quarta-feira, 5 de outubro de 2022

UNIÃO DE FACTO ROSA/LARANJA

Simples arrufo? Abandono do vale do Rio 

e subida ao Monte, negro para o PS?

Considero-me insuspeito de apoiar o PSD, ou qualquer outro partido, como testemunham as centenas de crónicas publicadas. Todavia, como por vezes impera em Tomar um certo entendimento vesgo, é melhor dizer que deixar implícito.

Aproveitando a celebração de mais um "Dia mundial do turismo", a vereadora e líder do PSD local, srª Lurdes Ferromau Fernandes, publicou, na página 19 do CIDADE de TOMAR, datado de 07/10/2022, uma crónica para desancar a maioria PS da autarquia. Só o título já é um ataque frontal a quem julga estar a governar os tomarenses: "Câmara Municipal de Tomar à boleia da conjuntura".

Logo mais abaixo, após elencar várias propostas social-democratas na área do turismo, apresentadas ao executivo e rejeitadas pela maioria PS, a eleita laranja conclui: "É necessário ter um plano. Mas o PS de Tomar não quer planear." Ou não sabe? Ou não lhe convém?

Desde 2013, que os tomarenses insatisfeitos observam, com desagrado, a evidente união de facto Rosa/Laranja, a qual tem permitido aos socialistas locais difundir a ideia de que são os melhores, e estão a governar bem, porque até contam sempre com o apoio implícito do PSD. Conquanto possa ser apenas um arrufo, num conúbio com 9 anos, o citado texto de Ferromau Fernandes é uma forte machadada na credibilidade dos socialistas nabantinos, ao revelar asneiras sem explicação plausível. Como por exemplo um empreendimento municipal na albufeira, que já vai nos 300 mil euros, mas está agora abandonado.

O meu entendimento é que o clima político mudou em todo o país, com a eleição do novo líder social-democrata, nitidamente mais combativo que o anterior, o que provocou uma mudança de orientação nos social-democratas tomarenses. Já havia indícios anteriores do abandono do vale do Rio, e da subida ao Monte, negro para o PS, nomeadamente na Assembleia Municipal, onde têm sido notadas as bem fundamentadas críticas de Lourenço dos Santos contra a maioria PS.

Se vier a revelar-se apenas um arrufo, um incidente inoportuno, a crónica da líder Ferromau passará à história como testemunho do que poderia ser em Tomar, caso os social-democratas resolvessem assumir-se como formação com ideias próprias e projectos diferentes dos do PS. Mas ficará por aí.

Se, pelo contrário, for um primeiro passo numa nova caminhada rumo ao sucesso, alicerçado num antagonismo civilizado mas assumido com os socialistas, como estou convencido que é, então estaremos todos de parabéns. Os laranjas porque passam a ter outras perspectivas, mais risonhas, para as autárquicas de 2025. Os socialistas, porque terão de esforçar-se um pouco mais e de perder a nefasta ideia de superioridade moral, porque são os melhores. Os tomarenses enfim, porque novas perspectivas são sempre melhores que a tradicional "apagada e vil tristeza", que já Camões reprovou, pelos jeitos sem grande eficácia. Cinco séculos passados, ainda por aí anda.




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