quarta-feira, 8 de março de 2023

Um acampamento de migrantes, algures na Bélgica.

Migrantes

FIRMEZA  

ANTES QUE SEJA DEMASIADO TARDE

As pessoas com menos cultura não são assim por opção. Se mais não têm, é porque mais não conseguem absorver. Porque têm muita dificuldade para relacionar, ou para deduzir as causas a partir das consequências. Nas terras pequenas, chega a ser mesmo aflitivo, dada a incapacidade geral para reconhecer as coisas como elas são, e as situações como se apresentam. Donde resulta um contexto cívico pouco recomendável, com uma relativa maioria pouco ou nada permeável a novas ideias, ou mesmo a velhas ideias, porém diferentes daquilo que pensam. O exemplo mais recente é o despedimento "com justa causa" da responsável pela TAP, visivelmente por se tratar de uma francesa, com o péssimo hábito de pensar outras coisas de outras formas. Vamos ter mais uma embrulhada que nos vai custar milhões. Na capital.
Este longo introito para esclarecer, antecipadamente, que alguns vão qualificar esta crónica como alarmista, quando é afinal apenas prudente quanto baste. O problema dos migrantes é comum aos países europeus e da América do norte, ultimamente também na América do sul, por causa da situação na Venezuela. Tem portanto tendência para agravar-se enquanto não houver coragem para o tratar com firmeza.
A própria Inglaterra, a mais antiga das democracias modernas, acaba de decidir expulsar todos os que chegam ao país clandestinamente, incluindo os que pedem asilo, e terão de aguardar no exterior a decisão final. Portugal tem estado relativamente imune, sabido como é que, comparativamente,  as nossas condições de vida não são as melhores. Como explicar de outro modo que quase todos os imigrantes que o país aceita acolher, acabem por fugir para outros lados logo que possível, com a notável excepção dos brasileiros?
É neste contexto que se vai agravando paulatinamente o problema dos migrantes em Tomar. Numa decisão corajosa mas onerosa, a autarquia resolveu realojar a totalidade dos habitantes do acampamento do Flecheiro, num total de 250 pessoas. O processo está quase concluído, faltando apenas realojar duas famílias, e pode dizer-se que foi aparentemente bem conduzido, mas com premissas falsas, que não tiveram em conta as consequências da nova situação criada.
O que significa que os problemas resultantes do realojamento, não sendo da responsabilidade da autarquia stricto sensu, são apesar disso problemas locais mais ou menos graves. Cabe de resto recordar que há um clima latente de conflitualidade nalguns bairros citadinos, que tende a abrandar de cada vez que uma ocorrência  mais grave força a polícia a intervir e os autarcas a prestar declarações. Depois, tudo retoma o seu curso normal.
Paralelamente a esse tal clima latente, há ocorrências à primeira vista desligadas, mas que depois se verifica pertencerem à mesma família. Refiro-me àquele homem a dormir no carro no 1º de Maio, aos dois incêndios em poucos dias no antigo Lar de S. José, e a algumas altercações no mercado semanal.
Ponto comum > todos envolvem migrantes.
Para aqueles que insistem numa política de acolhimento fraternal  de todos os desgraçados do mundo, continuando convencidos de que a política generosa de realojamento nada tem a ver com os problemas subsequentes, será adequado informar-se  e olhar com atenção para a situação em Barcelona, Paris, Bruxelas ou Londres. Numa outra escala, é certo.
Feito isso, se dúvidas persistirem, resta recorrer ao teste do açúcar. Mesmo que não seja contra as formigas, experimente colocar um ou dois grãos de açúcar no chão e veja o resultado no dia seguinte.
Para o  contexto dos migrantes em Portugal, o corajoso realojamento dos ciganos em Tomar equivale ao açúcar no chão para as formigas, só que de forma mais lenta. E Tomar não tem capacidade para acolher tanta gente. Têm de aparecer portanto outras soluções, outras maneiras de ver. Fica aqui este aviso, para memória futura. Porque infelizmente a situação não vai melhorar.


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