quinta-feira, 31 de março de 2016

Olhem para a economia senhores

Quando nestas colunas ou alhures (o que é raro) se alerta para o evidente descalabro económico da cidade e do concelho, há logo quem discorde. A começar pelos senhores eleitos que governam. Esses vêm logo com argumentos capciosos, do tipo "mas temos o Convento Património da Humanidade e a Festa dos Tabuleiros e uma boa qualidade de vida". Pois! O pior é que o verdadeiro motor de qualquer sociedade, aquilo que a faz avançar, é a economia. E aí vamos de mal a pior. Obviamente por culpa de quem nos governa ou devia governar. E também de quem os lá ajudou a pôr com o seu voto mal informado.
O sempre bem informado Tomar na rede publicou um quadro com as transferências do governo central para cada uma das autarquias do distrito. Ou seja, a percentagem das contribuições e impostos cobrados na área concelhia, entregue a cada autarquia. Por conseguinte, um retrato fiel da actividade económica de cada município. Mais movimento = mais dinheiro; menos movimento = menos dinheiro. Tão simples quanto isto.
Simplificando o supra referido quadro, para evitar confusões em cabeças menos apetrechadas academicamente e não só, obtive o seguinte:
  
TRANSFERÊNCIAS TOTAIS
                                            Eleitores                     Transferências              
Santarém          53,418                    13.060.912
 Abra ntes           37.070                    11.486.809 
 Ourém              43.331                    11.410.990
                  Coruche            17.649                    10.151.344                 
 Tomar              37.710                      9.232.128
 Torres Novas    32.546                      8.351.629
Tomar segunda cidade mais importante do distrito, não é? Já foi! E pelo rumo que as coisas levam, um destes dias, em termos económicos, seremos quando muito a primeira aldeia do distrito com um monumento património da humanidade. Ao que chegámos! Por exclusiva culpa nossa. Essa é que é essa!      

quarta-feira, 30 de março de 2016

De algarada em algarada

Adensa-se singularmente a atmosfera política tomarense. Em poucos dias, João Tenreiro pegou-se novamente com Anabela Freitas e Pedro Marques com Bruno Graça. Tudo num ambiente crispado, mais próprio de uma vila sul-americana recente que de uma urbe europeia com mais de oito séculos de história. Lamentável. E ao que tudo indica com tendência para se agravar.
No fundo estão em causa dois problemas basilares: 1 - Nenhuma das formações representadas no executivo tomarense teve ou tem qualquer projecto político para o concelho; 2 - Conscientes de que, devido essencialmente a essa lacuna, andam afinal a marcar passo e a mastigar marmelada desde o início do mandato, sentem-se agora singularmente acossados pelo aproximar das próximas autárquicas, o que os força a tentar sacudir a água do capote e a dar nas vistas, para simular que estão a trabalhar.
O nervosismo é de tal ordem que Anabela Freitas se exalta perante qualquer simples pedido de esclarecimento, revelando assim cada vez mais a sua evidente falta de calo democrático. Pedro Marques, por sua vez, garantiu em entrevista recente e numa evidente incoerência que a sua formação vai concorrer em 2017, mas nada está ainda decidido, Quanto a João Tenreiro, ultrapassada com êxito a recente fase eleitoral interna, parece começar agora a cair na real. Admitiu há poucos dias e pela primeira vez, aos microfones da Rádio Hertz, que não será necessariamente ele o cabeça de lista laranja. Sábia atitude para quem já vai no seu terceiro mandato como dirigente máximo concelhio do seu partido. Mas uma futura alma penada, caso insista em recusar as primárias internas.
Do lado da CDU, persiste a dúvida: O que leva esta formação a manter um acordo político com um parceiro nitidamente sem vontade alguma de o respeitar? Que espera Bruno Graça conseguir com a sua insistência na coligação já praticamente defunta, agora também alvo privilegiado do escorraçado chefe de gabinete?
Agravando tal estado de coisas, não se sabe bem para honrar que santos, o vereador apêndice do PS resolveu apresentar um novo horário de funcionamento para o mercado. A título experimental, ainda por cima. Conhecendo Bruno Graça há décadas e tendo dele uma opinião muito favorável, nunca pensei que viesse a cair em semelhante esparrela. Cuidei que soubesse uma coisa basilar: o mercado é em qualquer terra, por mais modesta que seja, uma actividade tão antiga quanto a própria localidade. Não é por isso nada conveniente alterar aquilo que é tradicional. Ainda menos a título experimental. Ou estou a ver mal ou o mais sensato é deixar funcionar o costume enraizado -um horário igual e sem interrupções todos os dias da semana. Cabe depois aos vendedores decidir quando estão e quando não estão. Tudo o resto mais não será que complicar o que afinal é bem simples. Quanto mais se regulamenta menos claras se tornam as coisas. E sem clareza...
Por tudo isto, parece-me cada vez mais sombrio o futuro desta minha amada terra. Oxalá se trate apenas de excesso de pessimismo da minha parte.

terça-feira, 29 de março de 2016

Cá e lá

Somos todos europeus. É verdade. Mas o clima e as gentes diferem de país para país. De região para região. De terra para terra. E de que maneira. Ora tenha o leitor a bondade de ler a tradução deste excerto do prestigiado jornal Le Monde:


"Em Mantes-la-Ville o triunfo do vazio. Eleito inesperadamente presidente deste município das Ivelines (grande cintura parisiense) o frentista Cyril Nauth não tem projecto nenhum. E a oposição também não." Ou seja, a versão parisiense do que sucedeu e está acontecendo em Tomar. Com duas diferenças importantíssimas. 
"O presidente da câmara reduz as despesas com o pessoal e os subsídios às colectividades. O clube de futebol está entre as primeiras vítimas." Cá a presidente vai fazendo o contrário. Aumenta as despesas com pessoal e os subsídios às colectividades.
Lá, um grande jornal nacional noticia com destaque a falta de vergonha política de um presidente de câmara que se apresentou ao eleitorado sem projecto. Cá, já nem a imprensa local se interessa por tal ninharia. Outras terras, outros usos, outros costumes.
A notícia é bastante longa. Limito-me por isso a traduzir só o primeiro parágrafo:
"Município da região parisiense, com cerca de 20 mil habitantes, caído por descuido nas mãos da Frente Nacional, procura projecto e/ou oposição"  Se houvesse um site adequado, Mantes-la-Ville poderia e deveria publicar um anúncio deste tipo. Dois anos após a eleição surpresa de Cyril Nauth (FN), nada nem ninguém se destaca no pântano político desta cidade situada a cerca de cinquenta quilómetros de Paris. A única na região Ile-de-France dirigida pela extrema-direita."
Porque a esquerda, o centro e a direita foram acumulando erros ao longo dos anos. Tal como em Tomar. Depois queixem-se.

segunda-feira, 28 de março de 2016

Só agora?!

Em menos de um mês, o PSD pela voz de João Tenreiro e os IpT pela de Pedro Marques, lastimaram-se por não serem vistos nem achados nas reuniões do executivo camarário. Resulta das suas declarações que estão lá apenas porque a legislação vigente a isso obriga. Não passam portanto de meros verbos de encher, de flagrantes inutilidades. E têm consciência disso. Neste contexto, o que os tem levado a pactuar de facto e de forma continuada com tão anómala situação? Só agora dela se deram conta? Ou são as autárquicas de 2017 que já começam a produzir efeitos nos estômagos respectivos?
Já passaram mais de dois anos sobre a posse do actual executivo e as intenções reais da sua maioria relativa foram transparentes desde o início. Com a oposição fragmentada, a simples lógica pragmática aconselhava a busca de maiorias circunstanciais. É certo que tal atitude exigiria o debate aberto, a informação completa e atempada, o respeito pelos outros e pela diferença. Tudo o que os nossos respeitáveis eleitos nunca demonstraram ter ou praticar. É triste mas é a realidade. E as coisas são o que são.
Sem esses atributos indispensáveis para governar com sucesso nos regimes democráticos, e sabendo disso implicitamente, Anabela Freitas e seus parceiros apressaram-se a contrair uma aliança com a CDU, propiciadora de águas calmas durante todo o mandato. Sem necessidade de debater, informar, ouvir ou sequer aturar os outros opositores nominais. Tanto assim foi e é que, na recente crise que culminou com o imprevisto despedimento forçado de Luis Ferreira, a CDU se veio queixar de por vezes também não ter voto na matéria, apesar do acordo subscrito. Pior ainda, Bruno Graça escreveu e não foi desmentido que a presidente marcava reuniões que depois nunca se realizavam. O que vem confirmar a natureza autocrática da minimaioria PS. Sem argumentos, sem estaleca e sem soluções, preferem o facto consumado, o quero posso e mando à moda antiga, anterior ao 25 de Abril. Prática que perdura sem grandes solavancos porque toda a oposição local, incluindo a CDU lhes tem aparado os sucessivos golpes.
Mas quando, durante a próxima campanha eleitoral, alguns eleitores mais afoitos perguntarem aos candidatos PSD/IpT/CDU o que estiveram a fazer no executivo e na AM e para que serviu afinal votar neles, vão naturalmente jurar que sempre estiveram contra a evidente autocracia do PS local. As circunstâncias é que nunca ajudaram. Como de resto vem acontecendo em Tomar desde 74.
De resto, quem é que alguma vez disse que há neste triste e soturno vale do Nabão uma enraizada cultura democrática? Quem foi? 

domingo, 27 de março de 2016

Os novos censores (não confundir com sensores)

O estilo é o homem.
Blaise Pascal (1623/1662)

