sábado, 30 de novembro de 2024

 

Copiado de Tomar na rede. Algures junto ao ex-estádio municipal, Outubro de 2024.

Agitação urbana

EM TOMAR APESAR DA DECADÊNCIA JÁ VAMOS NA FASE TRÊS. 
NA QUATRO COSTUMA HAVER CONFRONTOS, COM MONTRAS PARTIDAS, CARROS QUEIMADOS E QUANDO CALHA FERIDOS E MORTOS...

Os tomarenses, que julgo conhecer razoavelmente por ser um deles hà mais de 80 anos, são excelentes pessoas. Do melhor que há no país, na Europa e no Mundo, como diria o presidente Marcelo. Comida, bebida, divertimentos, subsídios e empregos sentados, é com eles. O resto é tudo uma maçada muito grande, que obriga a pensar um bocadinho, tarefa demasiado fatigante.
Não espanta por isso que a recente interpelação pela PSP local de um casal de jovens presuntivos grafiteiros, tenha passado relativamente despercebida, apesar de noticiada no Tomar na rede. Infelizmente, o microcosmo político tomarense, tutelado por uma autarquia modelo "esquerda unida jamais será vencida", não faculta ao jornalismo local o fôlego necessário para ir até ao funda das coisas, ao âmago de cada questão.
As raras notícias sobre a detenção dos aludidos grafiteiros, entretanto já de novo em liberdade plena, são portanto muito incipientes. Não respondem minimamente ao básico em jornalismo sério: Quem? quando?  onde? como? porquê?. Assim, apenas se sabe que são dois jovens, aparentemente um de cada sexo, de 28 e 29 anos. Onde moram? Onde nasceram? Que fazem na vida, além dos grafitos? De que vivcm? Como conseguem dinheiro para adquirir material caro, destinado à sua actividade de subversão urbana?
Apesar de todas as mencionadas limitações, de algum modo impostas por quem tem autoridade para dar indicações de conduta à polícia, é possível perceber que, após o Entroncamento, Tomar também já está no mapa da guerrilha urbana. Por enquanto ainda só no mapa, mas é só esperar para ver o que não tardará a vir.
Quem está habituado a seguir na imprensa de referência a crescente delinquência  política, em Paris, Bruxelas. Londres ou Amsterdão, por exemplo sabe como estas coisas começam e se desenvolvem pouco a pouco, mas a um ritmo cada vez mais sustentado. Na primeira fase, o assistencialismo dos governos europeus de centro esquerda tende a instalar minorias nacionais e imigrantes em bairros sociais nas periferias.
Na fase 2 esses bairros sociais tendem a transformar-se em guetos, habitados só por camadas de poucos recursos, que não podem por isso habitar alhures, nos quais a polícia só entra em grande número e bem armada, para cumprir missões precisas. Entre estas, a repressão dos vários tráficos é cada vez menos eficaz, devido às limitações impostas pelas tutelas, e ao comportamento sectário dos habitantes, que deixam de pedir e passam a exigir.
Os partidos de esquerda em geral alegam humanismo, quando afinal apenas estão interessados nos votos de tais comunidades, que se supõem de extrema esquerda. E caminha-se assim de forma mais ou menos acelerada para  a fase 3, em que um conhecido delinquente reincidente fugiu à polícia, foi depois alvejado por um agente da PSP e infelizmente veio a falecer, o que levou a família a apresentar queixa contra o polícia, que afinal foi forçado a usar a sua arma.
Em Tomar felizmente aínda aí não se chegou. Mas já faltou mais. Repare-se na imagem supra. "O diabo veste farda" é uma reles cópia da publicidade Prada. Mas que dizer daquele "Fodam a polícia" em inglês de praia? Quem está a manipular os dois jovens, agora com termo de identidade e residência? Com que intenção a médio e longo prazo? "Fodam a polícia"? Em Tomar? Porquê, a não ser para gerar ódio em relação à autoridade? Julgam se calhar que assim vão conseguir os votos necessários para lhes garantir os subsídios e outras benesses, que irão permitir a revolução dos grafitos. Era só o que nos faltava, à sombra do Convento de Cristo, testemunho da nossa grandeza passada. Precisamos de políticos realistas. Com urgência.

sexta-feira, 29 de novembro de 2024

Aspecto da entrada do Convento de Cristo, no reinado de D. Manuel I, antes da construção do "Convento novo" a partir de 1530. Observe-se a escadaria, bem diferente da actual, bem como o nível do terreiro, abaixo do agora existente, conforme mostram as duas portas do lado esquerdo.

Crónica do outro hemisfério

Nova versão do 25 de Novembro, salvar o jardim francês do castelo templário, e outras coisas assim

Estar nesta altura no outro hemisfério, tem a enorme vantagem dos 25-30 graus todos os dias, com uma agradável aragem marítima, mas também comporta inconvenientes. Um deles é que, a 7 horas de avião de Lisboa, acabamos por só ter notícias da terrinha em segunda mão, pelo menos.
Uma delas é uma nova versão do 25 de Novembro, bem achada sem dúvida alguma. Um comentador opina no TNR que o referido movimento militar, mais não foi afinal que a frustração dos intentos de conhecidos esquerdistas, como por exemplo Durão Barroso e Ana Gomes, bem como impedir a tentativa da extrema~direita de ilegalizar o PCP. Nem mais nem menos, se ainda sei ler em português. Perante o que se coloca uma pergunta, que é capaz de incomodar um bocado algumas cabeças mais dotadas. Ei-la: Se o PCP realmente não foi visto nem achado na intentona de 25 de Novembro, como se deduz deste comentário, porque raio é que a alegada extrema-direita o queria ilegalizar, obrigando à intervenção decisiva do major Melo Antunes no CR, que o salvou como partido político legalizado?
Outra notícia em 2ª mão é o aparecimento de uma PCP - Petição de Cidadãos Preocupados, todos naturalmente de variados quadrantes partidários, e tendo como líder informal alguém que não é do partido. Pretendem defender o jardim modelo francês do castelo, que data dos anos 40 do século passado. Se por aí estivesse, até era capaz de assinar também, obtidos alguns esclarecimentos indispensáveis. Desde logo sobre o timing. Não será demasiado tarde, agora que as obras estão a começar, embora que eu saiba nunca tenha havido a obrigatória sessão de apresentação e debate do projecto? Ou teve lugar quando veio o António Costa a Tomar, e não avisaram? Outro aspecto básico é que a salvação do jardim me parece secundária, estando em causa um nova entrada no Convento, através do Paços henriquinos e com a edificação de uma rampa para cadeiras de rodas.
Do meu ponto de vista, há erro crasso de projecto, pois a nova entrada no Convento, com rampa e tudo, devia fazer-se através da porta do antigo hospital militar, aí começando os futuros circuitos de visita, usado as duas portas já existentes entre o ex-hospital e o Claustro do Cemitério. Isto digo eu, que como é do conhecimento geral, conheço mal o Convento. Os senhores arquitectos e engenheiros de Lisboa é que sabem do ofício. Deus os abençoe, se puder.
Outra reivindicação desta semana é do ilustre conterrâneo António Costa Cabral e refere-se à urgentíssima necessidade de mais estacionamento em Tomar, pois como escreve o comentador, convidamos os visitantes mas depois não lhes asseguramos condíções mínimas para estacionar, o que os forçará a virem de comboio. Afinal são só duas horas a partir de Lisboa...através da paisagem. 
Concordo em absoluto com o que escreve Costa Cabral, mas devo acrescentar que um novo parque de estacionamento será sempre insuficiente, por maior capacidade que tenha. Chegados a esta situação miserável em termos de estruturas de acolhimento turístico, o mínimo que se deve reivindicar são dois grandes parques de estacionamento, um na Várzea grande e outro no vale da Anunciada, bem como uma ligação rápida não poluente entre a cidade e o Convento (escada rolante, elevadores, ou ambos), com acessos pela zona do actual parque de estacionamento e pela Cerrada dos Cães. Ando a escrever isto há anos. Quem entenda um pouco de turismo moderno, a chamada indústria da hospitalidade, percebe porquê. Infelizmente aos nossos eleitos, mesmo e sobretudo quando dão o pulo para uma entidade regional de turismo... falta-lhes fôlego, apesar da excelente  oralidade.



