terça-feira, 31 de outubro de 2023





Nazaré

Autarcas com os tomates no Sítio

Nada de mal entendidos. As festas de Nossa Senhora  da Nazaré são lá em cima, no Sítio, onde está a igreja (ver imagem). Por conseguinte, os autarcas que estão na festa têm forçosamente os tomates no Sítio. Mas, começando pelo princípio, como dizia o outro, um tomarense amigo enviou a Tomar a dianteira 3 o recorte de jornal que se agradece e pode ler-se mais acima.
Para melhor entendimento da comparação seguinte, convém indicar que a Nazaré tem apenas 14.217 eleitores inscritos, contra 34.710 em Tomar. A participação eleitoral foi na Nazaré de somente 44,6%, para 51% em Tomar. O orçamento municipal 2022 foi de 20,9 milhões na Nazaré e 43,9 milhões em Tomar. Finalmente, para se ter uma ideia, em termos de desenvolvimento turístico, o Convento de Cristo em Tomar registou até agora menos de 300 mil entradas em 2023, apesar dos tabuleiros, enquanto o Forte da Nazaré já ultrapassou os 2 milhões. Para tentar evitar os triunfalismos balofos do costume, na origem da megalomania nabantina.
Feita esta curta introdução, abre-se com uma constatação singular, que pode ler no recorte supra. Na pequena Câmara da Nazaré (4 PS, 2 PSD, 1 CDU), as festas foram em Setembro, mas já se sabe que registaram um prejuízo de 91 mil euros, o que desencadeou protestos da oposição e mostrou o desagrado do próprio vereado da cultura, da maioria PS, a colocar o tomates no cepo. Olha se fosse em Tomar! 
A Festa dos tabuleiros foi na primeira quinzena de Julho, estamos em Novembro e quanto a contas, nada. Sabe-se apenas que o orçamento municipal contribuiu com pelo menos 1,3 milhões de euros, a fundo perdido. Uma ninharia, para uma Câmara rica, quando comparada com a Nazaré. Respeitando as proporções, se a bitola fosse a mesma, na costa atlântica e no vale nabantino, os nazarenos podiam registar um prejuízo de 600 mil euros, sem se incomodar. 
Vai-se a ver, segundo o recorte supra, estão a fazer um banzé desgraçado por causa de uns míseros 91 mil euros. É outra gente, habituada a regatear o preço do peixe. Por isso a participação eleitoral é tão fraquinha. Ao contrário dos tomarenses, já não acreditam em milagres. Apesar de até terem um elevador, que lhes põe os tomates no Sítio quando querem. 
Quanto aos detalhes, tanto da Nazaré como de Tomar, ficam ao cuidado de cada leitor. Uma coisa é certa: Nunca se poderá dizer que os autarcas tomarenses têm os tomates no Sítio, a não ser quando assistem às festas do Cirio da Nazaré, que se celebram lá em cima. Todos sabemos, porém que os eleitos nabantinos preferem o Círio de Nossa Senhora da Piedade. Tenhamos portanto piedade deles, já que não podem ter os tomates no Sítio todos os dias, devido a distância para a Nazaré.

segunda-feira, 30 de outubro de 2023

Imagem Carlos Coito, com os agradecimentos de TAD3.

Poluição do Nabão 

 Não é perigoso para a saúde, é só merda...

A imagem é do conterrâneo Carlos Coito, a quem agradeço. Mostra mais uma descarga que poluiu o Nabão, situação que se arrasta há anos, com a complacência da Câmara na sua totalidade, incluindo portanto a oposição PSD. Tem havido queixas, protestos, reclamações, algumas explicações e até uma promessa de solução. Falou-se de vinte milhões de euros para resolver o problema da ETAR de Seiça, alegada origem dos surtos regulares de poluição. É para quando?
Tenho as minhas dúvidas. Já houve análises e até inspecções especializadas, mas quanto a resultados completos nada. A origem é mesmo a ETAR de Seiça? Então porque nunca publicaram os resultados completos das análises, designadamente se há coliformes fecais e de que tipo? Tentam proteger quem?
Pelo caminho que as coisas levam, não tarda, a Câmara e o organismo governamental responsável, ou mesmo os dois em conjunto, vão anunciar que não há pressa. A poluição é só merda, não é perigosa visto ser orgânica. Se fosse poluição química, isso é que era grave, porque envenenava os peixes, os animais e a situação local.
Não se pode portanto escrever que temos uma administração de merda, porque seria uma ofensa gratuita, dado que as fezes não são perigosas para a saúde pública, quando diluídas na água dos rios. Pode-se dizer, isso sim, que são tão bons a governar que nem conseguem sequer resolver um assunto de merda. Mais um.


domingo, 29 de outubro de 2023




Política local de turismo

Trabalhar pouco e mal

As crónicas anteriores, copiadas do jornal O Povo, de Fortaleza - Brasil, tinham e têm um objectivo preciso: evidenciar pela comparação que em Tomar se trabalha pouco e mal, sobretudo na área do turismo, sem chocar demasiado, numa terra em que qualquer crítico é um malvado, e qualquer reparo um excremento. Inventaram até esse neologismo chamado "crítica construtiva", que é apenas a arte de saber gabar o que não presta. Lamber as botas (ou outra coisa) a quem manda ou paga. Não contem comigo.
Na publicação anterior, do jornalista brasileiro Jocélio Leal, que muito provavelmente nunca sequer ouviu falar de Tomar, está tudo muito bem exposto. Para o réveillon, os serviços de turismo da Câmara, que no Brasil é a Prefeitura, com prefeito eleito, mas secretários escolhidos a dedo, em vez de vereadores a tempo inteiro, procederam em conformidade com as regras da arte. Definiram objectivos a alcançar, previram custos e benefícios dos meios para os alcançar, e efectuaram a avaliação final, para aferir resultados. Tudo isto para um orçamento de 12 milhões de reais (2,3 milhões de euros), só para pagar aos vários artistas.
Numa crónica de apoio implícito, o jornalista indicou no último parágrafo que a avaliação dos eventos tem sido feita internamente, mas aumentaria a credibilidade se efectuada por uma entidade externa independente, contratada para o efeito.
Comparando com a cova nabantina, e tendo como referência os tabuleiros, a principal realização local, a definição de objectivos é um logro deliberado. Tanto os senhores eleitos como os conceituados técnicos superiores da área sabem, de certeza certa, que "cumprir a tradição" e "promover Tomar" não são objectivos económicos aceitáveis. Demasiado amplos e ocos.
O primeiro porque cabe nele quase tudo e o resto, mas em termos de realização económica, ninguém sabe como se alcança. Simplesmente porque "cumprir  a tradição" é repetir o que está para trás. Por conseguinte, no caso dos tabuleiros, sendo a festa quadrienal, tanto se pode cumprir a tradição fazendo, como não fazendo.
"Promover Tomar", o outro item, é uma espécie de armazém geral. Cabe lá tudo. Qualquer manifestação serve alegadamente para promover a cidade e o concelho, faltando porém determinar, em cada caso, se pela positiva, ou negativamente. Referindo um caso concreto, está-se mesmo a ver que os erros da organização da edição 2023 dos tabuleiros, na origem das pessoas a palmilharem quilómetros por estradas nacionais sem passeios, ou grupos indo-se embora antes do fim do cortejo, são exemplos flagrantes de promoção negativa.
Na área da previsão de custos/benefícios, reaparece a resposta do homem da gasolina, há duas décadas em Barrancos. Quando perguntado se não havia gasolina super, foi muito alentejano: "Nunca houve!" Já naquela época, era muito mais barato encher o depósito em Espanha, e Barrancos fica encostado à fronteira. Em Tomar também nunca houve previsão de custos/benefícios, crê-se que por dois motivos muito fortes: 1 - Trata-se de gastar dinheiro dos outros, com pouca ou nenhuma preocupação a respeito; 2 - O objectivo evidente dos vários eventos tomarenses é, para os autarcas, comprar votos, e para os funcionários e apoiantes, lamber botas e meter para o bolso (ou adornar o estômago).
Resta o caso da avaliação final, que o jornalista brasileiro propõe que seja externa e independente, e que em Tomar não existe. O que só surpreenderá quem venha de longe e desembarque agora no vale nabantino.  Gente que, na escola ou nos seus empregos anteriores, nunca foi avaliada capazmente, porque as normas oficiais em vigor tal não permitem, é lá capaz de saber como se faz e para que serve. E mesmo que excepcionalmente saiba, tudo fará para evitar ser avaliada/o, pois nada de bom daí viria, no seu entendimento. Prova disso é a sua aversão visceral à crítica, venha de onde vier. E avaliar inclui criticar, ou não se avalia nada de jeito.
Em conclusão, pode ser que em 2025 apareça outra gente, pessoas com outra mentalidade. Capazes de dialogar, sobretudo com quem pensa diferente. Que pelo menos não venham com as duas desculpas miseráveis mais usadas em Tomar: "Não se fez mas os outros que estiveram antes também não fizeram", ou "Os outros ainda são piores". Aquele pessoal dirigente do Hamas também parece pensar assim. É só bazófia. Deve ser da nossa costela árabe. Ou será ideológico?

