segunda-feira, 31 de outubro de 2022

Feira de Santa Iria  

A endrominar fingindo informar

Reparando no comportamento dos nossos queridos eleitos da maioria autárquica, (os outros não vêm agora ao caso), dois traços comportamentais se destacam -teimosia e auto-satisfação. Mantêm as suas posições haja o que houver, contra tudo e contra todos, se preciso for. Mesmo cometendo erros, a sua auto-satisfação não lhes permite emendar, e muito menos pedir desculpa. Julgam que os eleitores apreciam eleitos tesos, inflexíveis.

O caso mais flagrante é o da srª vereadora Filipa Fernandes, dita vereadora das festarolas. Fortemente contestada por gastar sem conta, nem peso, nem medida, em vez de se moderar, insiste em arranjar argumentação para demonstrar que está cheia de razão. Os que a criticam é que não sabem o que dizem, pensa ela.

Chegou agora a vez do balanço da Feira de Santa Iria:

https://radiohertz.pt/tomar-balanco-a-feira-de-santa-iria-filipa-fernandes-garante-que-os-vendedores-lhe-disseram-que-fizeram-a-maior-receita-do-ano/

Sem querer ofender, ou sequer desdenhar, estou-me nas tintas para a alegada opinião dos feirantes, que na sua esmagadora maioria, conquanto mereçam todo o respeito, como qualquer outro cidadão, não pagam impostos nem votam em Tomar. De forma que, servir-se das suas hipotéticas declarações favoráveis sobre a feira é, neste caso, uma simples habilidade da senhora vereadora para tentar intrujar os tomarenses, uma vez mais.

Ignoro se a srª autarca tem ou não formação académica séria, e tendo-a, se entende algo de economia, mais precisamente de economia política. Ouso por isso avançar com algumas noções elementares, a ver se,  futuramente, nos entendemos e a srª vereadora adopta outro figurino, mais consentâneo com as normas democráticas.

A base de toda a economia é extremamente simples. Trata-se de uma troca em que ambos, vendedor e comprador, obtêm satisfação. Um porque consegue adquirir o que procurava, o outro porque consegue vender, ganhando uma parte. Ainda mais sucintamente, tudo se resume, em termos de "caixa", a receita/despesa, deve/haver, input/output.

No caso da Feira de Santa Iria, não adianta vir com balelas. Basta indicar o input , o output e a diferença entre os dois. Prestar contas. Em linguagem mais clara: Quanto é que a Câmara gastou com a feira, para além dos 200 mil euros com música? (output, investimento ou despesas) Quanto é que recebeu de terrados e outras taxas de ocupação do solo? (input ou receitas). Só assim se consegue perceber, de uma vez por todas, se o Município ganhou ou perdeu dinheiro. O resto não passa de música para embalar, no caso para tentar endrominar os contribuintes.

Os munícipes governam-se e prosperam, tal como a autarquia, com o dinheiro que cá fica (lucros, dividendos, impostos, taxas, salários, pensões...) e não com o valor acrescentado conseguido pelos feirantes, que o levam para onde lhes convém, e estão no seu direito. De tal forma que, se a srª vereadora compra um concerto de algum artista famoso por 30 mil euros, e consegue 40 mil euros de entradas, fez um investimento que rendeu 10 mil euros de valor acrescentado, que cá fica. 

Ou seja: recuperou a despesa inicial, acrescida de 10 mil euros (input). Se, pelo contrário, não cobrou entradas, ou apenas conseguiu vender 10 mil euros de bilhetes, teve respetivamente uma menos valia, ou despesa de 30 mil, ou 20 mil euros, que se foram (output). Poderá dizer-se então que foi um investimento que correu mal, sem aldrabar os eleitores. 

Estamos entendidos? Apresentar despesas como investimentos, e depois não arrecadar mais valia, é como na agricultura antigamente: "a arte de empobrecer alegremente". E Tomar precisa é de valor acrescentado (input). Não de gastadores e de pedintes (output). 

Não parece uma visão muito agradável das coisas? É bem capaz. Mas é assim que funciona, quer queiramos, quer não. Essa léria de "promover Tomar", não passa afinal, e nunca passou, de uma falácia conveniente. Como mostram os resultados nada encorajadores já conseguidos. Porque razão há cada vez mais despesa com promoção da cidade, e cada vez mais residentes a fazer as malas? Para que tem servido então a alegada promoção de Tomar? Para atrofiar ainda mais a cidade e o concelho, enquanto vai enchendo os bolsos de alguns amigos?

Maioria PS nabantina

A RAINHA DAS FARTURAS

As próximas autárquicas estão previstas só para daqui a 3 anos, mas algo está ocorrendo na Câmara, nota-se alguma inquietação, que leva a presidente Anabela Freitas a fazer declarações e mais declarações. Em poucos dias, falou da impossibilidade de novo mandato, das obras, do arranjo do Flecheiro, dos ciganos, de mais um bairro calé, da Tejo Ambiente, e agora de eventuais investimentos privados:

https://radiohertz.pt/tomar-chegada-de-superficie-comercial-a-entrada-sul-da-cidade-podera-resultar-na-construcao-de-novo-quartel-da-gnr-e-ha-negociacao-com-e

Retail parque, Auchan, Mercadona, 200 empregos qualificados, numa indústria não poluente, e uma grande superfície na zona sul da cidade, que pode implicar a demolição do quartel da GNR, antiga prisão comarcã. Se quando a esmola é grande, o santo desconfia, agora com tanta esmola, o coitado já nem tempo tem para desconfiar. Quero acreditar em tudo, porque seria bom para Tomar, mas pelo menos quanto aos 200 novos empregos, (Air Liquide?) prefiro esperar sentado, num banquinho articulado oferecido por um grande amigo meu.

Admitamos ainda assim que é tudo verdade. Que não se trata de nova edição dos investidores americanos, árabes e israelitas, que nunca mais apareceram, uma vez ganhas as eleições. Pelo menos no que diz respeito ao hipermercado na zona sul da cidade, segundo informações de fontes fidedignas, a história está mal contada. O costume. Impera um pretenso segredo, que é muito vantajoso para os do poder, porque evita que se comprometam nomes que poderiam vir a desmentir qualquer contacto.

Tomar a dianteira pode avançar que há, ou houve, realmente negociações a três (REFER-Câmara-Hipermercado), tendo em vista uma eventual implantação, onde está agora o quartel da GNR. Há, todavia, 2 grandes obstáculos a ultrapassar. A empresa interessada pretende, não só a demolição da antiga cadeia, agora GNR, mas também do recente Bairro calé, por razões evidentes. Ninguém gosta de tal vizinhança. Muito menos uma grande superfície comercial, com experiência em vizinhos exóticos.