segunda-feira, 25 de novembro de 2024


Política local - Comemoração do 25 de Novembro

Direita pró ocidental 1 Esquerda Unida 0

Nos anos 65-70 do século passado, acompanhei como guia correio vários circuitos Paris -Moscovo -Escandinávia. Com a duração de 21 dias, atravessava-se em autocarro de turismo a Alemanha Ocidental, a Alemanha de Leste, a Polónia, a União Soviética, a Finlândia, a Suécia, a Dinamarca e a Bélgica. Numa dessas viagens, combinou-se com a guia local polaca que no circuito seguinte haveria uma soirée cultural, com música e debates  entre os turistas e a população local.
No dia combinado, a sala estava preparada, com bebidas e tudo, era grande a expectativa entre os turistas por poderem finalmente trocar ideias em francês com os habitantes de um país comunista da órbita soviética. Infelizmente, chegada a hora lá fomos no autocarro, para concluir que faltara a energia eléctrica na sala e no edifício da mesma, pelo que o evento previsto não podia realizar-se. E o circuito continuou...
Nunca pensei que, 65 anos mais tarde e na minha amada terra, políticos de esquerda ousariam o impensável numa democracia saudável de tipo ocidental. Nem sequer recorreram à falta de luz, ou coisa semelhante como desculpa. Limitaram-se a boicotar uma sessão comemorativa do 25 de Novembro 1975, que ainda hoje causa azia nas hostes comunistas, não comparecendo na sessão do parlamento municipal, marcada para esse efeito e assim obrigando à sua anulação por falta de quórum.
A situação é particularmente bizarra, pois sabe-se que a nível nacional o Partido socialista e o Bloco de Esquerda participaram normalmente na comemoração efectuada na Assembleia de República, estando presente o presidente Marcelo Rebelo de Sousa e o General Ramalho Eanes.
Que terá acontecido desta feita em Tomar, para que uma maioria sociológica de direita se tenha  transformado bruscamente numa "esquerda unida jamais será vencida" ?  Querem ver que há um equívoco qualquer algures?
Certo é que, no meu fraco entendimento destas coisas,  PSD, CDS e Chega marcaram pontos, enquanto a esquerda unida CDU-PCP-PS terá conseguido uma vitória pírrica. Com outra assim, ficam fora de combate por falta de votos, como a seu tempo se verá. Daí o título  desta crónica. Ganharam de facto desta vez os que defendem a democracia do tipo ocidental, mesmo sem ter havido debate...




Frei António de Lisboa (o tomarense António Moniz da Silva), frade Jerónimo que professou em Espanha, confessor de D. João III e Dª Catarina, reformador da Ordem de Cristo e co-fundador do Convento de Santa Iria, numa escultura à entrada da sala do capítulo inacabada do Convento de Cristo. (Ala nascente do piso térreo do Claustro principal.)

Maioria e oposição em Tomar

Temos mesmo oposição? Ou apenas oportunistas  usando o manto da oposição?

Não sei se os tomarenses já terão dado por isso, ou não. Ainda não tive ocasião de discutir esse tópico com os poucos mas bons amigos que por aqui tenho. Certo é que me choca bastante. Excluíndo a poluição do Nabão, sobre a qual há inúmeras tomadas de posição, naturalmente de protesto, nos restantes casos reina um silêncio quase sepulcral.
Obras da Várzea grande, da Nun'Álvares, da Torres Pinheiro, da Estrada da Serra, do Flecheiro, e agora do Centro histórico. Realojamento dos ciganos do Flecheiro nas condições em que foi feito. Venda do Convento de Santa Iria, a preço de saldo. Transferência dos SMAS para a Tejo Ambiente.  Supressão do estacionamento frente à Mata. Festa dos tabuleiros que custou mais do dobro da anterior. Falta de limpeza urbana. Mau estado do Mouchão. Etc. etc. Que pensa a respeito a oposição PSD? Que dizem as restantes? Nicles. Aparente consenso geral.
Pensarão mesmo alguma coisa, a respeito de assuntos assaz complexos na sua aparente simplicidade? Venderam-se todos, uns por isto outros por aquilo? Estarão convencidos que é sem fazer ondas que vão conseguir chegar ao poder em Outubro 2025? Não passam afinal de irrecuperáveis oportunistas?
Bem gostaria de saber, sobretudo agora que as formações mais à direita (IL e Chega) parecem estar a conquistar eleitorado a olhos vistos por esse país fora, menos em Tomar. Será que os residentes nabantinos padecem de alguma moléstia inibitória? É ainda o peso da História do isento da Ordem de Cristo? A sombra do portuense e meio inglês Infante D. Henrique? Ou a do tomarense Frei António de Lisboa?


domingo, 24 de novembro de 2024

 


Obras na Praceta Infante D. Henrique 

(Largo da entrada da Cerca)