sábado, 28 de outubro de 2023

 


Celso Carvalho

"Mais uma vez a Câmara municipal de Tomar quer construir um skate park num local que é privado e nem sequer pertence á autarquia municipal de Tomar o referido local pertence à estação de caminhos de Ferro de Tomar.
A referida estação é tutelada pela Refer e pela infraestruturas de Portugal"

Política local

Com comentadores assim 

vamos de mal a pior

Ignoro  quem seja o cidadão autor do comentário supra, que foi copiado do Tomar na rede. Nem sequer sei se é mesmo o nome de um eleitor, ou um simples pseudónimo. Escrevo isto à laia de intróito, procurando evitar que as boas almas do costume percam tempo a pensar que se trata de mais uma embirração da minha parte.
Acrescento, por também me parecer importante, que o autor do comentário tem inteira liberdade de opinião , de expressão e de escrita, como qualquer outro cidadão, de preferência daqueles que pagam impostos. Convém é escrever o melhor possível, evitando fornecer informações sem fundamento. Falsas portanto.
Neste caso, temos de concordar que o troço frásico "num local que é privado e nem sequer pertence à autarquia municipal municipal de Tomar", é triplamente redundante.
Se é privado, não adianta dizer que não pertence à Câmara. Sendo uma autarquia é forçosamente municipal. Tratando-se de municipal, dada a localização terá de ser de Tomar. Uma baralhada inútil portanto, a revelar dificuldade no uso corrente da língua que nos devia unir mas, como escreveu o outro, "Somos quase dez milhões de portugueses, separados pela mesma língua".
Segue-se, para agravar ainda mais a questão, que todo o conteúdo do comentário é falso. A Câmara vai construir o "skatódromo" num terreno público, que nunca pertenceu à CP e muito menos à REFER. Foi, durante muitos anos, a via de acesso ao então celeiro da FNPT- Federação Nacional do Produtores de Trigo, que os comunistas na clandestinidade traduziam nas tabernas por "Fome Nunca Passámos Tanta". E era bem verdade, na época, com racionamento alimentar e tudo.
 O terreno parece portanto ter pertencido ao Ministério da agricultura, no tempo da outra senhora, tendo sido depois vendido a uma empresa tipógrafica privada, que deixou de usar aquela via, optando pela rampa de acesso directo, encostada à vedação sul da Estação rodoviária, e entretanto desapareceu num gigantesco incêndio. (ver imagem) Que descanse em paz o seu dono, o saudoso Mário Gonçalves, por alcunha Mário 14, um dos generosos empresários locais que levaram o União à primeira divisão, e aí o conseguiram manter durante alguns anos, antes das SAD.
Temos assim que o citado terreno está abandonado, porque sem uso há mais de 30 anos, pelo que a Câmara pode a qualquer momento, e se necessário invocar a sua posse por usucapião, tanto mais que se trata de parte do antigo rossio ou Várzea grande, tal como os terrenos agora na posse dos caminhos de ferro, por cedência da autarquia.
Em conclusão, convém que, em futuras ocasiões, o respeitável comentador Celso Carvalho verifique melhor as suas informações, antes de as publicar, indicando idealmente em que fonte ou fontes se abasteceu.
Com comentadores assim, que publicam informações falsas, aparentemente para tentar travar ou complicar uma obra camarária, não vamos longe. Aqui fica o recado, certo que ninguém me vai acusar de estar a defender a maioria socialista, quando me interessa apenas a  verdade.


Fogo de artifício lançado da Ponte dos ingleses. Em primeiro plano, multidão no Aterro da Praia de Iracema - Fortaleza - CE,  no réveillon 2022/23.

Economia do turismo

"O INVESTIMENTO NO RÉVEILLON"

Jocélio Leal

A crónica seguinte é cópia integral do trabalho do jornalista brasileiro Jocélio Leal, publicado n'O POVO de 27/10/2023, página 14. Devido ao "formato Berlin" (duplo A4) a duas colunas, a simples cópia digital resultaria numa leitura bastante difícil, ou levaria a uma formatação assaz complexa,  o que forçou a optar pela reescrita integral.

Ajudas para melhor entendimento da leitura

Prefeitura = executivo municipal, com secretários em vez de vereadores
Showbiz nacional = mercado dos espetáculos no Brasil
táxi e apps = táxis clássicos e de aplicativo
Ónibus = autocarros urbanos ou de turismo
IGF = Inspecção fiscal
Petista = filiado no PT, partido do Lula
Pedetista = filiado no PDT
DNA = ADN
En passant = A propósito
Zerasse = conseguisse pôr o balanço final a zeros.

"O investimento no réveillon de Fortaleza é isso, um investimento. Ao aplicar o nosso rico dinheirinho na contratação de nomes caros do showbiz nacional, Fortaleza ratifica um posicionamento de mercado iniciado ainda  na gestão de Luizianne Lins (2005-2013). Ali, a Prefeitura definiu que iria fazer uma mega festa, a mirar a vinda de turistas domésticos. E assim tem sido.
Hotéis cheios, bares e restaurantes idem, mais corridas de táxi e apps, mais ónibus alugados, mais passeios, parque aquático e barracas de praia lotadas, mais artesanato sendo vendido e, enfim, mais arrecadação fiscal e mais emprego em toda a cidade, porque o negócio do turismo é bastante capilar. Ao mesmo tempo, mais despesas com a maior demanda para os serviços públicos -do fiscal de rua à caríssima operação do IGF.
É o tipo de iniciativa que não permite críticas da oposição petista, ou mesmo da pedetista (filiada no PT), dado o DNA da festa. No máximo, chamam à boca pequena de Sartopalooza, em alusão ao festival Lollapalooza, em S. Paulo. Já a oposição bolsonarista fica à vontade para bater porque não chegou ao poder. Lá estando, estaria diante da decisão de manter a aposta, ou abrir mão do posicionamento construído pela cidade ao longo dos anos. En passant, a Prefeitura fala em captar  investimento de 12 milhões de reais, por investidores. Tomara que consiga. Melhor se zerasse a conta.
A indústria do turismo é feita de resultados bem pulverizados, o que torna mais difícil demonstrar qual o tamanho do impacto positivo. Por vezes o peso maior do retorno ocorre até fora do território-alvo do investimento Caso dos bilhetes aéreos. As companhias faturam fora. De todo modo, terá trunfo político importante a Prefeitura, caso consiga demonstrar de maneira mais clara o retorno do que está a investir. Hoje mede por meio de um departamento  da Secretaria do Turismo. Um estudo contratado a uma organização de referência, seria mais convincente."





