sexta-feira, 7 de outubro de 2022



Feira de Santa Iria

Programação? Era bom era!

A informação local publica aquilo a que a maioria PS nabantina chama "programação da Feira de Santa Iria". É naturalmente um exagero de má propaganda política. Lida a coisa, fica-se com a ideia de mais um condensado de gente a contemplar, acompanhando uma listagem de atos públicos mais ou menos atrativos. Foi o que saiu desta vez da congeminação municipal filipina.

Deixando de lado a questão de saber o que vem fazer a estrangeirada "street food" num certame tradicional de tasquinhas e barracas de farturas, o que mais incomodou quem escreve estas linhas foi o nítido desmazelo em relação à feira das passas. É a parte mais tradicional e mais autêntica da multicentenária feira tomarense, que agora regressa em parte à sua casa de sempre - o que resta da Várzea grande, após o tratamento imposto pelo urbanismo oficial.

Durante séculos, a feira das passas foi na rua dos Arcos, os antigos Estaus, uma estalagem para feirantes, nómadas e andarilhos. Uma vez que a centenária rua ainda não foi normalizada pelos urbanistas locais, não tendo por enquanto nem ciclovias empedradas nem pilaretes metálicos, porque raio resolveram atirar outra vez com a feira das passas para a ilharga do palácio da justiça? Para oferecerem uns tremocinhos, ou umas passitas, aos frequentadores do tribunal? -E porque não? replicarão os defensores da Dª Filipinha, que também os há. Sobretudo defensoras. Simplesmente, retruca o escriba, porque aquilo agora, abatidas as tílias, já nem sombras tem. E na rua dos Arcos ainda lá estão as olaias. Por enquanto...

Uma última observação. Os atuais eleitos organizam e subsidiam festas e outros eventos, como por exemplo os tabuleiros, "para cumprir a tradição". Muito bem. Mas então porque se recusam a cumprir a tradição da feira das passas na Rua dos Arcos? Para não perderem a receita do estacionamento e das multas? Ou porque "os outros ainda fizeram pior"?

Em qualquer caso, é um dado adquirido que, uma vez terminada a função, a informação ao serviço do poder local noticiará uma de duas fórmulas. Se houve menos visitantes que previsto: "Fazemos um balanço muito positivo." Se, pelo contrário, correu tudo muito bem, e foi grande a afluência: "Um sucesso que superou todas as expetativas." Nunca falha. É como diz o povo: "Apanham-se mais depressa os aldrabões que os coxos."

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