sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Laranjal nabantino

Somos aquilo que escrevemos

Foi o velho Hipócrates que sentenciou: "Somos aquilo que comemos". Séculos mais tarde, no acanhado vale do Nabão, diria que também faz sentido afirmar que, na política local, somos aquilo que escrevemos.

Mancomunado com os socialistas nabantinos durante os dois primeiros mandatos, e onerado com um final de carreira na liderança do executivo que esteve longe de ser brilhante, o PSD assumiu a mesma pele e os mesmos hábitos do seu parceiro no executivo, ficando muito agastado quando alguém denunciava estas evidências. De tal forma que ainda hoje está por justificar a candidatura de uma duplicada de Anabela Freitas, numa espécie de concorrência desleal, que ficou evidente quando se recusou a debater frontalmente com a adversária teórica. Manifestamente, não tinha nada a dizer.

Eram ordens de Lisboa, dizem agora lastimando-se. E realmente, com a eleição de Montenegro, o desempenho dos eleitos laranja nabantinos melhorou um bocadinho. Ainda não se mostram adversários capazes, mas nota-se que já acordaram. Só que uma coisa é acordar, outra bem diferente trabalhar. Nesse aspeto, tem havido algumas intervenções escritas, de qualidade média quanto à forma, mas medíocres quanto ao conteúdo.

O caso mais recente é um artigo do vereador Carrão, sobre a ausência de Tomar do Congresso do desporto, no qual relata, designadamente, que quando questionada, Anabela Freitas o tratou com desdém, em plena reunião do executivo, ao admitir que ignorava tudo sobre tal tema, manifestamente para abreviar. Publicado na informação local, o dito texto tem provocado alguns comentários menos cordatos, todavia quase todos com um fundo comum: o PSD local precisa quanto antes de mudar, de eleições internas para clarificar, antecedidas ou seguidas da renúncia da atual líder/vereadora. É a única forma de refrescar e de suscitar o aparecimento de novos protagonistas, com outras ideias e mais capazes de mobilizar um eleitorado cada vez mais abstencionista, e algo desorientado. Sem saber a que santos rezar, porquê e para quê.

As eleições autárquicas são só em finais de 2025, é verdade. Mas nada garante que não haja antes legislativas, que muito potenciariam as municipais, até porque candeia que vai à frente alumia duas vezes. Na política, somos aquilo que escrevemos, quando conseguimos escrever alguma coisita. De forma que, numa terra agora sem rumo, a definhar, com pouca esperança e cheia de problemas, um vereador da oposição que resolve escrever sobre a ausência de Tomar num congresso regional de desporto que reuniu 4 concelhos (!!!), é um seu direito, mas revela quem é o autor da coisa. Ia a escrever "desnuda o autor da coisa". Alguém que já foi uma esperança, e se está transformando numa desilusão. Manifestamente por falta de ideias e de sentido de oportunidade. Que venha a mudança quanto antes!


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