"Recuperar a sua monumentalidade original", 

dizem eles

Mão amiga enviou-me a informação oficial camarária sobre a recente sessão de apresentação e discussão do projecto de obras de saneamento e rede viária no centro histórico. Eis os dois últimos parágrafos:

"Em relação ao arvoredo, não haverá qualquer mexida na Rua dos Arcos, que continuará a ser marcada pelo tom das olaias. Na antiga Rua da Graça, que já passou por diversas fases no que a esta questão diz respeito, prevê-se que as poucas árvores atualmente existentes, mélias e tulipeiros (cuja estrutura já foi muito afetada por muitos anos de podas de controlo) sejam substituídos por liquidâmbares (como acontece na Rua Ângela Tamagnini, por exemplo), árvores de grande efeito paisagístico mas muito mais adequadas a arruamentos desta dimensão. O número de árvores a plantar será aproximadamente o quádruplo das atualmente existentes.
Está ainda prevista uma intervenção na Praceta do Infante D. Henrique, de modo a recuperar a sua monumentalidade original, bem como um espaço de encontro e de fruição, retirando apenas daquele local o estacionamento automóvel e ficando a circulação condicionada, acrescendo igualmente a plantação de algumas árvores."

Deste excerto resultam claramente três conclusões. 1 - A Câmara anda a intrujar a União Europeia e os tomarenses; 2 - É o mundo às avessas. Mantém-se o que está doente (olaias da Rua dos Arcos) e abate-se o que é saudável (Árvores da Rua da Graça); 3 - Os autores do projecto parecem pensar que os tomarenses nasceram ontem, ou são todos irremediavelmente idiotas chapados. Vamos aos factos.
1 - A Câmara anda a intrujar Bruxelas e a população, pois desta informação oficial resulta claramente que já estava tudo definido no projecto de obras. A sessão de apresentação e discussão foi só para cumprir a directiva europeia e dar aos habitantes a ilusão de que estavam a contribuir para melhorar algo que afinal já estava e está decidido.
2 - É o mundo às avessas, uma vez que as olaias da Rua do Arcos, quase todas em mau estado de conservação, vão manter-se, mas as árvores saudáveis da Rua da Graça já estão condenadas, porque não se enquadram na estética urbana dos senhores projectistas alfacinhas.
3 - Apresentar como argumento para justificar as obras da entrada da Mata "recuperar a sua monumentalidade original", ou é um lapso de todo o tamanho, ou estão deliberadamente a brincar com os eleitores tomarenses. Monumentalidade original? A imagem acima mostra como era aquele espaço nos anos 30 do século passado.
Do lado direito, no primeiro plano, o prédio térreo que foi demolido para dar lugar ao edifício actual do turismo municipal, de 1936. No segundo plano o Hospital de S. Brás, que lá se mantém, tal como o prédio do lado esquerdo da Estrada do Convento.
À esquerda, os prédios demolidos nos anos 30 do século passado, para o arranjo urbanístico que se mantém, com os portões da Cerca vindos do santuário de Fátima, e a estátua do infante D. Henrique, ali colocada erradamente em 1960, aquando das comemorações nacionais do 5º centenário da morte do infante.
Obras e 4 árvores para "recuperar a sua monumentalidade original"? Não será melhor os senhores camaristas e projectistas irem gozar com as avozinhas respectivas, ou com quem lhes aprouver, em vez de tentarem aldrabar grosseiramente os eleitores tomarenses?
Na parte que me toca, chega!  Deixei de ter paciência para aturar incapazes. Coisas da idade e do clima. Aqui fica o meu protesto contra práticas inaceitáveis na União Europeia. Trafulhas!




sábado, 23 de novembro de 2024

 Reparo de um leitor

Sinalização toponímica em mau estado serve para quê?



Um leitor desencantado, mais um, enviou-nos o seu lamento, com as imagens supra: "Tem criticado por vezes a falta de sinalização em Tomar. Pior ainda é a falta de manutenção da sinalização existente. Placas toponímicas como as que mostra a imagem, servem para quê?" Realmente...

 






Propaganda eleitoral

 A evidente frustração do aprendiz autocrata

Tive de ler duas vezes, para me certificar. O presidente Cristóvão, contrariado pela lei vigente, que não lhe permite intervir na área da propaganda eleitoral, ousou o impensável em democracia. Num comunicado da autarquia a que preside, sem ter sido eleito para o cargo, pede aos partidos e outras organizações políticas que se abstenham de instalar grandes cartazes de propaganda eleitoral na Alves Redol, vulgarmente conhecida como Rotunda:
É um estranho pedido, mormente quando se sabe que o ano passado esteve pendurado durante meses um cartaz de propaganda na torre da igreja de Santa Maria dos Olivais, situação claramente proibida na legislação em vigor, e a Câmara nada disse então. Tratava-se da vinda do Papa e não convinha levantar ondas. Não confundir o sagrado com o profano.
Desta feita, que argumentação avança o presidente em exercício da edilidade? Na verdade, e sem querer hostilizar, pois não se trata aqui de nada de pessoal, pouca coisa. O tabuleiro monumental, como se fosse algo sagrado, o enquadramento (que acabará por alterar substancialmente, quando mandar cortar as árvores da avenida cândido Madureira, como está previsto nas próximas obras de saneamento), e o prestigio das construções circundantes (Estaus e Cubos), convenhamos que muito relativo.
O texto fala de património a classificar, mas trata-se manifestamente de mais um delírio para justificar a contratação de um funcionário superior, exclusivamente para esse efeito. Ainda não aprenderam nada com o relativo malogro da candidatura dos tabuleiros a património imaterial da UNESCO, que nunca mais consegue chegar a Paris, sede da organização onusiana. E já lá vão cinco anos...
Tudo devidamente ponderado, o pedido do presidente Cristóvão, é afinal um simples desejo recalcado. Gostaria de proibir a propaganda eleitoral na Rotunda, para glorificar o monumental tabuleiro socialista, mas como não tem competência legal para tanto, vê-se forçado a mendigar aquilo que gostaria de impôr. Nem se dá conta da situação caricata em que se coloca. Tem havido, há e vai haver propaganda política por tudo quanto é sítio, por esse país fora e no estrangeiro. Mesmo nas rotundas, praças,  ou ruas mais prestigiadas, nos estritos limites da lei. E na Rotunda Alves Redol não poderá haver porquê? Pretende-se que seja uma espécie de Praça vermelha cá do sítio? Fica a faltar a igreja de Basílio o feliz (ver imagem)


sexta-feira, 22 de novembro de 2024



Informação local

Há algo que não bate certo...