De acordo com as fontes contactadas, a Câmara está pronta a ceder quanto à antiga cadeia, mediante a edificação de um quartel novo para a GNR, mas tem-se mostrado indisponível para acabar com o Bairro calé, por dois motivos: 1 - Demolir agora, implicaria reconhecer que cometeram um erro, ao instalar ali o bairro, em plena zona urbana. E as eleições são já ali adiante. 2 - Não sabem onde encontrar outro terreno livre para reinstalar o clã Pascoal, de forma a que não contestem a mudança, estando fora de causa instalar os dois clãs -Pascoal e Fragoso- no terreno camarário em Valbom, por absoluta incompatibilidade entre ambos. Entretanto, se o impasse se mantiver, a empresa já informou que irá para outro concelho, onde também está em negociações.

Sendo as coisas aquilo que são, porque será que Anabela Freitas insiste em revelar só a parte da história que mais lhe convém? Julgará que os tomarenses são todos umas criancinhas?

domingo, 30 de outubro de 2022

Obras e direitos fundamentais

Mais um abuso - 2

Na sequência da crónica de ontem, sobre as obras atrás do quartel dos bombeiros, mandaram-nos mais algumas fotos, que agradecemos, e resolvemos publicar duas: 


Imagens MRJN, com os nossos agradecimentos.

Na primeira, pode ver-se a violência e exorbitância do abuso. Alguém que venha do mercado, com sacos nas mãos, com canadianas, de cadeira de rodas ou com carrinho de bébé, é forçado a descer o passeio, atravessar a faixa de rodagem e procurar uma hipotética passagem entre os carros estacionados, para aceder ao outro passeio. É assim que a Câmara respeita os direitos dos cidadãos? Pelos jeitos, prefere apoiar os abusos do empreiteiro. Alguma razão haverá!

Na outra imagem, fica-se a saber que a obra custa meio milhão de euros, se entretanto não houver "trabalhos a mais", e vai durar 365 dias, ou seja um ano comum. Como não consta a data de início, estamos na mesma. Nunca se virá a saber se está atrasada ou não, se foi ou não respeitado o prazo de execução. Algum motivo haverá decerto!


ESCOLAS

Há filhos e enteados?

Há em Tomar dois agrupamentos de escolas. Um considerado mais à esquerda, designado por Gualdim Pais; outro mais à direita, designado por Nuno de Santa Maria. A maioria PS candidatou uma escola de cada um deles, a Gualdim Pais e a Santa Maria do Olivais, para obras de requalificação, financiadas a 100% pelo governo, via fundos europeus.

Avança a Rádio Hertz, sem todavia referir as causas, que o governo acaba de fazer uma nova triagem dos 451 edifícios escolares inicialmente previstos para a referida requalificação, da qual só consta um deles. Em entrevista àquela rádio, a presidente Anabela Freitas reconhece essa situação, e refere estar a envidar esforços no sentido de incluir também Santa Maria, até agora sem resultado. O que a levou a vaticinar que terá eventualmente de passar para o próximo quadro comunitário de apoio, o qual só garante financiamento a 85%.

Sejam quais tenham sido os prolegómenos, que levaram à reconfiguração da listagem inicial, trata-se de um erro político clamoroso, no que diz respeito a Tomar. Com efeito, "em política aquilo que parece é", o que neste caso mostra uma situação evidente de filhos e enteados, para não falar de compadrio político. A escola do agrupamento mais à esquerda é para já. A outra, mais alaranjada, fica para a próxima, oxalá.

Não há, como é evidente, qualquer relação com a recente mudança de atitude da oposição PSD no executivo municipal, mas lá que parece, isso está fora de dúvida. -Portam-se menos bem? Pois tomem lá, para se entreterem. 

Errar é humano. Exagerar é imperdoável. Fica aqui escrito, para memória futura.




sábado, 29 de outubro de 2022


Imagens MRJN, com os agradecimentos de TAD3

Obras e direitos fundamentais

Mais um abuso...

Os leitores ainda se recordam decerto daquele prédio em construção, junto à escola Gualdim Pais, cujas obras ocupam ilegalmente grande parte do passeio. Apesar das notícias que foram lidas por milhares de cidadãos, ao que se sabe continua tudo na mesma. A tal mentalidade de quem devia governar: "É na nossa quinta, e portanto ninguém tem nada com isso!" Esquecem-se que a quinta tem mais de 30 mil donos com direito a voto...
Uma vez que não se falou mais no assunto, até passou despercebido outro abuso coetâneo do mesmo tipo, porém ainda mais grave. Na rua Carlos Campeão, entre os bombeiros e o cemitério velho, nas obras do futuro museu de coisa nenhuma, a que chamam "ruínas do fórum romano", o empreiteiro não esteve com meias medidas. Tratando-se de obras por conta dos donos da quinta, "prá frente é que é o caminho!". Tapou completamente o espaço do passeio, e uma parte da rua, em mais de 20 metros, conforme se pode ver nas fotos.
É claro que os donos da quinta vão desculpar-se, nos termos habituais. "A rua tem pouco trânsito, passa por ali pouca gente, e há o passeio do outro lado, junto ao muro do cemitério." Nem lhes passa pela cabeça, devido a deficiente educação cívica e política, que estão a transgredir um direito fundamental de cidadania. A liberdade de circular sem entraves em todos os espaços públicos.
De tal forma que, quando a autarquia pretende fechar ou limitar a circulação nalgum espaço público, tem de reunir para deliberar e depois publicar um edital, avisando a população e especificando a razão e a duração prevista. Isso foi feito neste caso da rua Carlos Campeão? Foi feito algum corredor provisório para peões? É claro que não. Imperou o estilo "não vale a pena estar com chatices, que eles aguentam tudo sem refilar." Têm razão, quase todos se calam. Mas fica aqui o apontamento, para memória futura. Quando nem a Câmara respeita os direitos fundamentais dos cidadãos, é evidente que não podemos ir longe. É o salve-se quem puder! Safam-se os piores.

 

Imagem Rádio Hertz, com os agradecimentos de TAD3

Vida local

Auto-estradas sem portagens?

Segundo a Rádio Hertz online, uma comissão de utentes do Médio Tejo anda a recolher assinaturas, para uma petição no sentido de abolirem as portagens nas auto-estradas A 13 e A 23. Faz todo o sentido. Num concelho onde é habitual assistir-se a grandes eventos sem pagar bilhete, resulta um bocado violento ter de pagar para circular nas auto-estradas. É até muito provável que os peticionários estejam a ser influenciados por essa política nabantina das farturas.

Há, no entanto, um pequeno problema. No caso dos eventos à borla, a Câmara assume os custos porque, como todos sabemos, integra um município rico, ou cujos autarcas têm essa mania. Já no caso da A13 e A23, se abolirem as portagens, quem assume os custos de construção e de manutenção? A UE não está para aí virada, e o governo é de um país pobre, que está cada vez mais com a corda ao pescoço, devido ao aumento das taxas de juro de uma dívida pública à roda dos 130% do PIB.