sexta-feira, 27 de outubro de 2023

Agra - India - Taj Mahal

Indústria turística

Terminou a época alta, 

começaram os rankings anuais de promoção

É todos os anos assim, desde que o turismo se tornou uma importante indústria em todos os países, com destaque para os mais desenvolvidos economicamente. Terminada a época alta, incrementa-se a elaboração de produtos para o ano seguinte. Aproveitando o maná proporcionado pelos vários governos, sedentos de fama e notoriedade, vai florescendo a indústria parasita dos rankings e outros prémios.
A credibilidade é geralmente pouca, com a venda quase descarada de prémios, como nos concursos televisivos, dando origem a situações como a de Portugal, que acaba de arrecadar 22  prémios (!!!), atribuídos por essa tal indústria parasita. Porto melhor destino europeu de luas de mel, Lisboa melhor escapadinha europeia, Algarve melhores praias de inverno, e coisas assim.
Há uma ou outra excepção, e Tomar a dianteira 3 foi consultar a mais notória. A do guia turístico em inglês Lonely Planet, que tem a enorme vantagem de resultar da votação  dos seus usuários, que são  milhões. Eis alguns resultados surpreendentes. 
10 melhores países para visitar em 2024 1º Mongólia, 2º India, 3º Marrocos ...9º Croácia, 10º Santa Lúcia. Portugal não figura.
10 melhores cidades para visitar em 2024: 1ª Nairobi, 2ª Paris, 3ª Montreal... 9ª Esmirna, 10ª Kansas City. Não há cidades portuguesas.
10 melhores regiões para visitar em 2024: 1ª Ciclovia transdinárica, 2ª Ilha Kanguru, 3ª Toscânia... 9ª Montana, 10ª Norte da Escócia. Não há regiões portuguesas.
10 melhores destinos qualidade/preço em 2024: 1º Médio Oeste -USA, 2º Polónia, 3º Nicarágua...9º Lagos do sul, 10º Comboios nocturnos europeus. Não há qualquer referência a Portugal.
10 destinos mais sustentáveis em 2024: 1º Espanha, 2º Patagónia, 3º Groenlândia... 9º Estradas bálticas, 10º África do sul. Há uma referência a Portugal: o Caminho português de Santiago aparece em 5º lugar.
Perante isto, o mais aconselhável para os responsáveis tomarenses, sempre de vento em popa nestas coisas, será moderarem as expectativas, baixar as velas e ir tomando chá de tília, que acalma os ímpetos. As perspectivas não são boas para o turismo português em 2024, apesar da chuva de prémios encomendada pelo Turismo de Portugal. Quanto ao turismo do centro, o deslumbramento tem os dias contados.
 




quinta-feira, 26 de outubro de 2023

 


Política local de turismo

Comparando para perceber melhor


Teve relativamente poucos leitores a crónica "Promoção turística: Aldrabar até ao fim", de ontem. É mais uma confirmação do comportamento peculiar de alguns tomarenses, os nabâncios, para não ofender ninguém. Quando suspeitam que determinado texto mostra uma verdade que não lhes é favorável, antes pelo contrário, resolvem não ler. Como suposta punição de quem escreveu, que deve ser pago consoante o leitorado, pensam eles, alicerçados na inveja. Por egocentrismo também, pois aquilo que não se leu, não existe, como é  sabido.
Feita antes a demonstração de que, na política autárquica tomarense, impera o faz de conta e a vigarice intencional, aqui vai uma segunda crónica, para evidenciar a megalomania nabantina, que felizmente não atinge (ainda?) a maioria dos conterrâneos. 
Os responsáveis pelo turismo em Fortaleza - Ceará,  foram a S. Paulo, capital económica do Brasil,  apresentar a tradicional festa de fim de ano, o réveillon. O jornal diário cearense O POVO, do dia seguinte, deu-lhes toda a largura da primeira página. Coisa grande portanto. (Ver imagem acima)
Em resumo, 3 noites de festa, 17 artistas de renome, 600 mil visitantes e 600 milhões de euros de volume de negócios, numa cidade de 2,5 milhões de habitantes, de uma país com 220 milhões de pessoas. Fazem sentido estas previsões. 600 mil visitantes numa cidade tão grande, de um país imenso, gerando uma receita global de 600 milhões de euros, o que corresponde a uma despesa média provável de mil euros por visitante, incluindo transporte aéreo, hotelaria, restauração, bebidas e animação. Não são nenhum exagero.
Compare-se agora com a Festa dos tabuleiros em Tomar, uma cidade 60 vezes mais pequena que Fortaleza, de um país com 22 vezes menos população que o Brasil. A respectiva comissão anunciou, em tempo oportuno, concertos à borla durante 10 noites, e uma expectativa de milhão e meio de visitantes. Mas esqueceram-se de indicar a previsão de despesa e de receita global. Mero acaso?
Agora veja-se: 10 dias em Tomar, 3 noites em Fortaleza. Milhão e meio de visitantes em Tomar, uma pequena cidade, apenas 600 mil em Fortaleza, uma grande metrópole. Dado que não sou psiquiatra, porque nunca estudei nessa área, seria indelicado da minha parte escrever que "é tudo gente doida". Não posso contudo deixar de constatar, porque tão pouco sou cego, que impera nalguns meios ligados ao poder local a mania das grandezas, aquilo a que os especialistas chamam megalomania.
As consequências nefastas para a comunidade tomarense estão cada vez mais à vista, sendo porém bem sabido que os piores cegos são aqueles que não querem ver. É nisso que se baseiam os megalómanos nabâncios e outras estirpes, para irem galopando de aldrabice em vigarice e destas em intrujice, montados, julgam eles, no cavalo da ignorância local, que sendo alguma, também não é assim tão generalizada. Não será por simples acaso ou pouca sorte, que as contas finais da Festa grande estão a ter um parto difícil. Esbanjar, queimar dinheiro, é fácil mas não é barato. Quando chega a altura de mostrar obrigatoriamente cada despesa é que as coisas se complicam, e de que maneira. Conforme está a acontecer agora.
Aqui fica este registo, para que saibam que pelo menos um cidadão já deu pela coisa. Ao contrário daquilo que alguns parecem implicitamente considerar, velhice não é sempre sinónimo de burrice.


quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Tribuna do PSD - Tomar

Tiago Carrão

TOMAR FORA 

DOS BAIRROS COMERCIAIS DIGITAIS


Os Vereadores eleitos pelo PSD na Câmara Municipal de Tomar apresentaram, em reunião de Câmara, uma proposta para que o Município aderisse ao projeto “Bairros Comerciais Digitais” – uma medida com o objetivo de promover a digitalização da economia, ora através da adoção tecnológica por parte dos operadores económicos e pela digitalização dos seus modelos de negócio, ora através da sensibilização e capacitação dos trabalhadores e empresários, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). 
Entendemos que esse financiamento se destacava como uma oportunidade para os setores do comércio e dos serviços abertos ao público, traduzindo-se num impulsionador económico com foco na transformação digital dos agentes económicos e dos seus modelos de negócio.
Curiosamente, a governação socialista reprovou a proposta dos eleitos do PSD, para depois avançar com a referida candidatura. Situação infeliz, que diz muito da forma de estar de quem nos governa. Mas o mais importante estava cumprido. Tomar candidatou-se à medida Bairros Comerciais Digitais, resultado da colaboração entre a Câmara Municipal, ACITOFEBA e a Softinsa/IBM. 
A candidatura do Município de Tomar tinha um investimento de 1.438 M€, com financiamento elegível de 991 mil €. No entanto, após terem sido tornados públicos os resultados das 160 candidaturas, constatámos que a candidatura de Tomar foi considerada “elegível não selecionada”, ou seja, elegível mas sem financiamento, que é como quem diz, nada! Ao contrário de 65 outros Municípios, que viram as suas candidaturas aprovadas e financiadas, entre os quais Torres Novas e Santarém.
Procurei saber mais sobre este processo, na reunião de Câmara Municipal do passado dia 16 de outubro e, para meu espanto, a Vereadora Filipa Fernandes limitou-se a dizer que “o dinheiro não chegou para apoiar todos os projetos”, como se o processo de seleção fosse um sorteio. Não esclareceu, no entanto, a razão pela qual uns projetos foram apoiados e outros não. 
Razão essa que é fácil de perceber, na análise do IAPMEI à candidatura do Município de Tomar, a qual “careceu de uma abordagem mais eficaz no que se refere a alguns subcritérios”, i.e., a candidatura tomarense não reunia as condições necessárias ficando atrás das candidaturas de outros Municípios.
A Câmara Municipal de Tomar recorreu desta decisão, a 2 de agosto, mas quase 3 meses depois, ainda não houve qualquer resposta, conforme informou a Vereadora responsável. E, neste caso, a ausência de resposta é bastante esclarecedora: Tomar vai ficar fora dos “Bairros Comerciais Digitais”.
Mais uma oportunidade perdida para a economia local, para a valorização e competitividade dos serviços e comércio local em Tomar.

Tiago Carrão

Vereador da Câmara Municipal de Tomar, eleito pelo PSD

Presidente do PSD de Tomar

Jornal O POVO, página 5, 24/10/2023

Política local

Promoção turística: Aldrabar até ao fim


O tema é, ao mesmo tempo, grave e fulcral. Grave, porque está a contribuir para o definhamento de Tomar. Fulcral porque é, quando bem gerido, o principal motor do desenvolvimento local. Trata-se do turismo, e da sua adequada promoção. Que só agora é objecto de uma crónica, porque o autor andava procurando um exemplo comparativo, capaz de demonstrar, sem margem para dúvidas, que a maioria socialista anda a aldrabar os tomarenses, e a prejudicar gravemente os empresários locais, iludindo-os com paleio de circunstância, quase totalmente oco.
Pode ler-se na imagem supra que Fortaleza, cidade de 2,5 milhões de habitantes e mais de 20 mil camas hoteleiras, capital do Estado do Ceará, um dos 27 estados brasileiros, com 6,5 milhões de habitantes, mas três vezes maior que Portugal, e com uma importante fachada marítima, gasta 10 milhões de reais (mais ou menos 2 milhões de euros),  em promoção turística "o maior investimento promocional em dez anos".
Para promover o quê? Dois produtos turísticos muito populares no Brasil (215 milhões de habitantes, contra apenas 10 milhões em Portugal):  1 - As praias (Jericoacoara, Cumbuco, Fortaleza, Canoa Quebrada); 2 - O "réveillon" na Praia de Iracema (onde reside o escriba), com abundante fogo de artifício e concerto até alta madrugada
Ambos os produtos propiciam boas receitas hoteleiras. As praias porque, tratando-se de sol e banho, quanto mais tempo melhor, pois a temperatura é igual durante o ano todo. O "réveillon" porque, sendo nocturno até alta madrugada, torna  necessário ficar pelo menos duas noites no hotel -a da chegada e a da ressaca.
Comparativamente, Tomar, 40 mil habitantes e apenas 2 mil camas hoteleiras, gastou este ano perto de milhão e meio de euros em promoção turística, com os tabuleiros e a feira de Santa Iria. Para promover concretamente o quê? Ninguém sabe responder com precisão. O que não surpreende, pois quando se questiona a utilidade dos tabuleiros ou da feira, a resposta é sempre a mesma -"servem para promover Tomar e cumprir a tradição." De que modo? Mistério.
Os tabuleiros, no seu modelo organizativo actual, proporcionam, quando muito, 2 noites de hotel, e a Feira nem isso. Os visitantes vêm, bebem ou comem qualquer coisa, na melhor das hipóteses, assistem a um dos concertos à borla, quando assistem, e regressam a casa, que o país é pequeno e as estradas são boas. (Segundo a notícia, a campanha de marketing está a fazer-se em S. Paulo, 22 milhões de habitantes, capital económica do Brasil, a 2 mil e novecentos quilómetros de Fortaleza, 39 horas de viagem por estrada,  como de Lisboa a Berlim.)
Não é preciso ser um génio, nem mesmo um modesto conhecedor, para concluir que a "estragação" de dinheiro público, que se pratica em Tomar com bastante exagero, argumentado tratar-se de cumprir a tradição e promover a cidade, não passa afinal de compra de votos encapotada, por intermédio de amigos e compadres, que são sempre os mesmos desde há anos. 
Uma aldrabice mal enjorcada. E até aí os senhores autarcas socialistas, de tendência rústica e com mau feitio, são enganados. Os empresários e outros beneficiados  continuam a votar em quem mais lhes agrada, e os visitantes não votam em Tomar. É tudo um mar de enganos. Mal empregado dinheiro! Que depois faz tanta falta para coisas mais úteis.


terça-feira, 24 de outubro de 2023

 

Imagem 1 - A Janela do Capítulo como nunca esteve antes do "restauro".

Imagem 2 - A Janela do Capítulo com estava antes da limpeza-lavagem.

Uma imagem adulterada 

da Janela do Capítulo


A imagem acima, com o número um,  é uma fraude. O seu autor, Nuno Miranda, dirá talvez em sua defesa, que é a sua visão da janela. Uma obra artística, portanto. Mas isso não lhe dá o direito de legendar "a Janela do capítulo antes do restauro", pela simples razão de que a janela nunca teve uma patine assim tão carregada. Basta observar a outra foto da mesma época, com o número dois, igualmente a cores.
Se esta foto com o número um, integra o processo da empreitada de limpeza, da DGPC, que custou perto de dois milhões de euros, tratou-se obviamente de influenciar os decisores, carregando na sujidade a remover, e pode vir a ser causa para que Bruxelas exija a anulação do concurso e a devolução da comparticipação comunitária, alegando ter havido manipulação evidente de alguns técnicos.
Feitas as operações necessárias, tenho a certeza absoluta que a imagem foi intencionalmente alterada com o recurso a um programa de correção fotográfica, tipo Photoshop. Há nitidamente zonas "pinceladas" a negro, e outras a amarelo muito escuro, com duas aberrações evidentes para quem conheça bem a janela: 1 - Excluindo a verga, que nunca teve líquenes, por estar recolhida em relação à outra ornamentação envolvente, mantendo por isso a cor primitiva do calcáreo, as outras zonas brancas não têm lógica nenhuma, pois são salientes e tinham fungos, Foram simplesmente "limpas" erróneamente com a ajuda do tal programa. 2 - Aquela luz na janela propriamente dita, realça o conjunto negro, ficando portanto muito bem para o efeito pretendido, mas, azar de quem não sabe, a sala não tem claridade interna nem instalação eléctrica. Trata-se por conseguinte de mais uma vigarice delibrada, para iludir o observador.
Qualquer que tenha sido a intenção do autor da imagem, a mesma deve ser denunciada, por se tratar de óbvia distorção da realidade, consentida pela liberdade criativa, mas condenável por induzir em erro quem a vê sem adequado lastro anterior. O aspecto antes do "restauro" nunca foi o que a imagem 1 mostra, mas sim o da imagem 2. Trata-se portanto de uma fraude, faltando determinar com que intenção.
A mim podem-me enganar, mas em relação ao aspecto anterior da janela é muito difícil. Há nela detalhes que o autor da imagem apagou, cobrindo-os à pincelada digital, o que mostra que não estaria com muito boas intenções ao fazer esse trabalho.
Estou pronto a explicar e mostrar perante um magistrado judicial, se for caso disso,  quais são os detalhes e outros indícios que me levam a acusar o autor da imagem de tentar enganar deliberadamente a opinião pública.