Está agora a ser muito badalada a sessão de apresentação e discussão das obras de saneamento e rede viária do centro histórico, que não correu nada bem à maioria PS, apesar do silêncio tumular da oposição oficial presente, e da reduzida assistência de moradores. Percalços do exercício autoritário do poder democrático. Manifestamente, o presidente Cristóvão, contrariado na sua faceta de arboricida, foi além daquilo que queria dizer, para justificar o proposto abate das árvores saudáveis da rua da Graça.
Citado pelo jornalista António Feliciano, da Rádio Hertz, o autarca tomarense terá dito (há a gravação para conferir) que "algumas espécies plantadas não são adequadas ao espaço urbano". E só agora, mais de 30 anos após a plantação e onze no poder, é que chegou a tal conclusão? Além de uma óbvia visão subjectiva da coisa, uma vez que cada qual terá a sua ideia de adequação quanto a tamanho das  árvores na paisagem urbana, a afirmação de Cristóvão só pode assustar os mais atentos a estas coisas de árvores, jardins e arranjos urbanos. 
Se aceitarmos  a afirmação do presidente como hipótese de trabalho, imediatamente percebemos que os grandes plátanos ao fundo da Nun'Álvares, e os do Mouchão têm os dias contados. São árvores de origem australiana, como os eucaliptos, visivelmente fora de formato para os padrões tomarenses. Para quando o respectivo abate?
Poderá responder o autarca visado que o Mouchão é um espaço verde e o fundo da Nun'Álvares uma zona cigana, mas indo por aí, tudo pode ser aquilo que quisermos, consoante o que mais nos convier na ocasião. E os reais interesses da comunidade no meio de tudo isto? Sacrificados no altar dos tecnocratas de trazer por casa?
Para além da manifesta infelicidade presidencial, o detalhe que mais acicatou a atenção de Tomar a dianteira 3 foi a ausência do Tomar na rede, o conhecido blogue de informação local. Não esteve lá ninguém e até agora não há qualquer notícia da sessão. Estranho, muito estranho mesmo, uma vez que o administrador do Tomar na rede até habita numa das ruas da área a reabilitar. Doença? Indisponibilidade de agenda? Alguém acabará decerto por esclarecer tão insólita situação, para usar um termo muito do agrado do amigo José Gaio.


quarta-feira, 20 de novembro de 2024


Obras de saneamento e rede viária no centro histórico

Aproveitam o indispensável 

para incluir o supérfluo

Lá fui, à sessão para apresentação e debate do projecto de obras de saneamento e recuperação viária do centro histórico. Pouca gente. Em Carvalhos de Figueiredo estiveram uns 90 eleitores. Agora, na mesma freguesia mas mais no centro urbano, nem metade. Na  maioria funcionários municipais e eleitos. Estamos assim, como sempre fomos.
Gostamos muito de Tomar, amamos Tomar, sofremos por Tomar, mas não queremos chatices. Outros que tratem do assunto. Mesmo assim, ainda houve meia dúzia de intervenções, com reparos e sugestões, que os promotores farão de conta que não ouviram, embora vão garantindo o contrário. Bruxelas a quanto obrigas!
Fiquei chocado com dois aspectos, de nítido estilo esperteza saloia. Tentam aproveitar o ensejo das obras indispensáveis e urgentes, para incluírem outras pela calada, supérfluas mas que facultam lucros gordos aos empreiteiros, pelo acréscimo de produtividade e/ou pela redução de mão de obra especializada e horas de utilização de máquinas.
Não é preciso ter nascido em Tomar, mas ajuda bastante, para perceber que as árvores da avenida Cândido Madureira estão de boa saúde e recomendam-se, uma vez que ainda a semana passada a Câmara as mandou podar, para melhorar a visão a partir de algumas janelas.
Da mesma forma, basta olhar para uma planta da parte antiga da cidade  e logo se percebe que a Praceta Infante D. Henrique, aquele largo à entrada da Mata, está fora da área da supra referida obra de saneamento e recuperação viária do centro histórico. Os emissários da mata, bem como os dos sanitários ali existentes estão ligados aos colectores da estrada do Convento, que já foram renovados há poucos anos e continuam pela Rua de S. Sebastião em direcção à Várzea grande e daí ao emissário geral. Nenhuma ligação portanto com aquilo que agora pretendem fazer.
Pois apesar de tudo isto, os senhores projectistas entendem que as árvores da Cândido Madureira devem ser abatidas, porque são de grande porte, dando lugar a 40 outras de médio porte. Na realidade, o que pretendem com o corte é evitar futuras dificuldades com as raízes existentes, assim aumentando os lucros do empreiteiro. Prova disso é que, logo após ouvir o comentário contrário ao corte, o arquitecto de serviço começou  a falar em exames fito-sanitários, em vez do alegado grande porte anterior. Parece-me, mas talvez esteja a ser alarmista, que logo após as árvores da Rua da Graça, vão as olaias da Rua dos Arcos, essas sim em mau estado, algumas delas pelo menos.
Na mesma linha de raciocínio, resolveram propor a alteração profunda do Largo Infante D. Henrique, com a supressão dos actuais lugares de estacionamento, e do espaço para cargas e descargas, ou para pegar e largar passageiros, bem como a plantação de quatro árvores de médio porte, formando um largo quadrado. A que propósito? Parece que o Grande cortejo dos tabuleiros, não sei quê, não sei que mais. Oiço mal e não consegui entender qual poderá ser a ligação entre os tabuleiros e as absurdas alterações propostas.
Diz quem observou, que após a minha intervenção o sr, presidente da Câmara e o sr. arquitecto ficaram com ar enjoado e condenatório. Se assim foi, tratando-se de um presidente esquerdista, aproveito para citar Fidel Castro, quando foi julgado pelo malogrado assalto ao quartel de Moncada, anos antes da revolução cubana: "Condenem-me, pouco importa! A História absolver-me-à!"

ADENDA às 09H00 de 21/11/2024

Em 1960, quando a estátua do Infante D. Henrique foi colocada frente à Cerca, uma asneira, pois devia ter sido ou lá em cima frente aos Paços do Infante, ou cá em baixo nos Estaus, dizia-se que ele estava assim pensativo, perguntando -Que estou eu aqui a fazer, se nunca fui engenheiro agrónomo nem guarda florestal?
64 anos depois, parece que os da Câmara resolveram acabar com o estacionamento frente à Mata para os donos dos carros não confundirem o Infante com o guarda do parque. Só pode... As previstas quatro árvores em quadrado é só para disfarçar.

