despachos. A técnica usual dos burócratas pouco competentes. Dá menos trabalho citar um decreto que procurar os detalhes solicitados. 
O mesmo aconteceu quanto ao efectivo pagamento das rendas convencionadas. Apenas foi respondido isto: "Sempre que, em cada contrato, existam três rendas em atraso, é iniciado o processo de liquidação." Muito bem. Há nesta altura quantas rendas por pagar? Quantos processos estão em curso? Quantos já foram concluídos? Qual foi o resultado de cada um deles?
Tomar a dianteira 3 já solicitou a resposta em falta, uma vez que a solicitação era muito clara: 3 - "Relação das rendas em débito, com indicação da respectiva duração, omitindo-se os nomes dos inadimplentes." Considera-se pouco provável, porém possível, que ainda acabe por haver finalmente uma resposta completa da Câmara. Oxalá!


quarta-feira, 22 de março de 2023

 

Vida local

Não crescemos nem nos multiplicamos

https://radiohertz.pt/tomar-camara-aprova-fecho-do-jardim-de-infancia-de-fetal-de-cima-com-posicao-contraria-do-psd/

Os fiéis locais, com relevo para aqueles com feitio mais Santo Ofício, parecem andar todos satisfeitos e entretidos com a onerosas obras de S. João e a vinda do Papa. De tal forma que se esquecem de seguir um dos grandes preceitos de Deus. "Crescei e multiplicai-vos", disse o Senhor. Está na Bíblia, em Genesis 1.28. Em Tomar é particularmente evidente que nem crescemos, pois estamos cada vez mais na mesma, nem nos multiplicamos, uma vez que somos cada vez menos.
Comentando de forma acessória tão grave situação, o sr. vice-presidente da Câmara explicou um dia destes, aos microfones da Hertz, que nos últimos dez anos perdemos quase cinco mil habitantes, mas que tal se deve, entre outras coisas, ao novo recenseamento automático. Realmente...
Tudo isto para procurar enquadrar uma pequena notícia, no entanto importante por aquilo que denuncia. Trata-se do encerramento, aprovado pela Câmara, do Jardim de infância de Fetal de cima, na antiga freguesia de Além da Ribeira. (ver link) O PS votou a favor e o PSD votou contra, neste caso não por discordar dos socialistas em termos doutrinais, mas apenas porque o estabelecimento pré-escolar estava numa freguesia social-democrata, e agora as 4 crianças vão para a Escola Santa Iria, do Agrupamento templários, controlado pelos comunistas. As coisas são o que são,  e na política aquilo que parece é.
Tal parece ser a posição laranja, que esquece um dado essencial. Há sete anos, aquando da primeira tentativa para encerrar o J.I. do Fetal de Cima, a junta de freguesia chegou-se à frente, aceitou assumir alguns encargos, e venceu. O estabelecimento continuou a funcionar, então com 9 crianças inscritas. Sete anos depois, ainda havia 4. Diferentes, bem entendido. Valeu a pena a resistência de 2016? Quanto custou à freguesia?
Sem  tomar partido nesta questão, quer-me parecer que se torna cada vez mais urgente parar para pensar, sobre esta e outras matérias. Num concelho cuja população diminui de forma constante, está-se mesmo a ver que a frequência dos estabelecimentos de ensino vai forçosamente pelo mesmo caminho. O que implicará, mais cedo ou mais tarde, que os alunos das freguesias rurais terão de passar a frequentar os estabelecimentos urbanos. Assim sendo, com que intenção decidiram construir o Centro escolar da Linhaceira? Terá sido só para compensar em relação ao dos Casais, de outra cor política? Ou haverá também a ideia peregrina de levar alunos urbanos para a zona rural, pretextando que é mais saudável? (Note-se que esta divisão entre alunos urbanos e rurais é apenas teórica, para efeitos de escrita. Na verdade, dizer que os alunos de S. João e Santa Maria são de uma zona urbana, quando comparados com os de Lisboa ou Leiria, por exemplo, é um manifesto abuso de linguagem.)
No antes referido programa de rádio, o vice-presidente, que também é vereador da educação, informou que, pela primeira vez nos últimos anos, em 2023 há mais alunos inscritos. Com tantos refugiados, tantos ciganos e tantos imigrantes, é natural. Mas convinha saber duas ou três coisas, para perceber melhor a situação: O alegado aumento, são afinal quantos novos alunos inscritos? Qual a sua origem? Em que níveis de escolaridade se encontram?
Sem estas e outras informações banais, nunca mais vamos entender cabalmente a nossa triste situação enquanto comunidade cada vez mais rural e insignificante no conjunto nacional. O que significa que continuamos a afundar-nos, contentes é certo, mas cada vez mais ignorantes. Já nem respeitamos os preceitos do Senhor, mas continuamos a bater com a mão no peito, garantindo que somos católicos do melhor que há. Pois.


