sábado, 31 de dezembro de 2016

Ano novo e amigos

Estou de novo em Fortaleza. São aqui quase cinco e meia da manhã, oito e meia em Tomar. O mar. esse oceano que nos é comum, fica aqui ao lado e a temperatura é de 26º. Logo mais, é noite de fim ano. Véspera de Ano Novo, que oxalá seja Ano Bom para todos.
Boa ocasião, parece-me, para tentar esclarecer, uma vez mais, alguns mal entendidos. O primeiro dos quais é o que se refere à minha escrita. Concidadãos que agora não me apraz qualificar, se calhar medindo os outros em função de si próprios, vêm demonstrando que me consideram um inimigo. Alguém que escreve com má intenção, só para prejudicar. Pois estão errados. Antes de mais, porque não quero mal a ninguém. Depois, porque se escrevo é exactamente com a intenção oposta -contribuir na medida do possível para que as coisas melhorem. Finalmente porque, não sendo sádico mas tão pouco masoquista, seria para mim bem mais fácil e confortável remeter-me ao silêncio. Afinal trairia apenas um dos meus deveres de cidadania, que é o de dizer o que está mal.
Julgo que só por inveja e despeito alguns, muito poucos felizmente, me atribuem gratuitamente sentimentos que não alimento. Se pensassem um pouquinho mais, concluiriam que, tudo devidamente ponderado, o nosso amigo verdadeiro não é aquele que nos diz aquilo que gostamos de ouvir, sabe-se lá com que intenção oculta. Pelo contrário, o amigo leal é quem nos diz as coisas como elas são, ou pelo menos como ele as vê, mesmo contra ventos e marés. Exactamente porque daí não espera colher qualquer benefício pessoal.

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Pego no caso dos funcionários municipais, que bastas vezes critico directa e indirectamente nestas páginas. Apressadamente, consideram-me um inimigo mal intencionado, que intenta prejudicá-los. Com que fito faria eu isso? Já não necessito de empregos públicos ou privados e, quando necessitei, sempre fui admitido mediante prévio concurso público. Tão pouco necessito de colocação para os meus familiares, um dos quais é funcionário superior noutra autarquia da região. Por conseguinte, que ganharia eu escrevendo para irritar e/ou penalizar os funcionários da autarquia tomarense?
No meu entender, a situação é outra e resulta da minha angústia. Como cidadão eleitor estou na desconfortável posição de ver a cidade e portanto todos os seus habitantes -com relevo para os funcionários municipais- a caminhar para o abismo, o que me leva a procurar, por todos os meios legais ao meu alcance, evitar enquanto é tempo o triste mas inevitável  desenlace, caso entretanto nada de acertado seja feito.
Falando frontalmente, quem se interesse e tenha capacidade para entender os problemas tomarenses, sabe perfeitamente que o município tem excesso de funcionários, que os funcionários em excesso se situam nos escalões superiores e que as sucessivas gestões políticas só ainda não procederam à ìnevitável vaga de dispensas  por dois motivos centrais: 1 - Porque a lei vigente tal não permite; 2 - Porque isso provocaria acentuada perda de votos, fundamentais num meio pequeno.
É porém evidente que mais cedo que tarde terá de ser encontrada uma solução para o problema, pois nenhuma autarquia pode duravelmente dispender mais de 40% do seu orçamento com despesas de pessoal, e mesmo assim ter falta de mão de obra qualificada. Entre os 308 municípios portugueses, já integramos o muito reduzido grupo dos 35 com maiores despesas com pessoal, conforme já aqui foi documentado. Por conseguinte, em vez de se virarem contra mim e contra aquilo que escrevo, os senhores técnicos superiores e outros que nem tanto, farão melhor virando-se para a realidade e procurando na medida do possível outras colocações futuramente menos atribuladas que os empregos municipais tomarenses. Não se esqueçam que na década de 2005-2015 o concelho perdeu três mil habitantes. E por este caminho, não é preciso ser bruxo para antever o futuro sombrio que nos espera, a todos os que amamos esta terra e gostamos dos seus habitantes.
Feliz Ano Novo!

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Evitar incómodos aos sentados

Jornalista honesto e de fino quilate, nesta questão da rampa-nódoa municipal, Manuel Subtil conseguiu mais uma vez avançar a sua visão das coisas de modo sibilino. Atente-se neste longo e burilado parágrafo, que faz parte da "reportagem" reproduzida no texto anterior: "Esta rampa vai terminar com o facto de, muitas vezes, os funcionários da edilidade terem de se deslocar ao exterior do edifício para atenderem os munícipes com mobilidade reduzida em geral, e aos de cadeiras de rodas em particular."
Temos assim que a rampa terá sido instalada também para facilitar a vida aos cidadãos menosválidos em termos de locomoção, mas sobretudo para evitar incómodos aos funcionários municipais da primeira linha -os que são obrigados a atender o público. Compreende-se o gesto camarário. Votos são votos, os funcionários são numerosos, e não há maior incómodo para um integrante do Império dos sentados (mesmo no escalão inferior) do que ser forçado a atender os munícipes em pé e, imagine-se!, no exterior do edifício. Onde já se viu uma coisa assim?!
Quanto aos eleitos, incluindo os senhores deputados municipais, terão de continuar a atender os inválidos no exterior. Designadamente ouvindo as eventuais reclamações deles, por não poderem assistir nem às reuniões camarárias, nem às sessões do parlamento municipal, que a todos representa.
Mas compreende-se a atitude da senhora presidente. Deve ter lido na Constituição que somos uma República "a caminho do socialismo". E no socialismo somos todos iguais. Embora haja sempre uns mais iguais do que outros. neste caso os integrantes do Império dos sentados. Haja saúde, que a do país já é pouca. E por este caminho...

Um esclarecimento encriptado


Chocou muitos dos que gostam realmente da cidade antiga e das suas multicentenárias edificações a instalação de uma modernaça rampa de acesso para menosválidos do lado direito da fachada dos Paços do Município. Já aqui foi avançado que a solução ideal terá de ser nas traseiras do edifício. Perante os protestos, a senhora presidente, em vez de esclarecer a população por meio de um comunicado, preferiu fazê-lo mediante declarações a um semanário local, assim discriminando o outro. É uma maneira ardilosa de evitar "dar o braço a torcer".
Lendo com atenção a "reportagem" que acima se reproduz, chega-se à conclusão que a câmara tem por vezes um comportamento de gaiato. Admite ter agido contra o parecer da autoridade competente na matéria -a DGPC, por se tratar de um edifício classificado- mas tenta justificar-se. Adianta que há um projecto para uma solução mais aceitável, com um ascensor nas traseiras, mas custa mais de 300 mil euros, montante incomportável para as actuais finanças municipais. Refere que a actual é um remedeio, uma solução provisória, que poderá ser removida quando necessário. Por ocasião da Festa dos Tabuleiros, por exemplo. Reconhece portanto que se trata de uma autêntica nódoa a sujar a alva fachada. E que está sujeita a eventuais penalizações da parte do Ministério da Cultura, que tutela a DGPC. Quanto mais não seja para lhe lembrar que a Lei é igual para todos.
Diz mais, a senhora presidente, que a rampa foi feita pelos carpinteiros da autarquia, o que manifestamente coloca uma dúvida. Sendo uma parte importante da engenhoca em ferro, com corrimão em aço inoxidável, uma de duas: ou houve participação exterior, ou os carpinteiros municipais são também serralheiros e metalúrgicos...
Há porém uma outra hipótese -a chamada imprecisão jornalística. Isto porque é dito logo na primeira frase do primeiro parágrafo que a câmara colocou "uma rampa no exterior dos Paços do Concelho tornando o edifício acessível para todos os que ali se dirigem."
Sucede que tal não corresponde à verdade no que concerne ao "edifício acessível para todos", conforme se reconhece implicitamente na última frase: "Por resolver continua o acesso a outros serviços da câmara que funcionam no 1º e 2º andares."
Em contrapartida, andou bem o jornalista de serviço ao referir, no antepenúltimo parágrafo, que "As duas rampas são mesmo acessíveis..." Desde as obras paivinas de melhoramento da Estrada do Convento, que afinal em vez de melhorarem, pioraram o trânsito de acesso àquele monumento, quando oiço falar em requalificar ou equipar qualquer coisa em qualquer sítio, interrogo-me logo: Será mesmo para melhorar, ou só para complicar e arrecadar? Afinal de contas, estamos em Tomar.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Um eurodeputado agreste