O tempo da outra senhora, pelo que se constata agora, terá deixada saudades a alguns. Não a mim. Pelo contrário. Adiante. Nesse tempo havia a censura prévia e oficial a todos os escritos e publicações. Era efectivamente exercida por coronéis das forças armadas. Apesar da execrável e a todos os títulos condenável tarefa que exerciam, esses militares tinham pelo menos um mérito. Davam a cara. Sabia-se quem eram, o que faziam e porque o faziam.
Mais de quarenta anos volvidos, eis-me de novo confrontado com a censura e com os censores. Desta feita encapotados. Falsos como Judas. Agindo só pela calada, ou acoitados em nomes supostos. Nojento, é o que penso.
Que pretendem afinal essas criaturinhas, dissimuladas e portanto hipócritas? Apenas e só que eu mude de estilo. Que deixe de ser tão agreste. Que em suma renegue a verdade e não exerça a liberdade de pensamento. Ou que, pelo menos, deixe de ser tão franco e objectivo. É claro que não o farei. Antes a morte que tal sorte.
Não por uma qualquer embirração. Apenas baseado numa série de factores que passo a enumerar:
1 - Esses tais censores encapotados, alguns com falinhas mansas e vocabulário aveludado, armam-se em umbigo do Mundo, detentores únicos da verdade e padrão das boas maneiras locais. Com que legitimidade? Quem os mandatou para tal?
2 - Continua por demonstrar que eu seja, como consta, demasiado agreste ou use fraseado menos próprio. Não será antes o facto de eu procurar dizer sempre a verdade nua e crua que incomoda essas almas penadas? É sabido que a verdade aleija quase sempre alguém.
3 - Mudar de estilo? Eu? Aos 70 passados? Não me façam rir. Porque não mudam antes eles? Porque ainda se não deram conta de que o Mundo mudou e continua a mudar todos os dias?
4 - Quem alguma vez emigrou, vivendo largos anos no estrangeiro, sabe bem que nunca mais voltou a ver o país nem a santa terrinha da mesma forma que os indígenas que sempre cá ficaram. Já em séculos anteriores outros estrangeirados causaram escândalo. Por exemplo Eça de Queiroz no século XIX. Ou Francisco Sá de Miranda, em meados do século XVI. É dele esta quintilha célebre, que deixou numa mesa do Paço Real, quando partiu para o exílio voluntário no Minho:
Homem de um só parecer
De um só rosto de uma só fé
De antes quebrar que torcer
Muita coisa pode ser
Homem da corte não é
5 - Numa prosa lamentável publicada no blogue Tomar na rede, cujas qualidades me parece que se vão infelizmente erosinando com o tempo, escreve-se, numa linguagem desadequada porque sem maneiras, esta pérola: "o velho homem... ...não gosta de ser enxovalhado".
O velho homem visado sou eu. Julgo por isso oportuno perguntar: Além dos masoquistas, alguém gosta de ser enxovalhado? 
Conclusão: Deixem-se de merdas e tratem mas é de se adaptar aos tempos que correm. Sob pena de virem a penar num futuro cada vez mais sombrio. Porque o importante, mesmo importante, é aquilo que eu denuncio. Não eu nem o meu estilo de escrita.
Estou enganado? Talvez. Mas nunca esqueço o velho adágio segundo o qual "Não há pior cego que aquele que não quer ver."

Adenda:

Sei bem que os tomarenses são em geral bastante mais inteligentes do que eu. Não terão portanto qualquer dificuldade para interpretar com correcção a citação de Pascal que encima este escrito. Há porém os outros conterrâneos. Aqueles que são apenas tão inteligentes como eu. Esta adenda é para eles. "O estilo é o homem" pode e deve ser interpretado, na óptica pascaliana, como "Mostra-me como falas ou escreves, dir-te-ei quem és realmente e como ages."

sábado, 26 de março de 2016

Ditos conhecidos, ou nem tanto

Quando se tem coragem de apontar o que está mal, os palermas geralmente olham só para quem aponta.

(Adaptação de uma frase de Amélie Poulain)

Ao contrário da panela, é normal que o passador tenha o fundo cheio de buracos.

Dito popular chinês.

Quem tem telhados de vidro, pode acordar com um corno partido.

Versão moderna de um velho dito popular português.

Os políticos protestam, os jornalistas escrevem, Tomar a dianteira incomoda.

Autor óbvio.

Quem cabritos promete mas cabras não tem, certamente está a tentar enganar alguém.

Dito popular nortenho.

Fidalguia sem comedoria, é gaita que não assobia.

Dito popular transmontano.

Se bem entendo

Se bem entendo, tudo se vai conjugando para termos em Outubro 2017 a mesma escolha eleitoral de 2014. Metaforicamente, entre a tuberculose, a peste e a cólera morbus. Estou a exagerar? Admito. Mas só nas componentes da metáfora. Porque no resto, como os leitores bem sabem... Que escolha real existe quando se quer, por exemplo, comprar um cão de guarda e só podemos escolher entre três ou quatro perdigueiros, que são cães de caça?
Indo ao real, à prática. Que diferenças práticas se têm notado na actuação dos autarcas em funções no executivo camarário? O quarteto 3PS1PC não governa, ou governa mal? É um facto. Mas que acções já desencadeou a oposição 2PSD1PM para alterar tal estado de coisas? Criticaram com veemência? Abandonaram reuniões do executivo como forma de protesto? Mandaram exarar reclamações fundamentadas nas actas? Apresentaram propostas alternativas? Denunciaram na informação local a triste situação a que se chegou? Como bem sabemos todos, a resposta é sempre a mesma -NÃO. Porquê?
Porque na realidade os senhores eleitos, tanto os maioritários como os oposicionistas, sentem no seu íntimo que fazem parte de um escol. Que integram, como comendadores bem entendido, uma nova Ordem de Cristo. Que por isso estão e agem numa plataforma muito acima da população em geral, com a qual só se preocupam aquando das eleições. O resto do tempo consideram que se trata de uma chusma de ignorantes, de invejosos e de maledicentes, que pouco ou nada merecem. E a quem quanto menos se disser, melhor será.
De tal forma que o  divórcio entre eleitores e eleitos é cada vez mais acentuado. Sucedem-se as abstenções entre os 40 e os 50%. Na nova freguesia urbana, mais de metade dos inscritos não votou em 2014. Nestas condições, se insistirem na óbvia patetice de transformarem as eleições autárquicas de 2017 numa simples repetição das de 2014, estou certo que as mesmas causas vão produzir os mesmos efeitos. Não havendo escolha efectiva, os eleitores vão passear. 
E digam-me lá com franqueza: Para além das diferenças físicas, o que distingue realmente Anabela Freitas de João Tenreiro ou Pedro Marques? Como usa dizer o camarada Jerónimo, salta à vista que "é tudo farinha do mesmo saco". E nunca se viu  ou verá pessegueiros a darem nêsperas.
Portanto, tudo devidamente ponderado, se em Outubro de 2017 os candidatos com hipóteses sérias de vencer foram, como por enquanto tudo indica, Anabela Freitas, João Tenreiro e Pedro Marques, não contem com o meu voto. Detesto participar em farsas. Sobretudo quando têm implicações sérias na carteira e na qualidade de vida... 

sexta-feira, 25 de março de 2016

A doença política tomarense não tem cura

Confirma-se. A doença política tomarense não tem cura. Numa entrevista ao Cidade de Tomar, Pedro Marques foi lapidar. Afirmou que só a relativa maioria PS, amparada pela muleta CDU, toma decisões. E confessou logo a seguir que, mesmo nesse núcleo, não sabe quem decide efectivamente. Temos assim um autarca com vasta experiência que vem assistindo diariamente ao exercício do poder, que teoricamente é democrático, de forma autocrática, mas não protesta. Não age em conformidade. Limita-se a denunciar a posteriori. Como se fora a coisa mais natural. Apesar de lamentar também que vão às reuniões do executivo apenas os assuntos que legalmente ali têm de ser apresentados.
O que já se suspeitava. Uma presidente de câmara de uma cidade com passado brilhante, que recusa submeter à discussão propostas apresentadas pela oposição, está a mostrar o que vale. Tem medo do debate. De não estar à altura. De revelar o que não quer. Prefere agir como uma ditadora, porque aparentemente é mais fácil.
Perante sucessivos atropelos graves, contrariando o que seria normal, a oposição no seu todo (PSD + IpT) comporta-se reiteradamente como um rebanho de cordeiros pascais, prontos para a degola. Em vez de protestarem, de registarem em acta, de abandonarem a reuniões, de em suma incomodarem os autocratas aprendizes de ditador, não senhor. Os eleitos na oposição aceitam tudo com santa pachorra cristã. Parecem dizer "Perdoa-lhe pai que ela não sabe o que faz". Só que sabe muito bem. E até está atravessando, por razões conhecidas, mas de índole privada, uma fase emocional muito complicada, nada propícia ao ponderado exercício do poder. A necessitar portanto de uma oposição rija e eficaz, de forma a evitar na medida do possível a repetição dos erros paivinos, fruto da falta de oposição capaz. 
Ao que isto chegou! Manuel Alegre disse uma vez em plena Assembleia da República que quem tolera sistemáticos comportamentos autocráticos "ou tem feitio de ditador ou alma de lacaio; ou até os dois". 
É afinal a usual e endémica doença política tomarense...

anfrarebelo@gmail.com

quinta-feira, 24 de março de 2016

Perder tempo

Compreendo aquele pessoal do Tomar opinião, que só escreve de quando em vez. Tal como compreendo também João Damásio, que no seu Tomar à letra esclarece nunca ter prometido escrever todos os dias. É verdade João. E coloca-o agora numa situação bastante mais confortável do que a minha. Porque numa terra como Tomar, onde cada vez acontecem menos coisas interessantes, escrever todos os dias está-se a transformar num verdadeiro bico de obra.
Os tomarenses em geral, como é bem sabido, guardam de Conrado o prudente silêncio. E os que não conhecem essa célebre frase, pensam para com os seus botões que o calado foi a Lisboa e veio e não pagou nada. 
Afora estes casos de manifesto calculismo cínico, temos a esmagadora maioria tomarense que nada diz e nada escreve por evidente incapacidade. Na verdade, nunca souberam nem sabem falar ou escrever em termos inteligíveis. É pena mas é a triste realidade.
Já os raros pensantes e escreventes, que lá conseguem como eu ir estruturando qualquer coisa com prazer. estão confrontados com uma inquietante realidade. Temos uma maioria na autarquia que, com a notável excepção luisferreirista, nada diz, nada publica e manifestamente odeia quem ousa fazê-lo. O que não admira, pois até os próprios eleitos da oposição são na prática votados ao ostracismo. Só os deixam falar porque os não podem decentemente mandar calar. Mas nem sequer agendam as propostas que apresentam, para depois não terem a maçada da respectiva discussão...
E o mais caricato da situação reside no facto de as vítimas de tal comportamento autocrático se limitarem a vagos protestos de circunstância, ou por vezes nem isso. Ao que se chegou! Um órgão teoricamente democrático onde na prática só quem governa tem todos os direitos. Os outros são tratados como meras plantas ornamentais. Ou animais de estimação, só para vista.
Num tal contexto, não adianta perder tempo a escrever sobre a autarquia. Se a nossa simpática e bem trajada presidente nem sequer liga ao que diz a oposição, vai lá agora incomodar-se com a prosa mal alinhavada dos malévolos escribas locais, entre os quais naturalmente me incluo! Acresce que, como a actual malta mãozinha+CDU também não tem, que se saiba, quaisquer projectos para Tomar, nem habilidade para os engendrar, escrever e publicar serve para quê, além de poder aliviar o cérebro de cada um? Cai tudo em saco roto.
É meu entendimento que o melhor caminho, nesta altura da desgraça nabantina, seria começar já a debater as ideias, os projectos, os programas e os candidatos a candidatos para Outubro de 2017. Mas, numa terra onde as pessoas são como são, admitindo que venham a existir tais matérias, só à última da hora haverá uns simulacros de debate. Tradicional maneira ardilosa de evitar estragar arranjinhos penosamente edificados...
Por isso estamos cada vez melhor. Como está à vista de quem não seja intelectualmente cego.
(Aqui o leitor pensará decerto: "Lá vem este gajo com mais um texto chato. Que mal fiz eu a Deus para ter de o aturar?") Pois, digo eu.