terça-feira, 21 de março de 2023


Política local - Autarquia

Atirar carga ao mar 

ao aproximar-se do porto nunca é bom sinal

 TOMAR – Mudanças na Câmara: Licenciamento de obras particulares passa para a alçada da vereadora Filipa Fernandes | Rádio Hertz (radiohertz.pt)

Numa decisão surpreendente e inesperada, Hugo Cristóvão, acaba de anunciar que  a Câmara vai transferir o pelouro de Licenciamento de obras particulares para a vereadora Filipa Fernandes, que não parece dispor de qualquer habilitação técnica que a possa capacitar para tal função. Sendo certo que a Lei o não exige, pois era também o caso do vereador cessante nessas funções, é também um facto que em muitos casos, por esse país fora, são arquitectos ou engenheiros que desempenham tais funções. Mas em Tomar não há tais profissões entre os eleitos do executivo, um indício a meditar.
De tão inopinada, tal alteração na orgânica municipal não pode deixar de provocar muitas interrogações no seio do eleitorado, que bom seria fossem respondidas em tempo oportuno, e pelo próprio interessado, porquanto a longo prazo tudo acaba sempre por vir à superfície. 
No actual contexto, em que Filipa Fernandes, bastante contestada na área cultural, fica singularmente ocupada com mais um pelouro complicado, enquanto o outro vereador, Helder Henriques,  parece estar só para fazer número, surgem para já duas explicações possíveis. A primeira é que aquela embrulhada do terreno de Cardelas, com uma construção clandestina, comprado pela Câmara por quarenta mil e quinhentos euros, ainda pode vir a dar muito que falar, e terá certamente alguma relação com este abandono de funções sectoriais do vice-presidente.
A outra hipótese explicativa é que o mesmo esteja já preparando a sua candidatura à Câmara em 2025, e que terá considerado ser muito desvantajoso apresentar-se aos eleitores como vereador das obras particulares, um sector muito mal visto por esse país fora, incluindo em Tomar.
A imagem que fica, do trabalho do vereador nestes últimos dez anos, está longe de ser brilhante. Faz pensar naqueles barcos que antigamente, por razões conhecidas, atiravam carga ao mar ao aproximar-se ao porto.







DEPUTADOS DO PSD VISITAM TOMAR

Os deputados do PSD à Assembleia da República eleitos pelo distrito de Santarém,
Isaura Morais, João Moura e Inês Barroso, visitaram o concelho de Tomar a convite da
Comissão Política de Secção do PSD de Tomar, com o objetivo de dar a conhecer o
território, o trabalho das instituições, empresas e de fortalecer o contacto direto com a
comunidade.
O programa da visita, envolvendo deputados, dirigentes do PSD de Tomar, autarcas e
militantes, foi extenso e imersivo na vivência tomarense, passando por diversos
setores de atividade e várias freguesias. A comitiva reuniu com entidades, começando
pela Associação dos Empresários de Turismo do Castelo de Bode, o Lar de São Pedro
e a Sociedade Banda Republicana Marcial Nabantina, havendo ainda oportunidade
para uma visita ao espaço onde estão a ser feitas as flores para a Festa dos
Tabuleiros na Rua dos Arcos. A tarde foi dedicada ao tema da segurança, com visitas
e reuniões com a Polícia de Segurança Pública e a Guarda Nacional Republicana,
com vista a conhecer de perto o trabalho e as necessidades das entidades
responsáveis pela segurança no concelho.
Os deputados do PSD mostraram grande interesse em conhecer de perto as
entidades visitadas, ouvindo as suas preocupações e identificando as formas como
poderão, na Assembleia da República, contribuir para o seu desenvolvimento.
No final da jornada, a Comissão Política do PSD de Tomar fez um balanço muito
positivo da visita, considerando que a mesma foi essencial para dar conhecer as
necessidades da população e colaborar com os deputados na procura de soluções
para os projetos e problemas identificados.
Tomar, 21 de março de 2023
PSD de Tomar