Numa iniciativa que julgo inédita, o euro deputado Marinho e Pinto publicou no Correio da manhã de ontem um encarte publicitário de quatro páginas. Nele critica asperamente a comunicação social portuguesa, mais propriamente os jornalistas. Afirma que a maior parte deles não prestigia a profissão nem respeita cabalmente o estabelecido na constituição. Eis o título do referido encarte e um excerto que me pareceu fulcral:



Temos portanto mais um cidadão agreste, na óptica tomarenses. Neste caso um eurodeputado que, apesar de muito bem remunerado em Estrasburgo, se incomoda com o estado da informação em Portugal. Ainda bem. Se todos os políticos agissem de igual forma, é muito provável que o país não estaria como está.
Marinho e Pinto cita Martin Luther King Jr., respeitando a ideia mas não o vocabulário. As fontes consultadas indicam que o malogrado lutador a favor de direitos cívicos iguais para todos disse realmente "O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons." Ideia completada depois, ao dizer que "No final, não nos lembraremos das palavras dos nossos inimigos, mas do silêncio dos nossos amigos."
Luther King foi assassinado em 1968. 
Cem anos antes, Abraham Lincoln, presidente dos Estados Unidos e também defensor de direitos cívicos iguais para todos, proclamou que "Pecar pelo silêncio quando se deve protestar, transforma homens em cobardes." 
Abraham Lincoln foi assassinado em 1865.
Ficou-nos a ideia segundo a qual quem se cala é cobarde. Não fui cobarde na guerra. Não serei cobarde em tempo de paz.  

Bem acompanhado

Porque amo esta terra e desejo o melhor para ela e para TODOS os seus habitantes e naturais, contesto, critico e reclamo. Procuro exercer o melhor possível os meus direitos de cidadania, que são também deveres. Agindo assim, dizem e repetem até mais não que sou agreste. Serei. Mas estou bem acompanhado. Embora não tanto quanto gostaria. A actual audiência diária de Tomar a  dianteira 3 oscila entre os 480 e os 550 visionamentos de página, segundo as estatísticas da Google. Parece-me por isso pouco saudável em termos políticos que até agora só 28 desses leitores tenham tido a franqueza de clicar sobre Seguir, na parte superior direita do ecrã. A esses agradeço o apoio. Aos outros pergunto: Estão à espera de quê? Não concordam com muito do que escrevo? Pois eu também não concordo com muito do que vocês dizem. Mas estou disposto a lutar pacificamente para que todos o possam dizer. No fundo, é isso que nos separa. Apesar de nascidos na mesma terra.
Votos sinceros de Feliz Ano Novo, para todos os que fazem o favor de ler estas linhas. Oxalá 2017 seja para os tomarenses e para os portugueses melhor que 2016.
A esperança só morre com a pessoa.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Comércio negro



Negro, porque era essa a cor do luto. Era. Hoje em dia, praticamente só os ciganos ainda mantêm a tradição. De qualquer forma, também estilo humor negro para escrever sobre uma notícia pouco comum, do nosso estimado colega Tomar na rede, que pode ser lida aqui, e que desencadeou um excelente comentário, pleno de oportunidade, mas infelizmente anónimo. O costume, nesta desgraçada terra. Que em vez de "Cidade templária" devia alcunhar-se de "cidade dos medrosos".

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Foto Tomar na rede, modificada


Vender jazigos não é coisa nova, mesmo em Portugal, sobretudo nas grandes cidades. Anunciar essa venda em pleno cemitério é que inaugura uma nova era. Passa a não haver qualquer barreira separando os mortos dos ainda vivos. Vende-se tanto a morada destes quanto a daqueles. De tal forma que leva a suspeitar tratar-se de uma prática exclusivamente nabantina, sabido como é que a população tomarense ainda come, bebe, dorme e anda por aí, mas quanto a estar mesmo viva, há  fortes dúvidas. Designadamente no que concerne ao exercício dos direitos/deveres de cidadania, ou à área do desenvolvimento económico.
De acordo com a citada notícia, pedem pela dita última morada 10 mil euros. Incluindo as urnas com os defuntos? Já sem urnas? Se sem urnas, deve-se concluir que até os falecidos e sepultados já estão a abandonar Tomar, em busca de cemitérios mais acolhedores? A resposta é importante porquanto, se for assim, teremos de passar a escrever "na sua última morada, enquanto não lhe arranjam outra melhor." 
Coloca-se ainda outro problema assaz complexo: Tendo em conta o contexto, como vai o fisco calcular o IMI a liquidar anualmente? Parafraseando o já referido comentário: Terão em conta a exposição solar? As vistas? A localização? A vizinhança? A idade e o estado de conservação? A superfície habitável? Os equipamentos urbanos nas proximidades?
A evolução da sociedade traz-nos cada uma!

Actualização
Habitualmente, a Câmara age como aquela tartaruga velha e pachorrenta que ia andando e dizendo "Devagar que tenho pressa". Desta vez porém foi rápida e certeira. Já mandou retirar o painel. Azar para os herdeiros. Há bens que vêm por mal. A julgar pelo costume, se tem sido Tomar a dianteira a difundir a notícia, o painel ficava lá até que vendessem o jazigo. Só para contrariar. E para fingir que não leram. Assim, como foi no Tomar na rede, agiram logo. E agiram bem, há que reconhecer.

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Balanço

Fim de ano. Época de balanço. Resumido, que o pessoal gosta pouco de textos longos.
Começo pela informação. Uma terra de 40 mil almas, onde um único cidadão se assume como contestatário e dá a cara quando critica, só pode ser uma terra doente. Essa terra é Tomar. O cidadão sou eu.
Em termos de ensino superior, os politécnicos da Covilhã e de Tomar foram criados na mesma altura. Agora o da capital serrana é a Universidade da Beira Interior, que até já tem Faculdade de Medicina, sendo um potente motor de desenvolvimento regional. Quanto ao de Tomar, encolhe de ano para ano em termos de inscrições, já só recebendo praticamente os candidatos que não conseguem lugar alhures. Assim uma espécie de refugo do refugo.

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Na indústria, tempos houve em que Tomar tinha quatro fábricas de papel (Porto da Cavaleiros, Marianaia, Matrena, Prado), e Torres Novas apenas uma -a Renova. Em Tomar faliram todas, excepto o Prado, que está em vias disso. Em Torres Novas, a Renova é um exemplo a nível europeu e mundial no domínio do papel doméstico (toalhetes, toalhas, guardanapos, papel higiénico). Curioso: É lá que produzem o papel higiénico, mas é em Tomar que há cada vez mais merda...