Teme-se que o futuro não seja de facilidades, mas de dificuldades. E que em vez de auto-estradas sem portagem, os tomarenses venham a ter eventos com entradas pagas. Como deve ser, para não semear ilusões.

sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Laranjal nabantino

Somos aquilo que escrevemos

Foi o velho Hipócrates que sentenciou: "Somos aquilo que comemos". Séculos mais tarde, no acanhado vale do Nabão, diria que também faz sentido afirmar que, na política local, somos aquilo que escrevemos.

Mancomunado com os socialistas nabantinos durante os dois primeiros mandatos, e onerado com um final de carreira na liderança do executivo que esteve longe de ser brilhante, o PSD assumiu a mesma pele e os mesmos hábitos do seu parceiro no executivo, ficando muito agastado quando alguém denunciava estas evidências. De tal forma que ainda hoje está por justificar a candidatura de uma duplicada de Anabela Freitas, numa espécie de concorrência desleal, que ficou evidente quando se recusou a debater frontalmente com a adversária teórica. Manifestamente, não tinha nada a dizer.

Eram ordens de Lisboa, dizem agora lastimando-se. E realmente, com a eleição de Montenegro, o desempenho dos eleitos laranja nabantinos melhorou um bocadinho. Ainda não se mostram adversários capazes, mas nota-se que já acordaram. Só que uma coisa é acordar, outra bem diferente trabalhar. Nesse aspeto, tem havido algumas intervenções escritas, de qualidade média quanto à forma, mas medíocres quanto ao conteúdo.

O caso mais recente é um artigo do vereador Carrão, sobre a ausência de Tomar do Congresso do desporto, no qual relata, designadamente, que quando questionada, Anabela Freitas o tratou com desdém, em plena reunião do executivo, ao admitir que ignorava tudo sobre tal tema, manifestamente para abreviar. Publicado na informação local, o dito texto tem provocado alguns comentários menos cordatos, todavia quase todos com um fundo comum: o PSD local precisa quanto antes de mudar, de eleições internas para clarificar, antecedidas ou seguidas da renúncia da atual líder/vereadora. É a única forma de refrescar e de suscitar o aparecimento de novos protagonistas, com outras ideias e mais capazes de mobilizar um eleitorado cada vez mais abstencionista, e algo desorientado. Sem saber a que santos rezar, porquê e para quê.

As eleições autárquicas são só em finais de 2025, é verdade. Mas nada garante que não haja antes legislativas, que muito potenciariam as municipais, até porque candeia que vai à frente alumia duas vezes. Na política, somos aquilo que escrevemos, quando conseguimos escrever alguma coisita. De forma que, numa terra agora sem rumo, a definhar, com pouca esperança e cheia de problemas, um vereador da oposição que resolve escrever sobre a ausência de Tomar num congresso regional de desporto que reuniu 4 concelhos (!!!), é um seu direito, mas revela quem é o autor da coisa. Ia a escrever "desnuda o autor da coisa". Alguém que já foi uma esperança, e se está transformando numa desilusão. Manifestamente por falta de ideias e de sentido de oportunidade. Que venha a mudança quanto antes!




Informação local

É assim em Tomar

Concertos à borla 

Mas informação a pagar

Sabem os que andam nestas coisas, que não é fácil sacar informações na Câmara de Tomar. Até os deputados da oposição se queixam do mesmo mal. Velho tarimbeiro, há muito que para ultrapassar a evidente má vontade da maioria executiva, quem escreve estas linhas recorre a uma lei pouco conhecida, a Lei 26/2016, de 22 de Agosto, abreviadamente "Lei do direito à informação".

O seu artigo 5º, que já vem de diplomas legais anteriores, é bem claro: "Todos, sem necessidade de enunciar qualquer interesse, têm direito de acesso aos documentos administrativos, o qual compreende os direitos de consulta, de reprodução e de informação, sobre a sua existência e conteúdo."

Baseado nisso, o autor resolveu fazer um requerimento por via eletrónica, nos termos usuais (identifica-se, diz o que quer, pede deferimento, data e assina). Passados os dez dias previstos na aludida lei sem qualquer resposta, endereçou uma queixa à CADA - Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos, que funciona no edifício da Assembleia da República, que logo comunicou o nº do processo acabado de iniciar.

Com seis dias de atraso em relação ao previsto da Lei, decerto logo após ter sido interpelada pela CADA, a Câmara de Tomar enviou um mail informando que há uma taxa de 3 euros a pagar previamente, e anexando o NIB e o IBAN do Município de Tomar.

Entretanto, pareceu de uma incoerência flagrante, para não dizer outra coisa mais pesada, a actuação do executivo tomarense. Tem-se podido assistir à borla a eventos que custam dezenas de milhares de euros à autarquia (Quinta do Bill, Abrunhosa, Carreira...), mas exige-se o pagamento de uma taxa de 3 euros, por uma fotocópia, que custa bem menos ao serviço emissor, destinada a informar o público sem fins lucrativos. 

A própria Lei citada especifica no seu artigo 14º 1-a) que os encargos de reprodução "não podem ultrapassar o valor médio praticado no mercado por serviço correspondente." Conhecem em Tomar algum outro estabelecimento que cobre 3 euros por uma simples fotocópia?

Dirão os senhores funcionários e eleitos visados, que se trata de uma taxa municipal obrigatória para todos. Pois seja, mas que neste caso é ilegal, e portanto nula e de nenhum efeito, atendendo ao disposto no artigo 14º 1 d): "No caso de reprodução realizada por meio eletrónico, designadamente correio eletrónico, não é devida qualquer taxa." 

Fica-se portanto aguardando que a autarquia requerida proceda ao envio de cópia eletrónica do documento solicitado, sem pagamento prévio de qualquer taxa, conforme disposto na Lei antes citada. Decorrido um prazo de 10 dias sem recepção do referido documento, haverá recurso à justiça administrativa, por tentativa de cobrança de taxa ilegal.

Conclusão provisória

Salvo quando se trata de comprar votos e/ou agradar aos apaniguados, a autarquia tomarense é exímia em sacar dinheiro aos cidadãos, mesmo contra o disposto na lei geral, que a todos abrange.

quinta-feira, 27 de outubro de 2022

 

Economia e eventos

Afinal é em Leiria 

que ainda acontecem milagres

Já se sabia que Leiria é diferente, como podem constatar todos os que lá vão. Tinha mais população que Tomar, no início do anos 60, quando o autor lá esteve na tropa, mas era ainda uma cidade pequena. Agora é outra coisa. Resumindo, tem uma câmara também PS, mas com 8 eleitos em 11, e 115 mil eleitores inscritos, contra 4 vereadores PS e 33 mil eleitores inscritos em Tomar. Em 1976 eram apenas 58.992 eleitores inscritos em Leiria, e 32.438 em Tomar.

