quinta-feira, 20 de outubro de 2022



Vida local

Inconvenientes da falta de informação prévia

A saga de uma tomarense que "só" queria chegar a casa

"Foi no passado dia 8 de Outubro, depois de mais de 8h de trabalho, e de ter recolhido os meus filhos, de 3 e 6 anos, em casa dos meus pais, que, por volta das 19h parti para uma viagem de 2,5km, que dura, habitualmente, entre 5 e 10 minutos. Quando cheguei à Alameda 1 de Março, percebi que algo se passava, uma vez que vi grades e polícias na rua, mas desci tranquilamente a Rua Marquês de Pombal. Foi imediatamente após atravessar a Ponte Velha, que começaram os meus problemas. Estavam dois polícias a acabar de chegar para cortar o trânsito, sendo que um deles me informou que eu não poderia cortar à direita, mas apenas à esquerda, sem que me fosse transmitida qualquer outra informação. Não fiquei muito preocupada, uma vez que assumi que poderia seguir para casa via Avenida Dr Cândido Madureira e Castelo. No entanto, quando estava praticamente a chegar à Mata dos 7 Montes, vi o trânsito a abrandar, uma multidão a caminhar, e percebi que as coisas estariam complicadas. Virei para a direita, para o lado do castelo, onde se via também bastantes movimentações e, já depois de passar o Convento, vi o trânsito parado, um polícia a passar de mota, que ignorou a minha chamada, e percebi que também por ali não conseguiria chegar a casa... Voltei a descer à cidade, passei junto à Estação Ferroviária, subi ao Alto do Piolhinho, Algarvias, e virei à direita no cruzamento do Restaurante Pato Bravo, de modo a conseguir passar por trás do Convento e, finalmente, chegar a casa... Quando estava praticamente a chegar ao cruzamento dos Pegões, comecei a ver novamente o trânsito a abrandar, e vários carros parados à minha frente. Quando chegou a minha vez de falar com o senhor polícia, ele disse-me que não poderia cortar à direita, para ir para casa, que se encontrava, nesse momento, a 850m de nós. Ao explicar essa situação, foi-me dito que poderia então seguir, "mas devagarinho", até casa. O problema é que, nesta rua, o trânsito encontrava-se interrompido. Cerca de 5 minutos depois, sem qualquer resposta por parte das autoridades, optei por sair do carro e falar com o senhor guarda. Expliquei que tinha duas crianças no carro, que estava a 700m de casa e, claramente, não iria passar ninguém por ali entretanto. A mim, juntaram-se entretanto mais algumas pessoas, que precisavam de atravessar precisamente o mesmo troço da Rua de Leiria que eu precisava. Houve, inclusivamente, algumas pessoas que ali se encontravam, a incentivarem-me a passar, independentemente de ter ou não autorização. O Senhor Guarda que ali se encontrava transmitiu-me que, se o fizesse, iria ser autuada no valor de 500€. Questionei se, no caso de, como ele já tinha sugerido, "largar ali o carro e ir a pé para casa", ele me autuaria também, tendo-me sido dito que o valor a pagar seriam os mesmos 500€. Depois de muita insistência, de dizer que só poderia deixar-nos passar depois de terminar o que quer que fosse que se estava a passar, de referir diversas vezes que não tinha rádio para comunicar com os colegas, de eu lhe ter explicado várias vezes que tinha duas crianças dentro do carro, a alternativa que me foi dada foi estacionar o meu carro ao lado da carrinha da polícia que ali se encontrava, e percorrer a pé uma distância de cerca de 700m, pelo que perguntei ao Senhor Guarda se poderia ajudar-me a levar os miúdos para casa, uma vez que o mais novo estava, nesse momento, a dormir. Apesar da resposta negativa, fui buscar o meu carro, para o estacionar então onde o Senhor Guarda me indicou que poderia fazê-lo. No entanto, decidi, numa última tentativa, ligar para a PSP de Tomar. Ainda comecei a falar com quem me atendeu o telefone, mas, neste momento, fui informada pelos outros condutores que ali se encontravam que poderíamos, afinal, seguir o nosso percurso. E assim, 1h depois cheguei, finalmente, a casa."

De referir que, de acordo com informação recolhida posteriormente, não terá sido prestada, aos tomarenses, qualquer informação oficial acerca desta prova, e das respectivas alterações ao trânsito. Nada contra aqueles que estavam apenas a trabalhar e a cumprir ordens, mas contra a falta de transmissão de informação, num assunto de interesse geral para os habitantes desta cidade."

(Mail recebido em Tomar a dianteira 3 com a seguinte indicação prévia: "Junto para seu conhecimento uma situação passada a 8 de Outubro de 2022 e da qual ninguém tratou.
Era um encontro de trabalhadores do Santander com uma prova de atletismo. Sem divulgação pública prévia, ficámos todos sem alternativa.")

Os nomes dos intervenientes foram ocultados porque Tomar a dianteira 3 conhece as pessoas, podendo por isso garantir a verdade dos fatos relatados.
Confirma-se assim, uma vez mais, que a informação local está tolhida pelo medo. Só publicam assuntos com a aprovação da patroa, salvo uma ou outra exceção.
E a comunicação da autarquia voltou a falhar, apesar de sucessivos ajustes diretos para tentar resolver o problema. Poetas.

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