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Instalações da Renova. Antes e agora

A população tomarense continua a fugir daqui, enquanto a de Ourém vai aumentando. A tal ponto que até já têm mais eleitores que Tomar. Porque será? Porque têm Fátima, dirão os espertos do costume. Pois têm, meus amigos. Mas não têm ensino superior, não têm quartel, não têm um grande hospital, não têm caminho de ferro na cidade. Nem têm Convento de Cristo, nem Nabão, nem Festa dos Tabuleiros.
Mas tiveram a coragem de concessionar o fornecimento de água, o saneamento e a limpeza urbana. Por isso têm agora melhores condições para atrair investidores e população em geral, oferecendo água mais barata, taxas mais moderadas e ausência de presunção. Outra atitude. Conseguiram uma coisa cada vez mais rara no país e por estas bandas: Ter uma autarquia com pouco pessoal e com técnicos superiores que sabem estar ao serviço dos cidadãos. Não se consideram, como acontece noutros concelhos próximos, donos da câmara, nem directores de consciência dos eleitos e dos investidores. Felizes oureenses que continuam progredindo. Mesmo com um presidente PS em vias de ser declarado insolvente na sua vida privada, alheia à autarquia.
É isto. Por ora, que a prosa já vai longa.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

De mal a pior

O Natal tem também essa vantagem. Levantando-se cedo percorre-se um centro histórico deserto. Sem vivalma. O que permite meditar com mais vagar. Discorrer sobre a desgraça e sobre os desgraçados. Tão desgraçados que nem disso sequer se dão conta.
O que já foi e ao que está reduzida esta minha pobre terra! Foi-se a tropa, que a sustentou durante quase um século, começou a decadência. Falta iniciativa, sobram casas vazias. Falta emprego, sobram parvoices. A principal consiste em dizer, e nisso acreditar, que "a culpa é dos outros". Não se dar conta que é uma frase feita. Que já Sartre escreveu, no século passado, que "o inferno são os outros". Só que ele ponderava o que escrevia. Não se limitava a repetir frases feitas, que não passam de insanidades no actual contexto local.
Atascada em técnicos superiores, cuja prática tem demonstrado que de superior apenas ostentam o título, a autarquia vai sofrendo, encolhendo, mirrando. Aproximando-se cada vez mais do derradeiro suspiro, enquanto poder local vivo e actuante. Gente que andou pelas universidades e de lá saiu com canudo, porém perfeitos analfabetos culturais em muitos casos. E sem as Humanidades não se pode ir longe. Nem pensar para além do horizonte.
Após as múltiplas palermices e velhaquices interesseiras, que daqui conseguiram afastar todos os investidores, tais eram as exigências insensatas, lançaram-se nas parvoices avulsas. Esta das caixas exteriores, por exemplo. Quem raio é que lhes meteu na cachimónia que mandar instalar nas fachadas contadores da água, da luz ou do gás, logo seguidos por caixas de correio, traz alguma vantagem? É mais confortável para quem vem "entregar" ou "fazer a leitura"? Pode ser. Mas os inconvenientes? Quebra da reserva pessoal, perigo de roubo, risco de vandalismo, falta de estética, mau gosto, pensaram nisso? Onde é que foram pescar semelhante coisa? Em que outro centro histórico?
E agora com os contadores "inteligentes", de leitura remota, que já estão a ser instalados pela EDP, e com os mails, servem para quê, essas instalações de fachada? Para emparceirar com diplomas que por vezes também são só de fachada?
Fervem de indignação e de irritação quando aqui se escreve Pobre gente. Pobre terra que tal gente tem.
Não consigo perceber porquê. Não gostam da verdade nua e crua? Não será apenas intolerância mal disfarçada? Falta de capacidade de encaixe?
Tenham vergonha!









domingo, 25 de dezembro de 2016

Não é por aí o melhor caminho

Em Tomar, o candidato do PSD para as próximas autárquicas continua por escolher. Situação delicada, que obriga o actual presidente da concelhia, João Tenreiro, a "mostrar serviço". Por isso, numa recente reunião da autarquia, segundo relata a Rádio Hertz, aquele vereador social democrata criticou asperamente aquilo que apelidou de "imagem de desleixo" na limpeza urbana. Foi uma boa jogada política, nesta época do ano em que o cair da folha torna mais evidente a inoperância do serviço camarário de limpeza.
Sucede que do outro lado da mesa estava o vereador da CDU, actual responsável pelos serviços municipalizados e de limpeza. Que naturalmente não gostou do reparo. E que, amparado na sua experiência política de décadas, respondeu com argumentação ideológica a uma questão concreta.
Avançou Bruno Graça que só agora foi possível modificar a orientação anterior, que apontava para a privatização ou para a concessão dos serviços de limpeza, o que permitiu contratar pessoal, mencionando a recrutamento de 11 trabalhadores. Três anos para conseguir reverter uma simples orientação, é obra! E mostra bem a elasticidade intelectual dos membros do actual executivo.
De acordo com o relato supracitado, Tenreiro derivou para a falta de equipamentos urbanos, em vez de contestar frontalmente a posição do vereador CDU. Fez mal. Porque o melhor caminho para melhorar os serviços urbanos não passa pela contratação de pessoal, mas sim pela concessão a uma empresa privada. Isto porque, como se pode confirmar aqui, na última década as despesas da autarquia com pessoal passaram de 28,9 para 39,9% do orçamento e os ditos serviços não melhoraram. Mas colocou-nos no grupo das câmaras madeirenses e alentejanas:

Correio da Manhã, 21/12/2016

O que terá decerto contribuído para a fuga de Tomar de quase três mil residentes durante essa mesma década. Por conseguinte, não pode ser a ideia de concessão ou privatização dos serviços de higiene e limpeza que está na origem do actual desmazelo, mas exactamente o oposto. É por não ter havido concessão que a autarquia continua com problemas praticamente insolúveis sem concessionar ou privatizar os serviços, como por exemplo os trabalhadores de férias ou com baixa por doença e as máquinas avariadas ou em manutenção.
Compreende-se a posição de Bruno Graça. Trata-se afinal de difundir as normas da CDU e portanto do PCP, cuja direcção sabe muito bem de onde lhe vêm os votos que são cada vez menos. Vêm dos funcionários, no activo ou aposentados, e praticamente só daí. Mas isso não implica que  PS, PSD ou IpT tenham de concordar com tal posição ideológica, que nada sustenta. Bem pelo contrário, muitos anos após a queda do muro de Berlim, continua sem resposta capaz em Portugal esta pergunta singela: Se o "tudo do Estado" era assim tão bom, porque colapsaram afinal todos os regimes comunistas europeus, onde nem sequer havia ou podia haver oposição organizada?
Por conseguinte, não, senhor vereador da CDU. Não é por aí o melhor caminho. Mesmo e sobretudo quando a oposição não vale grande coisa e a situação é quase trágica.