Nestas questões de população e desenvolvimento económico, quando aqui em Tomar se fala ou escreve para destacar o caso de Ourém, que em relativamente pouco tempo nos ultrapassou, pois tem agora 40.778 eleitores inscritos, contra apenas 33.705 em Tomar, quando em 1976 era o inverso, uma vez que Ourém contava apenas 27.035 eleitores e Tomar 32.438, vem logo a usual, e já gasta, frase feita e pronta a servir: "É por causa de Fátima." Regra geral o diálogo morre ali, com os intervenientes a pensar nos milagres de Fátima.

Estava-se nisto, quando mão amiga fez chegar a TAD3, que agradece, uma página inteira do Jornal de Leiria de hoje, 27 de Outubro, mostrando que se estava enganado. Afinal, os milagres acontecem é em Leiria, e Fátima fica no distrito de Santarém. Que milagres? O principal é que ainda há um jornal que não terá sido comprado pela autarquia, de forma que ainda tem jornalistas para irem interrogar a população, e publicar aquilo que dizem, mesmo quando é desfavorável. Vem depois o milagre dos comerciantes e industriais, que aceitam falar com o jornalista, não se refugiando no tradicional "Tenho uma porta aberta sabe, não me leve a mal..." Finalmente, ainda mais estranho, esses comerciantes e industriais aceitam que o seu nome e a morada do estabelecimento apareçam no jornal. Havia de ser em Tomar...

O que tudo isto demonstra, é que Leiria é outro mundo, cujos habitantes assumem a sua cidadania e emitem opiniões, não temendo represálias, nem más vontades ou inimizades dos senhores do poder. Em Tomar, pelo contrário, é o que todos sabemos. Estamos praticamente como no tempo do Botas de Santa Comba, mas agora com muitas festarolas gratuitas pelo meio, para animar a malta. Ou será só para distrair?

A crónica já vai longa, mas convém mesmo assim resumir o conteúdo da tal página do jornal. Ao contrário do apregoado em Tomar, os eventos causam problemas, geram lucro para os organizadores, pois lá as entradas são pagas, mas não ajudam nada os negócios locais, fora do recinto das festividades.

Junta-se uma cópia, para cada qual poder formar a sua própria opinião:





Maioria PS
Dizer a verdade mentindo

Quando, em crónicas anteriores, aqui se escreveu, por diversas vezes, que a maioria PS nabantina se considera e comporta infelizmente como dona da cidade e do concelho, os visados não ficaram nada satisfeitos. O que se compreende. Não foram habituados ao debate sereno, nem à crítica objectiva e moderada. Por isso os acusam também de intolerância. Problema deles.

Uma vez que, como é costume dizer-se, só a verdade magoa, se o grupo dos 4 ficou ofendido é porque realmente se considera mesmo, e funciona, como se fossem donos e senhores de Tomar e do concelho. Não é ilegal. Apenas uma maneira de estar, de sentir e de fazer política. Uma atitude que tem dado os resultados agora à vista de todos. Aquela Várzea grande, impermeabilizada por eleitos que se consideram grandes defensores do ambiente, é uma amostra dos erros e omissões que por aí vão.

Para os senhores autarcas visados, e para os seus apoiantes mais ferrenhos, que insistem em não aceitar críticas, que os acusam de se comportarem como donos e senhores do concelho, aqui vai um exemplo flagrante de que é mesmo a realidade.

Numa entrevista à Rádio Hertz, emitida no passado dia 25, a srª presidente disse  isto: "É um gosto receber-vos no meu gabinete. As entrevistas têm sido na vossa casa. É a vez de vos receber na minha casa." Querem mais claro? Anabela Freitas foi franca. Disse como sente e como pensa. Disse a que é para ela a verdade factual, mas mentido. Porque alí, onde falava, há cinco séculos que são de facto os Paços do concelho. Não o gabinete nem a casa deste ou daquele autarca.

Se outra fosse a sua visão do mundo, do concelho e da cidade, decerto outra seria também a sua posição. Na verdade, aquele imponente casarão são os Paços do concelho, ou a Casa da Câmara. A nossa casa comum, de todos. Por conseguinte, a srª devia dizer no "meu local de trabalho", na "nossa casa", na "casa do concelho" na "casa de todos nós", ou na "casa comum". Nunca "na minha casa". Porque ofende a verdade e não é mesmo nada socialista.

Pensarão decerto os autarcas, e muitos dos seus apaniguados, que são coisas sem importância, porque "vai tudo dar ao mesmo".  Não é de todo o caso, como mostra a preocupante situação do concelho. Mas, se calhar, nalgumas cabeças, vai mesmo. É por isso que tendem a confundir merda com banha de cheiro. Também vai tudo dar ao mesmo, pois o aspecto é semelhante. Só o cheiro é que muda, e de que maneira!

Na mesma entrevista, a srª presidente declara que, mesmo podendo, não se recandidataria. Maneira elegante de mandar recado aos mais próximos. Mas que não corresponde à verdade, porque não se coaduna com as suas outras posições. Anabela Freitas mencionou livremente "o meu gabinete" e "a minha casa". Sucede que os mais advertidos conhecem bem o velho axioma "O Homem (no sentido amplo masculino + feminino, por isso a letra grande), é um animal de hábitos." Assim sendo, podendo ficar mais um tempo, quem aceitaria mudar de gabinete e sobretudo mudar de casa?

Anabela Freitas terá sido sincera. Mas nesse caso não bate a bota com a perdigota. Não parece haver coerência entre a atitude e o vocabulário usado. A velha situação "com a verdade me enganas."

quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Vida corrente

Crónica malcheirosa 

"Salada de atum com grão vai apitar à saída", é o título de mais uma magnífica crónica do inenarrável Tiago Dores, no OBSERVADOR. Refere-se às grandes superfícies comerciais, que, fartas de serem roubadas às claras, por vezes até com consumo no interior da própria loja, resolveram mandar instalar dispositivos de alarme nas latas de conserva. Para os proprietários será bastante útil, mas para os consumidores é supérfluo. Salada de atum com grão, grão com bacalhau, feijoada de chocos, sopa de pedra, e por aí fora, sempre apitaram à saída, e que apitos! Só que a dita saída não é a do supermercado. É aquela a que o médico chamou entrada e o paciente corrigiu logo: -"Saída, sr. doutor, saída, que aí não entra nada; só sai!"

Em Tomar, além das especialidades antes mencionadas, também os investimentos camarários a fundo perdido, que é como quem diz as despesas com compra de votos e/ou para cativar amigos, vulgo eventos gratuitos, também apitam sempre à saída. "Fazemos um balanço muito positivo!" "Foi um sucesso!" "Atraiu uma multidão!", parecem fogo de artifício, lançado por quem habitualmente faz a festa, deita os foguetes e vai apanhar as canas, mas nunca paga. Acontece contudo, que as pituitárias mais afinadas logo detectam a pestilência, denunciadora da verdadeira natureza dos actos, do "apitar à saída". Estão mesmo é a peidar-se para o pessoal, incluindo para quem os elegeu, e agora tem de os aturar. Essa é que é essa! Abaixo a pestilência e os apitos à saída!