 Resposta a comentários

COM O RIO COMO ESTÁ 

OS TOMARENSES NABÃO LONGE

O leitor e habitual comentador Helder Silva criticou a prosa de Guilherme Silva na crónica com o título supra. O autor visado enviou-nos o seguinte comentário resposta, a título pessoal:

"Não tecendo qualquer comentário ao tipo de prosa por mim redigida (creio que

não o devo fazer), mais ou menos elaborada, simplificada ou eficaz (concordarão uns,

discordarão outros), apenas identifico os pontos que me levaram a concluir que o rio

pôde ter um papel preponderante (na sua época) em matéria de defesa:

1- Por constituir uma barreira natural de entrada, um

obstáculo na sua travessia, provocando assim um acesso limitado à cidade;

2- A proximidade com o castelo confere uma posição estratégica como parte de sua

defesa;

3- Proporciona um maior controlo de travessias em pontes e passagens.

Não querendo estar a alargar o conteúdo, penso que os três argumentos acima

descritos demonstram a minha posição.

Deixo à sua consideração a partilha de algum conteúdo relativamente à “crítica” a que

fui sujeito, mas essa é a parte nobre da democracia – saber escutar e promover o debate de

ideias opostas."

Guilherme Silva

terça-feira, 19 de novembro de 2024

 

Imagem Rádio Hertz, com os nossos agradecimentos.

Política autárquica

No seu evidente descaramento, a srª vice-presidente tem razão num ponto - "a mudança é visível".

Já aqui referi anteriormente que não tenho pachorra suficiente para a política tomarense. Por isso nunca arranjei coragem para assistir a uma reunião do executivo. Sempre tive e tenho medo daquilo que acabaria por fazer se lá fosse. Incapaz de reter a minha exasperação, dispararia uma série de considerações, forçosamente disparates para os instalados, uma vez que somos de tribos diferentes, cada uma com a sua linguagem própria, e acabaria retirado da sala pela autoridade competente, se houvesse coragem para tanto, podendo também dar-se o caso de usarem a violência física. Há gente capaz de tudo, e como bem diz o povo, "se queres conhecer o vilão dá-lhe poder e põe-lhe um pau na mão".
Felizmente ninguém pára o progresso, o que permite à informação local, quando quer e a deixam, manter a população ao corrente daquilo que ocorre nos Paços do concelho:
Os dois curtos excertos gravados não abonam mesmo nada, nem a maioria nem a oposição. O vereador social-democrata Luís Francisco, lendo a sua intervenção, com um vocabulário cuidado mas fora de sítio, faz lembrar os deputados municipais da CDU e do BE, forçados a ler as suas tomadas de posição por determinação partidária (colectivo a quanto obrigas). O tom geral é praticamente o mesmo, com vantagem para os da CDU e do BE, que estão muito mais habituados e já têm um vocabulário adaptado.
Na resposta, a srª vice-presidente usou do descaramento costumeiro, que mesmo assim não a livrou de dizer uma verdade inconveniente, sem disso se dar conta. Afirmou que a mudança é visível, acertando em cheio no alvo. Realmente há 11 anos, antes do PS subir ao poder em Tomar, havia mais gente no concelho, pois entretanto foram-se mais de 5 mil eleitores, mais cuidado com a limpeza urbana, mais regularidade na distribuição de água, mais manutenção nos jardins, mais funcionários no registo civil e menos na autarquia, o horário do pessoal camarário era de 40 horas semanais, havia mais estacionamento, a Festa dos tabuleiros custava à Câmara menos de um milhão de euros e só havia problemas com os ciganos no Flecheiro, enquanto agora...
Paralelamente a estes aspectos menores, mas que estão bem à vista de todos os cidadãos que não usem óculos partidários, aparece a outra mudança. Aquela que a srª vice-presidente apregoa com entusiasmo. A fase das festarolas e da esquerdização do PS, que tem funcionado em Tomar desde 2013 numa geringonça de facto. A CDU e o BE não estão no poder, mas as suas organizações cívicas e personalidades próximas,  têm sido bem subsidiadas ou beneficiadas com vantajosos ajustes directos. Em troca, sempre os socialistas contaram na AM com os votos do BE, da CDU e de Carregueiros, quando tal foi indispensável. (Evitam uns e outros de protestar ou de se indignar, Está registado nas actas. Basta consultar.)
Concluindo, Filipa Fernandes tem razão, mesmo mentindo sem querer ao dizer a verdade. Coisas da política tomarista. Quanto a "não querer regressar ao passado", se bastasse querer ou não, minha senhora... Infelizmente é o que se vê. Quem nunca percebeu bem o passado, jamais será capaz de contribuir para um futuro melhor, pois julgando estar a fazer bem, está na realidade a contribuir para a ruína de todo um concelho. Obras puramente ornamentais só servem para gastar fundos de Bruxelas e tentar enganar a população. Ou estará convencida de que os tomarenses têm vindo a votar com os pés desde 2013, pondo-se a andar para concelhos mais dinâmicos, só porque o inverno nabantino é demasiado agreste? Não será também, por exemplo, por não gostarem de certos novos vizinhos? Ou talvez por falta de emprego? De casas não, que isso a Câmara providencia, com rendas para amigos...
Quando puder, srª vice-presidente, levante-se p.f. um bocadinho mais cedo e vá observar a quantidade de conterrâneos que todas a manhãs vão nos primeiros comboios, rumo aos respectivos postos de trabalho. Talvez assim comece a entender melhor o mundo em que vive e que julga governar...





OPINIÃO-(Texto editado por Tomar a dianteira3)

COM O RIO COMO ESTÁ 
OS TOMARENSES NABÃO LONGE

A presença dos rios como património dos municípios, surge representada por uma

dualidade entre o custo de oportunidade versus o desafio para novas abordagens

integradas e especificas para cada contexto geográfico.

Nos idos tempos dos templários, o rio Nabão foi um fator de localização determinante

para a fixação das populações, não só pela riqueza hidrológica, como pela posição

vantajosa que conferia em matéria de defesa. 

É todavia importante ressalvar, que a convivência com um rio pode estar diretamente

ligada ao colapso dos sistemas sociais, económicos, ambientais e políticos, atribuindo

aos executivos municipais uma responsabilidade acrescida na gestão deste recurso.

Atualmente uma das principais lacunas reside na ETAR de Seiça, que recentemente foi

alvo de uma requalificação, na ordem de dois milhões de euros, pois constituía uma das

fontes de contaminação das águas do Nabão, tendo sido afirmado pelo presidente da

câmara tomarense que os episódios de poluição “diminuirão bastante” com a ampliação

da ETAR.