quarta-feira, 23 de março de 2016

Somos todos a mesma gente = Tomarenses

Somos todos a mesma gente = Tomarenses. Melhor dizendo: tomarenses, tomarudos, tomareiros e tomaristas. Uns de nascimento, outros só de residência, outros ainda, a maior parte, de ambos. Não adianta por isso andarmos constantemente às turras ou amuar. Mas é justamente nisso que somos bons. Ia a escrever imbatíveis. Para quê?
Tomemos o caso deste blogue. Dizem-me que muitos leitores não gostam. Estão no seu direito. E têm bom remédio -deixar de ler. Porque na realidade trata-se de mais um mal entendido nabantino. Aqueles tomarenses que fazem o favor de me ler, (pois é assim que eles vêem a coisa) simulam não entender o que contudo lhes foi aqui dito logo no início. Como devia ser sabido, mas não sei se é, até os clubes de futebol não jogam para agradar aos espectadores. Nem mesmo aos respectivos sócios e adeptos. Jogam para ganhar. Se também conseguem agradar, pois tanto melhor. Mas não é esse o objectivo fulcral.
Exactamente o que acontece com TAD-3. Conforme escrevi logo na apresentação, em Novembro passado, recomecei exclusivamente para despejar a cabeça. Trata-se portanto apenas e só de uma acção terapêutica, que me evita os usuais medicamentos da especialidade. Se além de cumprir essa função, aquilo que escrevo também agrada às pessoas que têm a pachorra de ler, pois tanto melhor. Fico mais sossegado. Mas nunca deixei de dormir por me criticarem. Mesmo injustamente, como vem sendo o caso. Afinal, somos todos a mesma gente. Julgo portanto conhecer assaz bem o chão que piso. Já por aqui ando há sete décadas. É muito tempo!
Outro exemplo é o da dialética eleitores/eleitos. Os sentados nas cadeiras do poder e bem pagos por isso, detestam que os critiquem. São demasiado susceptíveis, comichosos, por nítida falta de calo democrático. Situação tanto mais incómoda para a população, quanto é certo que estão a governar mal. Terão decerto muitas qualidades, não duvido. Porém, conforme está à vista de todos, como governantes não prestam. Não cumprem com um mínimo de qualidade as funções a que se candidataram livremente e para as quais foram eleitos. E isto não é nenhuma opinião avulsa. É uma simples constatação. Isto quanto aos eleitos.
Quanto aos eleitores, o problema é praticamente idêntico mutatis mutandis, (que usar uma expressão latina fica sempre bem, passa-se por pessoa culta...) Os tomarenses todos juntos, enfim aqueles que votam, que são pouco mais de metade, também serão pessoas cheias de qualidades. Bons pais,  bons vizinhos, bons funcionários, bons amigos... Não duvido nem por um instante. Mas desgraçadamente, sou forçado a constatar que não são bons cidadãos. Se calhar porque não sabem, falham redondamente, ao não cumprirem os seus deveres de cidadania. Limitam-se a mandar umas bocas de circunstância, mas depois nada fazem para tentar mudar aquilo que consideram estar mal. É uma pena, mas é assim. Por isso estamos tão bem.
Concluindo por agora, somos todos a mesma gente, para o melhor e para o pior. Ou, se preferem a voz do povo: "Deus quando faz uma panela, faz sempre também uma tampa para ela". Ora toma!

terça-feira, 22 de março de 2016

Notícias alegres

Têm razão aqueles leitores deTAD-3 que reclamam. Não se queixam daqueles em quem votaram (Também não valia a pena!), mas protestam que ultimamente os meus textos estão cada vez mais chatos, porque muito aborrecidos. Ou vice-versa, ou verse-viça.
Pois vamos lá então a umas notíciazinhas alegres. Daquelas para levantar o moral. Esta por exemplo:

 Correio da manhã, 22/03/2016, página 23

Como podem constatar, lá diz o povo e tem razão, "Quem não sabe...até os ditos incomodam" Onde o Estado português não se conseguiu desenrascar (tanto assim que foi forçado por Bruxelas a vender), o Estado chinês = Partido Comunista Chinês, arrecada 400 mil euros por dia de lucro livre de impostos. Tudo isto porque a EDP teve de ser privatizada vejam bem! É uma alegria, não é?
E agora façam o favor de ler esta, que isto afinal anda tudo ligado:

Nouvel observateur, 17/03/2016, página 10

Tradução: "101.000 kms quadrados A China presenteia-se com uma quinta na Austrália
A propriedade agrícola em questão é maior que Portugal e os chineses estão muito interessados nela. Com 101.000 quilómetros quadrados e 185 mil cabeças de gado, esta fazenda gigantesca está quase a cair no saco de um grupo chinês, pela modesta soma de 237 milhões de euros. Desde há vários meses, Pequim procura assegurar os fornecimentos agrícolas indispensáveis, multiplicando as aquisições de terrenos produtivos no estrangeiro. Designadamente fazendas em África e na Austrália".
E esta hein?! Já perceberam agora para onde vão os lucros fabulosos da EDP, da REN e da Fidelidade? Já toparam que afinal os camaradas do PC chinês de parvos não têm mesmo nada? Já viram quanto vale afinal Portugal inteiro como propriedade agrícola, que o mesmo é dizer sem portugueses?
Pois então ponham-se à tabela, que cautela e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém! Sobretudo os nabantinos. Porque, segundo me constou, os chineses gostam cada vez mais de nabos. E a maior densidade desse produto agrícola por metro quadrado é naturalmente aqui em Tomar. Tanto nabos de nascença como dos outros. Daqueles cuja natureza só se revela já na idade adulta. E há por aí cada um!

Agora confessem lá com franqueza: Quem é que oferece notícias alegres, quem é?

anfrarebelo@gmail.com

Herdeiros e conquistadores - 2

Uma contradição grave

O problema com os herdeiros reside no facto de terem uma vida complicada por culpa própria, sem disso em geral se aperceberem. Funcionários ou não, mas partilhando todos a mesma mentalidade conservadora e ultrapassada, convergem afinal numa opção política evidente: mais Estado. O que implica inevitavelmente mais burocracia, mais despesa pública, mais impostos e mais dificuldades para a iniciativa privada.. São portanto apoiantes de facto dos caducos e obsoletos programas do PCP e do Bloco. Todavia, na hora de fazer a cruzinha e entregar o boletim, votam sistematicamente mais à direita. No PS ou no PSD.
Ao optarem assim pelo centro direita, estão afinal a subscrever de antemão um modelo de sociedade antagónico em relação à sua opção real de mais Estado. Colocam-se por conseguinte, em termos de posicionamento político, numa contradição grave. Aquilo em que acreditam realmente não coincide com aquilo em que votam. Donde, entre outras consequências, graves distúrbios de personalidade, noites mal dormidas e deliberada fuga para o mundo do futebol, onde os valores e as regras não são os mesmos. E as consequências dos resultados são praticamente nulas em termos societais. Tanto faz que ganhe o Benfica, como o Sporting, o Porto ou qualquer outro. A crise continua...  
Os resultados de semelhante divergência política só não têm sido mais gravosos para os herdeiros em contradição consigo próprios por dois motivos. Por um lado, na nossa região, tradicionalmente conservadora e direitista, o CDS liberal nunca conseguiu singrar. Em geral recolhe ainda menos votos que a CDU. Por outro lado, os presidentes de câmara que já tivemos desde o 25 de Abril, quase todos funcionários, sempre aplicaram zelosamente e na medida do possível o programa do PCP e do Bloco.
Até Anabela Freitas, que se apressou a repor as 35 horas e os abonos às chefias, apesar da evidente crise orçamental que grassa na autarquia.
É claro que a maioria local que nos devia governar, desta feita até com a bênção do PCP, se está marimbando para estas minudências políticas a que aludo. Na verdade, agem a favor dos funcionários apenas e só para tentar comprar votos, procurando assim com denodo a reeleição. A experiência demonstra contudo que não é possível sem graves danos de toda a ordem viver numa contradição permanente. Pensar uma coisa mas fazer o seu oposto. Foi por isso que implodiram os regimes ditos socialistas dos países de Leste. Foi por isso que caiu o vergonhoso Muro de Berlim. Foi por isso também que no 25 de Abril praticamente ninguém ousou defender o anterior regime. Que no entanto tinha centenas de milhares de serventuários fiéis.
Julgo que será proveitoso para os herdeiros locais irem meditando nesta historieta mal alinhavada: Não aguentando mais esta porca de vida, um indivíduo lançou-se de um 30º andar. Quando passava frente às janelas do 2º andar, perguntaram-lhe como se sentia. Por enquanto tudo bem, respondeu ele. Sucede o mesmo com os herdeiros tomarenses. Por enquanto tudo bem. Mas quando baterem -e já faltou bastante mais- a cena não vai ser nada bonita. 
Vou continuar a fazer o possível para evitar cá estar nessa altura. Mas tenho o dever moral de ir avisando. Com textos pessimistas e chatos. Podiam ser simultaneamente diferentes e realistas?
Como escreveu algures o grande Bertold Brecht: Falam do rio que tudo alaga na sua passagem; mas esquecem sempre as margens que o oprimem.

