segunda-feira, 9 de agosto de 2021



Política local/Presidente da Câmara

Pior a emenda que o soneto

As crónicas de Tomar a dianteira nem sempre assentam bem em todos os estômagos, pouco habituados a comida jornalística pluralista. Compreende-se. São em geral pessoas sem Mundo, que vivem numa cova, numa cidade cada vez mais pequena, onde funcionou um dos primeiros tribunais da santa inquisição em Portugal, o que forçosamente deixa marcas nos espíritos.
Daí o choque perante a analogia discursiva Salazar/Anabela Freitas. Não é caso para tanto. Tratou-se apenas de dar a conhecer um aspecto até agora ignorado da nossa querida presidente da edilidade, nas suas próprias palavras.
Este tosco escriba, por exemplo, estava convencido, até ler a citada entrevista, de que os sucessivos erros cometidos pela actual maioria PS eram produto da improvisação, da falta de um pensamento estruturado. Pois estava redondamente enganado. É exactamente o oposto.
Como mostram, sem sombra de dúvida possível, as declarações de Anabela Freitas ao MIRANTE, a senhora sabe muito bem o que quer e onde pretende chegar. O que equivale a dizer que tudo o que tem sido feito, bem ou mal, visa atingir determinados objectivos intermédios e uma meta final.
Prova disso são as inverdades constantes das mesmas declarações, destinadas a esconder esse grande objectivo final que está na mente da senhora presidente e, se calhar, até nas mentes da sua equipa.
Afirma a entrevistada a dado passo que "quando falho também reconheço o erro sem problemas." Os tomarenses recordam-se de alguma vez Anabela Freitas ter admitido publicamente que se enganou, e pedir desculpa por isso?
Noutro passo do seu "caminho certo" de inverdades, vai mais longe, dizendo que "Isto também é válído para a oposição. Quanto mais interventiva for, e não questionar apenas as vírgulas, mais efectivo será o nosso trabalho."
A ser assim, como explicar então a notória e bem conhecida agressividade da maioria em relação às (poucas e moles) críticas da oposição, sobretudo da vereadora Célia Bonet? Como interpretar o veto de gaveta para todas as propostas do PSD, que foram além da crítica às vírgulas?
O que tudo isto mostra, no entender de quem escreve estas linhas, é uma linha deliberada de silenciamento aveludado de qualquer crítica, enquanto se vai fazendo o possível para ir transformando paulatinamente Tomar num concelho de dependentes do Estado, directamente ou via autarquia e outros organismos.
Não pelo prazer de fazer o bem. Simplesmente para adquirir os votos de quem depende directamente do orçamento público. Donde o sucesso do realojamento dos ciganos, aos quais se olvidou de exigir em troca a progressiva integração  económica na sociedade.
Se e quando os calé conseguirem ganhar honestamente a vida e pagarem os seus impostos, começarão também a votar em quem entenderem. Não em quem lhe dá alojamento, alimentação, educação para os filhos, etc. tudo sem contrapartidas.
No fundo, para não alargar por agora, o problema de Anabela Freitas é o mesmo do pessoal de extrema esquerda, comunistas e bloquistas à cabeça: recusam aceitar que o Muro de Berlim caiu em 1989 e as sociedades de leste implodiram, porque os seus cidadãos dependiam totalmente do estado. Exactamente o modelo que Anabela Freitas vai tentando implantar em Tomar, com os empregos públicos, as festas, os subsídios, os vales de compras, as ajudas de vária ordem, as obras ornamentais, que afinal podem muito bem estar na origem da crescente fuga da população. Quem não se sente, não é filho de boa gente, e em Tomar há cada vez menos condições para a iniciativa privada. Só para meia dúzia do serralho.
Convém ter tudo isto em conta, na altura de votar, em Setembro.

2 comentários:

  1. .

    Comunicado PS

    Entregues em tribunal as listas socialistas candidatas aos vários órgãos autárquicos nabantinos, não foi por este indicada qualquer falha.
    No entanto, verificou-se no imediato que uma alteração recente na Lei cria dúvidas na sua interpretação, mostrando até incoerências entre artigos dessa mesma Lei. Alteração essa que refere a data de entrega das listas e não o normal e espectável: a data de eleição.

    Apesar de consultados vários juristas, e de ser opinião geral de que não haveria impedimento legal, a questão é iminentemente política, e prende-se com um dos elementos constantes da lista candidata à câmara municipal, a cidadã Anabela Estanqueiro.

    Porque não quer a candidatura socialista que existam quaisquer dúvidas e que a integridade das listas e da candidata seja manchada por futuras campanhas populistas, até porque estamos habituados a permanentes tentativas de suspeição por parte de alguma oposição;
    Porque ao PS interessa apenas o debate de ideias e projetos para o concelho e não questiúnculas que disfarcem o contrário por parte de outros, entendeu a cidadã Anabela Estanqueiro retirar a sua propositura.

    Assim, todos os elementos seguintes sobem um lugar. A equipa foi composta por forma a ser complementar e de grande capacidade e competência, pelo que a confiança na sua qualidade e reconhecimento por parte dos tomarenses se mantém em pleno.

    Anabela Estanqueiro manter-se-á a trabalhar com a equipa, e assume agora a presidência da Comissão de Honra da candidatura que será apresentada dia 4 de setembro e que só tem um objetivo: continuar a trabalhar para manter Tomar No Caminho Certo.

    Tomar, 9 de agosto de 2021

    .

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Agradece-se por se terem lembrado, finalmente, do Tomar a dianteira. Sendo certo que não se fez qualquer referência ao impedimento jurídico da candidatura em questão, o que em bom rigor dispensaria a publicação deste comunicado, sempre aqui se defendeu a total liberdade de informação, para todos e em todos os órgãos. Aceita-se portanto publicar este comunicado e tudo o que venha com a assinatura do PS, ou de qualquer outra candidatura, nos limites do espaço disponível.

      Eliminar