Antevisão de Tomar, cidade templária morta
Política autárquica

POUPA-SE? GASTA-SE ATÉ QUE HAJA?

Acabou a Feira de Santa Iria. Foi mais um maná para os amigos da maioria PS, que são muitos. enquanto os socialistas estiverem no poder. Todos irmanados nas acções visando "Promover Tomar". Só durante a feira, foram mais de 200 mil euros para artistas. Antes, já houvera o verão e a ingente necessidade de "promover Tomar", formulação cómoda para camuflar outra realidade, do tipo "Olhó meu!"

A seguir, tudo indica que haverá mais uma ou outra comemoração de qualquer coisa, que pretextos nunca faltam. Depois será o Natal. À rica, como até agora? Ou sem iluminações nem atracções, como se vai fazendo por essa Europa fora, para poupar energia? Poupa-se? Gasta-se até que haja? Que pensa a câmara das farturas, e a vereadora das festarolas? Tem de haver iluminação e animação, para virem às compras de Natal a Tomar os leirienses, os conimbricenses, quiçá os madrilenos e os parisienses? E as crianças? Temos de pensar nas crianças, coitadinhas, que são tão sacrificadas. O ano passado, aquela brincadeira da Praça da República, "Tomar o Centro do Natal", ficou por 176.892, mais IVA (6.912 para vigilância, 19.980 para iluminação das ruas, fora o consumo de energia, e 150.000 para o evento da praça). Mas houve divertimento e lucro para alguns, lá isso houve. Quanto a promoção e respectivos resultados materiais, os comerciantes nada dizem, dizendo afinal tudo: "Tenho uma porta aberta, sabe, não posso arranjar inimigos. Não me leve a mal."

Teme-se que, a continuar o apoio implícito da oposição, a tendência em Tomar seja para prosseguir com uma política muito semelhante à do Sócrates: gastar, gastar, gastar sem travões. Anos após o seu derrube na AR, e os inquéritos que revelaram coisas do arco da velha, ainda hoje o homem se considera cheio de razão, nos seus passeios pela Ericeira. Exatamente como a actual maioria PS em Tomar. Multiplicam-se os problemas, à cabeça dos quais a fuga da população, os conflitos nos bairros sociais e a degradação dos serviços públicos, mas a culpa é dos poucos críticos que restam, garantem os impantes eleitos socialistas. Como se não tivessem nada a ver com o assunto. São porventura os tais críticos que governam, e gastam como lhes apraz?

De promoção em promoção, até à promoção final: Visite Tomar, cidade templária morta



terça-feira, 25 de outubro de 2022


A Câmara dos comuns, o parlamento britânico

Política eleitoral

It works

É do conhecimento geral que o autor destas linhas é francófono e francófilo (façam o favor de consultar o dicionário, se vos escapa o significado de alguma palavra), o que nunca o impediu de ter grande admiração pelo sistema político britânico. Um soberano que reina, mas não governa, e um governo que só responde perante o parlamento, parece pouco mas é o máximo. Como acaba de demonstrar a actualidade britânica.

Em menos de três meses, três primeiros ministros diferentes -Jonhson, Truss e agora Sunak- num país em profunda crise desde a saída voluntária da UE, mesmo dispondo os Conservadores de confortável maioria absoluta. Instabilidade? Talvez para os de fora. Para os ingleses é algo normal, mudar sempre que há forte descontentamento popular. Como?

Quem segue a actualidade política com alguma atenção, sabe que no Reino Unido há dois grandes partidos tradicionais, que são os Conservadores e os Trabalhistas. Tal como em Portugal o PSD e o PS. Mas aí acabam as semelhanças. Enquanto em Inglaterra, qualquer votação é feita em círculos uninominais, em que os respectivos eleitores elegem apenas um dos candidatos em liça, aqui pelas nossas bandas elegemos mais ou menos membros do rebanho, consoante a percentagem obtida por cada lista partidária. Donde resulta que, enquanto lá para os lados de Londres, cada deputado responde perante os seus eleitores, em Portugal e na prática, ninguém responde perante ninguém, uma vez que o rebanho responde só perante o seu partido.

O nosso circulo eleitoral é Santarém. Até podia ser Leiria, que está mais perto, mas calhou ser assim.  Neste círculo, 378 mil inscritos elegem 9 deputados. Actualmente 5 PS, 3 PSD, 1 CH. Se os ingleses seguissem este modelo eleitoral, com 9 deputados para menos de 400 mil eleitores, teriam um parlamento com milhares de deputados, em vez das centenas actuais. Apesar da fartura, você conhece o seu deputado e o seu programa? Já falou com ele alguma vez?

Outro tanto acontece, como já deve saber, com as eleições autárquicas, mas é ainda mais caricato. Você tem de votar numa lista para eleger um pequeno rebanho, mesmo sabendo que só a/o cabeça da lista é que poderá ser presidente, se for da lista/rebanho mais votado. Por isso estamos como estamos.

Nas autarquias, quem tenha maioria absoluta, pode governar como um ditador e/ou cometer os piores erros, que nada lhe vai acontecer. Basta atentar no que se tem passado com a Câmara de Tomar, que nem é das piores, para provar o axioma. Um dos exemplos mais flagrantes da mentalidade autocrática reinante foi-nos facultado há tempos pela presidente Anabela Freitas. Perante encargos financeiros imprevistos (défice da Tejo Ambiente) e a possibilidade de a AM não aprovar a sua liquidação, foi categórica: "Mesmo que a Assembleia não aprove, a Câmara tem de pagar". Um ditadorzeco africano não diria melhor. Em Inglaterra é simplesmente inimaginável.

Outro dos inconvenientes do sistema, é que os acolhidos em cada rebanho partidário (dos quais também já fiz parte, pelo que julgo saber do que falo), tendem a considerar-se de uma classe superior, da casta do poder. Temos assim que, nesta altura, uma vez que no executivo municipal há uma maioria de 4 PS e 3 PSD "para encher chouriços", dado que os socialistas controlam a informação local, quando apesar disso Tomar na rede ou Tomar a dianteira 3 ousam mijar fora da sanita, criticando a presidente ou a vereação, todos fazem bloco, por se sentirem atingidos enquanto casta, embora a questão seja só com os socialistas locais, pois são eles que governam, como devia ser óbvio.

O resultado de tal miséria democrática é a cada vez mais evidente atrofia da cidade e do concelho, a fuga da população, e o desespero dos eleitores inscritos, que não podendo ir embora nem de facto escolher, e não se sentindo representados como gostariam, vão optando pela abstenção.

