terça-feira, 31 de agosto de 2021

Imagem Tomar na rede, com os nossos agradecimentos

 Política local/Autarquia/ Eventos

Aquilo não foi feito para isso

Noticia o Tomar na rede que já começaram a montar o palco para o concerto dos Quinta do Bill, previsto para a noite do próximo dia 4: 
https://tomarnarede.pt/cultura/palco-para-os-quinta-do-bill-ja-esta-a-ser-montado-na-varzea-grande/
Cumpre desejar boa sorte aos artistas, que merecem, porque são profissionais competentes e músicos brilhantes. Oxalá a meteorologia colabore, como parece ser o caso.  O IPMA prevê alguns aguaceiros nos dias anteriores, e temperaturas diurnas a ultrapassar ligeiramente os trinta graus. Uma noite serena, portanto.
Se, em vez de tal acalmia estival, houvesse dias bastante quentes, os admiradores do Quinta dos Bill dar-se-iam conta que a Câmara errou novamente, ao indicar aquele largo para o concerto. Percebe-se porque o fez. É cada vez mais evidente que se tratou de obras mal planeadas, tipo esbanjar dinheiro só para ornamentar, pelo que é natural que quem as aprovou tente agora, a todo o custo, recuperar algum crédito pessoal. Donde a ideia de haver ali um concerto, para tentar demonstrar que a Várzea também pode servir para isso mesmo -eventos culturais. Trata-se de mais um erro crasso. Aquilo não foi feito para isso. Foi só para enfeitar.
A Várzea, o multi-secular rossio e campo da feira, agora já nem para concertos serve. Toda lajeada, de inverno é demasiado fria e desabrigada. De verão, pelo contrário, as lajes acumulam o calor proveniente dos raios solares ao longo do dia, difundindo-o durante a noite por reverberação, o que se torna bastante desconfortável para quem tenha de estar ali sentado durante algum tempo. Qualquer cidadão que, como o autor destas linhas, já tenha vivido em apartamentos aquecidos pelo pavimento (sistema que entretanto já foi abandonado), sabe do que se está a falar. Uma desagradável impressão de alta temperatura, primeiro nos pés, depois nas pernas.
No caso, poderia até ajudar o calor humano ambiente, mas os briosos músicos não necessitam de tal circunstância. Fica portanto a constatação de mais um erro, (que só não é grave porque o tempo ajuda), e as perguntas inevitáveis: Porque não marcaram o concerto para o ex-estádio, nitidamente mais apropriado sob todos os pontos de vista? Foi para proteger a relva sintética? Mas a ser esse o caso, porque não têm tido a mesma cautela com o agora vandalizado Mouchão? Não é também património do povo do concelho?

 


Informação/ Qualidade de vida/ Emigração


Uma selecção matinal 
de notícias da minha querida terra

Prosseguindo na busca de causas para a fuga da população tomarense, lançou-se a hipótese de haver alguma relação com a qualidade de vida (ou a falta dela). Uma das maneiras de inquirir do dinamismo local, e portanto do ritmo e da qualidade de vida, parece ser a leitura atenta dos órgãos locais de informação. Para tentar perceber o que se passa, o que se noticia e o que se cala, deliberadamente ou não.
Às 6 horas da manhã de 31 de Agosto de 2021, pelo horário de Brasília, ou seja menos 4 horas que em Lisboa, iniciou-se a consulta aos vários suportes informativos locais existentes na net, que terminou meia hora mais tarde.
Em cada um desses órgãos tomou-se nota das cinco principais notícias do dia, bem como da publicidade anexa. Eis os resultados, algo surpreendentes:

O TEMPLÁRIO online, 31/08/2021, às 06h10, hora de Brasília (10H10 Lisboa)

1 - "Reclusão" de autores tomarenses no Convento de Cristo
2 - Torres Novas promove caminhada nas ruínas romanas
3 - Novos especialistas no Hospital de Tomar
4 - Asseiceira e S. Pedro já têm de novo médico de família
5 - Sertã - Vem aí a primeira edição do Rali histórico Vila da Sertã

PUBLICIDADE- Tomar cultura viva-Câmara Municipal de Tomar

Cidade de Tomar online, 31/08/2021, às 06h15, hora de Brasília

1 - Valorização da margem do rio a seguir ao mercado 
2 - Festas em honra de Nª Sª da Piedade
3 - Horário alargado no balcão único da Câmara
4 - Incêndio destrói contentor de lixo em Alverangel
5 - Campanha de identificação de cães e gatos em Tomar

Publicidade -  ALDI - Supermercados

O MIRANTE online, 31/08/2021, 06h20, hora de Brasília

1 - Jogadores do vilafranquense no hospital em situação estável
2 -  António Ribeiro Teles recupera em casa de colhida grave
3 - Requalificação do castelo de Ourém não agrada a todos
4 - Porto de Mós com portal para facilitar ligações com entidades
5 - Politécnico de Viana do Castelo vai distribuir 10 mil garrafas reutilizáveis

Publicidade - OPTO - Por uma nova forma de ver a SIC

RÁDIO HERTZ 92-98 online, 31/08/2021, 06H25, hora de Brasília

1 - Visite o museu de Constância
2 - Torres Novas - Exposição prolongada
3 - Mação - Concelho recebe exposição
4 - Ourém - Saudades do sabor
5 - Reabilitação de ruas em Caxarias - Ourém

Publicidade - Tomar cultura viva - Câmara municipal de Tomar

Tomar na rede, 31/08/2021, 06h30, hora de Brasília

1 - Ninho de vespa asiática às portas da cidade
2 - Crianças atiram pedras para carros na A1
3 - Novo padre de Tomar entrevistado na TVI
4 - Multados por estacionamento junto a S. Gregório
5 - Polícia no bairro Srª dos Anjos devido a barulho e desacatos

Publicidade - Fortaleza liquida carros usados até 70% off - Stand de Parangaba

CONCLUSÃO PROVISÓRIA

Tenho viagem marcada para Lisboa, a tempo de poder ir votar. Perante tais notícias da minha terra e como me exigem teste PCR à ida e no regresso, duas declarações cadastrais e 14 dias de quarentena, não sei se vale a pena. 
Se não for, sempre poupo 810 euros/passageiro. E haverá eleitos na minha querida terra, mesmo sem o meu voto
Vou continuar a cogitar.

segunda-feira, 30 de agosto de 2021

 

Imagem Rádio Hertz, com os nossos agradecimentos

Gestão municipal

Rapsódia de arestas que ainda falta limar

Que maravilha! Após um curto período de vacas magras, se assim se pode escrever, que obrigou a crónicas praticamente monotemáticas, chegou de novo a fartura. De tal forma que vai sair uma rapsódia, embora não musical, mas abusando da conhecida expressão do vice-presidente da edilidade, que usa sempre a frase "falta ainda limar umas arestas...", quando esclarece qualquer processo em curso.