Pequim (China) -  Aspecto da cidade proibida

Crónica primaveril

Contas dos tabuleiros, limpeza urbana, 

SDF na China e praga de percevejos na Europa


Ao escrever sobre o atraso das contas dos tabuleiros, e o pagamento das horas extraordinárias dos funcionários municipais, veio-me à memória uma imagem do verão tomarense 2023. Eram para aí dez da manhã. Em plena Corredoura, dois varredores da Câmara, (que agora devem ter uma designação mais pomposa, tipo "técnicos de limpeza e salubridade urbana"), estavam sentados numa das esplanadas, bebendo cada um "a sua bica", com os carritos do ofício parados à sombra, do lado oposto da rua.
Discorri então que a autarquia emprega 602 funcionários, um para cada 69 eleitores. E mesmo assim, a limpeza deixa muito a desejar. Com destaque para as ervas espontâneas, que medram por todo o lado, revelando que é capaz de haver funcionários suficientes, porém mal distribuídos, por falta de coragem dos eleitos para ir mais além, cortando a direito.
Pensei depois nos milhares de moradores de rua, ou SDF (sem domicílio fixo), que vi na China, nomeadamente em Pequim, quando por lá andei, já lá vão vinte anos. Designadamente a cena, insólita para mim, de alguns cidadãos andrajosos, sentados nos amplos sofás da recepção dos hotéis de cinco estrelas. Não sendo acanhado, perguntei ao guia o que fazia ali aquela gente, com ar modesto, mal vestida e mal calçada, mas fumando o seu cigarro.
Visivelmente surpreendido, o guia explicou-me que, sendo a China um país comunista, governado pelo Partido comunista, tudo pertence ao povo, incluindo os hotéis, pelo que os habitantes mais modestos aproveitavam  para virem instalar-se durante algum tempo no acolhimento hoteleiro, aproveitando a temperatura agradável do ar condicionado.
Na mesma linha, os varredores tomarenses, funcionários de uma câmara socialista, gerida pelo Partido socialista, estariam certamente a gozar alguma pausa no seu dia de trabalho árduo, ao serviço da comunidade concelhia. 
Enquanto isto,  a informação portuguesa pouco ou nada noticiou a respeito até agora, mas há  pragas de percevejos por essa Europa fora, incluíndo em Espanha. Despachados como sempre, os nossos vizinhos já noticiaram que os indesejáveis parasitas se terão propagado, entre outras vias, pelas mochilas dos peregrinos a Santiago de Compostela. 
Em Tomar, se nem as ervas nas ruas, a poluição do Nabão, o atraso das contas dos tabuleiros ou os incidentes com ciganos, constituem preocupação de maior para a população, os nabantinos querem lá saber da vaga de percevejos. Quem já os tiver em casa que os coce!


segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Quando a festa do tabuleiros ainda não tinha mordomo, nem havia horas extraordinárias.
 

Política local

Anomalias nas contas dos tabuleiros 

e na gestão dos funcionários municipais?


A questão passou a ter relevância, a partir do momento em que as contas finais da Festa dos tabuleiros 2023, anunciadas oficialmente para Setembro, ainda não foram publicadas e Outubro está quase no fim. Parece haver anomalias impeditivas. Foi Helder Silva, habitual comentador deste blogue, que trabalha e reside em Inglaterra, que "levantou a lebre":

"Eu fiquei todo arrepiado de ouvir a sotora Anabela Freitas, numa reunião de câmara, dizer que ainda não tinham saído as contas porque faltava apurar o número de horas extraordinárias feitas pelo pessoal da câmara, e foram muitas, e que o pessoal ainda não tinha metido as horas por inclusive alguns se encontrarem de férias. O Professor e os seus leitores pesquisem no Google por contas da festa dos tabuleiros que aparece um site do mirante, salvo erro, ou do médio tejo, já não sei, com esta informação.
Ora, e eu pergunto, já que os vereadores da oposição não o fizeram: Os trabalhadores da câmara é que controlam as horas???!!! As horas extra não são aprovadas previamente pelos superiores???!!! É "à lagardère" ???!! Isto é muito grave e vem demonstrar a inaptidão da presidente para a gestão, a chico espertice dela, e a inaptidão dos vereadores PSD que são uns anjinhos, ouvem as balelas dela e não dizem nada. Isto está na net, vão lá ver."

Perante tal matéria, que parece configurar um caso de evidente autogestão camarária pelos próprios funcionários, convirá antes de mais apurar os factos de forma inequívoca. São mesmo os funcionários que indicam as horas extraordinárias que fazem? Ninguém certifica? A confirmar-se, será uma anomalia grave e onerosa, num organismo autárquico com 602 funcionários e horário de trabalho reduzido, de 35 horas semanais.
Esclarecida de forma definitiva essa situação, outra igualmente grave aparece na mira do observador atento, susceptível de explicar, pelo menos parcialmente, o atraso na apresentação das contas dos tabuleiros. Trata-se da obrigação fiscal de todos os cidadãos, sejam ou não funcionários. Numa interrogação simples: Os funcionários municipais que receberam essas horas extraordinárias, aparentemente indicadas por eles próprios, declaram ou não essas somas para efeitos de IRS? Seria extremamente grave que viesse a concluir-se servir a Comissão da festa dos tabuleiros sobretudo para "fugir ao fisco".
Pelo que antecede, e outros detalhes que na devida altura poderão ser avançados, designadamente na área da animação cultural,  é urgente que haja publicação das contas completas dos tabuleiros, e que a oposição exija que sejam auditadas por técnico ou gabinete  credenciado. Sob pena de poderem vir a ser depois considerados cúmplices, caso haja matéria penal.
Todos os envolvidos, da presidente da câmara e do mordomo dos tabuleiros, aos assistentes operacionais mais modestos, são cidadãos honestos e cumpridores, iguais perante a Lei, até prova em contrário. Vamos portanto aguardar serenamente a publicação das contas, o seu debate no executivo e a sua aprovação final na Assembleia Municipal, para ficarmos descansados. Ou já somos quase uma espécie de república dos bananas? 
Como no Brasil, por exemplo, em que já houve um candidato eleito com um programa claro: "Eu roubo mas faço." Em Tomar, a confirmarem-se os factos, seria mais "A gente vigariza mas vai animando o pessoal."



