O problema começa logo na designação. Falar de provedor do munícipe em vez de defensor do cidadão, leva a deduzir que o concelho de Tomar não passa afinal de um conjunto de casos sociais, constantemente com as mãos estendidas, aguardando esmolas da autarquia, da misericórdia, do governo, de Bruxelas ou de alhures. E realmente é praticamente essa a mentalidade dominante nesta altura. Como dizia a minha falecida e saudosa sogra, "Deus nosso senhor tem lá muito para nos dar; é preciso é saber pedir." Maneiras de ver...
Mas é bem capaz de ser necessário mudar de mentalidade, que os tempos são cada vez mais duros. E nesse caso, terá de deixar de se falar em provedor ou munícipes, substituídos com vantagem por cidadãos e respectivo defensor dos seus direitos, liberdades e garantias. Incapaz de prover esmolas, mas bom a defender os direitos de cada um.
Isto para situar a coisa. Porque estou convencido de que o PS-Tomar apenas procura entreter o eleitorado com essa treta do provedor. Assim uma espécie de ruas populares ornamentadas, que só servem para isso mesmo -para vista. A prova provada é que já lá vão dois anos após a promessa da criação de tal cargo, e até agora praticamente nada. Só conversa oca, como é habitual
Incomodada com a situação, a deputada municipal Isabel Boavida, um dos poucos eleitos que naquele órgão sabe alinhar uma dúzia de frases sem papel e sem erros de gramática ou de raciocínio, questionou a presidente sobre o prometido provedor. Como habitualmente, a presidente Anabela respondeu em estilo tarimbeiro, tipo Luis Mandanela: É preciso reunir as formações políticas para se encontrar um consenso que permita escolher e designar o provedor, disse ela em suma..
Errado, senhora presidente. Para ter alguma utilidade prática, o defensor do cidadão terá de ser credível, imparcial, eficaz e inamovível. É o mínimo. Caso contrário, não passará de mais um mono ornamental. Sucede que, sendo a situação aquilo que é, se nomeado pelas formações políticas instaladas, mesmo por unanimidade, a população deixará imediatamente de acreditar que possa ser credível e/ou imparcial. Teremos portanto nesse caso mais um inútil, todavia muito útil como propaganda para o poder instalado.
No meu tosco entendimento, só poderemos vir a ter em Tomar um defensor do cidadão com algum préstimo, se eleito em sufrágio livre e secreto com voto em urna, ainda que num escrutínio simplificado. Candidaturas livres e não partidárias. Boletim de voto em que o eleitor faz a cruz diante do nome escolhido. Apenas uma urna por freguesia, excepto na área urbana, em que haveria duas urnas além da ponte e uma aquém. Votação só das 13 às 17 horas. Contagem final, proclamação dos resultados e aclamação do vencedor nos Paços do concelho.
Basicamente é isto. Se realmente querem mesmo que haja um defensor do cidadão. Se é apenas para entreter, julgo que será melhor, mais rápido e eventualmente até mais divertido, irem fazer umas festinhas ali ao Gualdim, para ver se o pobre homem, vítima de evidente priapismo, consegue finalmente baixar aquilo...
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