sábado, 24 de dezembro de 2016

A inútil e vergonhosa marca da casa



É o orgulho da Excelentíssima Presidente e dos Excelentíssimos governantes municipais que temos. Uma rampa para os cidadãos que no Brasil são designados por cadeirantes. Por aqui preferimos "com dificuldades de locomoção" ou "em cadeira de rodas". Para simplificar à portuguesa.
A Direcção-Geral do Património reprovou a coisa, mas a Câmara insistiu. Contra os mandões, marchar marchar. Resta agora ver no que isto vai dar. Porque ainda há leis no País, que em princípio são para cumprir. Sobretudo por quem integra o Poder.
De forma que temos agora uma modernaça rampa, com apoio de cor castanha e corrimão em aço inoxidável, a conspurcar uma bela fachada renascença, com cinco séculos. Já havia, é certo, os corrimãos também em aço inoxidável na igreja de Santa Maria dos Olivais. Mas esses foi o senhor padre que mandou instalar, e ao clero tudo se perdoa, porque agem ou dizem agir em nome de Deus. O que mesmo assim não impediu alguns cidadãos corajosos de denunciar a anomalia grosseira.
Agora, quanto a esta nova vergonha local, cabe dizer que não nos deve orgulhar, conquanto transmita aos visitantes uma realidade insofismável. Quem vem de fora, dado que os Paços do concelho não ostentam qualquer identificação, dirá decerto para os seus botões "Ali está um belo edifício quinhentista com a fachada desfigurada por uma horrível rampa de acesso, porque devem lá viver deficientes." Será portanto doravante, enquanto lá se mantiver aquela coisa a sujar a fachada, a nossa marca da casa, aos olhos de quem nos honra com a sua visita. Porque é a pura verdade, com um ligeiro reparo. Os utentes do edifício só lá vivem de dia, como os tomarenses bem sabem.
Toda esta vergonha para quê? Apenas para satisfazer o ego de quem pouco pensa e mesmo assim mal. Na realidade, o novo orgulho dos autarcas nem sequer serve para grande coisa. É praticamente inútil. Não permite o acesso aos pisos superiores. Quem quiser falar com a presidente ou com os vereadores não pode porque tem a escadaria a impedir. Quem pretender assistir ou intervir nas sessões da Assembleia Municipal, ou nas reuniões da Câmara, continua a não poder pela mesma razão. Ou seja: Os cidadãos cadeirantes já podem pedir, requerer, reclamar e sobretudo PAGAR, graças à nova e tosca engenhoca. Para incomodar os autarcas ou participar nos principais órgãos municipais, isso é melhor deixar para outra ocasião.
E no entanto é tão simples preservar a fachada e facultar o acesso dos deficientes motores a todo o edifício:

Basta instalar um ascensor exterior, daqueles transparentes, e proceder a uma pequena adaptação no acesso ao piso térreo, uma vez que as portas já lá estão, ao nível do solo e sem qualquer necessidade de rampas exteriores feiosas de fugir. Mas, para quem não está habituado, pensar um bocadinho cansa, não é verdade?
Um bom Natal para todos, apesar de tudo. Que eu não quero mal a ninguém. Apenas não tenho estômago para digerir certas coisas...

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

O negociador é tudo

Nunca compreendeu o imbróglio ParqT, que estamos todos a pagar? Não compreende como conseguiram os clientes lesados do BES uma solução engenhosa que lhes minimiza as perdas? A resposta está nesta foto:

Copiado do Expresso - Economia, 23/12/2016, página 6

É sempre indispensável arranjar um negociador à altura. Coisa que os tomarenses não lograram aquando do litígio com a ParqT. Mas a outra parte conseguiu. E o processo parece que continua em segredo de justiça. Foi pelo menos a informação camarária que me foi dada, para o meu pedido de consulta, ao abrigo da Lei do direito à informação, formulado há três anos.
Ganda câmara! Ganda país!

IMPROVAVELOGIA

Afinal só há dinheiro sujo

"Depois de ler esta crónica, você é bem capaz de começar a olhar de soslaio para o seu gestor de conta (se ainda não era o caso), para o Multibanco, para o mealheiro, ou mesmo para a sua carteira. Porquê? Porque todos eles são potenciais difusores bacteriológicos perigosos. Por causa do dinheiro que, mesmo se foi ganho honestamente, é sempre dinheiro sujo, biologicamente falando. Que o paranoico, o misófobo ou o nosófobo que há em si, mesmo sem você disso se aperceber sequer, se entretenham a refazer mentalmente o percurso de toda essa massa, que passa de mão pouco limpa para outra mal lavada; de uma carteira colocada no bolso junto ao sovaco, para outra no bolso das calças; da caixa de um protólogo para a de um negociante de tripas, antes de vir parar às suas mãos...
"Vector passivo de contágio", tal é a terminologia oficial para designar objectos cuja superfície pode ser contaminada por patogénicos. E o graveto é um deles. Tanto as notas grandes como as pequenas, de acordo com um estudo franco-saudiano publicado em 2014, na revista Future Microbiology. Os seus autores fazem a síntese de toda a literatura biomédica consagrada à capacidade das espécies (no sentido monetário do termo), para darem boleia aos micróbios. Diga-se a propósito que essa questão não é nova, pois o texto até menciona um estudo de 1924 intitulado "Papel-moeda sujo".
Mergulhemos então na análise do arame e digamos frontalmente que nada é poupado: mesmo se o cobre, muito frequente nas moedas, limita o número de micro-organismos, mesmo se as notas em plástico, já em circulação na Austrália e Nova Zelândia, são mais "higiénicas" que as de papel, a ciência demonstra que o dinheiro acaba sempre por ser contaminado. Sobretudo as notas em papel. Existem diferenças, consoante os países, porém, entre os exemplos citados no referido estudo, nunca se desce abaixo dos 80% de notas sujas, com um extraordinário 100% para as notas ganesas analisadas.


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O total de 100 bactérias por centímetro quadrado não é raro, todavia o record nessa matéria pertence a algumas notas birmanesas com 10 milhões de bactérias nessa mesma superfície, entre as quais muitas de origem fecal. A tal ponto que até cabe interrogar-se se alguns não terão confundido as notas com papel higiénico.
Que encontramos nesse autêntico viveiro de micro-organismos? Nos 17 países e regiões auscultados (da Europa aos Estados Unidos, passando nomeadamente pela Índia, China, Nigéria e Canadá), há de tudo, por assim dizer. A célebre bactéria intestinal Escherichia coli, o estafilococo dourado, salmonelas, estreptococos, enterococos, fungos, ovos de ténia ou de ascaris. No Bangladesh até se encontrou a bactéria na origem da cólera, em notas obtidas junto de vendedores de legumes, de carne e de peixe...
O estudo acentua que a transmissão de bactérias e de virus por intermédio das notas de banco é possível entre humanos. É portanto indispensável lavar as mãos sempre que se tocou em dinheiro, sobretudo se lhe pagaram para preparar comida ou para tratar de uma cárie.
Os leitores que, preocupados com a higiene, queiram passar rapidamente à tecnologia de pagamento sem contacto, e desfazer-se rapida e definitivamente das notas de banco, vectores de graves doenças, podem enviá-las em envelope fechado e lacrado para" Tomar a dianteira, Rua Dª Aurora de Macedo, 73, 2300 -556 Tomar Portugal. Mesmo as notas mais sujas.
Não têm nada que agradecer! Eu é que fico muito grato.

Pierre Barthélémy, Le Monde, Science & Médecine, 21/12/2016, pág. 6
Tradução e adaptação de António Rebelo

Esclarecimento
Como decerto já intuiram aqueles leitores capazes disso, trata-se de um texto rigoroso mas irónico, de uma ironia fina, hoje em dia cada vez mais rara. Infelizmente, pelo que isso significa.
A parte final, que está fora das aspas e do itálico, é minha. Substitui o que consta do original: "o autor destas linhas, 80, Boulevard Auguste Blanqui, 75013 Paris." É o endereço da redacção do Le Monde.
Como é óbvio, tratando-se de mera ironia, não estou de modo algum a tentar ludibriar os leitores. Dito isto, para ficar de consciência tranquila, o que em Tomar não é coisa fácil, pelas razões que todos conhecemos, se está preocupado com a sua saúde e tem por aí algumas notas contaminadas, das quais queira desfazer-se e não saiba como...Tomar a dianteira 3 agradece a atenção natalícia.
Um bom Natal para todos! (Mesmo para os meus inimigos, que sei serem numerosos, porque a verdade magoa quase sempre e eu recuso-me a ser hipócrita.)

