Adensa-se singularmente a atmosfera política tomarense. Em poucos dias, João Tenreiro pegou-se novamente com Anabela Freitas e Pedro Marques com Bruno Graça. Tudo num ambiente crispado, mais próprio de uma vila sul-americana recente que de uma urbe europeia com mais de oito séculos de história. Lamentável. E ao que tudo indica com tendência para se agravar.
No fundo estão em causa dois problemas basilares: 1 - Nenhuma das formações representadas no executivo tomarense teve ou tem qualquer projecto político para o concelho; 2 - Conscientes de que, devido essencialmente a essa lacuna, andam afinal a marcar passo e a mastigar marmelada desde o início do mandato, sentem-se agora singularmente acossados pelo aproximar das próximas autárquicas, o que os força a tentar sacudir a água do capote e a dar nas vistas, para simular que estão a trabalhar.
O nervosismo é de tal ordem que Anabela Freitas se exalta perante qualquer simples pedido de esclarecimento, revelando assim cada vez mais a sua evidente falta de calo democrático. Pedro Marques, por sua vez, garantiu em entrevista recente e numa evidente incoerência que a sua formação vai concorrer em 2017, mas nada está ainda decidido, Quanto a João Tenreiro, ultrapassada com êxito a recente fase eleitoral interna, parece começar agora a cair na real. Admitiu há poucos dias e pela primeira vez, aos microfones da Rádio Hertz, que não será necessariamente ele o cabeça de lista laranja. Sábia atitude para quem já vai no seu terceiro mandato como dirigente máximo concelhio do seu partido. Mas uma futura alma penada, caso insista em recusar as primárias internas.
Do lado da CDU, persiste a dúvida: O que leva esta formação a manter um acordo político com um parceiro nitidamente sem vontade alguma de o respeitar? Que espera Bruno Graça conseguir com a sua insistência na coligação já praticamente defunta, agora também alvo privilegiado do escorraçado chefe de gabinete?
Agravando tal estado de coisas, não se sabe bem para honrar que santos, o vereador apêndice do PS resolveu apresentar um novo horário de funcionamento para o mercado. A título experimental, ainda por cima. Conhecendo Bruno Graça há décadas e tendo dele uma opinião muito favorável, nunca pensei que viesse a cair em semelhante esparrela. Cuidei que soubesse uma coisa basilar: o mercado é em qualquer terra, por mais modesta que seja, uma actividade tão antiga quanto a própria localidade. Não é por isso nada conveniente alterar aquilo que é tradicional. Ainda menos a título experimental. Ou estou a ver mal ou o mais sensato é deixar funcionar o costume enraizado -um horário igual e sem interrupções todos os dias da semana. Cabe depois aos vendedores decidir quando estão e quando não estão. Tudo o resto mais não será que complicar o que afinal é bem simples. Quanto mais se regulamenta menos claras se tornam as coisas. E sem clareza...
Por tudo isto, parece-me cada vez mais sombrio o futuro desta minha amada terra. Oxalá se trate apenas de excesso de pessimismo da minha parte.
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