É a minha usual visão pessimista das coisas? Olhe que não! Em 2001, nas autárquicas tomarenses, a abstenção foi de apenas 34,69% e nas legislativas do ano seguinte de 38,14%. Em 2009, a abstenção nas autárquicas já foi de 41,21%, e nas legislativas de 2015 de 41,48%. Agora, em 2021/22, as autárquicas registaram em Tomar uma abstenção de 46,8% e as legislativas 42,63%. Uma subida de 12 pontos percentuais, na abstenção para as autárquicas, em apenas 20 anos, é o quê senão um sintoma de apodrecimento do sistema eleitoral?

Que mostram estes números, no seu conjunto? Que as pessoas estão contentes com o sistema de escolha? Que se abstêm menos nas autárquicas que nas legislativas, como deveria ser? Não me parece. Mas cada qual sacará as suas próprias conclusões, uma vez que Tomar é um concelho de muito elevada percentagem de intelectuais, que opinam sobre qualquer assunto, com reconhecida autoridade. E são, além disso, muito tolerantes e respeitadores das opções alheias. Os dados percentuais são, como habitualmente, do site eleicoes.mai.gov.pt


Património

Só 10 metros quadrados de estragos?

Após uma autorização aberrante para uma concentração de automóveis no relvado do Mouchão, verificou-se que alguém abusou e deixou marcas lamentáveis da sua passagem. A marca de carros envolvida apressou-se a esclarecer, num comentário correctíssimo, que se tratou de um incidente alegadamente involuntário, provocado por um condutor idoso, com problema de reflexos, que depois assumiu as suas responsabilidades para com a autarquia, no que concerne a despesas de reparação do jardim.

Lamentavelmente, um outro cidadão, ao que tudo indica avençado da autarquia, veio tentar, num outro comentário, atirar poeira para os olhos das pessoas. Escreveu que eram só 10 metros quadrados danificados. Para os mais arredados destas coisas de medidas de superfície, 10 metros quadrados  é um quadrado com 3,33 metros de lado. Ou um rectângulo com 5 metros por dois. Os leitores farão o favor de ampliar as 6 fotos que publicamos, para terem uma ideia mais precisa. Na opinião de TAD3 serão perto de 100 metros quadrados. Apenas um zero a mais.

Três imagens foram copiadas de Tomar na rede, e outras três da Rádio Hertz, com os nossos agradecimentos








segunda-feira, 24 de outubro de 2022


"Bem… parece que não foi propriamente um bando de selvagens e que até pode ter sido um meramente “acidental”.

Estive lá e adorei o evento, muito bonito e não vi qualquer comportamento menos correcto, bem pelo contrário, simpatia e boa disposição.

Fui lá hoje e de facto essas marcas existem numa área de 10m2 mas em todo o resto do jardim onde estavam largas dezenas de viaturas não se nota o mínimo dano ou sinal de presença das mesmas.

Tenho pena que, por lutas políticas, se trate mal quem nos visita, será que não houve aqui uma pequena precipitação?"

(Comentário copiado de Tomar na rede, com os nossos agradecimentos)

Defesa do património e do ambiente

NÃO SE ENXERGAM MESMO

Ainda a propósito da bizarra decisão municipal, autorizando uma concentração automóvel no relvado do Mouchão, leu-se no colega Tomar na rede o comentário acima reproduzido, por ser um exemplo perfeito da mentalidade agora dominante. Um outro cidadão já lhe respondeu, chamando-lhe "bimbalhada", mas não se irá por aí. Parece preferível tentar fazer pedagogia.

Interessante o esquema argumental do comentário, em 5 pontos:

1 - "Não foi propriamente um bando de selvagens." Pois não. E ninguém disse tal coisa. Apenas se escreveu "bárbaros" para qualificar os camaristas que concederam a autorização, e não os participantes na concentração. Qual o interesse em baralhar os leitores?

2 - "Pode ter sido meramente acidental". Foi mesmo acidental, segundo a marca automóvel em causa, embora alguns detalhes apontem em sentido inverso. Porquê então o "pode ter sido"? Ainda não sabiam se "colava" ou não?

3 - "Estive lá e adorei, como muita simpatia e boas disposição." Não parece que justifique a decisão bizarra. Se fosse noutro local, não adorava também?

4 - "As marcas existem numa área de 10 metros quadrados." Parece-lhe pouco?

5 - "Tenho pena que por certas lutas políticas se trate mal quem nos visita. Será que não houve uma pequena precipitação?" Não. Não houve nenhuma precipitação, ou certa luta política, nem se maltratou ninguém. Quem nos visitou é que maltratou gravemente o parque da cidade. Convém portanto não exagerar, tentando fazer o mal e a caramunha.

O que ressalta do habilidoso comentário é que "a geração mais bem preparada de sempre" está a ser vítima da má formação recebida. Ao nunca lhes assinalarem claramente os erros, por ser antipedagógico, inculcaram-lhes o sentimento da infalibilidade. Ao nunca os admoestarem e ainda menos punirem ou castigarem, levaram-nos a concluir que são invulneráveis.

Desses dois sentimento entranhados, resulta aquilo que vamos vendo por aí. Nunca erram, e por conseguinte têm sempre razão, pelo que nem vale a pena debater os assuntos. Nada os pode atingir, porque são invulneráveis, e portanto podem fazer tudo aquilo que lhes apetecer, por não terem satisfações a dar a ninguém.

Assim se explica, por exemplo, a reacção do vicepresidente da Câmara, ao declarar que as moções aprovadas na AM são simples opiniões. Ou a do comentador supra, ao considerar implicitamente que, sob certos aspectos, a bizarra autorização camarária para uma concentração automóvel na relva de um jardim, é muito aceitável e acertada. O que é totalmente falso, em ambos os casos. Conquanto possa ser-lhes muito desagradável, a verdade é que não se enxergam mesmo, pelo que terão de alterar o seu comportamento, caso queiram vir a evitar maiores dissabores.






Imagem Tomar na rede, com os agradecimentos de TAD3.

Informação Património e Cultura

DOIS MALDITOS, um mais do que outro

O mais recente atentado contra o Mouchão, ao ser concedida pela Câmara autorização para uma concentração de automóveis em cima do relvado, foi também uma oportunidade para esclarecer certos aspectos da política local. O primeiro é que só dois suportes informativos noticiaram o acontecido -o Tomar na rede e o Tomar a dianteira 3. Os outros nada souberam. Gente feliz, sem lágrimas.

Os dois difusores da babaridade são também, não por acaso, os dois malditos do burgo. Quem os lê, comete um pecado de lesa-maioria PS, passível senão de castigo, pelo menos de orações de remissão. Confirma-se, todavia e por mera coincidência, que um deles é mais maldito que outro. O mais pequeno, já se vê. Como? De modo muito simples.

