Numa recente reunião do executivo (?) tomarense, os vereadores do PSD, agora já com a casa arrumada até às próximas autárquicas, lembraram-se de uma proposta apresentada à câmara para discussão e votação há um ano, mas ainda não agendada. A proposta tem por título "Portugal 2020" o que efectivamente pode induzir em erro a nossa simpática presidente. Levá-la a pensar que ainda há muito tempo para debater daqui até lá.
Fartos de estar à espera sem ditos nem modos, os laranjas resolveram interpelar Anabela Freitas sobre esse assunto. Fizeram-no pela voz de João Tenreiro. E, ao que tudo indica, ficaram abismados, enxixarados e irritados com a atitude e a resposta presidencial, ambas inesperadas. Anabela Freitas disse-lhes com ar jovial que "A proposta do "Portugal 2020" vem quando vier". Fez um largo sorriso e acrescentou "Parece o mercado, não é?"
Naturalmente, embora de forma tão camuflada quanto possível pelas boas maneiras, os dois vereadores social-democratas foram aos arames. João Tenreiro acusou a presidente de ilegalidade deliberada, que viola o disposto na Lei das Autarquias locais. Mais declarou que vão apresentar queixa junto da CADA.
Embora ignorante nestas coisas da política, como de resto em muitas outras, julgo saber que João Tenreiro se equivocou. Com efeito, a CADA é a Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos. Funciona junto da Assembleia da República, mas nada tem a ver com estas tranquibérnias autárquicas. Salvo quando os senhores autarcas autocratas se recusam a fornecer informação solicitada pelos cidadãos, violando assim o disposto na Lei 46/2007, que regulamenta o acesso à informação por parte de todos os eleitores.
No lugar do vereador Tenreiro, eu teria em vez disso pedido uma interrupção da reunião para conversar privadamente com Pedro Marques, a quem proporia o abandono daquela reunião e de todas as seguintes, até à reposição da legalidade. Com protesto exarado em acta, no início de cada uma delas. Depois, abandonaria a reunião com o companheiro de lista, entregando uma declaração para a acta. Mesmo mantendo-se Pedro Marques presente. Continuo convencido de que é assim que se faz política. Com atitudes duras e inequívocas.
Assim, perante o ocorrido, só me aparece uma teimosa pergunta conclusiva: Os Paços do Concelho, que já foram tanta coisa ao longo dos séculos, ainda continuam a ser sede do executivo concelhio? Ou estão-se transformando pouco a pouco num infantário de gente crescida?
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