anfrarebelo@gmail.com


segunda-feira, 21 de março de 2016

Herdeiros e conquistadores

É dos livros da especialidade. Convivem em cada país e em cada localidade dois tipos de cidadãos: os herdeiros e os conquistadores. Os herdeiros são sempre e de longe os mais numerosos. Salvo nos países anglo-saxónicos e respectivas antigas colónias, por razões que seria demasiado longo expor aqui. 
Integram os que vivem à custa da família ou do orçamento do Estado e suas dependências locais, na chamada burocracia pública dispensável, o conhecido "império dos sentados". Nada a ver portanto com médicos, enfermeiros, professores, polícias e por aí fora... São em geral gente extremamente conservadora, mesmo e sobretudo quando se dizem de esquerda. Incapazes de imaginar uma vida autónoma, sem a protecção permanente da família e/ou sobretudo do papá Estado. Eles andam por aí. É só vê-los fingir que vivem.
Pelo contrário, os conquistadores, que são empresários, investidores, industriais, comerciantes, emigrantes, são gente que procura antes de mais ganhar a sua vida fora da esfera do Estado, que em geral consideram um praga maléfica que temos de aturar. São quase sempre gente de direita, adversários acérrimos do "estado assistencial", geralmente conhecido como estado providência ou estado social. Odiados pelo PCP e pela extrema-esquerda elitista, retribuem na mesma moeda e com juros elevados.
Para mal dos nossos pecados, aqui em Tomar praticamente nem sequer há conquistadores. É quase tudo herdeiros, vivendo à custa dos impostos que todos somos obrigados a pagar. Excepto, claro está, quase metade dos citados herdeiros, cujo "rendimento mensal" é inferior ao mínimo legal. Temos assim uma verdadeira maravilha. Uma nova versão do milagre da multiplicação dos pães. A maior parte dos que vivem à custa do orçamento, não pagam impostos!
É claro que nada tenho contra os necessitados, nem contra os funcionários dispensáveis. Estou apenas a tentar caracterizar a nossa triste situação aqui em Tomar. Onde boa parte dos conquistadores nem sequer são tomarenses de nascimento. Porque será? Problemas de educação? Herança sociológica?
É que sem conquistadores, sem empresários, sem investimento, sem iniciativa privada, não há progresso possível. Como ficou amplamente demonstrado na Europa de Leste e está à vista em Cuba, no Vietnam, no Laos ou na Coreia do norte. 
E aqui em Tomar não há condições minimamente atractivas para a iniciativa privada. Pelo que, estamos cavando a nossa sepultura enquanto cidade com alguma importância, ao mesmo tempo que nos vamos queixando de que nos estão a enterrar...

domingo, 20 de março de 2016

Erros de avaliação

As noções de avaliação e auto-avaliação entraram há relativamente pouco tempo na nossa cultura. São mais duas importações anglo-saxónicas. Não espanta por isso que abundem os erros e as incapacidades totais nessa área. O caso mais flagrante é o dos políticos, sobretudo os locais. Desde as primeiras eleições livres, e já lá vão 40 anos, que assistimos, aquando de cada eleição, a um duplo mal entendido. No seio de cada partido são elaboradas listas, com critérios que manifestamente não incluem uma adequada avaliação prévia dos candidatos a candidatos. Depois, singularmente manietados nas suas escolhas pelo bizarro sistema eleitoral que temos, os eleitores fazem outro tanto. Os resultados aí estão, escancarados à vista de todos.
Candidatos a candidatos porque com afigurações, a seguir escolhidos praticamente em regime de "depois logo se vê", tanto pelos correlegionários como pelos eleitores, uma vez nas cadeiras do poder têm uma acentuada tendência para se considerarem os maiores. Todos os políticos locais, ainda activos, ou já reformados, consideram que fizeram excelentes mandatos, apesar de a realidade envolvente demonstrar o contrário. Há apenas duas notáveis excepções. O Paiva, que errou até mais não, por falta de adequada e substantiva oposição. O Corvêlo, que teve o mérito de saber retirar-se, ao constatar que não estava em condições de dar conta do recado.
No escol político actualmente activo reina o auto-convencimento óbvio. Apesar das inúmeras evidências em sentido oposto, a presidente Anabela está tão convencida da excelência da sua acção que até já anunciou a sua candidatura a novo mandato. Tarimbeiro político de há muitos anos, após ter entrado pelo sótão, Pedro Marques continua a sustentar, contra tudo e contra todos, que os seus dois mandatos foram uma maravilha, o mesmo acontecendo com a sua actuação no quadro dos IpT. Jovem promissor, mas por isso ainda tenrinho, o líder laranja local também se crê credor de admiração pela sua actuação como líder da oposição, quando a população em geral pensa exactamente o contrário. A agravar o quadro, aconselhado nestas linhas a convocar uma eleição primária aberta para escolha do cabeça de lista, única hipótese realista de poder vir a vencer, já demonstrou fugir de semelhante possibilidade como os ciganos fogem dos sapos.
Disse o Lavoisier em tempos que "as mesmas causas, nas mesmas condições exteriores, produzem sempre os mesmos efeitos". É o que está a ocorrer no blogue Tomar opinião, praticamente já defunto. Um pequeno escol local, composto entre outros por políticos credenciados e professores, reuniu-se bastas vezes, mas não terá feito o indispensável: a auto e hetero-avaliação. O resultado é trágico, porém muito elucidativo e útil, caso dele saibam extrair as conclusões que se impõem. 
Resolveram lançar um blogue colectivo, uma novidade habilidosa visando suprir a dificuldade de produzir diariamente textos pessoais. Contaram uns com os outros, sem a indispensável, adequada e rigorosa avaliação prévia. Só podia dar bota. E já deu. Tal como na política local.
Já lá vão cinco séculos, Garcia da Horta escreveu no seu Tratado das drogas e dos simples que "a experiência é a madre das coisas".  Infelizmente os tomarenses, particularmente os políticos, não parecem capazes de acumular experiência. É pena e tem elevados custos para todos. Infelizmente.
É importante ter em conta que, nas últimas autárquicas e na nova freguesia urbana, metade dos eleitores inscritos não votaram. Um em cada dois!
Porque terá sido?
Por este caminho vamos a algum lado?

sábado, 19 de março de 2016

Já não os trinco...

Uma história nabantina dos anos da penúria

Em Tomar, no final da década de 40 do século passado, o hospital era na Rua da Graça e o mercado semanal realizava-se aos sábados, onde está agora o ParqT e na Praça da República. Havia então muita tropa, com o Regimento de Infantaria 15 aquartelado no Convento de S. Francisco, o Quartel General, ali no Palácio Alvaiázere e o Hospital Militar, lá em cima no Convento de Cristo. Com tanto militar mais os varões civis, vivia relativamente bem a dúzia e meia de profissionais do bordel local, situado na Rua de Pedro Dias, Rua da Saudade para os tomarenses, desde o seu encerramento compulsivo e definitivo no final de 1961
Coincidindo com o mercado semanal, as ditas meretrizes  vinham ao hospital para a obrigatória "revista médica", como então se dizia. Formavam fila à porta, aguardando a sua vez, mas depois era rápido, pois reinava a confiança. O médico de serviço já as conhecia, pelo que em geral se limitava a perguntar a cada uma se havia algum problema. Se a resposta fosse negativa, que era a regra geral, mandava carimbar a caderneta e passava à seguinte.
Num desses sábados, uma velhota dos arredores vinha da estação de caminho de ferro e ia para o mercado semanal. Ao passar junto ao hospital, reparou naquela fila de mulheres. Dado que a guerra terminara em 1945, mas ainda continuava a haver racionamento de produtos alimentares, a referida aldeã julgou que estavam ali a vender algum produto de contrabando, coisa habitual na cidade de então.
Vai daí, aproximou-se e perguntou a uma das da fila o que estavam ali a vender. -Estão a dar caramelos, foi a resposta pronta, com ar galhofeiro. Interessada, a velhota tomou a sua vez na fila, ficando naturalmente em último lugar. Atendidas todas as outras mulheres, o médico como não a conhecia exclamou: -Então tu, com essa idade e toda desdentada, não tens vergonha de ainda andar nesta vida? Aí a anciã respondeu prontamente, com aquele aprumo próprio de quem está cheio de razão: -Saiba o senhor doutor que já não os trinco. Mas ainda os chupo!
Os caramelos que estavam ali a dar, bem entendido... 

sexta-feira, 18 de março de 2016

Até que enfim, mas cuidado!

Li a entrevista de João Tenreiro no Templário desta semana e devo confessar que fiquei agradado. Não pelo teor geral da dita, naturalmente com as banalidades do costume. A política é assim. Sobretudo a nível local voa, mas é sempre muito baixinho. Como o crocodilo da história, praticamente rasteja.
Mas apreciei a coragem do lider laranja ao colocar finalmente o dedo na ferida: Nesta santa terrinha há anos que é turismo para aqui, turismo para ali, mas vai-se a ver e nicles. Uma mão cheia de nada, outra de coisa nenhuma. Vai daí Tenreiro teve a coragem de dizer o óbvio -criticou a actual maioria por nunca ter mandado elaborar um plano municipal de turismo. Deixou assim implícito que o PSD local vai agir nessa área, o que só pecará por ser tardio.
Caso os social-democratas nabantinos resolvam mesmo dotar-se atempadamente de um plano local de turismo, e se quiserem ter êxito, como é lógico que queiram, vão ter necessidade de agir com cautelas de índio. De boas intenções está o inferno cheio e o turismo é uma área extremamente escorregadia. Quero dizer que tratando-se de uma indústria recente, proliferam os oportunistas de todas as áreas, que proclamam e oferecem tudo e mais alguma coisa. E então quando há dinheiro em jogo, é uma verdadeira desgraça. Ninguém olha a meios para atingir os seus fins. De forma que o risco maior é cairmos num plano muito bem escrito, elaborado por eminências do melhor que temos, mas totalmente inoperante por manifesta inadequação à realidade envolvente. Esse trambolho praticamente inútil, salvo para complicar, pomposamente designado PDM - Plano director municipal, elaborado pelas melhores cabeças da época e que custou uns bons sacos de massa, aí está para demonstrar o que acabo de escrever. 
Tal como sucedeu nas guerras africanas, é meu entendimento que, para travar e vencer a batalha do desenvolvimento ordenado do turismo concelhio e regional, é forçoso começar por escolher os autores do apregoado plano com rigor, com coragem e com a noção da realidade. Por outras palavras, há que evitar entregar a dita elaboração a gente de gabinete, ornada com títulos pomposos e exibindo currículos impressionantes, virando-se antes para os outros. Aqueles que pela calada também estudaram, se diplomaram e trabalharam durante anos no turismo, na área operacional. Andando com os turistas no terreno. Dizendo sempre "sigam-me que vamos por aqui para fazer assim", em vez de "Vão lá indo que depois logo se vê".
Cuidado portanto, João Tenreiro e acólitos. Pior do que não haver plano será haver um plano que custou dezenas de milhares de euros e que só serve para ornamentar...