Continuam porém por solucionar os 70 Km de emissários de águas residuais e/ou

pluviais do concelho de Ourém, assim como os cerca de 11 focos de poluição, previamente

identificados pela Agência Portuguesa do Ambiente, em 2017, a montante do rio, entre

os quais se incluem indústrias agroalimentar e pecuárias, os quais requerem um

investimento estimado em 20 milhões de euros.

Além do que foi anteriormente descrito, também a Câmara Municipal de Tomar anunciou

que iria propor, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência, a inclusão de um

projeto para despoluição da bacia hidrográfica do Rio Nabão, embora se desconheça o

ponto de situação da medida a implementar.

Perante a apresentação de factos, a inércia existente na implementação de medidas

preventivas não pode ser atribuída à ausência ou desadequação de estudos e propostas

de carácter técnico, nem tão pouco à falta de instrumentos legislativos adequados.

A perceção enviesada dos problemas, por parte dos decisores políticos, que optam por

medidas corretivas de curto prazo em detrimento de medidas indispensáveis de longo

prazo, vão contribuindo para potenciar danos e perdas naquele que é considerado a

“pérola” natural tomarense.

O rio Nabão tem cuidado da cidade, mas a cidade não tem respondido à altura!

São imensos, aqueles que nos visitam para olhar O rio, mas são poucos os que se

comprometem a olhar POR ele.

Guilherme Silva
Vogal do PSD de Tomar

segunda-feira, 18 de novembro de 2024

 


Comemoração do 25 de Novembro em Tomar

Harakiri político de Hugo Cristóvão?

Nunca tive paciência suficiente para aturar a política local durante muito tempo. Quando fui eleito para a AM consegui aguentar só meio mandato, e quando venci o concurso para chefe da divisão de cultura da Câmara de Tomar, renunciei ao cabo de oito meses, por manifesta incompatibilidade, apesar do confortável vencimento. Agora, décadas mais tarde, também já não tenho idade para grandes empreendimentos, como é evidente, até porque a saúde também já não ajuda.
Nestas condições, fiquei agradavelmente surpreendido ao receber um convite oficial para participar na sessão comemorativa do 25 de Novembro, a realizar pela primeira vez em Tomar. Já agradeci e confirmei a presença, por me parecer o mínimo decente. 
Cinquenta anos após Abril, já era tempo de alguém em Tomar comemorar o golpe militar que acabou com o PREC e permitiu que vivamos hoje num regime pluralista de tipo ocidental, e não num país totalitário de partido único, tipo oriental. Isto numa terra como Tomar, onde realmente nenhuma unidade militar teve qualquer tipo de intervenção no 25 de Abril, digam agora o que disserem os abrilistas de serviço. É um facto indesmentível e com consequências.
Num tal contexto, parece-me inesperada, irrefletida e suicidária a posição do presidente Cristóvão, que segundo a informação local recusa participar na sessão comemorativa do 25 de Novembro:
https://tomarnarede.pt/politica/assembleia-municipal-vai-assinalar-o-25-de-novembro/
Não se trata sequer de criticar uma tal atitude intolerante e sectária, imprópria de um eleito PS, mesmo se da ala esquerdista. Ou de lembrar que protocolarmente, enquanto presidente da Câmara, está obrigado a comparecer na sessão da AM, mesmo que seja só fazendo figura de corpo presente, como creio que vai acontecer com o presidente Hugo Costa. 
É um caso de manifesta incompreensão da minha parte. Porquê? Para quê? Cristóvão espera convencer quem? Conquistar que votos? Apesar de muitas expectativas megalómanas (recordo que quando conseguiram um vereador, já apregoavam a hipótese triunfalista de um segundo), a verdade é que as formações mais à esquerda continuam a perder votos em Tomar, estando actualmente na casa dos dois mil em conjunto. Sem votos para si próprios, vão aconselhar que os seus militantes votem num socialista, por ser esquerdista fixe?
Perdendo votos ao centro e no próprio PS mais moderado, e não podendo manifestamente contar com a ajuda dos jeringonços, Cristóvão aposta em que solução para vencer em Outubro 2025? Situação que me leva a pensar que, ao constatar o inevitável malogro, terá optado por uma decisão corajosa. Não comparecer na sessão do 25 de Novembro em sinal de protesto e como forma de harakiri político. Se foi isso, como parece, curvo-me respeitosamente perante o seu acto heróico.


domingo, 17 de novembro de 2024

 





Centro histórico de Tomar

Obras com mais de 10 anos de atraso...

Ao cabo de três mandatos no poder, e após os sucessivos devaneios anabelinos (Várzea grande, Nun'Álvares, Torres Pinheiro, Estrada da Serra, Flecheiro), qual deles o mais mal enjorcado, a maioria PS lá se resolveu finalmente ao inevitável. Acaba de anunciar para o próximo dia 20, às 17 horas, no Salão nobre do Paços do concelho, a apresentação do projecto de recuperação viária do último sector do Centro histórico. É o mundo às avessas. Da periferia para o centro. A menos de cem metros da própria Câmara.
Benesse camarária? Gesto de boa vontade? Sinal de abertura democrática? Nada disso. São obrigados pelas directivas europeias. Se pudessem escapavam, mas não podem. Do processo final da obra tem de constar forçosamente um "compte rendu" da sessão da próxima quarta feira. 
Convém portanto que compareça toda a população da zona abrangida, e que haja a coragem de dizer o que nos vai na alma, porque os técnicos e os eleitos, grandes dirigentes da sociedade local, tudo vão fazer para evitar o choque com a realidade local. Buscarão uma acta final consensual, do tipo vai tudo bem no melhor dos mundos possíveis. Nada de "borbulhas" com mau aspecto.
Por agora, o Tomar na rede levantou o problema da calçada tradicional ou pavimentação mais confortável para pedestres, ao que parece uma opção dos projectistas, que são os mesmos daquela maravilha da Nun'Álvares, cheia de erros e mesmo assim premiada. A mostrar que é muito proveitoso pertencer ao chamado "grupo dos  nem-nem". Aqueles respeitáveis cidadãos que dizem que nem são do PS nem do BE, nem da CDU, nem do PCP, nem do Livre, nem da extrema esquerda, mas admiram Putin, apoiam a Palestina, o Maduro e Cuba, além de considerarem que Álvaro Cunhal foi um farol para o comunismo mundial no seu tempo. Adiante.
A ser o caso, há uma evidente contradição nos termos e nos factos entre a Nun'Álvares e a agora proposta pavimentação mais confortável para quem anda a pé. É que na avenida Nuno Álvares Pereira os senhores projectistas tiveram o arrojo de mandar instalar duas ciclovias em paralelepípedos, assim tipo Paris-Roubaix ou Liège-Bastogne-Liège, dois percursos infernais bem conhecidos de todos os ciclistas profissionais europeus. E agora vêm com a estória do piso mais confortável para peões? É preciso descaramento. Ou será esquecimento?
Mas não se vão sem resposta. Se a ideia é mesmo essa, o conforto de quem passeia pelas velhas vielas,  a solução não será certamente a existente na Rua de Pedro Dias, cuja má qualidade de execução do lajedo central é evidente, mas sim o calcetamento assente em areia, posteriormente regado com uma calda de cimento, seguindo-se o devido polimento, conforme imagem supra.  Valeu? Não têm nada que agradecer. Está por todo o lado, nomeadamente no Algarve.