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Parque de campismo = Um beco sem saída

Se, em vez de entrar pelo sul, por estrada ou caminho de ferro, o desprevenido e nada afortunado viajante que demanda Tomar resolve entrar pelo norte ou por nascente, também não tem sorte nenhuma. Entrando pelo norte, chega ali àquela hipótese de rotunda da Várzea pequena e fica todo contente, por constatar que há sinalização bem visível:


Erro dele. Uma vez na Rotunda Alves Redol, se queria ir para o Parque de Campismo, qual o caminho a seguir? Conclui então que lá haver sinalização há, mas não é a adequada;

O campismo fica para que lado?

Se vem pela Estrada de Coimbra, o viajante integra um de dois grandes grupos -o dos que habitam nas proximidades e os outros, os turistas propriamente ditos. Chegado à zona dos hipermercados, o viajante de proximidade nem sequer olha para esta absurda sinalização:


Está farto de conhecer o caminho, o que lhe permite ir eventualmente matutando maldades do género "Estes gajos da câmara têm cá cada ideia..."
Já o viajante de logo curso, o dito turista que os nossos queridos autarcas gostariam mais de ver longe, porque só dá chatices, esse olha para as placas sinalizadoras e benze-se, caso seja católico praticante. Para que quer ele saber dos campos de ténis, das piscinas, do recrutamento militar ou do Politécnico? E da A13 Lisboa? De lá, da A 13, vem ele. Boa ideia era indicar o Convento, que foi para o visitar que veio, o turismo, para perguntar como lá chegar, ou um bom alojamento para descansar... Mas isso pelo jeito é pedir demasiado aqui aos provincianos, com a mania que são urbanos e modernaços. Vê-se!
Ultrapassada a rotunda do Bonjardim e seguindo a indicação Parque de Campismo, o viajante chega aqui e fica na dúvida:


Campismo em frente? Ou campismo para a esquerda? Aquela seta branca em fundo azul indica em frente. Errado! É para a esquerda.
Poucos metros percorridos, surge esta maravilha:


Se é proibido virar à direita, qual a utilidade da placa indicando que  o parque de campismo é para a esquerda?
E finalmente o ansiado Parque de campismo, agora encerrado em circunstâncias estranhas:




E cá temos -finalmente!- a cabal explicação para o imbróglio do Parque de campismo. De acordo com a sinalização, colocada durante o mandato de António Paiva, ir em frente é sentido proibido e para a direita, rumo à entrada do parque, é um beco sem saída. Ele Paiva, bem dizia e repetia que não queria cá turistas de pé descalço, na ideia dele todos campistas.
Anos mais tarde, lá se acaba por perceber porque encerraram o Parque. Foi porque, para os nossos queridos autarcas, o parque sempre foi um beco sem saída, um cu de saco, na equivalente expressão francesa cul de sac. Tratando-se de um cu, só podia sair merda. E saiu mesmo!

Adenda
Ainda não teve tempo para clicar em Seguir no ângulo superior direito? Está à espera de quê? Olhe que sem os tais 200 seguidores até Maio, em Outubro próximo acabou-se a papa doce. É só para lembrar.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Maneiras de ver

Por causa do encerramento do parque de campismo e das placas de sinalização que a câmara ainda não retirou, resolvi dar a volta à cidade como se fosse um turista. Ou seja, agi como se fosse o outro, de forma a olhar de fora para dentro. Exactamente o inverso do que usa fazer o Leonardo Capricho, que olha sempre de dentro para fora. Como se a câmara fosse o umbigo do Mundo. Fá-lo por capricho, claro. Marcado pela agora célebre Unidade de queimados, suprema afronta para quem se julgava parte integrante da casta dos intocáveis. Porque o nome do Leonardo que serviu de modelo é Capri, Leonardo di Capri. E Capri é uma belíssima ilha. Logo, essa do capricho tem muito que se lhe diga.
Eu, por exemplo, se tivesse que adoptar um pseudo, escolheria também um Leonardo. Mas não o di Capri. Antes o da Vinci, ou o Cohen, Leonard Cohen. Para dar música ao pessoal. Como venho fazendo.
Nessa ronda pelas entradas da urbe na pele de um turista, fiquei bastante triste com alguns detalhes do que vi, mas também me ri com outros. Afinal, constatei, é sempre o mesmo problema. Há muitas maneiras de ver, porém todas subordinadas a um de dois posicionamentos -de dentro para fora, como faz o  Capricho, como fazem quase todos os políticos instalados; e o inverso, de fora para dentro, procurando sempre entender o outro e portanto todos os outros. Aquilo a que usualmente se chama abertura de espírito.
Mas vamos lá então à minha ronda como turista. Aos aspectos tristes e aos caricatos.
O incauto turista que resolva usar o caminho de ferro para chegar a Tomar e não preveja um GPS ou no mínimo um guia impresso, ao sair da gare está perdido:


Como se constata, não existe sinalização alguma. Nem sequer uma reles seta a apontar para o centro da cidade. Uma cidade cujos autarcas, apesar destas falhas clamorosas, continuam a proclamar que é uma cidade de turismo. Pois...


Se o desditoso visitante, vindo de sul, optou pelo carro próprio ou de aluguer sem condutor, tendo resolvido sair em Santa Cita, teve manifestamente pouca sorte. Ao chegar ao primeiro cruzamento urbano, a sinalização é abundante mas praticamente inútil para turistas, com duas excepções: Santa Maria dos Olivais e S. Francisco. Quanto ao resto, minha nossa senhora! Falta o essencial, mas abunda o redundante: Terminais, Tribunal, Comunidade intermunicipal, Escolas, Cemitério, Casa mortuária, são indicações úteis para quem?  
Convento de Cristo? Turismo? Centro histórico? Isso só interessa aos turistas. Não aos do Império dos sentados. Por isso é melhor não pôr.

Para não cansar o leitor, continua no próximo capítulo. Amanhã também é dia.

Um erro de palmatória

Correio da Manhã, 20/12/2016, página 27

O que tu foste dizer. João! Então tu ainda não sabes que os senhores autarcas estão acima de qualquer crítica? Que, mesmo lateralmente, não podes insinuar cavilosamente que elas e/ou eles têm muito a ver com a crescente hemorragia populacional do interior? Tu nem imaginas o vespeiro onde te foste meter! Se algum camarada se sente atingido nos guarda-lamas, vai ser bonito vai!
Digo-te isto com amizade e por ter pena de ti, pois quando ocasionalmente escrevo, aqui neste blogue que ninguém lê, que Tomar perdeu mais de 3 mil habitantes na  última década, salta logo a pluma caprichosa e outra tropa ranhosa a clamar que "aquele gajo só sabe dizer mal!" "Chiça que é demais!" "Já não há pachorra para este cromo", e outros mimos do estilo. Apesar de eu nem sequer fazer parte de uma junta de freguesia, quanto mais agora do governo.
De forma que, tendo tu metido o pé fora do estribo, faço votos para que não venhas a cair do cavalo abaixo. Como aconteceu com o das bofetadas, mesmo sendo filho de quem é. No fundo, lá bem no fundo, embora todo sorrisos e bonomia, o Costa das farturas não é para brincadeiras. E até já avisou que, mesmo no café, um ministro continua ser um membro do governo. La Palisse não diria melhor. Agora tu suputa: se com ministros é assim, o que não será com simples secretários, mesmo de Estado e industriosos.
Por tudo isto,  se desta vez nenhum camarada autarca reclamar e assim conseguires escapar a umas palmatoadas verbais, doravante nunca mais te esqueças que convém instalar travões de disco na língua. Então e a democracia?!?, perguntarás. A democracia, João, só é boa para gargarejos e sempre que não sirva para zurzir, mesmo capciosamente, como tua acabas afinal de fazer, nos nossos queridos camaradas autarcas. Que também precisam de ganhar a vidinha, com um mínimo de chatices. Por conseguinte, sejamos democratas sim senhor, todavia sem exageros que só podem prejudicar. Ouviste bem João?! Quem te avisa...