ADENDA
Parece-me óbvio, mas se calhar é melhor deixar escrito. Estou aposentado e por conseguinte afastado das lides locais como praticante. Continuo todavia aficionado. Treinador de bancada, em suma. Podendo contudo dar uma ajuda em caso de necessidade. Porém não mais que isso. Façam o favor de anotar que usei deliberadamente quatro adversativas: Mas, porém, todavia, contudo...

anfrarebelo@gmail.com

quinta-feira, 17 de março de 2016

O autocarro dos falidos com a mania que são ricos

Nem lhe reproduzo a foto, que ele anda aí. Todo espampanante com as suas cores garridas, tipo novo-rico, e as suas fotos monumentais. Tudo acompanhado pela legenda Tomar - Cidade templária. Como se semelhante exibicionismo bacoco e doentio tivesse alguma coisa a ver com o espírito templário. Pobres criaturas autoras de semelhante ideia!
Falo do autocarro conhecido como "da câmara", mas na realidade da maioria que reina no executivo e só enquanto reina. (E vai reinando com os eleitores...) Salvo os ditos cujos, ninguém sabe bem para que serve ou qual a sua utilidade para a comunidade em geral. Porque, ou muito me engano, ou nem sequer há um normativo aprovado e publicitado para a sua utilização. O que quer dizer que, quem tem amigos tem autocarro à custa dos contribuintes, quem não tem amigos, aluga na agência de viagens mais próxima.
Será isto justo? Aparentemente nesta terra é, uma vez que ninguém se queixa, ninguém protesta. Nem mesmo os industriais de transporte de passageiros, que são largamente prejudicados com a coisa, dado que se trata de concorrência desleal, praticada por quem vive das contribuições e impostos que todos pagamos com língua de palmo. Ou seja, enquanto os citados industriais alugam os seus autocarros ao preço normal do mercado e liquidam as suas obrigações fiscais (Que remédio!!!), a tal maioria circunstancial do executivo empresta grátis e não paga impostos enquanto tal. Quero dizer como industrial de transporte de passageiros.
Já sei! Vão argumentar que só emprestam para as crianças das escolas do primeiro ciclo e blábláblá, e blábláblá. Primeiro que nada, convém dizer que é redondamente falso. Emprestam conforme calha e a quem calha. Desde que seja amigo e da cor, bem entendido. Com outra maioria até já fui a Lisboa e vim com mais 8 comparsas no antecessor deste autocarro. Nove passageiros mais o acompanhante num autocarro de 55 lugares...
Seguidamente, convém acrescentar que, mesmo só para as criancinhas, o autocarro nunca é de borla. Supõe sempre que quem o pediu vote como deve ser e os custos serão depois inevitavelmente assumidos pelos contribuintes tomarenses. Ou julgam ser só por acaso que os nossos recibos de água e de IMI ocupam os primeiros lugares do ranking dos mais caros? É para pagar estas e outras franquezas, também conhecidas como compra de votos, como por exemplo as célebres "passeatas/comezainas/bailaricos", oferecidas por presidentes de junta beneméritos...com o dinheiro dos outros.
Em conclusão, o executivo de um município virtualmente falido, cuja dívida ultrapassa já os 5 milhões de contos e ninguém vislumbra como poderá alguma vez vir a ser paga, entretém-se a esbanjar dinheiro com mini-transportes urbanos e com um autocarro modernaço que mais parece de uma agência de publicidade. É o autocarro dos falidos. 
Fará tudo isto algum sentido? Ou vivemos numa terra de políticos cada vez mais estouvados e sem vergonha?

Aviso

Por motivos imprevistos e alheios à vontade do autor, a mensagem de hoje, sobre o autocarro dito municipal, mas na verdade do executivo, só será publicada logo à tarde.
Peço desculpa aos leitores habituais pelo incómodo. Até logo.

quarta-feira, 16 de março de 2016

Sobre o propalado provedor do munícipe

O problema começa logo na designação. Falar de provedor do munícipe em vez de defensor do cidadão, leva a deduzir que o concelho de Tomar não passa afinal de um conjunto de casos sociais, constantemente com as mãos estendidas, aguardando esmolas da autarquia, da misericórdia, do governo, de Bruxelas ou de alhures. E realmente é praticamente essa a mentalidade dominante nesta altura. Como dizia a minha falecida e saudosa sogra, "Deus nosso senhor tem lá muito para nos dar; é preciso é saber pedir." Maneiras de ver... 
Mas é bem capaz de ser necessário mudar de mentalidade, que os tempos são cada vez mais duros. E nesse caso, terá de deixar de se falar em provedor ou munícipes, substituídos com vantagem por cidadãos e respectivo defensor dos seus direitos, liberdades e garantias. Incapaz de prover esmolas, mas bom a defender os direitos de cada um.
Isto para situar a coisa. Porque estou convencido de que o PS-Tomar apenas procura entreter o eleitorado com essa treta do provedor. Assim uma espécie de ruas populares ornamentadas, que só servem para isso mesmo -para vista. A prova provada é que já lá vão dois anos após a promessa da criação de tal cargo, e até agora praticamente nada. Só conversa oca, como é habitual
Incomodada com a situação, a deputada municipal Isabel Boavida, um dos poucos eleitos que naquele órgão sabe alinhar uma dúzia de frases sem papel e sem erros de gramática ou de raciocínio, questionou a presidente sobre o prometido provedor. Como habitualmente, a presidente Anabela respondeu em estilo tarimbeiro, tipo Luis Mandanela: É preciso reunir as formações políticas para se encontrar um consenso que permita escolher e designar o provedor, disse ela em suma..  
Errado, senhora presidente. Para ter alguma utilidade prática, o defensor do cidadão terá de ser credível, imparcial, eficaz e inamovível. É o mínimo. Caso contrário, não passará de mais um mono ornamental. Sucede que, sendo a situação aquilo que é, se nomeado pelas formações políticas instaladas, mesmo por unanimidade, a população deixará imediatamente de acreditar que possa ser credível e/ou imparcial. Teremos portanto nesse caso mais um inútil, todavia muito útil como propaganda para o poder instalado.
No meu tosco entendimento, só poderemos vir a ter em Tomar um defensor do cidadão com algum préstimo, se eleito em sufrágio livre e secreto com voto em urna, ainda que num escrutínio simplificado. Candidaturas livres e não partidárias. Boletim de voto em que o eleitor faz a cruz diante do nome escolhido. Apenas uma urna por freguesia, excepto na área urbana, em que haveria duas urnas além da ponte e uma aquém. Votação só das 13 às 17 horas. Contagem final, proclamação dos resultados e aclamação do vencedor nos Paços do concelho.
Basicamente é isto. Se realmente querem mesmo que haja um defensor do cidadão. Se é apenas para entreter, julgo que será melhor, mais rápido e eventualmente até mais divertido, irem fazer umas festinhas ali ao Gualdim, para ver se o pobre homem, vítima de evidente priapismo, consegue finalmente baixar aquilo...

terça-feira, 15 de março de 2016

Mas até quando? E como?

A minoria informada conhece bem a triste e preocupante realidade. Pagamos a electricidade mais cara da Europa, o gás mais caro da Europa e os combustíveis rodoviários mais caros da Europa. Temos das mais elevadas taxas de impostos directos e indirectos da Europa. Até a água é das mais caras da Europa e a de Tomar das mais caras do país. O mesmo acontece com o IMI.
Mesmo assim, apesar dos eleitores pagantes forçados, praticamente espremidos até ao tutano, quase todas as autarquias estão afogadas em dívidas monstruosas, que não se vislumbra como possam vir a pagar. E o governo central não tarda estará de novo a cumprir  um plano de austeridade imposto por Bruxelas, visto que a dívida pública está já nos 137% do PIB. Pior só a Grécia, que como se sabe é um caso perdido, um país inviável, já a viver de esmolas externas e com um governo que se considera de extrema esquerda...
Neste angustiante contexto, a mais recente reunião daquilo que é oficialmente designado por Assembleia municipal de Tomar, mas na prática não passa afinal de um conjunto de inúteis, quase sempre inertes ou pelo menos inoperantes, teve como sempre contornos caricatos. Li na página Net da Rádio Hertz que foi abordado o problema dos transportes urbanos, mais conhecidos por TUT, mas que, digo eu, estão bem longe de custar só tuta e meia. Se não erro, tiverem um prejuízo a rondar os 300 mil euros em 2014, mais 125 mil em 2015. Mais concretamente, no ano passado os bilhetes e passes vendidos totalizaram apenas pouco mais de 90 mil euros, o que significa que não cobriram sequer metade dos custos.
Apesar de tão sombria realidade, imperou mais uma vez o maioritário silêncio no salão nobre dos Paços do Concelho. Situação inevitável, dado que a maioria dos pomposamente chamados deputados municipais é incapaz de alinhar meia dúzia de frases de produção própria. O que implica que não estão habituados a raciocinar, pois a carência de capacidade oratória traduz isso mesmo.
Escapam aqueles eleitos que são profissionais do foro e pouco mais. Foi justamente um destes representantes-advogados que ousou comentar o bicudo problema dos TUT. Bicudo porque a sua solução me parece simples, como se está mesmo a ver. Como bem diz o povo, morto Cristo, acabou-se a paixão. Neste caso, acabando com os onerosos transportes urbanos, que apenas servem uma ínfima minoria, a qual viveu muitos anos sem eles e nem por isso faleceu, acaba-se também com os  inerentes e inevitáveis prejuízos.
Há porém a outra vertente, muito delicada em termos políticos: Quem ousará acabar com os TUT e suportar depois as respectivas consequências eleitorais? Isto apesar de os utentes daquele serviço não ultrapassarem muito provavelmente uma centena, posto que 90 mil euros anuais a dividir por 365 dias, dá a receita diária fabulosa de 247 euros. Mesmo assim, foi decerto a pensar neste aspecto que o IpT João Simões ousou intervir. Referiu achar excessivos os prejuízos registados até agora, reconheceu que se trata de um serviço social, mas acrescentou que apesar disso algo tem de ser feito no sentido de solucionar o problema. Por outras palavras, ficou-se pelas conveniências. Não apontou sequer um rumo a seguir. O que mostra bem a atmosfera reinante. Se até os que sabem falar se coibem...
Face a tudo isto, dirão os usuais ignorantes optimistas -a esmagadora maioria- que mesmo assim vamos vivendo. Pois vamos. Mas até quando? E como?