Imagem MJN, de 19 /03/2023, com os nossos agradecimentos

Aqueduto dos Pegões, Castelo e Mata

Um desastre ecológico na indiferença geral

As duas primeiras imagens acima mostram partes da Cerca conventual -agora Mata dos sete montes- como ela já foi. Com muitas oliveiras, nos anos 50 do século passado, ainda produzia azeitona parta cinco mil litros de azeite. Entretanto mudaram-se os tempos, mudou o regime político e mudaram as vontades. Os funcionários dos serviços florestais foram cortando as oliveiras, oficialmente para se aquecerem no inverno, particularmente para venderem a lenha e meterem o dinheiro ao bolso. Praticamente, já não há mais oliveiras na mata nacional. Quem tenha dúvidas, é só passar por lá e comparar com as fotografias. Nunca tinham dado por isso, pois não?
Entretanto, mais acima,  a água correu no aqueduto dos Pegões entre 1613 e 1990, das nascentes até à Torre de Dª Catarina, no ângulo sudeste da muralha.. Nos anos 80, o Convento deixou de depender da Direcção-Geral da Fazenda Pública, tendo passado para a DGPC -Direcção-Geral do Património Cultural. Poucos anos depois, este novo organismo governamental chegou a acordo com o Seminário das missões e passou a ocupar a totalidade do Convento.
Os Pegões, que até então estavam ao cuidado do seminário, que precisava da água para regar a horta e os pomares, passaram a estar ao abandono. E a água nunca mais passou dos Brasões para cá. Assim foi gravemente atingido um eco-sistema incluindo os pomares e jardins do convento, os tanques, a ribeira e as encostas da Mata, que sem água vão morrendo pouco a pouco. (Ver imagem supra).
Na indiferença geral, pois mesmo na informação local só Tomar a dianteira 3 abordou a questão nos últimos dois anos, mas todos estão agora confrontados com o desastre ecológico causado pelo evidente desmazelo e pela falta da água dos Pegões. O buxo dos canteiros da Mata está seco e sem remédio, uma vergonha para a prevista exposição dos tabuleiros, dentro de três meses.
Vai daí, surgiram posições de todo inesperadas, na fantochada política local. A Câmara, que nunca se preocupou com o assunto, agora vai fazendo pressão, não para uma solução definitiva, mas apenas para que tudo esteja verdinho para receber os tabuleiros. Depois que se lixe, que não é nada com eles.
Os técnicos do organismo que devia gerir capazmente a mata, seguiram a doutrina socialista. Não têm culpa, porque o desastre não resultou do desmazelo e da falta de rega. Os culpados são os bichos. No caso umas bactérias, fungos, ou outros micro-organismos. E vá de recolher amostras, para encomendar análises, que naturalmente vão confirmar isso mesmo. Só não se dão conta que podem muito bem estar a ver as coisas ao contrário. A falta de água no solo mais profundo e a falta de rega regular, provocaram a morte dos arbustos, entre os quais o buxo, e só depois, na fase normal de decomposição, é que apareceram as tais bactérias e os tais fungos. Não queiram fazer de nós parvos. Ignorantes sim, mas não tanto.
Olhando com alguma atenção para a imagem mais recente, vê-se que com as  chuvas de inverno, já  apareceu nova vegetação e há recuperação da antiga, que ainda não estava completamente seca, sem quaisquer vestígios de estragos provocados por fungos ou bactérias.
Resta o problema da exposição dos tabuleiros. Logo veremos que solução milagrosa vão arranjar os conceituados técnicos. Se para durar, ou só para a ocasião. A presidência camarária já disse que paga. Viva Bruxelas!

segunda-feira, 20 de março de 2023

 Imagem TNR, com os nossos agradecimentos.