domingo, 22 de outubro de 2023



Festa dos tabuleiros

A péssima imagem 
da Comissão central da Festa grande


O problema é antigo, e agravou-se singularmente com as normas da contabilidade pública moderna. A Câmara delega num cidadão, a que chama mordomo, as funções inerentes à realização da Festa dos tabuleiros, garantindo-lhe o respectivo financiamento com dinheiro do orçamento municipal. O mordomo é alegadamente escolhido por 200 ou 300 habitantes, de um concelho de 34 mil eleitores, previamente combinados, que se juntam no salão nobre dos Paços do concelho, e se limitam a levantar o braço quando lhes é dito para o fazerem. 
Tal prática, apresentada como  tradição local, até nas tribos africanas e da América do sul já é contestada, quando vão eleger os chefes. Em Tomar, contudo,  parece estar de pedra e cal, porque se trata na verdade de uma artimanha para delegar num cidadão obediente, e numa comissão privada às ordens, a capacidade para usar o dinheiro dos impostos, assim fugindo às normas oficiais da contratação pública e ludibriando o fisco.
A tramoia é tão óbvia que os próprios envolvidos, quando há críticas a respeito, vêm logo acusar os discordantes de serem contra a festa, quando são apenas adversários do método obsoleto de nomeação do mordomo e do modelo ultrapassado de organização. Apesar disso, até agora, tem ido tudo bem, no melhor dos mundos possíveis, como diria o Pangloss. Os tomarenses em geral parecem gostar assim, se calhar porque não concebem que possa ser de outra maneira, tornada contudo inevitável pela evolução societal.
Segue-se que a tal estrutura, aparentemente liderada pelo mordomo, quando na verdade  quem manda é quem preside à Câmara, como é natural, por ser a única entidade legitimada pelo voto, tem os seus limites. Os tomarenses aguardam há três meses a publicação das contas finais dos tabuleiros 2023, agora anunciadas para o início de Novembro. Na era da informática e do instantâneo, mais de três meses para ultimar as contas de uma manifestação que custou perto de milhão e meio de euros, dá que pensar e provoca comentários pouco amenos e nada abonatórios.
Dá que pensar, porque se os organizadores de uma festa de milhão e meio, necessitam de mais de três meses para apresentar as contas finais, então os responsáveis das Jornadas Mundiais da Juventude, que custaram 50 milhões, deveriam precisar de anos, o que não aconteceu, pois até já estão publicadas.
Situação que desencadeia, no caso tomarense, uma versão segundo a qual, durante os mais de três meses, os intervenientes estiveram a cozinhar os dados contabilísticos disponíveis, de forma a tornar comestíveis algumas despesas, intragáveis de outra forma. É a imagem que paira sobre a urbe, acompanhada de uma nuvem igualmente escura: o custo muito exagerado da edição 2023 da Festa grande, quando comparado com 2019.
Quase um milhão e meio de euros, sem retorno de bilheteira, para pôr na rua 618 tabuleiros, cujos pares portadores não são remunerados, é demasiado dinheiro mal gasto. Só pode! Procurando manter a falta de transparência da comissão central, a presidência da Câmara e o mordomo vão-se desculpando com o aumento geral do custo de vida, argumento que não colhe, quando comparado com a edição anterior da festa.
Em 2019, os 600 mil euros já foram considerados excessivos para a época, tendo-se falado então de esbanjamento. Como justificar agora os custos de 2023, que são mais do dobro, em apenas quatro anos?
Aumento geral do custo de vida? Houve, sim senhor. Mas a inflação nunca chegou sequer aos 10% anuais, quanto mais agora aos 25% que seriam necessários para justificar o aumento da despesa dos tabuleiros 2023, em relação a 2019. Um milhão e quinhentos mil euros, a dividir pelos 618 tabuleiros do cortejo, dá 2.427 euros cada um. Uma enormidade, mesmo numa câmara com tendência para gastar à bruta.
Há portanto algo que terá de ser investigado, porque não bate a bota com a perdigota. Parece haver gente a governar-se à larga com dinheiros públicos, sem respeitar as normas regulamentares em vigor. Será desta que vamos finalmente iniciar a reformulação da organização dos tabuleiros, e a redefinição dos objectivos da festa? Quanto mais tarde, maior poderá vir a ser o escândalo. 
A matilha é cada vez maior, e a cadela não pode com tanto cão.



sábado, 21 de outubro de 2023

José Fonseca: "A torre da igreja, o castelo, a entrada do antigo jardim."


Maioria PS na Câmara

Fazer as pazes? 

Não estou zangado com ninguém.


Com tanta ocularia em Tomar, para usar um vocábulo brasilês, custa-me a entender que haja nas margens do Nabão tanta gente a ver mal. Só pode ser por descuido, para não usar outro termo menos elegante. A coisa começa logo no estimado conterrâneo José Fonseca, autor da imagem supra, a quem  agradeço. A sua legenda será quiçá venenosa, mas não retrata a situação como ela é. "O castelo, a torre da igreja e o antigo jardim", opina implicitamente que o jardim do Mouchão já não existe, uma vez que em português o jardim antigo não quer dizer o mesmo que o antigo jardim, pelo que, se calhar, teria sido melhor escrever "o jardim que já foi", ou mais claro ainda "o jardim maltratado". Fica à vontade do autor da frase primitiva. Como no caso da Palestina.
Outro tanto acontece com o PS local e os seus acólitos de serviço. Depois daquela vergonhosa,  canhestra e mal educada ofensiva, em que me forçaram a deixar de comentar no Tomar na rede, alguns militantes cortaram relações comigo, enquanto outros foram insistindo no boicote do Tomar a dianteira 3, e garantindo que eu só escrevo aldrabices.
Agora que a patroa se foi, levando com ela o seu conhecido mau feitio, alguns mais consciente começaram finalmente a dar-se conta que Outubro 2025 é já ali adiante, e a sentir os fundilhos das calças mais próximos do sim senhor, por ser cada vez mais evidente que poderão estar no rumo certo, mas não no da vitória eleitoral. Mesmo continuando a tudo fazer para comprar votos.
Vai daí, começaram a mandar recados, no sentido de se fazer a pazes com os autarcas socialistas locais. Estão manifestamente a ver mal o filme. Eles é que se zangaram com o comentador Rebele, de quem até chegaram a dizer que "já não está bom da cabeça". Apesar disso e de muito mais, que fica para melhor oportunidade, não estou zangado com ninguém, porque já não tenho idade para  tanto, uma vez que as zangas não são nada boas para o coração, e nestas idades todo o cuidado é pouco. Lá diz o adágio: "Cautela e caldos de galinha, nunca fizeram mal a ninguém."
Em conclusão, uma de duas: Ou o próprio presidente Cristóvão já intuiu que está na via dolorosa, rumo à crucificação em 2025, e quer alterar a situação para melhor; ou trata-se apenas de alguns acólitos a "deitar o barro à parede", para ver se cola.
Em qualquer dos casos, a minha resposta é clara: Se querem que eu me cale, que deixe de criticar, que colabore lealmente, abram-se ao diálogo e marquem local, data e hora. Lá estarei, para vos dizer quais as minhas condições. Para não alimentar mal entendidos intencionais. O resto são balelas.


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Gestão municipal

O Nabão e o risco de inundação

 Flood Risk Area Viewer (europa.eu)

Tomar na lista de zonas de risco de inundações | Tomar na Rede


Informa o Tomar na rede que a União Europeia acaba de publicar no seu site (ver link supra) o mapa das zonas inundáveis na Europa. Tomar a dianteira 3 foi consultar e verificou que, em Tomar,  toda a zona urbana ribeirinha integra o leito de cheia, o qual se prolonga para jusante.
Vem a propósito recordar que a Câmara encomendou há pouco tempo, por cerca de 25 mil euros, um estudo das zonas inundáveis ao longo do rio, decerto sem qualquer relação com este documento comunitário. Apenas por precaução.
Ainda em relação a eventuais inundações na zona da cidade antiga, convém recordar que o açude de madeira do Mouchão, que sempre foi temporário, passou a definitivo por decisão da srª presidente Anabela Freitas. (ver imagem)
Ao ser-lhe recordado na altura que estava a atraiçoar a tradição, e que o açude definitivo constituía um risco elevado de agravamento de cheias, ao elevar o nível da água do rio em mais de meio metro, a autarca garantiu que, apesar disso, não havia qualquer risco suplementar para a população, resultante da modificação do açude.
Agora com este estudo da União Europeia, e o outro que certamente não tardará, resta aos tomarenses, sobretudo aos habitantes da zona ribeirinha,  aguardar a próxima enchente do Nabão, para então poder constatar o milagre tomarense, anunciado pela autarca: Um açude permanente, que aumenta em mais de 50 centímetros o nível da água do rio, na parte poente do Mouchão, consegue depois a façanha de não agravar a enchente naquela zona, segundo garantia presidencial.
Tratando-se obviamente de uma questão de fé, na boa tradição católica local, vamos aguardar a próxima inundação. Se e quando a água estiver cá fora, na zona da Várzea pequena, já estou a ouvir a justificação camarária: -Não tem nada a ver com o açude temporário, que deixou de ser retirado no final do verão, como sempre acontecia, para poupar trabalho aos funcionários da autarquia. É apenas mais uma consequência lamentável das alterações climáticas. Medidas de prevenção? Querem lá  saber o que isso é.
Em Tomar, a culpa morre sempre solteira. Excepto quando de trata de crítica fundamentada aos senhores autarcas da maioria socialista. Aí a culpa é dos falsos jornalistas, que andam sempre a tentar endrominar a população. Felizmente há os órgãos de informação subsidiados pela Câmara, que praticam o verdadeiro jornalismo, segundo o actual presidente. Pobre terra com tais autarcas!


sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Recordação do século passado

"Está muito bem escrita e documentada, 
mas é demasiado indigesta para alguns estômagos locais."