sábado, 16 de novembro de 2024


Turismo

Estamos algures cá atrás

NAZARÉ – Câmara estuda a aplicação da Taxa turística | Rádio Hertz

Os leitores que gostam mesmo de ler, farão o favor de saborear o relambório supérfluo do autarca nazareno, tentando justificar o que afinal nem carece de justificação. Basta pensar no princípio, agora universalmente aceite, do poluidor-pagador. para intuir que os turistas devem pagar para estacionar e entrar nos monumentos e nos centros urbanos, uma vez que poluem a paisagem e o solo.
Entendimento bem diferente é o dos autarcas de Veneza, um dos locais mais visitados do mundo: https://www.routard.com/actualite-du-voyage/cid140879-venise-une-taxe-touristique-de-5-eur-des-le-25-avril-2024.html
Para além da taxa turística, cobrada pelos hotéis, alargaram o período de pagamento de taxa de entrada, de 29 para 54 dias, entre Abril e Julho de 2025. Cada visitante de um dia terá de pagar 5 euros, se reservar com antecedência mínima de 4 dias, ou 10 euros, se cobrada à entrada. Estão isentos os moradores, os menores de 14 anos e os nascidos em Veneza.
E nós aqui em Tomar, com um maná que não sabemos aproveitar. Um bom plano local de turismo, elaborado por quem tenha real experiência no terreno, permitiria cobrar estacionamento e taxas de entrada a todos os visitantes, libertando a paisagem circundante do Convento de Cristo dos inúmeros veículos que poluem aquele monumento património da humanidade.
Partindo da frequência actual do Convento, cerca de 300 mil visitantes anuais, cobrando 5 euros a cada um, mais o estacionamento x 150 mil, daria um total de 2,25 milhões de euros anuais. Suficiente para financiar os Tabuleiros, mais umas tantas festarolas, caso entretanto não se chegasse à conclusão de que afinal também podem dar lucro. É tudo uma questão de know  how, sendo certo que ninguém nasce ensinado. O grande problema nabantino parece ser esse. Não sabemos nem queremos aprender, porque julgamos já saber tudo. Não é assim, senhores eleitos de faz de conta? 
Por isso, estamos algures cá atrás. Até quando?


sexta-feira, 15 de novembro de 2024



Política local

É o costume...

Basta um silêncio um pouco mais prolongado para os finos analistas locais vaticinarem que "o gajo tá pior, já nem escreve nada de jeito; acabou o tomar a dianteira, já não era sem tempo". Calma pessoal! Deixem-se de provocações descaradas e reles. O que vocês queriam, e não têm estofo para pedir, julgo eu saber - era a minha opinião sobre a para vocês inesperada vitória de Trump e prováveis consequências para 2025 em Tomar.
Pois lamento, mas não têm sorte nenhuma. Tomar a dianteira 3 não vai comentar as eleições americanas. Desde logo porque não trata de analisar os grandes acontecimentos nacionais ou internacionais. Nunca o fez e não ia começar agora. Depois, porque por muito elaborada e conseguida que viesse a ser tal análise, estaria sempre em Tomar numa de duas situações: -a) - Muito aquém da de qualquer especialista local, daqueles que costumam comentar nas redes sociais; -b) - Muito abaixo do geralmente óptimo entendimento dos referidos comentadores.
Seria mesmo um desastre, caso fosse escrito nessa hipotética crónica analítica que "pela boca morre o peixe, e a esquerda também, como acaba de ocorrer nos USA". Os finórios do costume logo se exaltariam, proclamando "Nem pensar! Nem pensar!".
Fico-me portanto por uma singela constatação, algo imbecil. Tendo em conta o ocorrido com o Leão, presidente de Loures, as reacções PS-Costa/CDU/BE e os resultados eleitorais nos Estados Unidos, tenho para mim que o PS Tomar já está derrotado e sem recuperação possível. Só ainda não consigo identificar o vencedor em 2025, tal é a miséria da horta política local. 
Da horta política local? Sim, pois não somos todos nabos da Nabância, para o melhor e para o pior?

quarta-feira, 13 de novembro de 2024


Obras municipais no centro histórico

ALELUIA! Tarde é o que nunca vem!

 TOMAR – Câmara avança para a requalificação do centro histórico. Renovação de condutas, saneamento, fios no subsolo e pavimento serão prioridades na intervenção | Rádio Hertz

O atraso camarário, nunca explicado, é de tal ordem que até a EDP, um mastodonte, se antecipou. Na parte poente da Aurora Macedo, por exemplo, já enterraram a instalação eléctrica exterior o ano passado. Mas pronto. Saúde-se a anunciada obra, que não será para agradecer. Trata-se apenas de usar mais adequadamente os impostos pagos pelos moradores, que isto não pode ser só festas e outras folias para comprar votos.
Lá se vão as queridas ratazanas da área, que já faziam parte da paisagem nocturna, bem como aquele cheirinho a esgoto junto ao restaurante da Rua Direita, a pedir bebida forte e urgente, e a lembrar a velha frase francesa bem a propósito: "A política deve ser sempre como as tripas à moda de Caen. Cheirar um bocadinho a merda, mas sem excesso." Tudo a menos de cem metros do gabinete do sr. presidente. Se calha a ser mais longe, ficava para as calendas gregas. Sabem pelo menos o que é, gente?
Vou esperar para ver, com tanta paciência como até agora, porém algo inquieto. A notícia não menciona a Rua do Pé da Costa de Baixo, nem a Rua Direita, nem a parte poente da Rua Joaquim Jacinto, a partir da Rua dos Moinhos, nem a Rua do Teatro, nem o Largo do Quental, nem as três artérias de acesso ao dito, nem as Escadinhas do Alto da Piçarra. É muito esquecimento junto. 
Querem ver que vai ficar de novo para melhor oportunidade? Com a maioria autárquica que temos, a respectiva oposição e a adorável informação local, já nada me admira.  Ando por aqui há mais de 75 anos. Ainda os canos da água eram jovens. Agora, coitados...já nem com as ratas se animam. É só buracos... e moradores a pagarem tratamento de esgotos que não são tratados. E a oposição calada.
O que não espanta. Trata-se praticamente de uma zona urbana adormecida. Alguém se lembra de ter ouvido ou lido alguma vez reivindicações, pedidos, críticas ou sugestões, vindos da oposição ou da informação local, sobre esta zona? Só interessa a parte nova, a malta nova...e os ciganos. Todos pela mesma razão. Votam e são cada vez mais, enquanto os velhos tendem a diminuir e, causticados pela vida, votam cada vez menos, tanto nos do costume como nos outros. Daí o abandono. Ninguém quer apostar em casos perdidos. Só a ansiedade eleitoral do PS local parece justificar estas obras tardias, de tão magra angariação de votos. Se chegarem a ser concluídas, que Outubro 2025 é já ali adiante. Demasiado próximo para o usual ritmo de trabalho da área técnica da autarquia...