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

PSD TOMAR:Afinal houve mesmo uma sondagem

O Templário publicou em exclusivo que tinha havido uma sondagem local do PSD, para fundamentar a posterior escolha do cabeça de lista para as próximas autárquicas. Como porém nenhum outro media abordou depois esse assunto, começou a germinar nalgumas monas tomarenses, na minha por exemplo, que não houvera sondagem nenhuma, tudo não passando de mero pretexto para subsequentes patifarias entre companheiros políticos. Pois bem! Após porfiados esforços, Tomar a dianteira conseguiu finalmente obter de fonte segura a confirmação da dita sondagem.

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Foi encomendada pela competente instância nacional laranja e executada pela Pitagórica. Quanto aos resultados, por enquanto são conhecidos apenas por um núcleo tão reduzido que, caso fossem aqui revelados, poderiam denunciar a fonte. Nestas condições, apenas se pode avançar que, continuando os órgãos especializados dos partidos a considerar erradamente que são os mais populares que ganham, está-se mesmo a ver quem está melhor posicionado para encabeçar a lista social-democrata em Tomar. Haverá até já conversações para decidir se João Tenreiro será 2º ou antes cabeça de lista para a Assembleia Municipal, o que lhe evitaria mudar novamente de residência e/ou ausentar-se das actuais funções, que exerce na capital.

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Quanto a Lourenço dos Santos, no meu entender e até provas em contrário  o mais qualificado e melhor posicionado para ganhar, e depois conseguir mudar realmente as coisas por estas bandas, que é o mais importante, parece estar agora arredado da corrida. A não ser que, por elementar prudência, viesse a ser convidado para 2º e aceitasse, o que está longe de ser um dado adquirido. Por agora vai continuar com a série de reuniões-debate sobre os grandes problemas tomarenses e as várias soluções possíveis. A próxima, em data a anunciar, será com especialistas da OCDE, com os quais conviveu de perto, como representante de Portugal.

Persistir nos erros

Pode-se recriminar a câmara por muita coisa e não me tenho escusado a essa tarefa de cidadania. Uma qualidade porém lhe deve ser creditada -a persistência. Persistência no erro, é certo; mas mesmo assim persistência. Após três longos anos no poder, não conseguiu perceber que o Parque municipal de campismo, outrora orgulho da cidade, estava a  funcionar ilegalmente, devido a erros cometidos anteriormente pela própria autarquia. A coisa foi de tal monta que até o vereador Cristóvão, insuspeito no que concerne a dizer mal do executivo, reconheceu publicamente que tinham obrigação de saber. 
Devido a essa persistência na ignorância, ou na crença de que as leis são só para os outros cumprirem, foi a câmara  forçada a proceder ao encerramento do parque, no passado dia 30 de Novembro:


Decorridas três semanas após o encerramento, tudo continua como antes, naquela tosca persistência à maneira nabantina. A má sinalização do parque de campismo, agora tornada surpérflua e enganadora para os infelizes campistas e autocaravanistas que têm a infeliz ideia de visitar esta infeliz terra, ainda não foi removida, como testemunham esta fotos colhidas ontem, segunda-feira 19 de Deszembro:




É lamentável. Não só pela ideia de desmazelo que transmite aos residentes, mas também e sobretudo porque, além de induzir em erro os turistas menos prevenidos, perpetua escusadamente algumas situações bastante caricatas, que serão apontadas nos próximos escritos. 
Após terem lido à socapa este apontamento, (porque, como é bem sabido, ninguém lê este blogue, a não ser o autor destas linhas), provavelmente haverá autarcas que vão alegar falta de disponibilidade e/ou falta de pessoal, como explicação para mais este caso de evidente falta de organização. É possível que haja mesmo falta de trabalhadores, já que há chefes a mais e a câmara está limitada na contratação de pessoal, designadamente devido a falta de adequado planeamento de recursos humanos. Mas que culpa têm os tomarenses ou os visitantes que os autarcas no poder não consigam dar conta do recado, ultrapassando sucessivamente os problemas que se apresentam? Que se saiba, foram eleitos para isso mesmo. Ou estarei outra vez a dizer mal?

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Reiterando princípios

Já aqui foi escrito, mas nunca é demais repetir, para que conste e não esqueça:
1 - Tomar a dianteira 3 não aceita textos nem comentários anónimos ou sob pseudónimo, salvo
mediante prévia identificação via mail.    
2 - Tomar a dianteira 3 não comenta escritos anónimos ou assinados com pseudónimos.
3 - Tomar a dianteira 3 não ataca ninguém, nem diz mal ou bem. Limita-se a expôr o que pensa, da melhor forma que sabe.
4 - Tomar a dianteira 3 procura nunca confundir profissionais que honradamente exercem a sua
profissão por conta do Estado (médicos, professores, enfermeiros, militares, forças de
segurança...) com outros profissionais que passaram a ser simples burócratas, ou com
funcionários cuja real actividade e utilidade ninguém conhece.
5 - Tomar a dianteira tem sempre presente que o discurso sem ajuda externa e a escrita, mostram como pensa quem fala e escreve. São portanto duas montras da mente de cada um. E nada adianta tentar disfarçar. Cada um é como cada qual, tendo no entanto em conta a cruel frase de George Orwell, no Triunfo dos porcos (1945): Somos todos iguais, mas há uns mais iguais do que outros.

George Orwell
George Orwell

Excesso de zelo

Não se preocupem comigo. Continuo bem, para desespero daquelas ratazanas que bem gostariam de me ver à sombra dos ciprestes do cemitério velho. Dizem gostar de ler o que escrevo, mas é tudo mentira. Trata-se apenas de coscuvilhice. A prova é que dizem ler, mas recusam mostrar-se como seguidores, o que poria em evidência a hipocrisia de muitos. Adiante, que o assunto não merece mais. Apenas uma palavra de ordem: Ratazanas para os esgotos! Já!
Não publiquei nada esta manhã porque andei a dar a volta à cidade, única maneira de sacar algumas fotos que vão ilustrar futuras publicações. Testemulhei até um evidente, porém benigno e bem intencionado excesso de zelo, que passo a relatar, por me parecer significativo da época que atravessamos.
Quanto tirava fotografias junto ao Regimento de Infantaria 15:


fui abordado por uma simpática e educada militar -fardada, mas desarmada- que me perguntou que fotos tirara eu. Surpreendido com tão insólita situação, dei comigo a pensar que, caso eu fosse um perigoso terrorista, pobre da militar desarmada. Após o que ainda tive a tentação de "espingardar" com ela, perguntando-lhe se tinha alguma coisa com isso. Isto porque, como é do domínio público, penso eu, os militares, (excepto os da GNR ou da Polícia Marítima), não têm autoridade para interrogar civis, salvo quando em estado de emergência ou de guerra, previamente aprovados na Assembleia da República e depois promulgados pelo senhor presidente da República. Além disso, no estado actual das coisas, ignoro que haja qualquer legislação proibindo que se fotografem quartéis ou outras construções militares.
Pensando mais um bocadinho, resolvi contudo colaborar por me parecer boa a intenção demonstrada. Assim, expliquei o que tinha feito e mostrei as fotos obtidas. Tive então direito a um sorriso e a esta frase inesperada e totalmente deslocada: -Está desculpado!
Uma vez que não me sentia nem sinto culpado do que quer que seja, vim pelo caminho pensando que talvez fosse bom as Forças Armadas, às quais tanto devemos, ensinarem os seus membros a respeitar os direitos dos cidadãos, nomeadamente o de não serem importunados por inopinados excessos de zelo, que configuram abusos de autoridade.
Na circunstância, se a simpática militar achou que eu poderia ser um potencial espião serôdio, ou um temível terrorista aposentado, deveria ter ligado à PSP ou à GNR a denunciar-me, pois só os seus agentes têm competência para questionar civis no dia a dia.
Aqui fica o reparo, para o caso de alguém, com autoridade e poder de decisão, ler estas linhas. Porque os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos, que figuram na Constituição, não são negociáveis.