Rotunda da ARAL? Lá para 2025, talvez

Fiel ao seu hábito, e confirmando a sua excelente oralidade, Anabela Freitas ameaça recorrer a expropriação, para se poder instalar finalmente a rotunda da ARAL. Depois das eleições, bem entendido. Há ainda pelo menos duas aborrecidas arestas para limar: a mencionada expropriação e o plano de pormenor.
Pergunta inocente: Quem mandou fazer e quem fez o plano de pormenor da zona, não sabia já que era praticamente inevitável uma rotunda naquele cruzamento? Calhando, a verdade actual ainda não é a verdade toda.

Tal como se previa, quem semeia ventos...

No Bairro da Senhora dos Anjos parece haver igualmente algumas arestas para limar:https://tomarnarede.pt/sociedade/policia-chamada-ao-bairro-na-sra-dos-anjos-por-causa-de-barulho-e-desacatos/
Se dúvidas houvesse, aqui está a confirmação: o realojamento pela autarquia da população do Flecheiro pode considerar-se um sucesso. Falta apenas limar umas arestas, como por exemplo ensinar àquelas pessoas a respeitar os vizinhos, e puni-las sempre e quando não cumpram a lei. Quando isso vier a acontecer, fica a PSP muito mais descansada. Evita de andar cá e lá, respondendo aos apelos dos outros moradores, que não deixarão de agradecer à Câmara, nas eleições de 26 de Setembro, estou convencido, o facto de lhes terem arranjado novos vizinhos tão conviviais, numa altura de fuga da população. Para que conste, a maioria socialista julga que resolveu o problema do Flecheiro, mas na realidade multiplicou-o, como a seu tempo se verá sem margem para dúvidas.

LIberdade de pensamento e de informação

Um detalhe curioso. Só o Tomar na rede é que publicou até agora a notícia dos novos desacatos no citado bairro. Os outros órgãos de informação locais parece terem voltado ao tempo anterior ao 25 de Abril. Os seus jornalistas podem pensar aquilo que quiserem sobre a autarquia. Não podem é publicar. É mais uma aresta que falta limar: Conseguir tolerância suficiente para que cada um possa pensar E PUBLICAR o que lhe aprouver, sem medo de represálias.
Por falar em publicar, esperava-se que a srª presidente cumprisse o prometido e mostrasse finalmente os documentos de compra e venda do convento de Santa Iria, durante a reunião do executivo, mas parece que temos de continuar aguardando. Decerto falta ainda limar algumas arestas. O costume.

Coisa raramente vista: Alguns habitantes tomarenses protestaram

Outra notícia para meditar, com um sorriso benevolente é esta:
Como bem verá quem compreenda um pouco a terra e o país em que vive, é uma situação algo insólita, ainda com várias arestas para limar. Desde logo o respeito dos autarcas pelo Estado de direito e pelas suas leis. No caso, a Câmara tem autoridade para transformar em zona exclusivamente pedonal o conjunto de artérias que entender, estando porém juridicamente obrigada a acrescentar a qualquer sinal de interdição a indicação "excepto para moradores e cargas e descargas".
Com efeito, um dos direitos fundamentais de qualquer cidadão é o de poder "ir e vir sem qualquer impedimento, em todo o espaço público nacional, a pé, a cavalo ou motorizado". Donde resulta ser ilegal, e sem remissão possível, impedi-lo de aceder à porta da sua residência ou dela sair, como melhor entender. A pé, a cavalo ou motorizado. Não pode é estacionar, para além do tempo necessário para entrar, sair, ou colocar o carro na garagem, se existir.
Não teria portanto havido arestas para limar, nem protesto dos moradores, se eleitos e eleitores conhecessem minimamente os seus direitos fundamentais. De resto, os reclamantes até podem chegar a casa de carro, mesmo com a Rua direita fechada ao trânsito. Basta entrar pela Rua do Pé da Costa e cortar à direita na quarta artéria, que é justamente a Aurora Macedo, onde o escriba deste alinhavado tem a sua residência fiscal.
Andam a caminhar ao lado dos sapatos, ou quê?

Antes e depois das obras


 Informação local/Autárquicas 2021


PROCURANDO ESCLARECER 
QUEM QUEIRA SER ESCLARECIDO

Um escrito, aqui chegado após mais de oito mil quilómetros de viagem, porque veio da Europa, mas não de Portugal, alertava para a pouca clareza da frase "Tendência para confundir toalhas de linho com panos de cozinha", que integra a crónica anterior. Agradecendo o reparo, passa-se a tentar esclarecer quem queira ser esclarecido.
Como decerto todos perceberam, tanto as toalhas como os panos de cozinha têm a mesma utilidade. Servem para limpar. As toalhas para limpar o corpo ou parte dele, bem como para proteger/adornar mesas e altares. Os panos de cozinha para limpar a loiça, a bancada ou as mãos. Tanto as toalhas como os panos de cozinha são regra geral de tecido, apenas se distinguindo pela qualidade do mesmo. Algodão "turco" ou linho para as toalhas, algodão simples para os panos de cozinha. Há também toalhas e panos de cozinha em tecido sintético, porém de qualidade inferior, porque menos absorventes e menos macios. A alusão às toalhas de linho pretende realçar a raridade e qualidade de algo que existe cada vez menos, de tal forma que agora já só se usam nas grandes casas nobres, ou nos altares das igrejas.
No caso em epígrafe, não se trata contudo de frase em sentido literal, mas sim figurado. As tais toalhas de linho e os ditos panos de cozinha representam dois tipos de crítica, dois estilos de escrita, dois modos de estar, duas maneiras de participar na vida local.
Indo ao que parece essencial, e pedindo desculpa pela evidente falta de modéstia, a grande divisão local, aos olhos de quem escreve estas linhas, situa-se entre os escritos de Tomar a dianteira 3 por um lado, e todos os outros por outro lado. Linho ou algodão turco versus algodão corrente.
Não se trata de dividir consoante a qualidade em sentido lato. Apenas de procurar evitar confusões. Com efeito, os textos de Tomar a dianteira 3 são escritos de forma totalmente livre, sem qualquer condicionamento exterior e tendo como único objectivo aquilo que se julgam ser os interesses dos tomarenses, da sua cidade e do seu concelho.
Poderão ter pouca ou até nenhuma qualidade. São contudo sinceros, objectivos e não remunerados. O autor nada ganha ou pretende ganhar aos escrevê-los, para além da imagem que um dia de si possa ficar. A tal memória futura.
Será por conseguinte de uma flagrante falta de justiça comparar tais crónicas, por muito desagradáveis que possam ser para alguns ou muitos, com os escritos dos outros suportes informativos locais. Isto porque, como bem sabemos, ao contrário deste blogue, que não precisa de tentar formar ou informar para coisa nenhuma, pois quem escreve já não está em idade de enveredar pela carreira política, os outros media vivem todos às sopas. Dos leitores, mas sobretudo dos poderes instalados, que lhes pagam. Directamente ou por baixo da mesa. E quem paga quer obediência, subserviência.
Donde resulta uma situação duplamente constrangedora. Jornalistas ou simples amadores sem carteira, além de não se sentirem em condições de escrever sempre aquilo que pensam, porque precisam do ordenado ou da avença, são além disso forçados pelas circunstâncias a publicar a versão das coisas indicada pelos detentores do poder.
Nos tempos que correm tudo isto parece ser normal, de tal modo que os políticos no poleiro não hesitam em passar à fase seguinte, tentar que os eleitores, a tal opinião pública que ainda lê, confunda informação livre e crítica isenta com jornalismo às ordens.
Apesar deste já ir longo, acrescenta-se um exemplo elucidativo: As desastradas obras da Várzea grande. Um sucesso, segundo o jornalismo às ordens, amparado essencialmente em duas fontes: a presidente da Câmara e declarações de um ex-encarregado da autarquia, agora aposentado. Ambos consideram que ficou muito bonito e está muito melhor do que antes, quando havia buracos por todo o lado.
Sucede que se trata de uma visão demasiado redutora. O problema dos buracos e do piso, resolvia-se com a implantação de um parque de estacionamento subterrâneo, seguido da proibição de estacionar à superfície e do arranjo do piso, que podia continuar a ser de saibro, como no Mouchão, por exemplo, pois são os veículos que provocam os buracos.
Salvavam-se assim o tradicional campo da feira, os lugares de estacionamento, os sanitários e algumas árvores de grande porte. Agora, rezem-lhes por alma.
Tomarenses! Por favor não confundam. Respeitem o nosso berço comum, a nossa querida Tomar. Não se deixem aldrabar pelos novos vendilhões do templo.
Todos precisamos de viver, mas há um limite mínimo chamado decência. Sem informação livre, não pode haver democracia com qualidade. Em Tomar nesta altura estamos como se vê, sem óculos ideológicos.

