(Por favor, não fique surpreendido com esta ilustração. Em vez disso, clique

https://www.youtube.com/watch?v=O9iRhUcYA_8

e escute com atenção. Sobretudo o sotaque, e a por vezes estranha construção frásica. Ficará a saber um bocadinho mais sobre o drama da emigração portuguesa no século passado, quando milhões fugiram do país. E quase 50 anos após Abril, a tendência continua, embora menos intensa.)

Economia local/Emigração/Autarquia

CAUSADORES MAS NÃO CULPADOS

Foi a grande notícia dos últimos tempos. Divulgados os primeiros resultados do recenseamento geral da população, toda a informação local abordou o assunto. Ainda esta semana O Templário, por exemplo,  lhe dedica o essencial da primeira página. Apesar disso...

Apesar disso, o silêncio dos eleitos (e dos candidatos) sobre o tema é demasiado ostensivo. Porquê? Antes de avançar, façamos um desvio no "caminho certo" para apresentar dados mais detalhados sobre a fuga da população tomarense.

O recenseamento da população é uma operação muito complexa e onerosa, mesmo com os actuais meios informáticos, pelo que só se realiza a cada dez anos. Há, contudo, maneira de obter elementos demográficos mais detalhados e igualmente fidedignos, porque de recolha oficial obrigatória. O recenseamente eleitoral é um verdadeiro maná informativo. Mais uma vantagem da democracia pluralista de tipo ocidental.

Consultado o site portaldoeleitor.ptPaginas/Eleicoespassadas.aspx, eis o que se apurou:

Eleitores inscritos no concelho de Tomar

2005..........38.518

2009..........38.724

2013..........37.310

2017..........34.814

2021..........34.031

Temos assim, em linguagem exclusivamente informativa, que durante o penúltimo mandato municipal do PSD, (2005-2009), o eleitorado inscrito nos cadernos eleitorais aumentou em 206 pessoas. No mandato seguinte, o último até agora (2009-2013) verificou-se uma redução de 1.414 eleitores inscritos.

O balanço global do PSD é por conseguinte negativo. Ao terminarem, ao cabo de oito anos, os laranjas deixaram o concelho com menos 1.208 eleitores inscritos. Além dos falecidos, outros terão feito as malas, à procura de melhores ares.

Durante o primeiro mandato do PS (2013-2017), desapareceram dos cadernos eleitorais do concelho de Tomar 2.496 eleitores. Em quatro anos o dobro da perda global do PSD em 8. 

No mandato socialista seguinte (2017-2021), a perda de eleitores foi bastante menor, cifrando-se mesmo assim em menos 783 eleitores. O que dá uma sangria global, em oito anos, de menos 3.279 eleitores inscritos. Muito pior, porque mais do dobro do PSD.

São factos, indesmentíveis porque de origem oficial e nunca contestados. Não meras opiniões de circunstância.

Infelizmente a actual maioria socialista, por nítida falta de hábitos democráticos, trata de facto todos os que não bajulam os seus membros como inimigos. Assim sendo, não devem estranhar que haja reciprocidade. É do adagiário popular que "quem semeia ventos, colhe tempestades".

Apesar disso, no caso presente, não se trata de considerar a maioria socialista, ou a anterior social-democrata, como inimigos, ou sequer como culpados. Apenas de tentar forçar o debate público sobre o tema, de forma a tentar indentificar as causas da evidente decadência tomarense.

Admite-se portanto o óbvio. Nem o PSD nem o PSD podem ou devem, no estado actual das coisas, ser considerados culpados pela sangria populacional do concelho. Mas que estão de certeza entre os seus vários causadores, disso não há dúvida plausível.

Falta agora apurar -sendo urgente que se faça- quais são e em que percentagem os outros factores que provocam a fuga de população. Além dos óbitos, bem entendido. Haverá coragem? Preferem continuar agarrados a mitos, a simular ignorância, a hostilizar deliberadamente, para negar tudo o que não vos agrada?