domingo, 18 de dezembro de 2016

Tal pai tal filho

Ontem foi um dia de papinho cheio para a comunicação social. O Ministério da Educação libertou nos dias anteriores os dados sobre o aproveitamento escolar no ensino básico e no ensino secundário. Trata-se de algo que há 15-20 anos era desconhecido, porque só a informática o tornou entretanto possível -o chamado ranking das escolas, que é como quem diz a tabela classificativa das escolas. Mesmo com os recursos informáticos, trata-se de matéria muito complexa, interessante para os leitores dos media apenas em países pequenos como o nosso. Tenha-se em conta que somos apenas 10 milhões e mesmo assim O Público publicou sobre o tema um caderno de 48 páginas. Agora imagine-se o que seria na China, na Índia, ou mesmo nos USA e no Brasil.
Ainda recentemente, houve algumas fraudes nos exames do ensino secundário brasileiro. Levantaram-se logo vozes exigindo a repetição das provas. O ministro foi sintético: Não seria razoável repetir milhões de exames.
Partindo do que foi publicado ontem nos jornais e visando tornar o assunto tão claro quanto possível, elaborei três pequenos quadros; dois para o ensino básico e o outro para o secundário. Peço desculpa pelo mau alinhamento vertical das colunas, devido ao facto de nunca ter aprendido a trabalhar com o Excel.

Ensino Básico
Ranking distrital de algumas escolas do distrito de Santarém 
Média dos exames do 9º ano, cuja classificação é de 1 a 5

Ranking distrital           Escola                         Concelho           Média dos exames
       
          1º                  Colégio Sto Ildefonso       Santarém                   3,71
          2º                  E.S. Sá da Bandeira         Santarém                   3,46  
          3º                  E.B. Conde de Ourém       Ourém                       3,14
          7º                  E.S. Artur Gonçalves        T. Novas                    3,00
        10º                  E.S. Entroncamento          Entroncamento           2,97
        12º                  Colégio S. Miguel             Ourém                        2,95
        13º                  Centro E. Fátima               Ourém                       2,95
        17º                  E.S. S. M. Olivais            Tomar                        2,87
        33º                  E.B. Gualdim Pais           Tomar                       2,68
        35º                  E.B. Santa Iria                 Tomar                       2,65
        38º                  E.S. J. Ratton                   Tomar                       2,59
        50º e último    E.B. Couço                        Coruche                     2.04


Ensino Básico
Ranking nacional dos resultados dos exames em escolas do distrito de Santarém

Concelho            Lugar no ranking dos exames
   
Abrantes                              554º e 747º
Entroncamento                    274º e 379º
Ourém                                 155º e 248º
Santarém                               26º e  63º
Tomar   S.M. Olivais          338º
Tomar   E.B. G. Pais           568º
Tomar   E. B. S. Iria            617º
Tomar   E.S. J. Ratton        630º
T. Novas                              233º e 492º

Para comparar

Leiria                                   6º, 69º e 130º

Ensino Secundário
Ranking nacional dos exames do 12º ano no distrito de Santarém

Ranking          Escola                   Concelho

43º               Col. S. Miguel             Ourém
135º             E.S. G. Machado         Santarém
142º             E.S. Entroncamento    Entroncamento
162º             E.S. A. Gonçalves       T. Novas
168º             C.E. Fátima                  Ourém    
197º             E.S. Cartaxo                 Cartaxo
213º             E.S. Sá da Bandeira     Santarém
240º             E.B.S. Barquinha         Barquinha
249º             E.S. S. Abreu               Abrantes
250º             E.S. Almeirim              Almeirim
273º             E.S. S. M. Olivais        Tomar
382º             E.S. F. Zêzere               F. Zêzere
448º             E.S. J. Ratton               Tomar


Perante estes resultados, que nem sequer podem ser contestados, porque baseados em dados objectivos, iguais para todo o país, a minha conclusão é simples: As escolas tomarenses não ficam nada bem na fotografia, quando comparadas com as suas homólogas.
A partir daqui, é meu entendimento que há apenas dois caminhos a seguir. O primeiro, mais fácil e muito praticado por estes lados, é o da negação e da atribuição de culpas aos outros, neste caso aos professores. Por se saber muito bem que "filho de peixe sabe nadar", "quem sai aos seus não degenera", "tal pai, tal filho" e por aí adiante. Ou seja, por outras palavras, que os pais são os principais responsáveis pelos resultados escolares dos filhos. Donde a necessidade de sacudir a água do capote, atribuindo a culpa aos professores, que seriam os maus da fita. Não se dão conta os que assim pensam de que, se assim fora, isso significaria que os habitantes de Tomar já seriam tão negativamente conhecidos no país, que os melhores docentes já se negariam a concorrer para cá. Cuidado portanto com os raciocínios aparentemente fáceis, mas na verdade traiçoeiros.
O outro caminho consiste em aceitar a triste realidade, assumir as suas responsabilidades e procurar emendar o que está mal. Há livros lá em casa? Lê-se e discute-se algo habitualmente, para além do futebol e das novelas? Acompanha-se com cuidado a vida escolar da descendência? Evita-se culpar sistematicamente os outros? Está-se aberto à mudança? Procura-se praticar sempre a tolerância, porém sem complacência?
Julgo saber do que falo. Fui docente durante mais de 30 anos. Não me envergonho dos resultados escolares e académicos dos meus filhos. (ver adenda)
Mas também é verdade que nunca vi nenhuma figueira a dar melões.

Adenda
Embora não me agrade revelar a minha vida privada, penso que neste caso se impõe uma informação mais detalhada. Sou pai de dois filhos: Raphaëlle Virginie, francesa, 42 anos, professora de História e geografia em França, e  Rui Lourenço, português, 38 anos, juiz de direito.

anfrarebelo@gmail.com

            
                    

sábado, 17 de dezembro de 2016

Comprar votos é que está a dar

"António Costa promete restituir à função pública os salários com que José Sócrates ganhou as eleições de 2009. Eis a sabedoria política que resume a actual governação: é possível mandar no país desviando todos os recursos para os que dependem do Estado: quem tiver do seu lado os funcionários, os pensionistas, os subsidiados, os parceiros, os protegidos e os instalados, não precisa dos outros, dos jovens, dos activos, dos independentes, de todos os que em Portugal estão por sua própria conta. Primeiro, porque os dependentes do Estado são suficientemente numerosos e motivados para formar um bloco eleitoral decisivo, e previsivelmente inclinado para quem estiver determinado a sacrificar o resto da sociedade a seu favor, como se viu em 2009; depois, porque faz sentido esperar que, sendo as vantagens da dependência tão óbvias, esta se torne um ideal social, de modo que, para quem está de fora, o objectivo não seja mudar o sistema, mas um dia ser admitido nele."
Rui Ramos, Observador, 06/09/2016

Com as indispensáveis adaptações, é também o que procura fazer a autarquia tomarense: conceder benesses aos funcionários municipais e aos dependentes do Estado, directamente ou através do poder local, bem como aos presidentes de Junta, como forma de conquistar votos que permitam vencer as próximas autárquicas.
É também por isso que, entre outras habilidades, Anabela Freitas está tão empenhada em mandar fazer casas térreas de madeira, para realojar famílias ciganas, em vez reduzir o IMI e a factura da água, por exemplo, como forma de criar condições para atrair investimento, única via possível para gerar emprego e assim estancar a cada vez mais grave hemorragia populacional. Trata-se de uma tão evidente inversão de prioridades, que qualquer justificação está de antemão condenada à descrença total.
No âmbito dessa aberração, há até detalhes que seria importante esclarecer, caso tivéssemos uma oposição capaz. Este, por exemplo: O que se pretende afinal não é a integração plena da comunidade cigana? Então porquê casas térreas, isoladas e de madeira? A usual habitação social, em prédios tradicionais de vários pisos, não serve? Porque tem então sido adoptada noutros concelhos? Tomar é especial? Os nossos ciganos são assim tão diferentes dos outros?

