Em menos de um mês, o PSD pela voz de João Tenreiro e os IpT pela de Pedro Marques, lastimaram-se por não serem vistos nem achados nas reuniões do executivo camarário. Resulta das suas declarações que estão lá apenas porque a legislação vigente a isso obriga. Não passam portanto de meros verbos de encher, de flagrantes inutilidades. E têm consciência disso. Neste contexto, o que os tem levado a pactuar de facto e de forma continuada com tão anómala situação? Só agora dela se deram conta? Ou são as autárquicas de 2017 que já começam a produzir efeitos nos estômagos respectivos?
Já passaram mais de dois anos sobre a posse do actual executivo e as intenções reais da sua maioria relativa foram transparentes desde o início. Com a oposição fragmentada, a simples lógica pragmática aconselhava a busca de maiorias circunstanciais. É certo que tal atitude exigiria o debate aberto, a informação completa e atempada, o respeito pelos outros e pela diferença. Tudo o que os nossos respeitáveis eleitos nunca demonstraram ter ou praticar. É triste mas é a realidade. E as coisas são o que são.
Sem esses atributos indispensáveis para governar com sucesso nos regimes democráticos, e sabendo disso implicitamente, Anabela Freitas e seus parceiros apressaram-se a contrair uma aliança com a CDU, propiciadora de águas calmas durante todo o mandato. Sem necessidade de debater, informar, ouvir ou sequer aturar os outros opositores nominais. Tanto assim foi e é que, na recente crise que culminou com o imprevisto despedimento forçado de Luis Ferreira, a CDU se veio queixar de por vezes também não ter voto na matéria, apesar do acordo subscrito. Pior ainda, Bruno Graça escreveu e não foi desmentido que a presidente marcava reuniões que depois nunca se realizavam. O que vem confirmar a natureza autocrática da minimaioria PS. Sem argumentos, sem estaleca e sem soluções, preferem o facto consumado, o quero posso e mando à moda antiga, anterior ao 25 de Abril. Prática que perdura sem grandes solavancos porque toda a oposição local, incluindo a CDU lhes tem aparado os sucessivos golpes.
Mas quando, durante a próxima campanha eleitoral, alguns eleitores mais afoitos perguntarem aos candidatos PSD/IpT/CDU o que estiveram a fazer no executivo e na AM e para que serviu afinal votar neles, vão naturalmente jurar que sempre estiveram contra a evidente autocracia do PS local. As circunstâncias é que nunca ajudaram. Como de resto vem acontecendo em Tomar desde 74.
De resto, quem é que alguma vez disse que há neste triste e soturno vale do Nabão uma enraizada cultura democrática? Quem foi?
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