domingo, 29 de agosto de 2021



Maioria PS/Política local/Autárquicas 2021

CRÍTICA POLÍTICA E QUESTÕES PESSOAIS

Um leitor  enviou um comentário, logo publicado, no qual afirma que tenho questões pessoais com o PS. Trata-se obviamente de uma confusão analítica, que corresponde, segundo sei, ao que dizem e mandam dizer os dirigentes socialistas locais. Ainda que possa tratar-se de um honesto ponto de vista, sem qualquer relação com a propaganda socialista, é meu entendimento que importa tentar esclarecer semelhante equívoco.
Julgo não ser necessário um espírito muito aguçado para ver quais têm sido e são os três eixos da estratégia de comunicação da maioria PS. Quando são atacados com factos indesmentíveis e documentados, ou com simples opiniões divergentes,  adoptam uma de três posições:

1 - Procuram desacreditar a oposição, com a corriqueira frase, "os outros não são melhores nem fazem diferente".
2 - Tentam fulanizar imediatamente a questão, alegando tratar-se de ataques pessoais e de simples inveja.
3 - Pagam a quase toda a informação local, para não publicar tais críticas e/ou opiniões divergentes. Há vários exemplos documentados.

Em relação ao ponto 1, a oposição foi-se pondo a jeito e agora o mal já está feito, sendo praticamente sem remédio. Apenas se pode denunciar e lamentar.
Sobre o ponto dois, é a política rasteira, ao nível da peixeirada. Incapacidade analítica para conseguir separar o político do pessoal. Tal como para distinguir o essencial do acessório na gestão autárquica. Com tendência para confundir toalhas de linho com panos de cozinha.
Quanto ao ponto 3, nem é preciso argumentar, visto que não se trata de uma alegação, mas de simples constatação.
Num tal contexto, compreende-se que possa haver alguma confusão entre crítica política e má língua ou ataque pessoal. Com efeito, sempre que nestas colunas se denunciam situações que se julgam incorrectas, ou se opina contra a corrente, os visados, membros da maioria PS, em vez de procurarem esclarecer os assuntos, resvalam logo para o ataque pessoal, ainda por cima de fraco quilate: -"Quem é que escreveu isso? Esse gajo é um ordinário, um invejoso, que só sabe dizer mal e critica tudo."
Querem um exemplo concreto? A rua onde tenho a minha residência há mais de 40 anos é uma autêntica vergonha. Há roturas demasiado frequentes, sarjetas antigas que deixaram de ser desinfectadas, uma rede de água que data de 1937 e um colector único de esgoto, modelo três lajes, que data da idade média. Há também ratazanas durante todo o ano, e mau cheiro, sobretudo no verão. Tudo isto, que não é nada pouco nem pessoal, a menos de cem metros dos Paços do concelho.
Há anos que venho denunciando tal situação. O melhor que já consegui foi um esclarecimento dos então SMAS, garantindo que estão previstas obras de modernização, quando houver verba disponível.
Face a tudo isto, se puderem, perguntem aos membros da actual maioria, que entretanto até já conseguiram verba para aquela coisa atrás dos bombeiros, cuja viabilidade está por demonstrar, o que têm a dizer sobre o assunto.
Vão decerto ouvir que se trata de uma questão pessoal, porque isso agora depende da Tejo Ambiente e naquela rua até vive muito pouca gente. "É o gajo a embirrar com a gente". 
Assim se chega ao pretendido. Demonstrar que, para os membros da maioria autárquica PS, qualquer crítica à sua actuação é sempre considerada um ataque pessoal, porque eles já antes fizeram o possível para que tal não possa acontecer, avençando, intimidando, retaliando, directa ou indirectamente, toda a informação local. Basta comparar com os órgãos de outras regiões, para disso ficar ciente.
Em conclusão, quem ler estas linhas fica a saber, se conseguir e quiser ter a amabilidade de entender e reter: Aqui não se criticam pessoas, mas actuações políticas de gente eleita e paga com os impostos de todos nós. Os senhores provisórios do poder é que confundem, porque lhes convém, críticas exclusivamente políticas com ataques pessoais. Tentam armar-se em vítimas, é o que é. À falta de melhor.

 

