Política partidária
Ótica PS:
Os amigos devem ser ajudados
e os inimigos devem ser castigados
O Partido Socialista, do qual já fiz parte, é agora dirigido por cidadãos educados já depois do 25 de Abril e isso nota-se. Pouco resta do legado de Mário Soares e o PS reassume o caráter marxista. Falando do orçamento de Estado para 2023, o ministro das Finanças, Fernando Medina, disse que ainda pensou em adotar a taxa zero, para o IVA dos produtos alimentares, mas depois desistiu, ao constatar que muito provavelmente as famílias nada ganhariam com isso, indo os ganhos para os acionistas dos hipermercados. Subentendido: ajudamos as famílias, que são nossas amigas, mas castigamos os nossos inimigos que são os capitalistas.
Ontem, o PSD nabantino emitiu um comunicado assaz enérgico, insurgindo-se contra aquilo que considera ser a falta de respeito do executivo pela Assembleia Municipal, avançando vários exemplos. Critica também o presidente do órgão fiscalizador, por não desempenhar capazmente a sua função e não poupa a Tejo Ambiente, empresa intermunicipal que se recusa a mandar fazer uma auditoria interna, apesar de instada por duas moções nesse sentido, votadas na AM em 2021 e 2022. Terminam os dirigentes social-democratas anunciando que convocarão uma AM extraordinária, para debate e votação de uma moção de censura ao executivo municipal, caso nada de positivo seja feito entretanto.
O que ressalta em ambos os casos, IVA e Tomar, são os socialistas post-74, formados num ensino bastante influenciado pelo marxismo, e deslumbrados com o poder, do qual se julgam os donos, pelo menos no vale nabantino. Com efeito, nas margens do Nabão, é cada vez mais evidente e maior, o fosso entre as minorias várias (funcionários, pensionistas pobres, ciganos), que votam PS, e aposição, mais alguns raros críticos. Aqueles, os que supostamente votam PS, e em todo o caso se mantêm calados, são sempre ajudados na medida do possível. Ativamente (alojamento, comida, subsídios...) ou "fechando os olhos" (incidentes com ciganos, abusos na construção civil, indolência de alguns funcionários, falta de limpeza, tarifário da água).
Pelo contrário, tanto a oposição como quem ousa criticar frontalmente os senhores do poder, são considerados, não adversários políticos, mas inimigos. E os inimigos devem ser castigados, uma vez que não podem ser eliminados como convinha. Escolhos da democracia.
Estamos assim em Tomar. Até quando? Até que os que compõem a maioria PS façam, ou sejam obrigados a fazer, um esforço no sentido de entenderem finalmente que, quem discorda nem sempre é adversário, e que na política não há inimigos, apenas adversários, como no desporto.
É muito duvidoso que, sentados nas cadeiras do poder, os nossos queridos eleitos da maioria resolvam mudar de modus operandi. Resta assim uma única hipótese: -Que em 2025 os tomarenses (sobretudo aquela metade que geralmente não vota) tomem finalmente consciência do logro em que caíram ao escolher como escolheram. É talvez saudosismo. Todavia, para além do blábláblá de ocasião, há dez anos éramos mais numerosos, não se maltratavam os adversários políticos e vivía-se melhor em Tomar. Essa é que é essa!
Sem comentários:
Enviar um comentário