A verdadeira causa

Já aqui foi dito anteriormente, mas será melhor repetir. O turismo estrangeiro aumentou consideravelmente em Portugal, o que é excelente. Convém contudo ter em conta que governo e autarquias pouco ou nada têm a ver com esse feliz incremento. Na verdade, essa bem-vinda invasão resulta quase exclusivamente de factores externos. Sobretudo do clima de insegurança que se instalou em vários grandes destinos tradicionais  do turismo industrial moderno. Eis aqui um exemplo flagrante:
Le Monde, Économie et Entreprise, 15/12/2016, página 4

Pois é. Diz o título da notícia que "Devido à deserção dos turistas estrangeiros, o crescimento económico da Turquia empanou. Os múltiplos atentados e o falhado golpe de estado de 15 de Julho levaram a melhor sobre a confiança dos investidores."

"Atingidos em cheio pela acentuada redução do fluxo de turistas estrangeiros, a diminuição do crescimento económico e a queda la libra turca em relação às divisas fortes, os hoteleiros turcos estão totalmente desmoralizados. "Oficialmente, houve este ano uma redução de 37% nas entradas de visitantes estrangeiros, em relação a 2015, mas a realidade é bem mais grave", assevera Yasar Yavus, dirigente da Associação de turismo de Sultanahmet, a península histórica de Istambul.
Comerciantes do Grande bazar, restaurantes, guias turísticos e vendedores ambulantes já não sabem o que fazer à vida. Os hoteleiros do bairro estão igualmente inquietos. "Cerca de 800 têm grandes dificuldades, 400 estão praticamente em pré-insolvência, enquanto os restantes procuram tanto quanto possível manter a cabeça fora da água", acrescenta o mesmo dirigente. 
Já se perdeu a conta aos estabelecimento encerrados temporariamente, com a esperança de poderem vir a reabrir na primavera de 2017. "Estamos a oferecer agora a 30 euros por noite, quartos que antes se alugavam por 100 euros. Como é que quer que a gente se possa safar?!", exclama Yasar Yavus, também proprietário de um hotel de média categoria no bairro de Sultanahmet.
Nas ruas do dito bairro, batidas por um vento glacial, os únicos turistas visíveis são famílias vindas do Golfo pérsico ou da Arábia Saudita, mais raramente da Rússia, país com o qual as relações diplomáticas melhoraram muito nos últimos tempos. "Mas os turistas árabes e russos não compensam os nossos prejuízos. Aqui no bairro, a clientela tradicional era composta por 90% de ocidentais (alemães, ingleses, franceses, americanos), todos virados para a história e para os monumentos. Os russos e os árabes não apreciam o coração histórico de Istambul. Preferem os centros comerciais", conclui Yasar Yavuz.


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As recentes medidas governamentais de apoio às PMEs ligadas ao turismo, anunciadas no passado dia 8 pelo primeiro-ministro Binali Yildirim, não impressionaram minimamente o já citado dirigente e hoteleiro: "Não precisamos da ajuda do governo. Só queremos segurança e estabilidade. Mais nada." (Ler Nota do tradutor, no final)
Foi no coração de Sultanahmet, entre a Basílica de Santa Sofia (ver foto) e a Mesquita Azul, que ocorreu, em 12 de Janeiro, o primeiro atentado-suicida contra turistas estrangeiros. Atribuído ao autoproclamado Estado islâmico, provocou a morte de dez turistas, quase todos alemães. Desde então, os ataques terroristas contra turistas têm continuado (4 mortos na Avenida Istiklal, a 19 de Março, 45 mortos no aeroporto Ataturk, em 28 de Junho), atingindo fortemente um sector económico que é uma fonte importante de empregos e de receitas em divisas convertíveis."
... ... ... ... ...

Marie Jégo, correspondente do Le Monde em Istambul
Tradução e adaptação de António Rebelo

Nota do tradutor

A atitude do senhor Yavus, industrial hoteleiro, ao declarar que não precisam da ajuda governamental, mas apenas de segurança e de estabilidade, é pouco usual nos países muçulmanos e mesmo nos países do sul da Europa. Para não irmos mais longe, em Portugal é o que todos sabemos. Quase todos os cidadãos dependem, directa ou indirectamente, de subsídios, ajudas, comparticipações, patrocínios ou empregos públicos. O que parece convir a ambas as partes. Aos beneficiados por requerer muito menos esforço. Aos governantes porque garante confortáveis votações previamente compradas. Lá diz o nosso povo, munido da sua milenar sabedoria: "O eleitor e o cão olham primeiro prá mão."

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Quem apoia Tomar a dianteira?

Visualizações de páginas por país

Gráfico dos países mais populares entre os visitantes do blogue
EntradaVisualizações de páginas
Estados Unidos
6010
Portugal
5405
Brasil
746
Rússia
472
Reino Unido
76
Suíça
43
Noruega
40
França
28
Holanda
19


Consultei esta manhã as estatísticas da Google referentes ao mês anterior e fiquei surpreendido. Pelo 3º mês consecutivo houve mais leitores de Tomar a dianteira nos Estados Unidos do que em Portugal. Sinto-me naturalmente muito honrado, mas também um pouco confuso, porque não entendo. De forma que, para tentar perceber. decidi duas coisas. A primeira consiste em solicitar que quem saiba faça o favor de me explicar o que se passa. Se há realmente mais leitores nos USA, ou se é apenas uma questão de servidores ou coisas do género. Aqui fica o meu mail: anfrarebelo@gmail.com
A outra visa apurar tanto quanto possível, mantendo naturalmente a privacidade de cada um, quem lê habitualmente Tomar a dianteira. Nesse sentido, instalei do lado direito do ecrã a aplicação Seguidores. Se gosta de ler este blogue, mesmo que nem sempre, ou nunca, concorde com o que aqui se escreve, faça favor de clicar em Seguir, no tal ângulo superior direito.
Desde já agradeço a colaboração, aproveitando para informar que no fim do mês volto para o Brasil. De lá procurarei continuar a animar o microcosmo informativo nabantino, na medida do possível. Em Maio conto estar de novo em Tomar, onde ficarei até depois das eleições autárquicas.
Sem querer chantagear, porém consciente de que, embora António e com gosto pela pregação, não tenho vontade nenhuma de andar a pregar aos peixes, caso até Maio próximo Tomar a dianteira não consiga ultrapassar os 200 seguidores registados, terminadas as autárquicas terminará também este blogue, desta vez para sempre.
Era isto que vos queria dizer. Serenamente e sem acrimónia, porém cansado daquela história do agreste e do dizer mal. Porque, mesmo se resolvesse dizer mal, o que nunca foi o caso, pelo menos di-lo-ia bem. Sem erros ortográficos, com fraseado escorreito e sem me esconder sob pseudónimos. Afinal é tudo uma questão de honestidade, dignidade e sinceridade.