Em três mandatos PS, os três museus da Levada -Eletricidade, Fundição e Moagem- viraram Centro Interpretativo, Fórum romano, Museu Templário e Fábrica das artes
É provável que um dia, quando infelizmente eu já cá não estiver, Tomar venha a ser considerado um caso de estudo, para ensinar aquilo que não se deve fazer, em matéria de acolhimento turístico e administração local. Oxalá me engane!
Ao princípio foi a requalificação dos moinhos da Levada e da moagem. Até houve visita do presidente da República Jorge Sampaio, e tudo. Seis milhões de euros depois, passou-se do Museu da Levada, primeiro para o "museu polinucleado da Levada", e depois para os museus da Eletricidade, da Fundição e da Moagem.
Já com a atual maioria PS, o sonho continuou, mas foi chocando com a realidade. A moagem exige profissionais experientes, tal com a fundição, e quanto à central elétrica, o açude insuflável aumentou o nível do rio, deixando de haver queda suficiente para o funcionamento das turbinas. Mesmo só como museus estáticos, era preciso muito pessoal qualificado, raro no mercado de trabalho.
Paulatinamente, deixou de se falar nos museus da fundição, da eletricidade e da moagem, surgindo em contrapartida coisas não previstas inicialmente. Houve exposição do espólio da Sinagoga, enquanto duraram as obras, mais umas coisitas assim, até se chegar à atual "Fábrica das artes" e ao anunciado "Centro interpretativo templário". Junte-se o inopinado "Museu do "forum romano" e o "Museu Templário", e temos a panóplia completa. Por agora, que ainda vai aparecer de novo, não tarda, o Museu dos tabuleiros.
A Câmara nunca teve, não tem, nem parece interessada em vir a ter um plano local de turismo, robusto e adequado. Daí que ignore as implicações daquilo que vai anunciando, para satisfazer compromissos e vaidades. Vai vivendo de palpites, nem sempre bem intencionados. Simplificando ao extremo, as instalações museológicas já anunciadas vão exigir no mínimo mais 60 funcionários, alguns de escalão superior, raros no mercado, e por isso caros. Se os conseguirem. Porque há fortes hipóteses de virem a contratar umas encrencas que praticamente só servirão para cobrar no fim do mês.
Uma vez que, de acordo com a experiência existente, nenhum dos locais referidos será rentável, mesmo com entradas pagas, vindo a receber, quando muito, alguns milhares de alunos anualmente, como tenciona a Câmara vir a financiar as novas despesas de funcionamento e manutenção?
Estará certamente a contar com as usuais transferências da administração central para a local, esquecendo-se que atualmente já começa a haver problemas sérios até na área da saúde, que é fundamental, justamente por falta de recursos. Há a certeza de que o governo continuará a transferir como até agora, sem reduções nem cativações? E quando tal não acontecer? Tenciona a autarquia recorrer a empréstimos bancários, para compensar? Para pagar como? Acabou o tempo do dinheiro barato e não me parece que a Câmara de Tomar tenha condições para contrair empréstimos a 10%, pois pelo lado das receitas, a redução vai ser acentuada, devido à fuga da população e à menor cobrança de IVA e IRS. Estarão talvez naquela de "quem vier a seguir que resolva!"
Se eu fosse autarca executivo da maioria PS, iria durante uma semana para um lugar calmo, reponderar tudo o que já foi anunciado, antes de continuar a avançar. Como diz o povo, "É sempre mau quando se avança às cegas." E sem travões ainda é pior, digo eu.
A manterem todas as opções já anunciadas, dentro dos próximos dez anos, estarão todas fechadas, por não haver recursos para as manter em funcionamento.
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