Protecção do património

Publicidade católica à vinda do Papa

na torre de Santa Maria

Tábuas pregadas em árvore na via pública | Tomar na Rede

Seria um milagre, se eu acreditasse em tal coisa. Após meses e meses de porfiado silêncio, na sequência de uma local do Tomar na rede sobre pregos espetados numa árvore, para amparar um tapume, um comentarista usual daquele blogue lá se lembrou de falar finalmente das escápulas espetadas na torre de santa Maria, para segurar uma publicidade católica sobre o próximo encontro mundial de juventude em Lisboa, com a presença do Papa. O tal do altar de 4,5 milhões, lembram-se?
Após tantos meses de obstinado silêncio, que nenhum órgão local de  informação ousou quebar, certamente com medo de irem parar ao alegado inferno, a que se deve tal mudança? A dita publicidade ilegal já foi retirada? A denúncia dos muitos escândalos de pedofilia que mancham a Igreja, já começou a servir também para soltar a língua em relação aos pecados do clero?




Vida local

A esperança é sempre a última a morrer

https://observador.pt/2023/03/19/rentes-de-carvalho-o-estrangeiro/

Conquanto tendo sempre por companhia o verso de Camões "Triste ando eu velida que sei ser o meu mal sem esperança...", também nunca esqueço ser a esperança a última a morrer. Donde a ideia de propor a leitura da crónica do link supra e, se possível, do próprio livro, agora reeditado. Dirijo-me sobretudo, já se vê, à minoria da minoria dos tomarenses que ainda lêem livros. Os outros não costumam olhar para estas crónicas.
Rentes de Carvalho, um transmontano emigrante político que correu mundo, acabando por se fixar da Holanda, onde foi professor, escreveu em 1972 o livro agora reeditado. Nele procura mostrar os holandeses tal como eles são, ou seja um retrato fiel e por isso nada agradável, antes pelo contrário. Apesar disso,  (ou por isso mesmo?) a obra conheceu um relativo sucesso. Prova evidente de algum êxito, é a sua reedição em ambos os países, meio século mais tarde.
Naturalmente muito melhor do que eu em relação aos tomarenses, Rentes de Carvalho descreve os holandeses sem condescendência, exactamente porque eles próprios nunca são nada condescendentes. Nem com os patrícios, nem com os estrangeiros. Recorde-se aqui a intervenção de um ministro das finanças, agora dirigente europeu, que em tempos criticou publicamente o excesso de ajudas europeias aos países do sul, que têm tendência para gastar tudo em putas e vinho verde, afirmou ele então. E sobretudo os tomarenses ficaram escandalizados...porque é verdade. Festarolas, obras sobretudo para ornamentar, mais de meio milhão para a cultura popular, é o quê senão esbanjar recursos europeus?
Por muito menos, os tomarenses só ainda não me mandaram prender, ou pelo menos calar, porque não têm como. Mas vão fazendo o possível. Ninguém publica prosa minha. Entre a liberdade crítica e a gamela, escolhem a gamela. E não porque eu escreva falsidades, ou a escrita seja canhestra. Pelo contrário, apenas porque mostro os nabantinos tal como eles são, com as inevitáveis excepções. E a fotografia nunca lhes agrada. Gostam muito mais dos subsídios, com uma ou outra condecoração, aqui e acolá. Quando o poder local mudar, fingem que mudam também. Adaptam-se ao novo modelo de biberão. É também isso que nos separa. Eu mamei nos seios da minha mãe. Eles já foram habituados às tetinas aprovadas desde o nascimento.
Mas vão lá explicar isso a gente intolerante, sectária, hipócrita, invejosa e intelectualmente pouco dotada! Rentes de Carvalho tem a coragem de escrever desassombradamente sobre o povo e o país que o acolheram, sem que daí lhe advenham problemas de convivência. No que me toca, tem sido o oposto. Apesar de nunca escrever sobre os franceses, por entender que não tenho arcaboiço para tanto, mesmo limitando-me aos meus conterrâneos, já tive aborrecimentos que cheguem. E não ignoro que os meus textos agradam realmente a bem poucos. Mas irritam a maioria. Sobretudo os que  não os lêem.
Estamos na periferia da periferia da União Europeia, e isso nota-se. Não tanto pela ignorância e o imobilismo reinantes. Sobretudo pela inabalável auto-convicção de que os tacanhos é que estão cheios de razão,  que evoluir é mau, e que inovação é sempre condenável, salvo sendo só para fingir. Por isso escrevi no início que "sei ser o meu mal sem esperança". Os que não mudaram até aqui, também não é agora que vão mudar. 
Mas fica dito, para memória futura.

