quarta-feira, 22 de março de 2023

 

Vida local

Não crescemos nem nos multiplicamos

https://radiohertz.pt/tomar-camara-aprova-fecho-do-jardim-de-infancia-de-fetal-de-cima-com-posicao-contraria-do-psd/

Os fiéis locais, com relevo para aqueles com feitio mais Santo Ofício, parecem andar todos satisfeitos e entretidos com a onerosas obras de S. João e a vinda do Papa. De tal forma que se esquecem de seguir um dos grandes preceitos de Deus. "Crescei e multiplicai-vos", disse o Senhor. Está na Bíblia, em Genesis 1.28. Em Tomar é particularmente evidente que nem crescemos, pois estamos cada vez mais na mesma, nem nos multiplicamos, uma vez que somos cada vez menos.
Comentando de forma acessória tão grave situação, o sr. vice-presidente da Câmara explicou um dia destes, aos microfones da Hertz, que nos últimos dez anos perdemos quase cinco mil habitantes, mas que tal se deve, entre outras coisas, ao novo recenseamento automático. Realmente...
Tudo isto para procurar enquadrar uma pequena notícia, no entanto importante por aquilo que denuncia. Trata-se do encerramento, aprovado pela Câmara, do Jardim de infância de Fetal de cima, na antiga freguesia de Além da Ribeira. (ver link) O PS votou a favor e o PSD votou contra, neste caso não por discordar dos socialistas em termos doutrinais, mas apenas porque o estabelecimento pré-escolar estava numa freguesia social-democrata, e agora as 4 crianças vão para a Escola Santa Iria, do Agrupamento templários, controlado pelos comunistas. As coisas são o que são,  e na política aquilo que parece é.
Tal parece ser a posição laranja, que esquece um dado essencial. Há sete anos, aquando da primeira tentativa para encerrar o J.I. do Fetal de Cima, a junta de freguesia chegou-se à frente, aceitou assumir alguns encargos, e venceu. O estabelecimento continuou a funcionar, então com 9 crianças inscritas. Sete anos depois, ainda havia 4. Diferentes, bem entendido. Valeu a pena a resistência de 2016? Quanto custou à freguesia?
Sem  tomar partido nesta questão, quer-me parecer que se torna cada vez mais urgente parar para pensar, sobre esta e outras matérias. Num concelho cuja população diminui de forma constante, está-se mesmo a ver que a frequência dos estabelecimentos de ensino vai forçosamente pelo mesmo caminho. O que implicará, mais cedo ou mais tarde, que os alunos das freguesias rurais terão de passar a frequentar os estabelecimentos urbanos. Assim sendo, com que intenção decidiram construir o Centro escolar da Linhaceira? Terá sido só para compensar em relação ao dos Casais, de outra cor política? Ou haverá também a ideia peregrina de levar alunos urbanos para a zona rural, pretextando que é mais saudável? (Note-se que esta divisão entre alunos urbanos e rurais é apenas teórica, para efeitos de escrita. Na verdade, dizer que os alunos de S. João e Santa Maria são de uma zona urbana, quando comparados com os de Lisboa ou Leiria, por exemplo, é um manifesto abuso de linguagem.)
No antes referido programa de rádio, o vice-presidente, que também é vereador da educação, informou que, pela primeira vez nos últimos anos, em 2023 há mais alunos inscritos. Com tantos refugiados, tantos ciganos e tantos imigrantes, é natural. Mas convinha saber duas ou três coisas, para perceber melhor a situação: O alegado aumento, são afinal quantos novos alunos inscritos? Qual a sua origem? Em que níveis de escolaridade se encontram?
Sem estas e outras informações banais, nunca mais vamos entender cabalmente a nossa triste situação enquanto comunidade cada vez mais rural e insignificante no conjunto nacional. O que significa que continuamos a afundar-nos, contentes é certo, mas cada vez mais ignorantes. Já nem respeitamos os preceitos do Senhor, mas continuamos a bater com a mão no peito, garantindo que somos católicos do melhor que há. Pois.


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