domingo, 16 de outubro de 2022

Festival Bons Sons

Política local, subsídios e qualidade dos visitantes

PARA PROMOVER TOMAR, DIZEM ELES

A Feira de Santa Iria é mais uma amostragem da política municipal de esbanjamento, de gastar à tripa forra. Para a promoção de Tomar, dizem os pródigos gastadores. Não é nada disso. Trata-se apenas de comprar votos e boas vontades. Jornalísticas, por exemplo. Mas façamos de conta que acreditamos na balela de "promover Tomar".

Concretamente, promover o quê em Tomar? Segundo se deduz das sucessivas e frequentes despesas, nada em particular. Pretende-se apenas atrair mais visitantes. Mas para quê? Com cerca de um milhão de visitantes anuais, mesmo sem qualquer festividade ou promoção adequada, a urbe já rebenta pelas costuras durante o verão. E não há estruturas de acolhimento à altura, pelo que começa a haver descontentamento e reclamações. Qual então o interesse de aumentar ainda mais o fluxo de visitantes? Não seria melhor procurar atrair antes gente com recursos, de forma melhorar o montante gasto por pessoa?

Temos no concelho um exemplo extremamente útil em termos de estudo. Uma pequena povoação rural, sem recursos particulares, nem estruturas de acolhimento capazes, vem conseguindo ano após ano realizar um festival de reputação nacional, que atrai bastante gente. Visitantes que pagam a bagatela de 40 euros por cada entrada permanente, para dormirem em campismo selvagem e ouvirem boa música ao seu gosto.

Trata-se do Festival bons sons, cujos organizadores conseguiram desde o início uma excelente imprensa, o que tem sido fundamental para ascender ao êxito. Além das receitas de bilheteira, conseguem ainda, em cada edição, um subsídio da Câmara. Este ano foram 90 mil euros. Uma enormidade, se considerarmos que é o custo de um plano local de turismo, que não há e a maioria PS nem sequer quis discutir. Pouca coisa, quando dividido pelo valor de cada entrada permanente. Apenas o equivalente a 2.250 visitantes pagantes.

Quem são os visitantes atraídos pelo Bons Sons? Não há, como sempre, estudos que permitam ter certezas absolutas. Apenas se sabe que são sobretudo "mochileiros", jovens e alternativos. Ou seja, por definição, clientela de baixo poder de compra, que apesar de tudo paga os 40 euros da entrada permanente.

Que sentido faz, por conseguinte, a Câmara subsidiar um festival que atrai visitantes de fraco poder de compra e lhes cobra entradas, quando por outro lado a senhora presidente declara que a autarquia não quer excursionistas, preferindo turistas com recursos? É procurando atrair o peixe miúdo, que se espera vir a receber a visita do peixe graúdo? Depois admiram-se que a situação geral esteja cada vez pior, em vez de melhorar. É no que dá anunciar que vamos para o Porto, terra do liberalismo, mas continuarmos a andar em direção a Lisboa, capital do funcionalismo.

ATUALIZAÇÂO

Entretanto houve o concerto do Abrunhosa, na Várzea grande. Um formidável sucesso. Como tudo o que é organizado pelo serviço cultural camarário. Pelo menos em termos de conversa. Segundo o Tomar na rede, não havia onde estacionar, nem na cidade nem nos arrabaldes. É no que dá continuar a gastar com promoção, sem cuidar das estruturas de acolhimento. 

Uma espetadora escreveu um comentário muito adequado: "Concerto memorável!" Não custa a acreditar. Quem teve de andar uns quilómetros a pé para chegar à Várzea grande, e depois para regressar ao carrito, nunca mais vai esquecer. E muito dificilmente cá voltará, para cair noutra assim. Apesar do preço convidativo das entradas.

Segundo informação de fonte geralmente fidedigna, na Feira de Maio, em Leiria, este mesmo espetáculo do Abrunhosa custou 20 euros a cada espetador, que era o preço do bilhete. Temos assim Tomar, uma grande cidade com 33 mil eleitores e Abrunhosa à borla. Já Leiria é uma cidadezita com apenas 113 mil eleitores (quatro vezes Tomar), e Abrunhosa a 20 euros por espetador. Realidade algo dissonante, ambas são governadas pelo PS. Em Tomar com presidente e 3 vereadores, contra 3 dos PSD; em Leiria com presidente e 7 vereadores, contra 3 do PSD. Em conclusão, os autarcas de Leiria parece que sabem de crescimento económico. Em Tomar nem pensar. Estão a perceber, ou necessitam de mais explicações?

1 comentário:

  1. Seria melhor, Concerto Mer( )morável !
    O Luís Montez proprietário da empresa promotora de espetáculos e detentor do Meo Arena com capacidade de 20 000 espetadores pagantes e bem pagantes , estará a pensar ; "Com as calças do meu Pai sou um homem" !
    Neste caso o Município com o meu dinheirinho !

    ResponderEliminar