segunda-feira, 14 de março de 2016

Paisagem informativa local menos poluida

Impulsionados pela evidente crise local, que não é só na autarquia, antes fosse, surgiram ultimamente na paisagem informativa tomarense três pseudónimos ou nomes supostos, de empréstimo portanto. Considero que escrever de forma encapotada, acoitado num pseudónimo é uma evidente cobardia que deve ser combatida. Salvo circunstâncias excepcionais. Por exemplo quando existe evidente perigo para quem escreve, ou quando o autor entende ser preferível para o bem de todos que não se saiba quem escreve. 
Não era nem é o caso de José da Silva, Roberta Ferreiro ou Leonardo Capricho, ultimamente bastante assíduos no blogue Tomar na rede. Ávido leitor, fui seguindo com atenção os escritos de cada um. Só não fiquei totalmente desiludido porque José da Silva escreve bem, tem um estilo, sabe o que escreve, é requintadamente educado e abre perspectivas interessantes. Mesmo quando delas se discorde. Já os outros dois, coitados! Melhor fora para todos que nunca tivessem resolvido escrever. Mas mesmo assim fui lendo, com pouco ou nenhum prazer, é certo. Apenas porque indispensável para poder formar uma opinião.
E o inevitável aconteceu. Roberta Ferreiro revelou a sua ignorância e falta de boas maneiras ao tratar-me de forma que considerei demasiado familiar e por isso mal educada. Por que Toninho será quem ele quiser; não eu, que não lhe admito tal tratamento. 
Com Leonardo Capricho foi ainda pior, se tal é possível. Preocupado apenas com o seu ego e respectivo protagonismo, avançou com um texto no qual me compara a uma hiena, a propósito da minha posição em relação ao blogue Tomar opinião. Fiquei agoniado. Ao contrário do que afirma no dito esterco, sei que tenho muitos defeitos, como qualquer outro ser humano. Porém, nunca assassinei ninguém, em sentido próprio ou figurado, nunca vivi nem vivo de despojos e nunca fiquei contente perante a desgraça dos outros. Por conseguinte, o lamentável Capricho abundou na calúnia intencional, pois sabe muito bem qual é o meu passado e conhece o meu presente.
Perante tão evidente falta de civismo, considerei que "quem não se sente não é filho de boa gente" e resolvi queixar-me. Não no foro judicial, que não me pareceu caso para tanto, uma vez que se trata de evidente criancice malcriada. Junto de quem me pareceu poder vir a ter capacidade decisória.
Apraz-me registar que em princípio fui ouvido, tendo imperado o bom senso e o bom gosto. Segundo informação de fonte fidedigna, a Roberta e o Leonardo juntaram os trapinhos e foram-se em lua de...mel. Ia a escrever outra coisa. Tão cedo não voltarão portanto a poluir a paisagem informativa nabantina. Ainda bem, que problemas já temos que chegam e sobram.
Resta-nos por conseguinte o José da Silva e os seus textos sábios. Oxalá consiga continuar com o mesmo estilo e a mesma óbvia felicidade.

Do mal o menos...

Praticamente concluídas as obras da fachada norte do Convento de Cristo, estão agora na fase dos ensaios da cor a aplicar na parte inferior da fachada:


Um progresso em relação à informação inicial que me foi dada. Como os leitores decerto recordam, era questão de pintar a amarelo toda a parte inferior da referida construção.
A tonalidade da esquerda parece-me de longe preferível, porque muito mais compatível com o calcário das cantarias, tanto das portas e janelas, como dos vários outros troços exteriores do monumento:


mas os senhores técnicos é que sabem.
No meu entender de simples visitante à muito apaixonado por aquela mui ilustre Casa da Ordem, além dos sectores já pintados a branco:


há que usar a mesma cor na restante fachada, excepto entre o lado esquerdo do Portal Filipino e o embasamento do torreão de gaveto:


Se assim fizerem, terão contribuído para alindar aquela parte do monumento, respeitando no essencial o aspecto tradicional.
Contarão portanto com a minha concordância, de que de resto não precisam para nada. É apenas a opinião de um cidadão, que por ser contribuinte também ajudou a pagar a empreitada...  

domingo, 13 de março de 2016

A algumas alimárias que escrevem e publicam sob pseudónimo

Não o sabeis decerto, que a vossa mona manifestamente não dá para tanto: Ma sucede que, publicando sob nome suposto, as vossas bostas valem o que valem. Ou seja muito pouco e em função dos objectivos que julgais procurar alcançar. Assim os escritos do José da Silva têm pelo menos o mérito da boa redacção e também o dos objectivos cristalinos. Já os da pretensa Roberta, intentam chegar onde? À defesa e apoio dos desviantes sexuais? Pois é o efeito contrário que pelo menos em mim produzem. E não me tenho na conta de um exemplar raro. Embora use sempre botas de elástico no Inverno...
Quanto aos do Capricho, não passam de simples merda mal coada, cujos objectivos me escapam de todo.. Certamente porque a minha limitada inteligência não o permite. Ou será que o pobre diabo é que não enxerga sequer aquilo que anda a fazer? Este último então, o das hienas, não lembra nem a um simples e ignorante  sacristão do Ruanda, quanto mais agora a um auto-alegado intelectual tomarense, que tem a tola pretensão de se considerar europeu.
A pobre criatura nem sequer conseguiu perceber (ia a escrever intuir, mas a criatura era bem capaz de tresler) que o meu comentário que tanto o agastou -o que não me admira, porque ele é um dos visados, na qualidade de anunciado redactor do falhado blogue Tomar opinião- visa exclusivamente acicatar os mentores do antes referido blogue a acordarem e começarem finalmente a escrever todos os dias, assim ressuscitando o dito.
Já o citado gambozino (para não dizer monte de merda) que fala de hienas, tem que finalidade? O riso alarve dos bêbados de tabernas ordinárias?
Haja decência, senhores! A cidade merece melhor! E eu tenho direito à minha vida privada. Pela simples razão que não fui eleito nem ocupo qualquer lugar sujeito ao escrutínio dos eleitores. Assim sendo, não me obriguem a reclamar esse direito no local próprio, entalando também quem não pode ser culpado pela vossa mentalidade reles. Mas que, por ter publicado. e estar a viver num país europeu, está sujeito às suas leis.
Que estas frases sirvam de último aviso para todos. Depois não se queixem, alegando falsamente que ninguém vos avisou com tempo.

Adenda
Em Tomar a dianteira - 3 todos podem comentar. Basta enviar o mail devidamente identificado com o nome de baptismo. Como eu faço, carago! Custa assim tanto?

anfrarebelo@gmail.com

Quando fomos oficialmente espanhóis



Portal filipino na fachada norte do Convento de Cristo em Tomar e respectiva inscrição.
Filipe III "Rei das Espanhas".

Requiem para uma morte anunciada

Ao que a realidade indica, o blogue Tomar opinião, que tanta expectativa gerou, já bateu a bota. Finou-se. Esticou o pernil. Ou melhor dizendo: Ainda existe, porém já não mostra qualquer actividade vital. Era previsível, conforme aqui referi em tempo oportuno. Mais de dois tomarenses (ou equiparados) juntos, é demasiado para qualquer tarefa séria. Excepto para comer, beber e mandar palpites. Nessa área somos dos melhores. Da região, do país e se calhar até da Europa e do Mundo.
Há por aí, nas diversas freguesias, naturalmente com maior incidência na área urbana, mais de um quarteirão de tertúlias e outras agremiações, exclusivamente para aquilo que os tomarenses melhor sabem e mais gostam de fazer: dar ao dente, molhar a goela e botar discurso. Mas quando se trata de debater a coisa pública, produzir ideias ou alinhar meia dúzias de linhas de produção própria -Vão lá fazendo isso, que eu agora não posso; estou cheio de trabalho. 
Mesmo se protegido pelo anonimato, o tomarense típico padece de três maleitas principais. Graves, no meu entender. E nada convenientes para viver em democracia. A - Regra geral é canhestro a pensar, a raciocinar e portanto a escrever sem recorrer a lugares comuns e/ou frases feitas. B - É demasiado susceptível, o que o leva a irritar-se quando alguém ousa mostrar-lhe sem subterfúgios como as coisas realmente são, e como ele realmente é visto pelos outros que ousam pensar. C - É terrivelmente invejoso, o que lhe tolda o raciocínio, levando-o a não conseguir ver as coisas de forma imparcial, que o mesmo é dizer fiável e equilibrada.
No caso do Tomar opinião, assistimos a mais um malogro tomarense, que é também um claro exemplo de excesso de basófia, de presunção e de prosápia. Se o povo chão também tivesse acesso a esta coisas da Net, diria decerto que se comessem menos ervilhas teriam menos afigurações.
É claro que o dito blogue ainda aí está. E até ainda poderá ser ressuscitado. Mas um blogue no qual ninguém escreve há cinco dias, não passa de um cadáver à espera de sepultura. Por conseguinte, está e estará, porém nada mais que isso. Nestas coisas da rede www, os cadáveres ficam até à eternidade. A menos que algum benemérito com senha de acesso se dê ao trabalho ingrato de remover. Ou "deletar" como agora se diz, em linguagem jovem.
Mas então o citado blogue não serviu para nada? Não escrevi nem direi tanto. Teve, apesar do evidente malogro, a sua utilidade. Tripla, na minha opinião: 1 - Mostrou, sem lugar a dúvidas, que na área da comunicação, os tomarenses não conseguem trabalhar em conjunto, apesar de toda a sua boa vontade. Exactamente como vem acontecendo na política, para já tanto no executivo como na freguesia urbana. 2 - Evidenciou uma vez mais a excelente qualidade humorística e redactorial de Mário Cobra. 3 - Permitiu separar o trigo do joio. Neste caso, os que prometem e fazem, dos que só prometem.
Uma sugestão final, se me permitem. Aposentado como eu e portanto a necessitar de ir despejando ideias para evitar engarrafamentos cerebrais, particularmente perigosos para a saúde psíquica quando se vive numa realidade como a tomarense, é meu entendimento que Mário Cobra terá todo o interesse em fazer o seu próprio blogue. Até porque, em questões de escrita, como de resto noutras, mais vale só que mal acompanhado. De forma que, meu caro amigo Mário, aqui ouso deixar-te dois hipotéticos títulos à tua eventual escolha: A - Tomar opinião Cobra. B  - TOCO mpeb - Tomar opinião cobra, mas por enquanto é de borla.

sábado, 12 de março de 2016

Reformas políticas e crescimento económico

França, Itália e Portugal correm o risco de um processo visando sanções por desequilíbrio económico "excessivo"