A marca de automóveis organizadora do tal encontro na relva mouchanesca deve ter sido abalroada por quem lhe concedeu a indispensável autorização, por sua vez fortemente pressionada pelo clima de insatisfação no vale nabantino. Daí resultou este comunicado correctíssimo:

“O Alfa Romeo Clube de Portugal tomou conhecimento desta situação ocorrida após o fecho do evento, no momento em que caiu uma tromba de água e que envolveu um participante sénior que alegou ter-se enervado e padecer de uma deficiência motora, tendo perdido o controlo da viatura quando saia do Jardim. O mesmo já assumiu as responsabilidades devidas com as entidades competentes.”

(Comentário copiado de Tomar na rede, a quem agradecemos)

Curiosamente, conforme os leitores podem facilmente constatar relendo o antes publicado, o comunicado só foi enviado ao Tomar na rede, mas esclarece detalhes que só foram difundidos no Tomar a dianteira. Refere por exemplo que se trata de um condutor sénior, com dificuldades motoras, e só Tomar a dianteira é que se referiu aos jovens bárbaros. Acrescenta que o dito condutor já "assumiu as responsabilidades devidas com as entidades competentes", o que se saúda, numa terra em que a culpa morre geralmente solteira, aproveitando para esclarecer que também foi só Tomar a dianteira que referiu os custos da reposição da relva, e quem os pagaria. Finalmente, convirá anotar que uma das fotos (ver acima) mostra dois círculos perfeitos no relvado, o que, para alguém que alega ter perdido o controle do carro, é notável!

Temos portanto mais uma prática tomarense, bastante original no universo informativo. Só os malditos é que informam cabalmente, por razões conhecidas, mas depois um maldito coloca as questões e o outro recebe os esclarecimentos não solicitados. É normal porque tem muito maior audiência. Mas os leitores mais atentos têm o direito de saber como as coisas acontecem e porquê.




Imagens Tomar na rede (com os agradecimentos de TAD3), que mostram bem parte da barbaridade cometida, e o lamentável estado de limpeza do relvado. Estamos muito bem servidos de gestão autárquica, não há dúvida! Só os invisuais, coitados, é que não podem ver. A que propósito vêm os invisuais? Por causa da conhecida frase segundo a qual "Não há piores cegos que aqueles que não querem ver".

Cultura e património

Gente mal educada e reles que não se enxerga

Retomando o estilo do saudoso Mela, no Cidade de Tomar dos anos 80, "Chega-nos a notícia" que os senhores autarcas (não cito nomes, para não agravar a situação), em vez de admitirem o erro crasso da cedência do relvado porco do Mouchão, para uma concentração de automóveis desportivos, e aproveitarem para pedir desculpa, prometendo rápida e eficaz reparação dos estragos, não senhor. Procuram sacudir a água do capote, como sempre fazem. Afirmaram, convictos, segundo aqui chegou, que "não somos responsáveis por aquilo que foi feito no Mouchão por um condutor menos cuidadoso." Aí não? Então quem deve ser responsabilizado? O sr. vigário? A responsável do ATL, que não conseguiu controlar os jovens?  O comandante da PSP? Ou o da GNR? Acaso foram eles que deferiram o pedido?

O próprio condutor abusador? Esse, bem ao estilo da malta, vai garantir que não foi ele. E se conseguirem demonstrar com imagens que está mentindo, dirá muito simplesmente que não estava lá nenhum sinal de proibição, e que portanto...

Ao concederem a autorização para o estacionamento de tantos carros em cima da relva do Mouchão, uma vez que não há espaço suficiente para aparcar fora dos canteiros, e todos sabemos isso, estavam os ilustres autarcas nabantinos à espera de quê? Que os condutores aproveitassem para limpar o Mouchão, que bem precisa, como mostram as imagens? Para aparar a relva? Para reparar as bocas de rega? Ou para repor o saibro que falta?

O que esta reacção mostra é que estamos perante gente fingida, mal educada e reles, que não se consegue enxergar, e parece estar convencida de que os tomarenses são todos como eles, pelo que acreditam em balelas. Nada de confusões. Falamos a mesma língua (ou quase), somos iguais perante a lei, em termos de direitos e de deveres, mas temos e defendemos valores diferentes. Não será assim? Então para que insistem em confundir as pessoas, com declarações tipo vendedor de banha da cobra? Haja pelo menos dignidade!

domingo, 23 de outubro de 2022


Imagens Tomar na rede, com os agradecimentos de TAD3
Para quem, há 60 anos, andou a colar cartazes "O Nabão é sangue do concelho", um atentado destes à singela beleza do Mouchão é uma ferida na própria carne. Que dói muito!

Cultura e património

A GESTÃO DOS NOVOS BÁRBAROS

Relata o Tomar na rede, que a Câmara autorizou uma concentração de automóveis de determinada marca, em pleno terreiro relvado do Mouchão. Decerto deslumbrado com tal facilidade, um dos condutores aproveitou para fazer uns piões no relvado, deixando marcas profundas que agora vão necessitar de cuidada manutenção e meses de recuperação. Se a autarquia estiver para aí virada. Quem paga? Os do costume.

Nem as fotografias mentem, nem o acontecimento parece assim tão insólito a quem escreve estas linhas. Estamos numa época em que os formados pelo ensino post25 de Abril, fazem tudo, porque acreditam que tudo lhes é permitido e devido. Em muitos casos, a começar pelos próprios eleitos, que se julgam donos da cidade, sendo para eles o Mouchão, uma espécie de quintal da tia Célia. 

Não admira. Deve tratar-se de uma síndrome nabantina, porque os próprios estudantes do Politécnico, que vêm de onde calha, e não são propriamente da fina flor, passados 6 meses de cá estarem, já andam aí pelas ruas, perdidos de bêbedos, a gritar "Tomar é nossa!" Porquê? 

Mas Tomar é das mais acolhedoras terras para tal gente, devido à excessiva passividade da sua população. Que se indigna e protesta, mas sempre para dentro, ou tentando usar os outros como emissários. Porque não podem, porque não sabem, ou porque "tenho uma porta aberta...". "Quem tem cu tem medo", diz o povo. E como é bem sabido, desde o falecido Jorge Coelho, "Quem se mete com o PS leva!"

Quando nestas colunas se protestou contra a série de espetáculos musicais no Mouchão, havendo locais mais apropriados para isso, as raras reações foram de apoio implícito à Filipinha gastadeira. Houve até quem se considerasse assaz moderno e com raízes, para proclamar que a defesa do património é coisa de velhos, "e o gajo do Tomar a dianteira está chéché". Pela parte que lhe toca, o escriba agradece o simpático diagnóstico médico.