Imagem Tomar na rede, com os nossos agradecimentos

Política local/População/Emigração

DEMOGRAFIA: UM PROBLEMA DO DEMO

Há pois foi! A publicação dos resultados dos CENSOS na altura em que foi feita, constituiu para os autarcas um problema do Demo, que o mesmo é dizer do Diabo. Porque não é mesmo nada fácil sacudir a água do capote a esse respeito, e estamos em plena pré-campanha eleitoral. Que responder, quando a pergunta é "Mas a população está a votar com os pés porquê?"
Assim à primeira vista, a responsabilidade pelo rombo populacional em Portugal só pode ser do governo, e não das autarquias. Todavia, pensando um bocadinho mais, conclui-se que não será bem assim. Se fosse, a sangria seria semelhante em todo o país. E não é. Longe disso.
Havendo uma fuga generalizada do interior para a faixa costeira, as taxas de migração são ainda assim bem diferenciadas, tanto na costa como no interior. Há em ambos os territórios concelhos que encolhem mais do que outros, bem como, mais raramente, alguns que crescem mais do que outros.
Donde parece resultar que, muito dependendo do governo, cada autarquia tem também grandes responsabilidades na fixação de população. O problema é que, por manifesta falta de adequada preparação académica, a maior parte dos eleitos se recusa a ir por aí. É muito mais fácil desculpar-se,  tentar sacudir a água do capote, culpar os outros.
Vejamos mais em detalhe os três concelhos da nossa região que mais população perderam nos últimos 10 anos: Chamusca (menos 14,7%, Abrantes menos 12,5% e Tomar menos 10,4%). Abrantes tem sido dirigido pelo PS nos últimos 20 anos, Chamusca e Tomar só desde 2013.
Deixando de lado o caso da Chamusca, por se tratar de concelho mais pequeno e mais agrícola, centremo-nos em Abrantes e Tomar. Antes do 25 de Abril eram dois concelhos importantes. Abrantes com o Regimento de infantaria 2 e os centros industriais de Tramagal e Alferrarede. Tomar com o Quartel general, o Regimento de infantaria 15, o Hospital militar, a fábrica de fiação e três fábricas de papel.
Essa base económica militar e industrial segurou a população, acolhendo mesmo migrantes da Beira alta e da Beira baixa, que optaram pelo país, em vez da emigração "a salto" para França.
Em contrapartida, Ourém não tinha por essa época nem estrutura industrial, nem guarnição militar, nem adequada cobertura escolar. Prevaleceu assim a emigração em massa para França. De tal forma que, mesmo meio século mais tarde, ainda se diz na brincadeira, em Espite, Formigais ou Caxarias, por exemplo, que durante o verão, em cada dois carros três são de matrícula francesa. Emigrantes em férias na terrinha.
Explica-se assim que Ourém tenha perdido menos de 5% da população nos últimos 10 anos, contra 10,4% em Tomar.. Há muitos emigrantes que regressaram e montaram os seus negócios, bem como outros que estão recenseados, mas na realidade andam lá e cá.
Mas o problema de Tomar é duplo. Por um lado, aceita-se pacificamente o desaparecimento dos militares e das fábricas, sem que alguém se preocupe em procurar saber porquê. Por outro lado, os sucessivos autarcas nunca se preocuparam com essa aborrecida questão da demografia. Ainda hoje, quando confrontados com a evidente fuga da população, alegam que se deve à falta de emprego e à falta de alojamento abordável. Será mesmo? Em que se baseiam, para chegar a tais conclusões? Onde estão os estudos que confirmem tais opiniões?
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, escreveu Camões, mas há realidades que se mantêm teimosamente. Quando eu era novo, pessoas amigas, bem inseridas na sociedade tomarense, foram me dizendo, quando regressei de França, " És de Tomar, por isso toma cautela. Esta terra sempre foi madrinha para os fora e madrasta para os seus filhos".
Já passaram 50 anos e sinto que continua a ser assim. Por isso me divirto quando leio ou oiço autarcas, acossados pelos dados dos Censos, proclamar que pretendem "atrair população". Cuidar da que já cá está, pelos vistos não é preciso. "Vão lá votando e aguentem-se", é o que parecem pensar. Quando muito vão oferecendo uns eventos, umas comezainas, sobretudo em anos eleitorais. Para amainar. O pior é o custo de vida que vai aumentando a olhos vistos. Ao invés da qualidade de vida, que vai baixando.
Com gente assim, está-se mesmo a ver que, não tarda nada, resolvemos a crise. O último  a sair que apague a luz e feche a porta.

sábado, 28 de agosto de 2021

 


Política local/Autárquicas 2021 

PENSAR EM TOMAR ANTES DE VOTAR

Aquele comentário com o "voto sentimental no PS", bem como a opinião segundo a qual os socialistas são favoritos,  porque as obras da Várzea e da Nun'Álvares caíram bem, são de forma escancarada produto da máquina de propaganda do PS. É natural e nada tem de criticável. Cada formação política procura vender a sua mercadoria como melhor sabe e pode. E o PS pode cada vez mais. Nomeadamente no vale nabantino.
Recomendo que em Tomar evitem votar PS para a Câmara, não por qualquer inimizade pessoal, ou compromisso com outra força política, mas tão só por divergir da política local que têm seguido, procurando na medida do possível evitar o agravamento da já dramática situação nabantina.
Sim, situação dramática. Porque, apesar de todas as tentativas para disfarçar, um concelho que vem perdendo população ao ritmo de um por cento ao ano, nos últimos dez anos, não pode ser considerado um município isento de problemas. Urge portanto agir para os resolver. E o primeiro passo nesse sentido deve ser o reconhecimento das culpas no cartório por parte dos responsáveis.
Justamente o que a maioria PS tomarense se recusa obstinadamente a fazer. Pelo contrário. Insistem por todos os meios, incluindo a compra de opiniões a publicar, que as obras da Várzea e da Nun'Álvares são um grande sucesso; as obras atrás dos bombeiros são um sucesso; as novas obras da Levada são um sucesso; o encerramento do parque de campismo foi um sucesso; a criação da Tejo Ambiente está a ser um sucesso; e por aí adiante.
Para que não repitam em vão que se trata apenas de má vontade e espírito de retaliação de quem escreve estas linhas, seguem três excertos da mais recente crónica de Santana-Maia Leonardo, publicada n'O Mirante online em 27/08/2021, e intitulada Os Marqueses de Pombal. Neste caso, marqueses de Tomar.
"Portugal está ao nível de um pequeno comerciante, cheio de dívidas e com poucos rendimentos. Não é pois altura de continuar a alimentar sonhos de grandeza, lançando obras megalómanas que não temos dinheiro para pagar."
Seguem alguns exemplos, elencados pelo autor citado, que não se referindo especificamente a Tomar, assentam que nem uma luva na maioria PS nabantina, que infelizmente não está habituada a usar esse adorno:
"Os nossos governantes e presidentes de câmara olham para os fundos europeus com a mesma mentalidade do povinho que os elegeu. Se um português entrar num hipermercado e vir sacas de ração para cães com uma promoção de 80% de desconto, compra as sacas todas, convencido de que fez um excelente negócio. Mesmo que não tenha nenhum cão."
... ... ...
"Porque os custos das obras, ao contrário do que muito idiota pensa, não se esgotam com a sua realização. É necessário depois ter dinheiro para a sua manutenção, conservação e modernização.
Além disso, é bom não esquecer que até a melhor auto-estrada só é investimento se tiver fluxo de trânsito que o justifique. Caso contrário é só despesa."
Onde estão os recursos para a manutenção das obras camarárias supracitadas? E para pôr a funcionar aquela coisa atrás dos bombeiros e o complexo da Levada, incluindo a nova construção de 2 milhões de euros?
Por tudo isto, ao não reconhecerem que estão atascados em erros até ao pescoço, se os socialistas locais conseguirem mesmo assim vencer em Setembro, será a pior coisa que pode acontecer a Tomar. Porque, uma vez mais vencedores, vão clamar que afinal fizeram tudo bem, como prova o resultado das urnas, pelo que vão insistir "no rumo certo". E continuar a asneirar até que der, com os inerentes prejuízos para os bolsos dos contribuintes e investidores. Quanto mais despesa pública, menos hipóteses de desenvolvimento. O muro de Berlim não caiu, e os países do leste europeu não implodiram no século passado, por mero acaso. Foi a economia, camaradas! Como agora em Tomar.
Peço por isso encarecidamente aos meus conterrâneos que pensem um bocadinho no futuro de Tomar, que o mesmo é dizer dos seus filhos e netos, antes de em Setembro fazerem a cruzinha no papel.