Boa notícia para a zona euro: "Há agora menos países em desequilíbrio macroeconómico", sublinhou no passado dia 8 o letão Valdis Dombrovskis, vice-presidente da Comissão europeia, encarregado do euro. Mas esta melhoria não teve qualquer efeito em Portugal, França e Itália, que se arriscam, após procedimento adequado, a sofrer pesadas sanções por desequilíbrio macroeconómico "excessivo".
Este novo procedimento, criado logo após a recente crise económica e financeira, inscreve-se no quadro do reforço da vigilância dos grandes indicadores económicos e monetários. Porque os desequilíbrios externos de um país (contas exteriores degradadas, recuo das exportações...) e/ou internos (problemas de competitividade, dívida pública excessiva, alta taxa de desemprego...) podem vir a repercutir-se nos países vizinhos. Por conseguinte, a Comissão europeia instituiu à escala da União uma supervisão reforçada, tendo como objectivo encorajar os países com problemas a corrigir as respectivas trajectórias. Caso o não façam, os países recalcitrantes arriscam-se a sofrer doravante uma pesada multa, correspondente a 0,1% do respectivo PIB.
Para já, Lisboa, Paris e Roma estão sob vigilância reforçada de Bruxelas. Num comunicado, a Comissão Europeia aponta designadamente a dívida pública francesa "que continua a aumentar", quando nem a competitividade nem a produtividade acompanham esse aumento.
Críticas que levaram François Hollande a reagir, aquando do encontro de alto nível França-Itália, que teve lugar em Veneza, na passada terça-feira: "A França faz o que tem a fazer, em termos de redução de défices, aliás mais rapidamente do que se previa." E acrescentou: "Somos obrigados a corrigir agora o que outros nos deixaram, uma dívida, défices... Mas devemos também reforçar as nossas economias graças aos investimentos e à inovação".
Tal como a França, também a Itália está entre os maus alunos da turma europeia. Má notícia, após a degradação das perspectivas orçamentais para 2016 pelo Eurogrupo, no passado dia 7. Além da dívida pública abissal de 133% do PIB, em 2015, "que constitui um fardo de grande tomo  em termos de vulnerabilidade [a dívida pública portuguesa é nesta altura de 137% do PIB, nota do tradutor], a Comissão Europeia é de opinião que a competitividade do pais "continua fraca" e que  a elevada taxa de desemprego "trava o crescimento futuro".
Quanto a Portugal, particularmente atingido pela crise financeira, a Comissão afirma que os seus "grandes desequilíbrios" constituem uma séria desvantagem, designadamente a dívida muito elevada das empresas, a qual tem um efeito negativo sobre os bancos, o que pode levar a um racionamento dos investimentos privados, de que o país tem uma cruel necessidade.
Uma análise mais detalhada, mostra que a zona euro continua em convalescença. Alemanha, Irlanda, Finlândia, Espanha e Eslovénia também apresentam desequilíbrios macroeconómicos, embora em graus diferentes. Assim, a Comissão considera problemática a situação da economia alemã que, embora apresente indicadores muito agradáveis (reduzida taxa de desemprego, forte competitividade, fraca dívida pública), poderá encontrar problemas de desenvolvimento a médio prazo, devido à falta de investimentos ou à elevada poupança.
Trata-se agora de apurar se estas medidas de colocação no Index são susceptíveis de influenciar realmente a política dos três países abrangidos (França, Itália e Portugal). Os especialistas da União relembram que a pressão dos seus pares contribui em geral para disciplinar os recalcitrantes. No papel, França, Itália e Portugal vão aliás ser obrigados a responder mais detalhadamente às recomendações que lhes vão ser feitas em Maio pela Comissão Europeia. Depois caber-lhes-à implementar um quadro de medidas com a respectiva calendarização, que a Comissão terá de aprovar previamente, o que vai levar mais alguns meses.
Se algo falhar, a Comissão poderá iniciar em qualquer momento um processo visando impor sanções. O que dará início a uma nova contagem decrescente, seguida de improváveis castigos finais. Salvo se os mercados financeiros resolverem intrometer-se. É uma das grandes fraquezas da União Europeia.

Christophe Garach, Le Monde, Economie et Entreprise, 10/03/2016, página 6
Tradução e adaptação de António Rebelo

sexta-feira, 11 de março de 2016

Infantilidades de gente crescida

Numa recente reunião do executivo (?) tomarense, os vereadores do PSD, agora já com a casa arrumada até às próximas autárquicas, lembraram-se de uma proposta apresentada à câmara para discussão e votação há um ano, mas ainda não agendada. A proposta tem por título "Portugal 2020" o que efectivamente pode induzir em erro a nossa simpática presidente. Levá-la a pensar que ainda há muito tempo para debater daqui até lá.
Fartos de estar à espera sem ditos nem modos, os laranjas resolveram interpelar Anabela Freitas sobre esse assunto. Fizeram-no pela voz de João Tenreiro. E, ao que tudo indica, ficaram abismados, enxixarados e irritados com a atitude e a resposta presidencial, ambas inesperadas. Anabela Freitas disse-lhes com ar jovial que "A proposta do "Portugal 2020" vem quando vier". Fez um largo sorriso e acrescentou "Parece o mercado, não é?"
Naturalmente, embora de forma tão camuflada quanto possível pelas boas maneiras, os dois vereadores social-democratas foram aos arames. João Tenreiro acusou a presidente de ilegalidade deliberada, que viola o disposto na Lei das Autarquias locais. Mais declarou que vão apresentar queixa junto da CADA.
Embora ignorante nestas coisas da política, como de resto em muitas outras, julgo saber que João Tenreiro se equivocou. Com efeito, a CADA é a Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos. Funciona junto da Assembleia da República, mas nada tem a ver com estas tranquibérnias autárquicas. Salvo quando os senhores autarcas autocratas se recusam a fornecer informação solicitada pelos cidadãos, violando assim o disposto na Lei 46/2007, que regulamenta o acesso à informação por parte de todos os eleitores.
No lugar do vereador Tenreiro, eu teria em vez disso pedido uma interrupção da reunião para conversar privadamente com Pedro Marques, a quem proporia o abandono daquela reunião e de todas as seguintes, até à reposição da legalidade. Com protesto exarado em acta, no início de cada uma delas. Depois, abandonaria a reunião com o companheiro de lista, entregando uma declaração para a acta. Mesmo mantendo-se Pedro Marques presente. Continuo convencido de que é assim que se faz política. Com atitudes duras e inequívocas.
Assim, perante o ocorrido, só me aparece uma teimosa pergunta conclusiva: Os Paços do Concelho, que já foram tanta coisa ao longo dos séculos, ainda continuam a ser sede do executivo concelhio? Ou estão-se transformando pouco a pouco num infantário de gente crescida?

quinta-feira, 10 de março de 2016

Outra vez o inventado fórum

Noticia a Hertz, habitual fonte fidedigna daquilo que a autarquia pretende que se saiba, que Anabela Freitas transmitiu aos seus pares do executivo mais uma notícia desagradável. A comparticipação europeia para as obras no inventado (o termo é meu) fórum romano é afinal inferior ao solicitado. Vai ser portanto inevitável alterar os planos existentes, em conformidade com esta nova realidade, acrescentou a nossa simpática presidente. Fiquei assim a saber que infelizmente o inventado fórum saletiano ainda mexe. É lamentável, digo eu.
Não vou aqui alongar-me outra vez sobre a triste e até caricata história do alegado fórum. Limito-me a repetir que nunca ninguém -para além da sua inventora- confirmou que ali tenha existido um fórum romano. Ou mesmo qualquer edificação dessa época. O que lá se pode ver leva a pensar, no meu entender, que se trata de parte dos alicerces de uma das duas igrejas ali existentes ainda no século XVIII -Santa Maria de Selho e S. Pedro Fins. Isto se tivermos em conta os afastamentos entre os elementos visíveis. Se entrarmos na mitologia, aquilo pode ser tudo. Até o lupanar do Imperador Caracala.
Mas não é esse o problema. Fórum, igreja, ou nem uma coisa nem outra, há ali um terreno vazio, no qual a autarquia pretende investir largas centenas de milhares de euros. Baseada em quê? Num PDM elaborado de forma caótica, tendo na respectiva comissão técnica de acompanhamento a senhora inventora do fórum, tão retorcido e complexo que nem a respectiva revisão a autarquia actual consegue concluir com êxito. Com que objectivos pretende o executivo "recuperar o fórum" ? Apresentar obra? Conseguir mais uns lugarzitos para o pessoal da cor? Para instalar lá o quê? Com que verbas?
Ou muito me engano ou estamos perante mais um avatar, um mono, tipo Núcleo de Arte Contemporânea, Complexo da Levada, Edifício dos Cubos...ou aquela minúscula casota ali no Mouchão, que nunca ninguém julgou necessário explicar para que serve ou para que foi edificada.
Pobre terra que tal gente tem.

quarta-feira, 9 de março de 2016

Não resisto...

Não resisto.´É mais forte do que eu. Tenho de desabafar. Anunciado com pompa e circunstância; congregando das melhores cabeças nabantinas, salvo algumas evidentes excepções, o novo blogue Tomar opinião está afinal a revelar-se um razoável fiasco. De todo o areópago que o compõe, pelo menos segundo foi difundido, praticamente só o Mário Cobra é que se esforça. Todos os outros, com uma pequena ressalva para António Lourenço dos Santos e Carlos Trincão, parece estarem na retranca Ficaram-se pelo texto inaugural. Era só basófia? Ou vamos ter grandes novidades em breve?
Em qualquer caso, considero uma vergonha que, decorridas mais de 24 horas, ainda ninguém tenha avisado o Mário que o seu texto mais recente está "empastelado". Há uma parte em duplicado. Sinal de que ainda ninguém o leu? Seria o cúmulo.
Sei bem que a informação e a iniciativa privada devem ser inteiramente livres. Mas de modo algum isentas de críticas. Para apresentar obra assim como a do Tomar opinião, pelo menos até esta data, valia mais estar quedo.
Desculpem lá o desabafo cidadão...