A crónica anterior, sobre o poder e a informação livre,  trouxe à memória  uma ocorrência do início da década de 80, do século passado. Era então director do semanário Cidade de Tomar o tomarense Gonçalo de Macedo, e o autor destas linhas tinha-se deixado arrastar para uma lista eleitoral do PS, vindo a ser eleito deputado municipal, como agora se diz. Na altura eram simples vogais do parlamento municipal. Outros tempos, com menos presunção.
A aventura pessoal durou apenas cerca de dois anos, até que o eleito independente da bancada socialista resolveu deixar de comparecer, por falta de paciência para aturar sessões semelhantes às actuais. Há quem goste, sendo por isso mais conveniente abster-se de qualificações. Quem desejar saber mais, é só assistir, presencialmente de preferência, ou na net.
Pouco tempo depois da eleição, Gonçalo de Macedo solicitou a quem escreve estas linhas que fizesse a crónica de cada sessão do parlamento municipal, numa altura em que ainda não havia internet, nem transmissão em directo. A primeira crónica foi publicada e agradou, segundo opiniões colhidas na época, mas a segunda nunca passou da secretária do chefe de redacção, Romualdo Mela, "um excelente escudeiro", segundo o director do semanário.
Incomodado com tal atitude de censura prévia, o autor questionou o director Gonçalo de Macedo, que foi elegante e frontal, com era seu timbre: "Prezado António Rebelo, a crónica está muito bem escrita e documentada, mas é demasiado indigesta para alguns estômagos locais."
Foi uma sentença definitiva, sem recurso possível. Nunca mais voltou a haver crónica do parlamento municipal. Até hoje, nunca ninguém mais ousou ultrapassar a barreira dos estômagos locais, nos tempos mais recentes bem abonados pela gamela municipal.
Numa terra assim, aqui fica este apontamento, para memória futura.


quinta-feira, 19 de outubro de 2023


 
Informação

Os equívocos 

do senhor presidente da Câmara


Desde que o PS local ascendeu inesperadamente ao poder, em 2013, que se começou a notar alguma alergia à crítica dos novos autarcas, e por isso uma evidente embirração, para não dizer mais, em relação à informação livre. O presidente Cristóvão acaba de revelar-se como a origem, ou uma das origens,  dessa manifesta aversão. Num curto texto de leitura agradável, porque bem escrito, o que se saúda por ser relativamente raro, publicado no Cidade de Tomar - Suplemento, de 19 do corrente, página 10,  tenta enganar os leitores, apresentando a informação subsidiada pela autarquia como jornalismo livre.
A coisa começa logo no título pomposo "O verdadeiro jornalismo é hoje, cada vez mais, um dos pilares da democracia", quando realmente não há jornalismo verdadeiro ou falso.  Apenas informação livre ou condicionada. É certo que Cristóvão é jovem, nunca viveu ou publicou em tempos de censura à imprensa, o que pode explicar em parte a sua posição de arauto de uma falsidade evidente, ao retirar-lhe alguma perspectiva baseada na prática quotidiana.
Nada justifica, porém, o evidente ataque à informação livre e genuína, contido neste excerto, que devia envergonhar quem o escreveu: "...e de serem um farol em águas cada dia mais agitadas, das inúmeras fontes de informação, quantas delas inquinadas logo à nascença." O presidente de substituto sabe muito bem, porque é politicamente hábil, que está deliberadamente a enganar os cidadãos, ao apresentar como "um farol em águas agitadas" órgãos de informação que praticam o jornalismo à vontade do poder, publicando unicamente o que convém à maioria que governa. E nem podia ser de outra maneira. Quem paga exige obediência, sob pena de cessar os pagamentos.
É do domínio público que os dois semanários tomarenses, e as duas rádios locais, só sobrevivem graças às sucessivas ajudas governamentais e camarárias, uma destas últimas de legalidade muito duvidosa, e que num país decente já teria provocado sérios embaraços a quem ocupava o cadeirão dos Paços do concelho. Fingir que essa dependência não implica perda da liberdade de informação, a favor da versão oficial dos acontecimento, é um caso típico em que se procura "tapar a nudez forte da verdade, com o manto diáfano da fantasia".
Como se tal fora pouco, apresentando como livre aquilo que na realidade o não é, o novel presidente exagera. Involuntariamente, fugiu-lhe o pensamento para a verdade. Ao mencionar as fontes de informação "inquinadas logo à nascença", não se terá dado conta (ou deu, e então é ainda mais grave), que estava a referir exactamente os órgãos de informação na prática capados, malgré eux, pelos subsídios que recebem. Para não os prejudicar deliberadamente, pois também têm os seus direitos, quem escreve estas linhas abstém-se de mencionar casos concretos, que são conhecidos.
Denotando outrossim alguma tendência para o autoritarismo, mascarado de paternalismo, Cristóvão escreve que "é também cada vez mais difícil ao cidadão comum fazer uma triagem do que é e do que não é fidedigno". Está outra vez equivocado, sr. presidente. A ampla diversificação dos suportes de informação, tornou pelo contrário extremamente fácil separar o trigo do joio,  e fazer a tal triagem. Basta ir comparando e coando. Em Tomar, quem nesta altura duvida que a informação veiculada por Tomar a  dianteira 3, Tomar na rede, Ana Paula Pereira, Carlos Coito, Casimiro Serra, Alfredo José e tantos outros, é mais livre e completa que a dos dois semanários e duas rádios tradicionais? Nem podia ser doutra maneira. É o confronto entre a informação açaimada pelo poder local e a informação livre, escrita por cidadãos livres, não castrados pelos fins de mês.
Em conclusão, o sr. presidente tem todo o interesse em não confundir os seus pontos de vista, que são tão legítimos quanto os de qualquer outro cidadão, com a Verdade = realidade envolvente. É um conselho de quem já escrevia informação livre, dentro do então possível,  quando o jovem autarca Cristóvão ainda nem sequer tinha nascido. Citando um conhecido treinador de futebol, para mais cabal entendimento:  "São muitos anos a virar frangos!"


