terça-feira, 21 de março de 2023


Política local - Autarquia

Atirar carga ao mar 

ao aproximar-se do porto nunca é bom sinal

 TOMAR – Mudanças na Câmara: Licenciamento de obras particulares passa para a alçada da vereadora Filipa Fernandes | Rádio Hertz (radiohertz.pt)

Numa decisão surpreendente e inesperada, Hugo Cristóvão, acaba de anunciar que  a Câmara vai transferir o pelouro de Licenciamento de obras particulares para a vereadora Filipa Fernandes, que não parece dispor de qualquer habilitação técnica que a possa capacitar para tal função. Sendo certo que a Lei o não exige, pois era também o caso do vereador cessante nessas funções, é também um facto que em muitos casos, por esse país fora, são arquitectos ou engenheiros que desempenham tais funções. Mas em Tomar não há tais profissões entre os eleitos do executivo, um indício a meditar.
De tão inopinada, tal alteração na orgânica municipal não pode deixar de provocar muitas interrogações no seio do eleitorado, que bom seria fossem respondidas em tempo oportuno, e pelo próprio interessado, porquanto a longo prazo tudo acaba sempre por vir à superfície. 
No actual contexto, em que Filipa Fernandes, bastante contestada na área cultural, fica singularmente ocupada com mais um pelouro complicado, enquanto o outro vereador, Helder Henriques,  parece estar só para fazer número, surgem para já duas explicações possíveis. A primeira é que aquela embrulhada do terreno de Cardelas, com uma construção clandestina, comprado pela Câmara por quarenta mil e quinhentos euros, ainda pode vir a dar muito que falar, e terá certamente alguma relação com este abandono de funções sectoriais do vice-presidente.
A outra hipótese explicativa é que o mesmo esteja já preparando a sua candidatura à Câmara em 2025, e que terá considerado ser muito desvantajoso apresentar-se aos eleitores como vereador das obras particulares, um sector muito mal visto por esse país fora, incluindo em Tomar.
A imagem que fica, do trabalho do vereador nestes últimos dez anos, está longe de ser brilhante. Faz pensar naqueles barcos que antigamente, por razões conhecidas, atiravam carga ao mar ao aproximar-se ao porto.


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