terça-feira, 7 de março de 2023

 

Imagem Tomar a dianteira 3 - Junho 2021. Só dois anos depois é que houve tempo para identificar o bicho do buxo? Em que planeta vive esta gente?

Casmurros

Agora desculpam-se com o  "fungo do buxo"

É conhecida, creio, aquela história do latifundiário alentejano, que vai visitar o pastor da herdade. Enquanto falam, passa um avião e o pastor interroga. -Patrão! Que bicho será aquele? -Ignoro, responde o patrão. -Ca grande ingnoro!, conclui o pastor.
Assim estamos com a Mata dos sete montes. Há mais de dois anos que Tomar a dianteira 3 vem alertando para o desastre ecológico provocado no castelo e na mata pela falta de água do aqueduto de Pegões, onde não corre até à torre de Dª Catarina desde há vinte anos. Há imagens a cores, publicadas em sucessivas crónicas que não enganam. As plantas no interior do castelo e na antiga horta dos frades, à entrada da mata,  secaram quase todas.
Os meses passaram e imperou o silêncio, até que finalmente o vereador Carrão (PSD) resolveu pegar no assunto na recente reunião do executivo, e obteve uma resposta espantosa. Parece que afinal nunca se tratou nem trata de falta de água e de rega. A presidência da Câmara avançou que se trata de um fungo ou bactéria, o fungo do buxo. Caso para exclamar, como o pastor alentejano -Ca grande fungo do buxo!
Que tem um apetite de todo o tamanho. De arbustos a árvores de grande porte, nada lhe escapa, como se pode ver no interior do castelo e na baixa da mata. E só agora, passados três anos e sucessivos alertas nestas colunas e no Tomar na rede, é que descobriram o raio do fungo do buxo?
Com aquele tom heróico que lhe é peculiar, a presidente sossegou logo o vereador oposicionista, e através dele os tomarenses. Está a aguardar respostas do ICN, mas se não houver outra solução, a Câmara está disposta a pagar os custos de uma replantação geral do buxo. Das árvores e dos arbustos secos nem falou. É só o buxo que interessa, para realçar as cores dos tabuleiros. Salvar a aparência, como sempre.
Parece haver até uma certa coerência. Já em Julho-Agosto de 2021, quando ainda não se sabia do fungo do buxo, mas já se alertava para o desastre ecológico evidente, uma engenheira silvicultora, técnica do ICN, afirmou que a Câmara de Tomar só estava preocupada com o aspecto do jardim para a Festa dos tabuleiros. -"Querem tudo verdinho. Julgam que se consegue assim de um momento para o outro."
Dois anos mais tarde, o fungo do buxo desculpa tudo. Sobretudo numa maioria socialista que nunca assume qualquer culpa, seja pelo que for. Agora calhou ser o fungo.
Está equivocada a presidente. Arrancar e replantar buxo leva o seu tempo e custa bem caro, sem resolver o problema. Excepto talvez no que concerne ao ar verdinho durante a festa, uma vez que buxo talhado leva o seu tempo a fazer. E não ressuscita as árvores e arbustos que já morreram, tanto cá em baixo como lá em cima.
Dado que as mesmas causas produzem sempre os mesmos efeitos, nas mesmas condições exteriores, passados meses após a festa, o alegado fungo do buxo não poupará a nova replantação e tudo vai secar de novo. A não ser que entretanto reponham  a água a correr no aqueduto dos Pegões, até à torre de Dª Catarina, como aconteceu durante 300 anos. 
Mas isso é pedir demasiado a cabeças de tão alta inteligência, que têm sempre muita dificuldade para descerem até à reles realidade dos críticos não alinhados. Só lá para 2025, depois de, vencidos em eleições, descerem mentalmente do pedestal onde imaginam que estão. Vai uma aposta?


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