Casa onde nasceu Chopin, em Zelazowa Wola - Polónia

Turismo e hotelaria

A era dos sacanistas

Começo com um link, que leva a uma crónica longa, mas de leitura útil, para se entender que o mundo é vasto, muito para além da cova nabantina:

https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/opiniao/colunistas/igor-pires/amp/por-que-o-ceara-nao-recebe-muitos-turistas-norte-americanos-1.3431175

E vamos então aos sacanistas. Assim rapidamente, Mário Soares era um socialista e um grande senhor, que não sacaneava ninguém deliberadamente para chegar ao poder, ou nele se manter. Já António Costa, como sabemos, em vez de deixar governar quem ganhara as eleições, usou de sacanice não só para conseguir chegar ao poder, como também para caluniar o antecessor, de forma a manter-se em S. Bento sem reformar. Os resultados estão à vista de todos. De sacanice em sacanice...
Na esfera local, a crónica sobre a inauguração do Hotel Vila Galé, e as declarações de Jorge Rebelo de Almeida, foi um sucesso de arromba. Registou até agora mais de 300 visionamentos, coisa muito rara num blogue boicotado pelos sacanistas tomaristas. Mais importante ainda, desencadeou um bom debate sobre hotelaria e turismo, que já vai nos 38 comentários no Facebook, situação notável numa terra cuja população gosta pouco de ler e ainda menos de escrever.
Entre todos os intervenientes no debate, destaca-se um sacanista que, por pertencer a  uma certa loja, é também um sacanão, e na prática o ideólogo local da actual maioria sacanista.  Além de sacanão com responsabilidades, apesar de fora da carroça do poder, o referido cidadão conterrâneo é também um hereje político. 
Defende coisas impensáveis para a tropa a que pertence, como por exemplo o turismo de luxo contra o excursionismo, que acusa de fazer muito lixo e ter pouco interesse financeiro (ver comentários no Facebook). Léo Lagrange, o socialista que em França, durante do governo do Front populaire, muito fez pelas férias pagas e pelo turismo popular, deve estar às voltas no túmulo. Saberá o dito sacanão quem é e algo mais? Como é bem sabido, a cultura geral é aquilo que fica, quando tudo o resto se esqueceu.
Nesse quadro de rejeição do turismo popular, nomeadamente do excursionismo, que é bem capaz de ter algo a ver com o encerramento do parque de campismo, o citado sacanão insiste em expor as consequências, sem nunca referir as causas. Assim, vai repetindo que os excursionistas fazem muito lixo e até trazem farnel, pelo que pouco gastam nos estabelecimentos locais, mas esquece-se da usual pergunta, sempre muito útil: Porquê?
Se procurasse a ou as causas de tal situação, concluiria que estão ligadas quase exclusivamente à falta de estruturas de acolhimento em Tomar, o que força os turistas em grupo a lembram-se, em tempo oportuno, do velho adágio "Quem vai para o mar, avia-se em terra." 
Prova de que a falta de estruturas de acolhimento condiciona e muito o comportamento dos visitantes, é o próprio percurso do autor destas linhas. Após mais de uma dezena de anos como guia acompanhante, passou a simples turista, integrado em grupos que por vezes até levaram farnel por falta de oferta local, como em Abu Simbel (Egipto), ou na Ilha da Páscoa. E não eram propriamente grupos de turismo barato. Para a ilha da Páscoa são cinco horas e meia de avião, a partir de Santiago do Chile, na costa do Pacífico.
Mesmo em Portugal, numa excursão à Senhora da Agonia, em Viana do Castelo,  não houve necessidade de levar farnel ou de fazer lixo. O autocarro deixou-nos à porta do restaurante, onde havia instalações sanitárias para grupos, após o que o guia nos conduziu aos locais para ver o desfile, tudo sem grandes caminhadas nas estradas nacionais sem passeios, como aconteceu nos tabuleiros em Tomar.
Acresce que este turismo popular em autocarros é, em termos internacionais, uma ínfima percentagem do turismo organizado moderno, como bem sabem os tomarense que já viajaram por esse mundo fora. Que seria de Granada, em Espanha,  de Machu Pichu, no Perú,  da casa natal de Chopin, na Polónia,  ou da grande muralha da China, sem os grupos de turistas em autocarro?
Baralhar as pessoas para ascender ou se manter no poder é a manobra usual dos sacanistas. Mas tudo tem um limite. No caso da crónica anterior, citada no início, o que está em causa são duas coisas bem definidas: A - A inevitabilidade de reformar a organização da festa dos tabuleiros, de forma a que renda, em vez de custar milhões; B - Planear e instalar quanto antes as estruturas de acolhimento turístico, que já deviam estar feitas há mais de dez anos.
Chega de iludir as pessoas com música à borla e comezainas, que o dinheiro depois faz falta para outras coisas mais úteis e prioritárias.



quarta-feira, 18 de outubro de 2023


Sala de aula do Centro escolar da Linhaceira. Na mesa do professor, ao fundo à esquerda, a copiadora-impressora. No tecto, o difusor de ar condicionado.

Autarquia, educação e ensino

Vítima do próprio veneno

TOMAR – Hugo Cristóvão classifica como «totalmente falso» cenário que aponta para inoperacionalidade do ar condicionado e da deteção de incêndios do Centro Escolar da Linhaceira | Rádio Hertz (radiohertz.pt)

Um escândalo. E dos grandes. À escala local, já se vê. A notícia do link supra provocou uma pequena tempestade, lá para as bandas da Linhaceira e arredores, a julgar pelos comentários pouco amenos no Facebook. Um caso típico de intoxicação com o próprio veneno.
Quem escreve estas linhas, e milhares de outros antes e depois, frequentaram o ensino público no verão e no inverno, sem aquecimento central  nem ar condicionado, salvo talvez nas serranias do norte e nos contrafortes da Serra da Estrela, e não houve mortos nem feridos provocados pelo clima. Mais tarde, já formados, alguns voltaram às mesmas salas como professores, e por ali andaram durante mais de trinta anos, sem climatização. Nem sequer umas ventoinhas nos meses mais quentes.
Apareceu bem mais tarde o socialismo "à la Sócrates", durante o qual houve modernização dos edifícios escolares, designadamente com a instalação de ar condicionado. Melhoramento tão necessário que ainda hoje a escola secundária Jácome Ratton, em Tomar, por exemplo, não liga o ar condicionado, por falta de verba suficiente para pagar o acréscimo de consumo de energia eléctrica.
Os melhoramentos do tempo do Sócrates foram o rastilho, logo aproveitado pelas empresas construtoras, para a inclusão nos projectos de novas escolas de ar condicionado e aquecimento central. Foi o que aconteceu no Centro Escolar da Linhaceira, cuja edificação tardou a ser acabada. Mas tem ar condicionado, que não funciona com deve ser, segundo alguns encarregados de educação. Coitadinhas das crianças, com pais assim! De tanto quererem proteger, acabam por contribuir para formar cidadãos inadaptados, porque irrealistas.
Sem adequada formação económica, os papás e as mamãs ouvem falar da festa dos tabuleiros, que custou milhão e meio de euros, animação cultural da feira de Santa Iria, coisa para cem mil euros, e milhões  de euros anuais de subsídios para as colectividades, algumas só para manterem a porta aberta,  e põem-se a pensar que há dinheiro para tudo.
Os mais evoluídos pensarão até que estamos novamente no reinado de D. Manuel I, com o comércio dos  escravos, as especiarias e a embaixada ao papa, integrando elefantes e um rinoceronte, quando em algumas mansões nobres havia infiltrações por falta de reparação dos telhados. Só que agora em sentido inverso, com os emigrantes qualificados aos milhares em demanda de melhores condições de vida por essa Europa fora, mas felizmente as embaixadas de milhares de milhões de euros, de Bruxelas para Lisboa. Um país de pelintras e pedintes exigentes, porém pouco produtivos.
Compreende-se portanto o desabafo daquela mãe chorosa, lastimando a transpiração da sua criancinha, vítima do ar condicionado desligado, por maldade do presidente Cristóvão, está-se mesmo a ver. Não direi que é muito bem feito, porque não sou vingativo. Mas tão pouco posso deixar de constatar que o presidente substituto está a ser vítima do veneno semeado pelo próprio partido. A megalomania e a falta de discernimento atempado, têm destas coisas. Há ar condicionado instalado. Falta verba para pagar a energia eléctrica que consome. E também falta pessoal de acção educativa. Quem semeia ventos, colhe tempestades.