Património tomarense
Tabuleiros a património imaterial da Unesco? Quando?
É mais um imbróglio tomarense. Sem barulho, porque os principais interventores têm hábitos de ostra. Ao sentirem perigo, fecham-se na concha respetiva, e no silêncio das profundezas oceânicas. Nesse aspeto Tomar é uma cova, equivalente ao canhão da Nazaré.
Em 26 de Julho de 2018, a Câmara de Tomar celebrou um ajuste direto com a Universidade Nova de Lisboa, para a elaboração do processo de candidatura da Festa dos tabuleiros a património imaterial da UNESCO, por 19,900 euros mais IVA. Há mais de quatro anos.
Foi uma decisão retaliatória, sem margem para dúvidas, porque havia em Tomar quem fez o processo de candidatura vitoriosa do Convento de Cristo a Património da Humanidade, sem cobrar um cêntimo à autarquia. Tratou-se portanto daquilo que a pessoa subscritora do ajuste direto considera uma vingança necessária. Uma vez que o cidadão autor do projeto do Convento de Cristo sempre recusou lamber as botas aos eleitos, sejam eles quem forem, pretendeu-se assim demonstrar que não precisam da ajuda dele para nada. E tiveram azar! Sendo certo que "santos da casa não fazem milagres", os de fora por enquanto também não, mesmo bem pagos. Problemas do entretanto confessado mau feitio.
Pouco antes da edição de 2019 dos tabuleiros, quem escreve estas linhas teve ocasião de falar com o doutorando designado pela Universidade Nova de Lisboa para elaborar o antes referido processo de candidatura, a pedido dele. A conversa foi agradável, em estilo "sempre a aviar", por ter parecido que o interlocutor cumpria uma obrigação, e entretanto não tinha escolhido as melhores opções.
O tempo passou e a candidatura dos tabuleiros encalhou na DGPC, uma vez que, antes de enviada à UNESCO, tem de ser aprovada e inscrita na lista do património imaterial nacional. Segundo informações colhidas na fonte, a candidatura tem estado a aguardar novos elementos, por ter sido considerada incompleta. 19,900 euros por uma candidatura "incompleta", não se pode dizer que seja barato, mesmo para uma autarquia com a mania que é rica.
17 meses mais tarde, em 16/01/2020, sem qualquer explicação prévia, a Câmara celebrou um outro ajuste direto para "Aquisição de serviços, na modalidade de tarefa, com grau de especialização em antropologia ou sociologia", com o mesmo doutorando da candidatura dos tabuleiros, entretanto se calhar já doutorado, no montante de 37.500 euros, praticamente o dobro do contrato inicial com a universidade. A que propósito? Estão convencidos que pagando mais, a candidatura é aprovada mais depressa? Para quando prevêem a inscrição na lista nacional, condição sine qua non para a candidatura à UNESCO? Quase 60 mil euros mais IVA já foram. E se, mesmo com um governo PS, não conseguem uma aprovação rápida da candidatura na DGPC, imagina-se o que vai ser na UNESCO, se lá chegar...
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