sexta-feira, 27 de agosto de 2021

 

Imagem copiada de Tomar na rede, com os nossos agradecimentos

Autárquicas 2021

ALGUNS TIPOS DE VOTO

Conforme os pacientes leitores de Tomar a dianteira tiveram oportunidade de ler aqui: https://www.blogger.com/blog/comments/3096768341114302037 "O povo de Tomar vota com o coração e não com a razão, e o PS é favorito." Trata-se por conseguinte de uma paixão, cujo ente querido é o PS. Ou qualquer outro partido que esteja no poder, supõe-se. Já antes do 25 de Abril assim era. Só não havia as eleições livres. Entre outras coisas já esquecidas.
É uma opinião tão plausível e respeitável quanto qualquer outra, que introduz no paupérrimo debate pré-eleitoral nabantino a tipificação dos votos. Quem está longe, como o autor destas linhas, e não morre de amores pela política destes socialistas locais, tinha e tem uma outra ideia, agora até com respaldo oficial.
De acordo com os Censos do INE, nos últimos dez anos, 10,4% dos tomarenses resolveram votar com os pés e não com o coração. Foram votar para outros lados, decerto com melhor qualidade de vida, embora sem aquele regime tão querido "eventos, festarolas, passeios, feijoadas e palmadas nas costas", tudo à borla. Praticaram assim o chamado voto com os pés, ou voto pedestre. Como os africanos que procuram chegar à Europa. Ou os latino-americanos aos Estados Unidos. Porque será?
Sejamos justos. Terão sido um pouco menos os recalcitrantes. Alguns, infelizmente, não conseguiram da lei da morte libertar-se, para usar fraseado camoneano, que fica sempre bem. Dá uma uma ideia de vasta cultura.
Para além dos votos queridos, ou apaixonados, e dos sufrágios pedestres, há em Tomar, e por esse país fora, alguns outros tipos bem diferenciados. Um deles é o chamado voto interesseiro, alimentar ou de gamela, que dispensa mais considerações e tem muitos praticantes entre os nabantinos. Basta pensar que um em cada 60 eleitores é funcionário municipal. Melhor, se assim se pode escrever, só no Alentejo profundo. Pode até muito bem tratar-se do tal voto querido, de quem vota com o coração, porque precisão e medo a quanto obrigam. "Ele é um bocado bruto e trata-me mal, mas é o pai do meu filho e traz dinheiro para casa." Simples analogia, uma figura de estilo que por vezes dá muito jeito.
Não se pretende com isto dizer que não haja votos ditados pela paixão límpida. Infelizmente há. De certeza. Quando por exemplo o MRPP, um partido maoista-estalinista, aparece nas listas eleitorais, recolhe sempre umas centenas de votos. Apesar do seu próprio fundador, Arnaldo Matos, ter declarado em tempos e publicamente que "Isto é tudo um putedo." Há portanto votos ditados pela paixão contrariada.
Uma vez que, numa assinalável atitude de respeito pelo património e pelas tradições, ainda se pratica em Portugal o voto em papel, a introduzir em urna preta, seria até possível o chamado voto higiénico, não fora o caso de o papel ser pequeno e demasiado espesso.
O escrevente pede desculpa pela inconveniência mal cheirosa, e faz suas as palavras do saudoso Leonel Carvalhais, o nosso em tempos querido Néné Cebola, sempre que entrava no café Paraíso, para cravar uns patacos: "VIVA A REPÚBLICA! (Seus bandalhos!)" Ou seja, "VIVA A REPÚBLICA! " em alta voz, e "Seus bandalhos!" apenas num murmúrio, porque, lá está, precisão a quanto obrigavas. Ninguém gosta de ser enxovalhado. Sobretudo quando a ofensa até se justifica.

 


Política local/Autárquicas 2021

A ilusão (e a manha) de quem está no poder

Li no mesmo dia dois comentários, da autoria de simpatizantes socialistas, prevendo "uma vitória gorda para o PS" um deles e "quatro eleitos PS" o outro. Respeito as opiniões alheias, sobretudo neste caso, pois os comentários estão muito bem redigidos e um deles é até subscrito pelo meu bom amigo e conterrâneo, o conhecido jornalista e viagista António Freitas.
Dito isto, ignoro em que dados se basearam, para além dos textos e conversas promocionais do próprio PS. Não tem mal algum. Apenas revela a tendência para confundir o desejo com a realidade. "Votar com o coração", como é dito num dos citados comentários.
É uma situação muito comum, o triunfalismo balofo (e a manha) de quem ocupa o poder. Em 2013, por exemplo, o cabeça de lista laranja, que acumulava com a presidência herdada da edilidade, também garantia que ia vencer "porque tinha os presidentes de junta na mão". Contados os votos, perdeu por menos de 300, mas perdeu e não voltou a apresentar-se.
Oito anos decorridos, estamos praticamente na mesma. "Vitória gorda do PS"? "O PS está muito forte"? Simples conversa promocional, que pode ou não resultar. A priori, tem poucas hipóteses. Anabela Freitas é muito simpática, boa oradora, insuspeita de corrupção, e fez tudo o que era  possível para comprar votos, mas arrasta consigo também uma longa série de insucessos, de falhanços, de meias verdades e de aversão à crítica e ao diálogo. Os tomarenses estão atentos, embora nem sempre pareça.
Em relação a 2017 muita coisa mudou. Há agora menos 820 eleitores no concelho, um elefante na sala, chamado fuga da população, que atingiu 10,4% nos últimos dez anos, menos 2.496 eleitores inscritos no primeiro mandato PS, e sete formações concorrentes. Nestas novas condições, que poderá vir a acontecer?
A julgar pelo ocorrido no passado, dos 34.031 inscritos, abstenção + votos brancos + votos nulos devem representar sensivemente metade. Restam 17 mil votos válidos. Ao contrário de 2017, em que o CDS e o PTP obtiveram menos de mil votos em conjunto, desta vez não se vislumbra que tal possa vir a acontecer. Até mesmo o VOLT, que é estreante mas com gente dinâmica e muito sabedora no uso da NET.
Procurando ser justo e equitativo, atribuo à partida mil votos a cada candidatura e depois mais mil votos às quatro formações que me parecem com hipóteses de os conseguir (PS, PSD, CHEGA, CDS). Temos assim que, feita a primeira atribuição, restam 10 mil votos. Efectuada a segunda sobram apenas 6 mil votos. O que dá nisto, faltando atribuir os 6 mil votos finais.
PS >     2.000
PSD >  2.000
CDS >  2.000
CHEGA > 2 .000
BE > 1.000
CDU > 1.000
VOLT > 1.000
Mesmo que os totais atribuídos ao CDS e ao Chega possam estar empolados, são compensados pelos do BE e da CDU, que estão subavaliados. Tanto uma formação como a outra já obtiveram anteriormente bastante mais de mil votos no concelho.
Dividindo por dois os 6 mil votos ainda por atribuir, teremos o PS com um total de 5.000 votos e o PSD com outros 5.000. Onde é que está a possibilidade do tal "resultado gordo"? Onde é que cabem os 4 vereadores socialistas?
Recordo que em 2017 o PS averbou 7.972 votos, e o PSD, com um candidato de recurso, pois o inicial falecera entretanto, 6.817 votos. Uma diferença de apenas 1.155 sufrágios. Apesar do convénio de última hora entre o PS e os eutanasiados IpT.
No estado actual das coisas, a um mês da ida às urnas, mesmo com um PSD muito fraquinho,  parece-me que os socialistas que também são crentes, o melhor que têm a fazer é deslocar-se a uma cidade próxima, onde há uma capelinha com uma azinheira ao lado, e rezar...