Incompetência e mentiras

O comissário europeu da Economia, o francês Moscovici, por acaso também socialista, foi despachado pela Comissão Europeia a Lisboa com um único objectivo -Acabar com a mentira de António Costa/Centeno, ao dizerem que o já célebre Plano B não vai ser necessário. O francês foi ontem extremamente claro perante as câmaras da TV: Não se trata de saber SE vai ser ou não necessário pôr em marcha o dito plano (que implica mais medidas de austeridade, acrescento eu), mas QUANDO vai ser inevitável. Ou seja: Já não se trata, e se calhar nunca se tratou, de saber se sim ou não. Apenas de determinar quando avançar com o tal Plano B, Indispensável segundo Bruxelas, não necessário segundo Costa e Centeno. Infelizmente para os já bem causticados contribuintes que somos todos nós, nestas coisas de finanças, Bruxelas tem sempre razão. E leva sempre a sua avante. Até em Atenas, com um governo que se considera de extrema esquerda.
Nada adiantam portanto as mentiras de Costa e Centeno. Que me parece saberem isso muito bem. Agem assim, mentindo deliberadamente, como agora veio demonstrar o citado comissário gaulês, apenas para ganhar tempo, para ir flutuando...que o governo não vai durar toda a legislatura.
Aqui pelas margens do Nabão, onde o poder está igualmente nas mãos de socialistas, acolitados pela CDU, também se mente, mas por omissão. A nova Rádio Alpiarça, divisão de contactos com a informação nabância, não se cansa de propagandear obras que afinal ninguém vê. Pior do que isso, só O MIRANTE, na sua mais recente edição, difundiu a informação dada por Anabela Freitas ao executivo em recente reunião. Disse a nossa simpática presidente que desgraçadamente (este adjectivo é meu) não vai haver financiamento europeu -os tais dinheiros europeus tão ansiados- nem para o Parque nómada, destinado a realojar a comunidade cigana do Flecheiro, nem para a requalificação do dito Espaço, nem para o complexo da Levada, onde já estão enterrados 6 milhões de euros, seis!
O Mirante não diz, e por isso também não sei, qual foi a reacção dos restantes membros do executivo autárquico, perante esta razia nas promessas da presidente. O que não me impede de formular as perguntas que me parecem pertinentes -direi mesmo indispensáveis- e que não foram (ainda?) feitas pela espécie de oposição que temos:
1 - Porque razão, até agora, só um órgão de informação sediado na Chamusca é que noticiou a referida e infausta matéria? Os outros jornalistas são cegos, surdos e mudos? Em louvor de que santo?
2 - Qual a fundamentação oficial para a recusa de financiamento para os ditos projectos? Tomar a dianteira sabe, por exemplo, que Bruxelas dispõe de fundos de milhões de euros para a melhoria das condições de vida das comunidades nómadas. Por conseguinte, não bate a bota com a perdigota. Se há fundos disponíveis, porque chumbaram o projecto tomarense?
3 - Os projectos agora chumbados foram capazmente redigidos, estruturados e argumentados por colaboradores qualificados? Quem foram esses colaboradores? Os ditos projectos não contemplados podem ser consultados, ao abrigo do direito à informação?
4 - O executivo tem a certeza de que os citados documentos foram entregues atempadamente e nos serviços correspondentes? Não terá havido casos em que se pretendeu comprar carne numa loja de moda feminina?
Lincoln disse há dois séculos que "É possível enganar alguém durante toda a vida e enganar toda a gente durante um certo tempo. Mas é impossível enganar toda a gente durante toda a vida." O povo português é ainda mais preciso: "Apanha-se mais depressa um mentiroso que um coxo." Amen!

anfrarebelo@gmail.com

terça-feira, 8 de março de 2016

Sobre o momento político local

Concluídas as eleições locais nos partidos que contam -PS e PSD- tudo como dantes, com os mesmos representantes. Mau sinal portanto. Sobretudo quando se pensa um bocadinho e se conclui que, em mais de 40 anos de democracia, os tomarenses ainda não conseguiram eleger uma única vez um presidente da câmara capaz. Houve o Murta, pela AD, que fez umas coisitas, como a iluminação do então estádio ou o Património da humanidade para o Convento. Houve bastante depois o Paiva, que fez muitas obras, a maioria asneiras de todo o tamanho. E pronto. Dos outros é melhor, mais fácil e mais confortável nem falar. Melhor, porque dá menos trabalho. Mais fácil, porque dispensa morosas pesquisas em busca de realizações inexistentes. Mais confortável enfim, porque a cidade é pequena e todos os ex-presidentes nela têm familiares e amigos...
Mais de quarenta anos de erros, portanto. Culpa exclusiva de quem vota "mal" por ignorância? Creio que não. Sobretudo culpa das direcções partidárias, que nunca apresentaram candidatos credíveis. Tiveram receio de vir a ser ultrapassadas, ou até atropeladas e esmagadas. O seguro morreu de velho!  Vai daí, os eleitores são forçados a optar não pelo melhor, mas pelo menos mau dos cavalos presentes na corrida. Por isso, temos agora o executivo municipal e a AM que temos. Tanto na maioria como na oposição. Com a câmara a ser liderada, de facto e à distância, por um eleito que faz parte da Assembleia Municipal. Lindo, não é? E com resultados brilhantes!
Tudo isto porque os nossos aprendizes políticos ainda não se terão dado conta de que os computadores e a Net vieram alterar totalmente e para sempre as regras do jogo. Dantes, bastava afastar alguém. Agora, mesmo exilado à força, qualquer um pode continuar a governar na sombra. Basta para isso dispor de um computador, da respectiva senha de acesso, e controlar o governante titular sem autonomia ideológica.
Daqui decorre, parece-me, que em Outubro de 2017, já ali adiante, corremos fortes riscos de termos direito a mais do mesmo. Sermos forçados a escolher entre vários montes de sucata, quando o lógico seria optar entre peças novas e sem defeitos. Ora sucede que, no meu entender, em termos de sucata, a actual ganha. Por três motivos principais: 1 - O eleitorado tomarense detesta a mudança. Só em último caso. 2 - Os funcionários públicos, no activo ou aposentados, com os respectivos familiares, constituem a maioria do eleitorado concelhio, e já perceberam que o PS é quem melhor os defende. 3 - As sucatas laranja anteriores foram bem piores, como todos sabemos e ainda não esquecemos. Para não falar do governo Passos Coelho e da sua detestada austeridade.
Assim sendo, ou o PSD local arranja maneira de meter o medo no roupeiro e ousa escolher quem melhor o represente, ou já perdeu sem apelo nem agravo possível. E para escolher um candidato credível, desenxovalhado e ganhador, só conheço um método eficaz e inatacável -uma eleição primária, aberta e sem ratoeiras dissimuladas. Sem isso nada feito. A derrota é certa. 

segunda-feira, 7 de março de 2016

Uma terra de costumes demasiado brandos

Somos mesmo uma terra de costumes demasiado brandos, de hábitos excessivamente macios. Quando afinal me limito a escrever num estilo directo, aqui e ali rugoso, logo me acusam pela calada de acutilância em demasia. Agora até esse bem-vindo meteoro que assina José da Silva e que ignoro quem seja, vem pedir por escrito para não o matar. Subentendido: não me desacredite, não seja violento comigo, poupe-me, em suma.
Fiquei pasmado ante semelhante prosa, ainda por cima de qualidade. Sim, porque eu procuro ter sempre o cuidado de separar a forma e o conteúdo. Coisa que, pelos vistos, José da Silva não quer entender. É lá com ele. E não vai interferir de forma alguma na minha maneira de escrever, nem no meu modo de pensar.
Há nesta prosa mais recente do excelente, mas infelizmente anónimo prosador local, um facto que me pareceu sobremaneira importante. Refere vários trechos do escrito que lhe dediquei, porém cala deliberadamente a parte referente à informação local e  ao querido Ivo Querido. Exactamente como sucedeu no acto de pirataria informática, de que fui vítima anteontem. O delinquente subtraiu dois parágrafos da minha peça que, coisa curiosa, eram exactamente sobre os falidos órgãos de comunicação locais e ... o querido amigo Ivo Querido. Ele há coisas!
Como é evidente, cada qual tem dos políticos locais as opiniões que quer (se sabe e está habituado a usar o cérebro), ou que pode (nos restantes casos, que na minha tosca opinião são de longe os mais numerosos). O que não deve, sob pena de descrédito total, é confundir bexigas de porco, mesmo cheias de ar, com lâmpadas eléctricas. Nada tenho de pessoal contra Pedro Marques, ou contra qualquer outro político nabantino. O que não me coíbe de falar claro e mijar a direito quando se trata de os apreciar politicamente. Porque sou contra os costumes demasiado brandos. Porque em democracia ninguém deve ser intocável. Nem sequer os comentadores!
Escreve José da Silva que Pedro Marques se está tornando numa referência, pois que nas reuniões camarárias todos o temem. Ó senhor José, ou lá quem é! Tenha santa paciência! Antes de mais, não é preciso muito para atemorizar aqueles nossos conterrâneos agora sentados à mesa do orçamento municipal e à mesa do executivo, por esta ordem, em quase todos os casos. Depois e sobretudo, porque o facto do ex-presidente ser eventualmente temido pelos seus pares actuais, não impede que a opinião pública tomarense o tenha já condenado definitivamente enquanto candidato à autarquia. Como de resto vêm demonstrando os sucessivos e insatisfatórios resultados eleitorais dos IpT. Pode-se não gostar. Mas é um facto. Não desmentível, que os factos são obstinados. Mesmo negados, continuam a existir e a impôr-se. O que muito incomoda os politiquelhos locais. Entre outros.

anfrarebelo@gmail.com

Fala o presidente da Universidade de Stanford - Conclusão

A prioridade são os estudantes e não o conforto dos professores.



Visto daqui de França, parecem coisas mais fáceis de realizar em Silicon Valley...
Desengane-se É muito difícil! É preciso estar sempre a lembrar que a prioridade são os estudantes e não o conforto dos professores. Mesmo se compreendo perfeitamente que não é nada fácil mudar a  maneira de ensinar. Mas o mais importante é realmente essa capacidade dos nossos estudantes para aprenderam em novos domínios que actualmente não imaginamos sequer.

Trata-se portanto de "aprender a aprender" ao longo de toda a vida...
Sem dúvida. É o maior desafio dos nossos dias. Designadamente para encontrar um emprego. No meu tempo, sabia que teria três ou quatro empregos no máximo, durante toda a minha existência. Agora os jovens pensam mais em termos de carreira linear. Projectam-se  numa grande variedade de carreiras e irão trabalhar para 10 ou 15 patrões diferentes. Vão ser obrigados a colocar-se permanentemente em questão. O mundo avança tão depressa que nós somos aliás incapazes de lhes ensinar agora aquilo que têm de saber dentro de 10 anos.

Se mesmo assim fosse incitado a designar a principal evolução para o próximo decénio, qual seria?
O big data [em português megacentros de dados]. Porque se vai transformando na ferramenta central de ajuda à decisão numa quantidade de domínios.

O acesso a esses dados de massa e pessoais faculta um poder considerável a certas empresas privadas. Que contrapoder poderá a universidade opor-lhes?
Ensinar a ética aos seus estudantes. É o que estamos a fazer desde 2014, a partir do primeiro ano. Os nossos estudantes têm aulas sobre as questões éticas ligadas às suas especializações respectivas: engenharia, informática, medicina, economia, etc. Frequentam igualmente aulas de filosofia. O mundo torna-se cada vez mais complexo e rápido. Dar-lhes acesso a uma capacidade de pensar  para adoptar as melhores decisões, é fundamental antes de exercerem o poder que será o deles quando entrarem no mundo do trabalho, onde vão ser forçados a agir em tempo real. É portanto crucial facultar-lhes antes os bons reflexos.

A Universidade a opor-se a interesses privados ultrapoderosos. Não é uma simples utopia?
Podemos lutar. Explicar. Elaborar argumentação. Dizer o que está bem e o que não está. Não sei se vamos ganhar essa batalha. Mas temos o dever de combater até ao fim.

Entrevista conduzida por Laure Belot e Emmanuel Davidenkoff
Le Monde - Economie et Entreprise, 4/3/2016, página 5
Tradução e adaptação de António Rebelo