domingo, 1 de agosto de 2021

 


Obras/Autárquicas 2021

Uma desgraça nunca vem só

Começam amanhã, 2 de Agosto, mais obras municipais, estilo novo rico parolo, ditas de requalificação, agora na Combatentes da Grande Guerra e na Torres Pinheiro,  as quais, segundo a própria versão municipal, "dão seguimento à requalificação da Av. Nun'Álvares... ...dotando o local de uma nova vivência e leitura urbana, semelhante àquela."
https://radiohertz.pt/tomar-requalificacao-da-rua-torres-pinheiro-e-av-dos-combatentes-comeca-segunda-feira/
Sobre a apregoada "nova vivência e leitura urbana", tanto na Várzea grande como na Nun'Álvares, estamos conversados, e os tomarenses já sabem o que a casa gasta. Resta portanto relembrar que, como disse o outro há séculos, "as mesmas causas, nas mesmas condições exteriores, produzem sempre os mesmos efeitos". 
Sendo a cidade a mesma, o dono da obra o mesmo, o empreiteiro o mesmo, a fiscalização a mesma, e assim sucessivamente, as causas mantêm-se, pelo que as consequências são previsíveis. Haverá atrasos consideráveis, aumento de custos por obras a mais, e no final vão chover críticas, que a maioria PS vai condenar, como sempre. Porque eles é que cuidam saber e julgam que estão no caminho certo.
Há porém desta vez um detalhe que convém realçar. Uma maioria autárquica que deixa começar uma obra não urgente, de meio milhão de euros, a menos de dois meses das eleições, está claramente a abusar do poder, que ocupa de forma transitória, convém lembrar.
É claro que vão desculpar-se com a habitual inércia dos serviços municipais, particularmente evidente num concelho com um funcionário autárquico para cada 60 habitantes. Como no Alentejo profundo.  Mas é tudo balela, pois já sabiam muito bem que assim é sempre. As coisas levam tempos infindos, porque os funcionários excedentários têm  que justificar os lugares que se ocupam. 
Por conseguinte, caso existisse um mínimo de decência e de respeito pela eventual alternância democrática; se não houvesse tendência para se considerarem donos do poder, teriam aguardado para depois de Setembro, em vez de autorizarem uma obra com final previsto para Janeiro de 2022, na melhor da hipóteses. 
Assim, mesmo que, por notável excepção, não haja atrasos, caso o PS não vença em Setembro, o que é provável, com que cara vão ficar os eventuais sucessores, perante uma obra que nunca aprovaram, mas têm de inaugurar?
O que significa que a actual maioria socialista fica outra vez mal na fotografia. Digam o que disserem sobre os que, como o autor destas linhas, se limitam a exercer o direito à crítica e à indignação, em tempos muito do apreço de Mário Soares. 
Outra época, outra gente, outros princípios...

1 comentário:

  1. Como uma desgraça nunca vem só.. e olhando o projeto (disponível aqui https://www.base.gov.pt/Base4/pt/detalhe/?type=contratos&id=7715912) será que:

    - estará assegurado desde já acompanhamento arqueológico e submissão do PATA na DGPC (com valas de 5 metros profundidade para novos esgotos.. só não encontram coisas, senão existirem .. Estaus próximos, etc)? Com a pressa, será mais um atropelo ao património (como recentemente na margem rio junto ao Mercado)?

    - mantêm-se as "inovações" (leia-se ERROS CRASSOS) de lugares estacionamento paralelos COM 5,0m de comprimento , ciclovia em cubo serrado.. na Torres Pinheiro não existe sequer prioridade ao peão (continuidade de pavimentos contínuos, confortáveis, são interrompidos pelas transversais)

    - sobre a nova rede de esgotos - de resto a única coisa que parece ser estruturante e relevante - projetista refere que dono da obra solicitou novo coletor de esgotos residuais ao longo da Avenida, tendo o dono da obra estipulado o diametro do mesmo (e não o projetista... curioso).
    Daqui tudo bem (+/-, não conhecendo a rede principal , mas sabendo que a cota do rio e o nivel freático é elevado.. deve ter sido tudo acautelado certamente), então porque razão não é feito um coletor novo para esgotos pluviais, em vez de se manterem os vários troços (antigos a descarregarem se calhar diretamente no rio numa área represada? é o que transparece, mas não é apresentado o cadastro até lá)

    -numa cidade como Tomar, não haver qualquer referencia a arqueologia no caderno de encargos da obra (como já visto noutros).. não fazia sentido no séc. XX, quanto mais no XXI..

    ResponderEliminar