domingo, 19 de março de 2023

Cataratas de Iguaçu, vista de uma das partes

Barragem de Itaipu

Cataras de Niagara. Vista aérea  a partir do lado canadiano.

        

O autor, nas cataratas de Niagara, em 2009

Indústria turística

O exemplo das cataratas

Numa altura em que, instigados por um órgão de informação local, dois vereadores em princípio opostos, debatem os problemas locais ligados ao desenvolvimento económico, ou à falta dele (ver crónica anterior), pareceu útil apresentar dois exemplos de êxitos turísticos transfronteiriços, um na fronteira entre o Canadá e os Estados Unidos, outro na fronteira entre o Brasil e a Argentina.
As cataratas do Niagara, no rio do mesmo nome, separam (ou unem?) dois países de língua inglesa, na povoação homónima Niagara falls.  As quedas de água podem ser vistas livremente, tanto de uma lado como do outro, excepto em pequenos troços mais favoráveis, que são pagos. Todavia, à boa maneira capitalista, para ir ver de mais perto, há os circuitos de barco, obviamente pagos, mas com impermeável descartável incluído no preço do bilhete. (ver imagem)
Na outra extremidade do continente americano, fazendo fronteira entre a Argentina e o Brasil, ficam as impressionantes cataratas de Iguaçu, muito mais vastas e potentes que as americanas. Há longos passadiços de ambos os lados, que muito facilitam a visita, mas cujos bilhetes de acesso não são propriamente baratos. Nas proximidades, a gigantesca barragem de Itaipu, com 25 turbinas geradoras, é propriedade mista Brasil- Paraguai, e pode ser visitada gratuitamente num autocarro da empresa que circula livremente entre os dois países. Promoção a quanto obrigas...
Excluindo a central eléctrica de Itaipu, cujo negócio é a produção e venda de energia eléctrica, e não o turismo, a preocupação é ganhar dinheiro vendendo bilhetes, e assegurando condições dignas de acolhimento. Não ouvi ninguém falar em promoção da terra, ou em ocupar a população em tarefas comuns, em nenhum dos locais que visitei. Parece tratar-se de preocupações exclusivamente tomarenses. Porque será?