quarta-feira, 25 de agosto de 2021

 


Economia/Emprego/Fuga da população


Há muita falta de mão de obra qualificada por essa Europa fora

Estamos em pré-campanha eleitoral, bem sei, mas o que me apoquenta mesmo é a perda de 10,4% da população na minha querida terra, nos últimos dez anos. Continuo portanto a procurar as causas de tal fenómeno, cuja gravidade dispensa comentários. No LE MONDE online de hoje, encontrei vasta matéria para reflexão, que não traduzo por ser demasiado longa e enfadonha para o leitor comum. Quem conseguir ler francês de forma escorreita, pode tentar ler aqui:
https://www.lemonde.fr/economie/article/2021/08/25/logistique-hotellerie-batiment-a-travers-l-europe-la-grande-penurie-de-main-d-uvre_6092263_3234.html
Os outros vão ter de se contentar com apenas duas ou três citações e uma conclusão de Tomar a dianteira 3.
Na rubrica "Economia-Emprego", o título do Le Monde é bastante apelativo, sobretudo para jovens em busca de futuro: "Logística, hotelaria, construção civil e obras públicas, por essa Europa fora há grande penúria de mão de obra qualificada." 
O primeiro parágrafo da longa reportagem fará crescer água na boca a muito boa gente, podendo bem mostrar uma das causas da acentuada fuga dos tomarenses durante os últimos dez anos: "Com a  retoma económica da primavera, desconfinamento a quanto obrigas, Adrew Baxter explica que não teve alternativa: "Fui forçado a aumentar o salário dos meus cinquenta camionistas TIR em 20%, simplesmente para não se irem embora." O director-geral da Europa Worlwide, uma empresa britânica de logística, nunca tinha visto uma coisa assim em 27 anos de carreira: " Se não os aumentasse, iam-se embora." Com as horas extraordinárias, a maior parte deles ganham agora à roda de 50 mil euros anuais.
Apesar das percentagens de desemprego continuarem um pouco acima das registadas antes da pandemia, na Europa e também nos Estados Unidos as empresas privadas queixam-se de grande falta de mão de obra qualificada. Na hotelaria, restaurantes e cafés, transportes, manutenção, construção civil e obras públicas, indústria, ajudas domésticas, saúde, limpeza, comércio e também informática, é grande a falta de candidatos aos empregos oferecidos."
Neste contexto, salvo melhor e mais documentada opinião, a principal vocação dos tomarenses, que parece ser a de funcionário público sentado, pode bem ser a causa da debandada geral. A reportagem do Le Monde nem sequer menciona a função pública e em Portugal já estamos muito bem servidos. O país conta agora com 735 mil funcionários, o que corresponde a 7,35% da população e em Tomar a autarquia dispõe de um funcionário para 65 habitantes.
Manifestamente sem vagas na área vocacional "funcionário público sentado, admitido mediante concurso com fotografia", na quantidade desejada, resta aos nabantinos mudar de vocação e ir arejar os sapatos para climas mais frios. 
Entretanto não se esqueçam de votar em Setembro como têm feito até agora. É com cada vez mais funcionários públicos, festas passeios e outros eventos à custa do orçamento, que vamos conseguir ultrapassar a crise demográfica. 
Só não vê quem não quer.

 


Autárquicas 2021

O COMBATE DAS ALMAS GÉMEAS

Uma tentativa de análise política a muito longa distância geográfica

Usando o modelo USA, que é como quem diz, indo do principal para o secundário, a um mês da ida às urnas, entregues e homologadas as listas, "les jeux sont faits, rien ne va plus". Mesmo em Tomar, que destoa de toda a vasta região centro. Salvo melhor informação, é a única "cidade média" em que o PSD se apresenta ao eleitorado sem companhia. Antes só que mal acompanhado, pensarão eles.
Salta no entanto aos olhos dos mais prevenidos que a candidatura solitária laranja é afinal o resultado da ideia inicial: Combater o PS, o inimigo principal, com armas iguais. Se eles não se coligam, nós também não. René Girard, se fosse vivo, veria aqui um belo exemplo de "desejo mimético", a sua definição culta de inveja. 
"Ai ela está no poder? Pois eu vou corrê-la de lá, para ficar com o lugar, porque sou melhor". Falta agora saber se os meios disponíveis correspondem ao desejo. Logo veremos. De qualquer maneira, a ideia geral é esta: Numa vasta região em que até há, em Coimbra, uma coligação de 7 formações 7 !!!, liderada pelo PSD, em Tomar temos um renhido combate de almas gémeas, no qual a julgar pelos indícios disponíveis, as ideias profícuas são poucas e os golpes variados.
Se as eleições fossem hoje, é entendimento de Tomar a dianteira que havia duas grandes hipóteses. Ou o PSD ganhava a sua aposta muito arriscada, o que não é nada fácil, ou o PS vencia, mas não convencia, ficando-se pelos três eleitos. É o mais provável, nesta altura.
Neste caso, os laranjas bem podiam chorar em vão a oportunidade perdida, ao verificarem que, somando os seus votos aos da coligação CDS-MPT-PPM, teriam vencido os socialistas.
Se tal vier a ser o caso, vai ser uma situação digna da maior atenção: 3 eleitos PS (presidente e 2 vereadores), 2 eleitos PSD, 1 eleito Chega,  1 eleito CDS-MPT-PPM. A três contra quatro, a oferta PS terá de ser bem generosa, para conseguir a quarta perna da cadeira do poder, sem a qual as quedas poderão ser frequentes. Quem vai vender-se? Em 2013 foi a CDU, e os resultados alcançados não estiveram à altura. Na eleição seguinte, perderam o vereador. Alguns eleitores tomarenses "de esquerda" terão adoptado o velho princípio "Roma não paga a traidores".
Além destas candidaturas, em igualdade de circunstâncias, porém desde sempre muito afastados pelos votos, temos a CDU e o BE, manifestamente incapazes de surpreender de uma forma ou de outra. Em ambos os casos, é o mesmo produto na mesma embalagem, pelo que seria uma agradável surpresa se ambos, ou pelo menos um deles, conseguisse eleger um vereador. Conhecendo minimamente o eleitorado tomarense, e falando com franqueza total, não se vislumbra nenhuma razão forte para tanto. Terão voz no parlamento municipal e já será bem bom, dadas as circunstâncias. Os tempos não estão para grandes mudanças. Se é que alguma vez estiveram.
Alguns leitores mais atentos vão insurgir-se, ao verificarem que estou a ser injusto, em termos positivos, com o CDS, geralmente no mesmo grupo do BE e da CDU,  na votação final. É verdade. Têm razão. Mas enquanto bloquistas e CDU se mantêm iguais a si próprios, o CDS desta vez ousa surpreender muito favoravelmente. Conseguiram um candidato com estatura e projecto, arranjaram uma coligação que não envergonha e mostram grande capacidade de diálogo. Não é pouca coisa. Por isso lhe foi atribuído um eventual vereador, tal como ao estreante Chega, que todavia parece estar em perda de fôlego.
Resta uma aventura juvenil chamada VOLT, que caso consiga chegar aos mil votos, pode cantar vitória. Em terra de cegos quem tem um olho é rei, mas quem tem dois pode ser escorraçado.
Como nota final, os socialistas terão todo o interesse em mudar de lentes quanto antes, pois o seu ar triunfal mostra que estão a ver mal o filme. Ao contrário de 2013, em que venceram à tangente, num combate a 3; ou de 2017, em que usaram um estratagema para vencer mais folgadamente num combate a 2, desta vez tudo indica que a refrega vai ser bem diferente. Muito desgastados pelos sucessivos erros entretanto cometidos, não se vê onde possam  ir buscar votos para compensar os que vão fugir para o Chega, para o Volt, ou para a coligação CDS-MPT-PPM. Exactamente o mesmo problema do PSD, e pelas mesmas razões. Afinal são almas gémeas.
Boa sorte a todos, e que ganhem os melhores, pois todos teremos a ganhar. E o concelho bem precisa. Não é só a cidade.