Outro tanto se passou quando aqui se chamou a atenção para o estado lastimável em que se encontra o salão do piso térreo do turismo municipal, outrora uma das salas de visita da cidade, onde havia "Portos de honra" oferecidos pela autarquia, agora desfigurado com portas de vidro e processos espalhados, tipo escritório desarrumado de jovem advogado rico. A informação local nada disse. Pareceu-lhe natural, certamente. É tudo boa gente.

Outros casos houve, em que se ficou sempre com a impressão de estar a escrever para as paredes. Parece que os tomarenses, mesmo aqueles que ainda lêem e votam, já desistiram. Acomodaram-se e estarão convencidos de que as coisas vão melhorar. Estão enganados, e este lamentável episódio do Mouchão vem provar que quando a opinião pública local deixa andar, as coisas pioram e muito. Tal como acontece com os subsídios, com as festarolas, com a falta de limpeza, com o preço da água, com a falta de informação atempada, com o realojamento dos ciganos, e por aí adiante. O que é que já melhorou? A Várzea grande? Deixa-me rir, canta o outro.

Agora até já a oposição PSD -tão mansa durante os dois mandatos anteriores- se queixa da evidente falta de respeito, e mesmo desprezo, da maioria socialista. É a gestão dos novos bárbaros, que nada respeitam. Nalguns casos por vingança em relação aos mais velhos. Quase sempre por ignorância crassa. Quem não tem maneiras, todo o mundo é seu. Mas como a população da mesma idade parece concordar, resta deixar escrito, para memória futura. Se algum dia vier a servir para alguma coisa, já não terá sido trabalho em vão.

Entretanto: Volta Nini! Eles fizeram-te uma estátua, a conversar com o Lopes Graça, mas estão-se cagando para aquilo que defendias.

Política local

A tramoia foi bem montada, 

mas não passa afinal de mais uma trampolinice

A tramoia foi bem montada. Primeiro agiram no sentido de calar a informação local discordante, pagando quando necessário com dinheiro dos contribuintes. Depois, ao verificarem consternados, que havia dois alérgicos à venda, urdiram uma cantilena, no sentido de desacreditar esses malvados. Ressabiados, invejosos, sádicos, desequilibrados, chéchés, maledicentes crónicos, todo o vocabulário canalha disponível foi usado. Com tal sucesso que até quem escreve estas linhas, um dos bombos da festa, começou a ter dúvidas: Será que estou a ser injusto? Sou demasiado exigente. com quem nunca teve formação profissional? Estou ressentido? Exagero?

À cautela, fui à procura de opiniões independentes sobre o posto de turismo local, um dos sectores municipais que critico, e onde já fui ofendido publicamente uma vez, pelo que posso estar a tentar retaliar, sem disso me dar conta.

No Trip adviser.com, um dos principais sites mundiais de reservas hoteleiras, encontrei isto:

Posto de Turismo de Tomar, 2 avaliações, 3,5 num máximo de 5.

Posto de Turismo da Batalha, 6 avaliações, 5 num máximo de 5.

Posto de turismo de Évora, 95 avaliações, 3,5 num máximo de 5

Ou seja, Tomar tem um posto de turismo comparativamente pouco frequentado, e com atendimento de qualidade média, tal como Évora, por exemplo, mas a diferença quantitativa de avaliações mostra a importância relativa de cada um, e muito maior prevalência de carências em Tomar. O comentário que acompanha a classificação tomarense é de resto particularmente certeiro:

"Chegámos em horário próximo ao almoço e o atendimento foi protocolar, sem qualquer envolvimento dos funcionários. 10/09/2020"

Uma situação semelhante à de qualquer cidadão que se dirige a um serviço da autarquia. Do lado de dentro, uma pessoa a fazer o frete, com ar incomodado, ou condescendente, consoante o caso, apesar de ser o seu trabalho. Do lado de fora, uma pessoa desejando sair dali depressa, porque sente estar a importunar sem querer. Em Tomar, é quase sempre assim. Efeitos da cova nabantina, que nos corta do mundo.

Pode a Filipinha gastadora louvar e engrandecer as suas funcionárias, até que lhe apeteça, como vem fazendo com algum exagero. Mas não deve tentar enganar as pessoas com falsas premissas. As coisas são sempre o que são, e não mais do que isso. Os culpados não são os críticos, porque estão no seu direito, uma vez que pagam impostos. São os que cometem erros, ou têm mau desempenho profissional. Mesmo e sobretudo se eleitos.

No recente caso das vendas de produtos regionais na sede do posto, com entrega diferida, faltou dizer, por exemplo que, ao contrário do noticiado, Tomar não tem qualquer mérito na iniciativa, uma vez que se trata de uma franquia do Turismo do centro, existente em todos os concelhos que integram aquela entidade, e que dispõem de posto de turismo. 

Sempre a tentar endrominar a malta, desde a falaciosa viagem à Índia, já começa a causar náusea.

sábado, 22 de outubro de 2022

Cultura e espectáculos

NÃO É POR FALTA DE EQUIPAMENTO MODERNO

Apesar da autocensura que impera na quase totalidade das redações tomarenses, cujos profissionais trabalham em condições que quem escreve estas linhas não aguentaria oito dias, mesmo que fosse obrigado depois a ir pedir comida à CÁRITAS, foram publicadas notícias sobre concertos gratuitos durante a Feira de Santa Iria, que causaram algum escândalo. O caso não é para menos, mesmo num concelho excessivamente acomodado, pois há casos de artistas que cobraram bastante dinheiro, que a Câmara nunca mais vai recuperar. Pedro Abrunhosa embolsou 25 mil euros por uma noite, e o Carreira 17.500€, de um total superior a 200 mil euros para todos os espectáculos da feira.

Numa terra com cada vez mais pobres, em que o Tomar na rede noticia que a CÁRITAS distribui comida gratuita a 700 pessoas, alguns terão pensado, eventualmente, que a Câmara não cobra entradas nos eventos que organiza, por não dispôr de equipamento adequado para o efeito.

Pois desiludam-se. De acordo com o Portal da contratação pública, onde cada entidade pública é obrigada a registar todos os contratos que faz, o Município de Tomar celebrou, em 06/09/2021, um ajuste directo com a empresa ETNAGA - Consultores de sistemas de informação, no valor de 6.560 euros, para "Aquisição de uma plataforma de gestão de bilhética para o Cine teatro Paraíso e eventos promovidos pelo Município."

Não será portanto por carência de material adequado, que a Câmara não cobra bilhetes de entrada nos eventos que organiza. A menos que a empresa contratada tenha recebido o dinheiro, sem nunca ter fornecido o material. Não seria caso virgem, com esta maioria socialista. Resta, por conseguinte, para além da falta de vontade política, a hipótese da falta de operadores para trabalhar com o material comprado. Afinal a autarquia tem só cerca de 600 funcionários, todos trabalhadores incansáveis, como é bem conhecido entre a população.