sábado, 18 de março de 2023


Política local

Debater no nevoeiro

A Rádio Hertz emite, julgo que duas vezes por semana, em video, Olhar Tomar. É um programa de debate convergente, digamos assim, bem  conduzido pelo jornalista António Feliciano. Os dois intervenientes residentes são, por ordem alfabética do primeiro nome, Hugo Cristóvão e Tiago Carrão, ambos eleitos locais a dispensar apresentação. Cada programa dura mais ou menos  meia hora, seguindo-se com muito agrado, pelo menos quando se está a milhares de quilómetros do vale nabantino, com o oceano na frente e 30º durante todo o ano.
O programa anterior foi sobre as Festa dos tabuleiros, o que me levou a nada escrever a respeito, devido à  promessa que fiz de só voltar a escrever sobre tal assunto a partir de 15 de Julho. Desta vez, o tema era mais amplo, posto que se tratava do desenvolvimento local, e das condições prévias para que ele aconteça.
Tendo claramente presente que se trata de opiniões de dois eleitos jovens, com a idade do meu filho, por conseguinte diferentes das minhas, devido às diversas experiências de vida, fiquei mesmo assim surpreendido com dois detalhes algo inesperados. As divergências convergentes e o nevoeiro ambiente.
As divergências convergentes, ou convergências divergentes, acabam por se tornar algo fastidiosas. Mesmo tratando-se de eleitos e dirigentes de partidos social-democratas, todos sabemos que um é mais virado para o Estado e outro para a iniciativa privada, coisa que não tem sido nada nítida nas intervenções de cada um. Sem querer ofender, fiquei com a imagem dos Dupont et Dupond, da conhecida BD.
O outro detalhe inesperado foi o nevoeiro ambiente. Já presente no programa anterior, neste chegou a ser mesmo excessivo. Falando da falta de habitação, ambos os residentes mostraram não possuir dados estatísticos sobre a matéria. Foi mesmo algo constrangedor da parte do convidado socialista, incapaz de avançar uma tabela sequer. Ficou-se por uma referência a rendas de 500/600 euros mensais.
O que não me surpreende. Requeri à Câmara no mês passado uma relação completa dos imóveis que possui ou administra, e da respectiva situação (arrendados, cedidos gratuitamente, devolutos, decrépitos), não tendo obtido resposta nos dez dias previstos na Lei, o que me levou a apresentar mais uma queixa à CADA, que dirá de sua justiça.
Apesar das divergências conhecidas, sabendo que os eleitos socialistas são pessoas competentes, educadas e responsáveis, não quero querer que se recusem a fornecer as informações solicitadas por simples birra política. Será simplesmente porque na autarquia também reina, em certos sectores, o tal nevoeiro ambiente. Dito de forma mais clara, é bem possível que neste caso não cumpram a lei de acesso aos documentos administrativos, apenas porque também não têm os dados solicitados, devidamente coligidos. É lamentável, mas parece ser o caso. Ao cabo de dez anos no poder.


sexta-feira, 17 de março de 2023

Autarquia

Aviso à navegação nabantina

Alguns leitores queixaram-se.  Dizem que não conseguiram entender a crónica anterior, nem a evidente má vontade de Tomar a dianteira 3 contra a maioria socialista. Pois vamos lá então tentar esclarecer esses dois pontos. 
Antes de mais, não há qualquer má vontade, evidente ou não, contra os socialistas ou quaisquer outros conterrâneos. Apenas um olhar rigoroso e impiedoso sobre os actos dos eleitos, que quando se candidataram já sabiam muito bem no que se iam meter. Agora queixam-se de quê, afinal? As críticas contêm falsidades? Há os tribunais. As críticas são desagradáveis? Renunciam aos lugares que ocupam, e logo deixarão de ser criticados aqui.
Indo ao âmago da questão, ao essencial do problema, Tomar a dianteira 3 pretende saber, para ficar tranquilo,  1 - Se o licenciamento das obras da Estalagem de Santa Iria respeitou todos os parâmetros legais em vigor; 2 - Se os esgotos da Estalagem, agora com mais quartos, continuam ligados às fossas rotas situadas do lado poente, ou se entretanto foram conectados à rede urbana de saneamento.
Sucessivamente, a Câmara informou que estava à disposição a documentação solicitada; que afinal a dita documentação estava desactualizada, pelo que não podia ser consultada; e finalmente que os esgotos da Estalagem estão ligados à rede urbana de saneamento por um sistema de bombagem, não podendo contudo facultar o respectivo projecto, que não conseguiram encontrar.
Convenhamos que não é nada tranquilizador para um munícipe. Respostas camarárias que se anulam, e a admissão implícita de que terá havido obras de saneamento executadas pela própria Câmara, num edifício seu, aparentemente sem licença nem projecto, uma vez que não o conseguem encontrar.
Agravando a questão, trata-se de uma unidade hoteleira de propriedade municipal, pelo que uma de duas: Ou demonstram em tempo útil que foram cumpridas todas as normas no licenciamento das recentes obras de ampliação, incluindo o projecto da alegada ligação por bombagem à rede de saneamento urbano. Ou não conseguem chegar a tanto, e a ASAE terá de intervir, suspendendo a actividade, por não ser aceitável que uma unidade hoteleira em plena cidade ainda use fossas rotas para escoar os seus esgotos, para mais situadas mesmo ao lado do Nabão.
Basicamente é isto, não havendo outra saída: Ou Tomar a dianteira 3 consegue a solicitada visita guiada, acompanhada por técnicos, durante a qual terá de ser efectuado um teste de ligação dos esgotos à rede urbana de saneamento, ou terão de proceder. mais tarde,  a uma demonstração similar para os técnicos da ASAE. A escolha é da autarquia, que nem poderá alegar falta de tempo, ou de não ter sido prevenida oportunamente.