terça-feira, 24 de agosto de 2021

 


Política local/Autarquia/Informação


Julgam-se donos daquilo que é de todos

A anunciada venda das ruínas do ex-convento de Santa Iria apanhou os tomarenses desprevenidos, ou quase, a começar pelos jornalistas. Realmente, não lembra ao careca noticiar num jornal de fora factos que antes deviam ter sido levados ao conhecimento dos eleitores locais. Que são logicamente os principais interessados.
Claro que agora virá uma daquelas desculpas de mau pagador. Tipo "Os jornalistas tomarenses sabem muito bem o que se passa, mas como habitualmente ficaram à espera da notícia já pronta, elaborada e enviada pela Câmara."
Será verdade, o que só demonstra duas coisas. Por um lado, que se tratou de algo deliberado. Publicar primeiro fora da terra, para ver as reacções. Por outro lado, que a informação local está fortemente condicionada, nunca se arriscando os jornalistas a urinar fora do penico, sob pena de "levar tau-tau" do patrão, que precisa das verbas camarárias para continuar a ser relativamente viável.
Tudo isto se evitava se os eleitos tivessem tido a seu tempo uma formação escolar de qualidade, que os preparasse para as ratoeiras da vida. Infelizmente, para eles e para nós, não foi o caso, e agora é demasiado tarde. Tudo o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita.
O situação é no entanto bem clara. O Município de Tomar é uma empresa ou sociedade de direito público, dotada de personalidade jurídica, administrada por um conselho (o executivo camarário) e fiscalizada por uma assembleia geral (a assembleia Municipal), ambos eleitos pelo conjunto dos sócios da empresa, que são todos os eleitores do concelho.
Carece portanto de qualquer base legal o papel de donos ou patrões, assumido sobretudo pelos eleitos do executivo. São na verdade  apenas empregados, escolhidos pelos eleitores-sócios, para administrarem durante determinado período de tempo os assuntos que dizem respeito a toda a comunidade. Porquê então essa mania do segredo? Logicamente para esconder erros de toda a ordem. Só pode.
Por exemplo no caso do ex-convento de Santa Iria, faz algum sentido que nesta altura os tomarenses, sócios forçados porque sem alternativa da empresa municipal, não disponham ainda de informação verídica e completa? A quem pode beneficiar o segredo?
Qual o montante do acordo? Que tipo de acordo? A escritura já foi assinada? Onde pode ser consultada, uma vez que, como qualquer outra, é obrigatoriamente pública? 
Posso continuar enganado, porque mal informado. Não será por falta de perguntas atempadas.

segunda-feira, 23 de agosto de 2021

 


Política local/Autarquia/Turismo/Hotelaria


VENDA DO CONVENTO DE SANTA IRIA?

O marido enganado é sempre o último a saber

Segundo O Mirante online, o Município de Tomar e a empresa hoteleira privada Vila Galé, chegaram finalmente a acordo, na negociação para a cedência do ex-Convento de Santa Iria e ex-CNA feminino:
Coisa pouco comum, a notícia não refere o tipo de acordo a que se chegou. Apenas menciona que o conjunto vai ser reconvertido em hotel e que a empresa Vila Galé pagará ao Município de Tomar cerca de 700 mil euros.
Não se pode dizer que seja um negócio das arábias, uma vez que no tempo do PSD, já lá vão mais de dez anos, começaram por pedir 2,5 milhões de euros, que mais tarde reduziram para 1,5 milhões de euros, com a obrigação de construirem um hotel "de charme" de quatro estrelas no mínimo. 
Desta feita, a praticamente um mês das eleições, quais são as cláusulas do acordo? Que tipo de contrato? Venda? Arrendamento? Direito de superfície? Quais as obrigações do comprador, se é que assumiu algumas? Perante a evidente sonegação de informação por parte da entidade vendedora, não será exagerado falar de venda ao desbarato, até melhor esclarecimento.
Com um bocadito de sorte, uma vez que a notícia é dada por um órgão sério, porém editado longe da terra, assim confirmando o velho dito popular  segundo o qual "o marido enganado é sempre o último a saber", (sendo neste caso os jornalistas tomarenses a desempenhar o papel de maridos enganados), provavelmente vamos ter direito à conhecida desculpa "Falta ainda limar umas arestas". 
O que ficará naturalmente para depois das eleições. Cá estaremos para ver e comentar. O problema é complexo e, pelos indícios disponíveis, ainda só estamos no começo do princípio.

domingo, 22 de agosto de 2021

 



Política local/Autarquia/Demografia

A autarquia também não é responsável 
pela fuga da população?