quinta-feira, 16 de março de 2023

Executivo Municipal

Câmara de Tomar não cumpre a Lei de acesso aos documentos administrativos, nem responde à CADA,  entidade oficial encarregada de controlar. É a monarquia absoluta?

Em Outubro passado, Tomar a dianteira 3, através do seu administrador, devidamente identificado para o efeito, requereu à Câmara de Tomar, ao abrigo do disposto na legislação de acesso aos documentos administrativos, cópia do esquema de esgotos do edifício municipal Estalagem de Santa Iria. 
Não tendo obtido resposta no prazo legal, avançou com uma queixa para a CADA, que agora deu a conhecer o seu Parecer 67/2023. Dele consta que a entidade requerida não respondeu ao requerimento e, em 1.3. que "Convidada a pronunciar-se a entidade requerida [a Câmara] nada respondeu."
Entretanto, no estilo "salganhada administrativa tomarense", foi comunicado a Tomar a  dianteira 3 que os documentos solicitados estavam à disposição, para logo a seguir outra comunicação informar que afinal os citados documentos estavam desactualizados, pelo que não podiam ser consultados ou enviados. Acrescentava-se que os esgotos da Estalagem de Santa Iria estão ligados à rede de saneamento por um sistema de bombagem, não se tendo contudo encontrado o respectivo projecto de instalação, pelo que não pode ser consultado. Situação de tal modo rocambolesca, que Tomar a dianteira 3 nem julgou útil comunicá-la à CADA. Preferiu solicitar uma visita ao dito sistema, acompanhada por técnicos, cujo deferimento ainda não ocorreu.
O documento  da CADA é muito claro: "Recebido o presente parecer, a entidade requerida deverá proferir decisão final fundamentada, nos termos do artigo 16º, nº 5 do mesmo diploma." Mais adiante, na sua conclusão, a CADA é taxativa: a) Não se revela que a entidade requerida tenha cumprido o dever de resposta, previsto no artº 15º, nº 1 da LADA. b) Deverá ser facultado o acesso à informação ou documentação solicitada, nos termos expostos."
Tomar a dianteira 3 não pretende o mal de ninguém, designadamente o pagamento de coimas, a que a presidência já foi sujeita em tempos. Tão pouco tem a intenção de prejudicar, de alguma forma, a empresa concessionária da Estalagem de Santa Iria. Vai por isso continuar a aguardar, com paciência, que seja finalmente agendada a solicitada visita, acompanhada por técnicos municipais ou da Tejo Ambiente, ao alegado sistema de bombagem de esgotos.
Não pode contudo este blogue deixar de lembrar que seria forçosamente bastante delicado que a ASAE viesse a tomar conhecimento deste estranho processo, numa altura em que a estalagem já esteja de novo a funcionar. Fica aqui o recado, em tempo ainda útil.