Vimos na matéria anterior que os portugueses mais próximos da raia estão a fixar-se do outra lado da fronteira, em Espanha, onde as condições de vida são melhores, pelo menos no que concerne a custos, continuando a trabalhar em Portugal. Mesmo longe da fronteira (a mais próxima fica a cerca de 100 kms), nos últimos dez anos 10,4 % dos tomarenses resolveram fazer a mala e iniciar outro rumo.
Não se trata de uma crítica, ou de uma posição ideológica. É um facto. São dados oficiais do INE, que é um organismo governamental. Como explicar então essa debandada, que a continuar transformará Tomar numa cidade-fantasma dentro de uma ou duas décadas?
O primeiro e principal indício apontando para a responsabilidade do poder local é a atitude geral dos respeitáveis autarcas. Caiu-lhes em cima este balde de água gelada, e logo em ano eleitoral. Só pode ser uma vil manobra de quem nós sabemos, devem pensar. Donde um silêncio a respeito que até dói.
Deixando essa paranoia difusa, examinemos serenamente o caso de Tomar. É verdade que a fuga da população é geral, mas mais acentuada numas terras que noutras. No caso do Médio Tejo, a cidade que perdeu mais população nos últimos dez anos foi Abrantes, logo seguida de Tomar. Mas entre 2009 e 2013, primeiro mandato da actual maioria, a cidade templária perdeu percentualmente mais eleitores que qualquer outra da CIM (2,496 em Tomar, contra 1.107 em Ourém, 967 em Torres Novas e 1.812 em Abrantes) Porquê?
Ninguém sabe. Pode haver palpites mas apenas isso. E não se sabendo a ou as origens da doença, não é possível combatê-la com sucesso. Qualquer médico dirá isso mesmo: Sem adequado diagnóstico, não pode haver boa terapêutica. Só por mero acaso. 
Com o seu usual desembaraço, a nossa presidente faz o que pode para ir sacudindo a água da gabardine, naturalmente com pouco ou nenhum sucesso. Porque afinal a questão é clara: Se a Câmara também não é responsável pela hemorragia demográfica, então quem é? O Gualdim Pais? A administração municipal serve afinal para quê? Só para garantir empregos?
Seguindo aquilo que a senhora presidente vai dizendo à informação local, ouviu-se falar a dada altura num investimento considerável da autarquia para construção de casas de renda acessível, por se entender que a população jovem se vai embora por falta de alojamento a preço acessível? Será mesmo? Não haverá outras causas? O custo de vida em Tomar, quando comparado com a região não será uma delas? A pesada burocracia municipal não será outra?
Tudo perguntas pertinentes, porque das respectivas respostas depende o futuro da cidade e do concelho. 
Infelizmente, como bem sabemos, a actual maioria sente-se ofendida quando questionada, recusando responder ou debater, por uma questão de arrogância, ao considerar que estão "no rumo certo". Pois continuem e boa sorte! Mas depois não se admirem com os resultados, ou com o facto dos tomarenses votarem com os pés, pondo-se a caminho, rumo a urbes com futuro menos sombrio.


Imagem copiada do Expresso, com os nossos agradecimentos (repare na bandeira portuguesa, no ângulo superior esquerdo)

Politica local/Autarquia/Habitação

Viver em Espanha é que está a dar

Numa reportagem nalguns dos principais pontos de passagem da fronteira luso-espanhola, o semanário Expresso concluiu que os portugueses estão a mudar de comportamento:
https://leitor.expresso.pt/semanario/semanario2547/html/economia/imobiliario/casas-mais-baratas-empurram-portugueses-para-espanha
Longe vão os tempos do bem conhecido anexim "de Espanha nem bom vento, nem bom casamento." Agora, mesmo não havendo bom casamento, há um bom vento que empurra os portugueses raianos para o bom alojamento. Bom alojamento, quando comparado com o português, tendo em conta a relação qualidade-preço.
Segundo a reportagem, a tendência é geral, do Algarve ao Minho, provocada pela acentuada diferença de custos. Na terra de nuestros hermanos, tanto o arrendamento como a compra de alojamento são em geral pelo menos 20% mais baratos que em Portugal.
Para além do noticiado na citada reportagem, é também conhecido que em Espanha o custo de vida é bastante mais barato, com destaque para os preços muito atractivos de automóveis, combustíveis, gás doméstico, electricidade, alimentação, etc.
Há mesmo um sector que não permite duas interpretações. A classificação igual, os hotéis espanhóis da costa mediterrânica são nitidamente mais baratos que os do Algarve, tal como os das Canárias em relação aos da Madeira.
Qual ou quais as razões deste desnível geral? As grandes  leis da economia são universais e bem claras, ainda que pouco conhecidas. Uma delas indica que os consumidores preferem sempre o mais barato, em igualdade relativa de circunstâncias. Outra especifica que comerciantes e industriais procuram maximizar o lucro, tendo sempre em conta a concorrência. O que os leva a fixar os preços de venda em função dos custos de produção.
Uma vez que em Espanha o salário mínimo é bem mais elevado que em Portugal, e os custos da mão de obra são portanto superiores aos portugueses, se eles produzem e vendem mais barato é porque os outros encargos (licenças, impostos, taxas, matérias-primas) são muito mais baratos. Só pode, porque ninguém cria emprego, trabalha, ou vende para perder dinheiro. Só em Portugal é que se dizia em tempos idos, estava o Botas em S. Bento,  que "a agricultura é a arte de empobrecer alegremente".
Temos portanto, em conclusão parcial, que Espanha é mais modesta a cobrar impostos e taxas que Portugal. Há mesmo diferenças de se ficar de boca aberta. Um automóvel da mesma marca e modelo pode custar quase o dobro quando comprado em Elvas e não em Badajoz, que fica a seis quilómetros. Pagando menos ao Estado espanhol, comerciantes e industriais também cobram menos aos consumidores, que somos todos nós. É isso que mostra a reportagem do Expresso. Cada vez mais portugueses da raia, ou nem tanto, optam por viver em Espanha e continuar a trabalhar em Portugal. 
Para eles é só vantagens. Estão próximos na mesma, e a vida é mais barata. Além disso, como passam a ser residentes fiscais em Espanha, por lá habitarem mais de 183 dias por ano, pagam os impostos espanhóis que são mais simpáticos. A começar pelo IVA taxa normal, de 23% em Portugal e 21% em Espanha. (ver Adenda no final)
Toda esta enfadonha lengalenga para chegar aqui: Se os portugueses mais próximos da fronteira estão a ir para Espanha com armas e bagagens, atraídos pelo custo de vida mais acolhedor, o que levou dez por cento da população tomarense a debandar nos últimos dez anos? Não haverá também uma relação com o custo e a qualidade de vida? O tal balanço custo/benefício?
O entendimento de Tomar a dianteira fica para o próximo texto.

ADENDA
Em Espanha o Imposto de Renda, equivalente do nosso IRS, comporta duas taxas distintas, uma para o Estado, outra para o governo da região autónoma de residência do contribuinte.
No caso da região autónoma de Madrid, quem ganha até 33.077€ anuais, paga 15% para o Estado, mais 13,3% para o governo autónomo, num total de 28,3%. Se ganhar mais de 32.077€ até 53.407€ anuais, paga 15% para o Estado mais 17,9% para o governo local, num total de 32,9%. Cabe assinalar que a taxa de imposto de renda de Madrid é das mais elevadas de Espanha.
Em Tomar e nesses mesmos escalões, quanto é que você paga no total?