José Ferreira - PSD Tomar

Opinião 

T de Tomar e Turismo

Tomar, como sabemos, é um destino riquíssimo que permite um mergulho na história, cultura e património do nosso país, aliando ainda as nossas tão ricas tradições e a natureza.
Todavia, o turismo em Tomar ainda enfrenta alguns desafios. Apesar de ser uma cidade rica em história, a oferta turística poderia ser mais diversificada e mais bem estruturada, especialmente no que diz respeito a serviços para os turistas. 
Certo é que assistimos nos últimos anos a um aumento e a uma qualificação da oferta hoteleira, contando agora com 974 camas em empreendimentos, a que se somam os alojamentos locais que já ultrapassam os 250, mas ainda falta fazer mais noutros campos. 
A cidade carece ainda de uma maior sinalização e informação, disponível em várias línguas, o que poderia facilitar a experiência dos visitantes estrangeiros e que tanto tem sido falado, mas que em 11 anos ainda foi feito, já para não falar que o site criado para a divulgação turística visit-tomar, apresenta informação incorreta, não estando atualizado em diversos aspetos. 
Além disso, a preservação do património e o equilíbrio entre o crescimento do turismo e a sustentabilidade ambiental são questões que merecem atenção, dado o aumento do número de turistas nas últimas décadas. Temos ainda um longo caminho a percorrer, no que diz respeito a infraestruturas, para garantir que o turismo seja mais inclusivo e acessível. Investimento em transportes vocacionados para movimento turístico, na criação de mais espaços culturais, como é o caso do Museu da Festa dos Tabuleiros que pelo que parece ainda não vai sair do papel, e na promoção de eventos que celebrem a cultura local, que poderiam ajudar a cidade a conquistar uma maior visibilidade e atratividade.
Tomar não pode ficar adormecida à sombra do Convento de Cristo. É preciso criar comunicação e articulação entre um dos monumentos mais visitados do nosso país e a cidade. Nada está devidamente pensado e articulado. Continuamos a deixar passar tempo e oportunidades que poderiam em muito valorizar a cidade. 
A nossa cidade é, sem dúvida, um destino que merece ser mais explorado. A sua tranquilidade, aliada à riqueza do património e à hospitalidade dos tomarenses, faz dela uma excelente opção para quem procura uma experiência diferente, enriquecedora, autêntica e menos massificada. 
O turismo em Tomar tem um grande potencial de crescimento, desde que o seu desenvolvimento seja feito de forma sustentável e respeitosa para com a história e o ambiente local. Tomar é uma cidade que mistura perfeitamente a história com a contemporaneidade, oferecendo uma experiência única. O futuro do turismo na cidade depende da capacidade de quem nos lidera, de saber preservar essa essência e de se adaptar às exigências do turismo moderno, sem perder o encanto que a torna especial.

José Ferreira
Secretário-geral adjunto do PSD de Tomar

terça-feira, 12 de novembro de 2024

 Vida local

Os casmurros, a decadência 

e a pretensa aposta no  turismo

Tem sido duro para mim este regresso temporário a Tomar, por razões de saúde. Para além da evidente hostilidade de tantos conterrâneos, se calhar culpando-me por males a que sou alheio, já cansa ouvir sempre a mesma ladaínha.
Um habitual comentador num blogue local, por tudo e mais alguma coisa, culpa a pretensa aposta da Câmara no turismo, pela cada vez mais evidente crise nabantina. Mas qual aposta? Lá porque alguns particulares conseguiram abrir novas estruturas hoteleiras, mediante adequada lubrificação nos locais próprios, chama-se a isso aposta no turismo?
É fácil acreditar que sim, porque a maré está a encher de ano para ano, facultando lucros algo inesperados. Mas esperem pela volta. Há para já sinais evidentes de que o turismo não cresceu tanto em Tomar como noutros centros com património e condições comparáveis. Basta ler com atenção as estatísticas sobre a entradas nos monumentos património da humanidade. Qual será a origem dessa fraqueza? A tal aposta, ou justamente a falta dela?
Ando agora pouco pela rua e mesmo assim, já por três vezes fui abordado de noite por visitantes em locais inesperados, solicitando informações que deviam constar de sinalização que não há. Na rua do teatro, três pessoas num carro moderno, eram para aí dez da noite, pretendiam saber onde fica o "Hotel residencial Luz". O leitor sabe? E qual a melhor maneira de lá chegar, a partir da Rua do Teatro? E onde deixar o carro depois?
Ontem foi na Levada. Um carro vindo do lado dos correios parou e uma pessoa com ar aflito perguntou "Pró hospital é por aqui?" Face à aparente indiferença dos jovens interpelados, acabei por responder: "Vão até à Rotunda e cortem à esquerda. O hospital é lá em cima, ao lado da estrada de Coimbra." "Mas é por aqui?" insistiu a senhora. Atrapalhações usuais em tempos de angústia.
Mais adiante reparei que na principal rotunda da cidade, não há uma placa indicando o hospital, pelo menos do lado da Rua da Graça. Será normal? Os instalados vão dizer que agora há o GPS, dispensando-se as placas. É natural. Só quem viaja é que sabe de viagens. Os outros até podem estar convencidos de que não há falta de estacionamento em Tomar, designadamente na parte velha e junto ao Convento. Como é bem sabido, o GPS resolveu essa lacuna. Dobram-se os carros e os autocarros bem dobradinhos, metem-se no dito aparelhómetro e guardam-se no bolso, que ainda é o sítio mais seguro contra a ladroagem.
E viva a aposta municipal tomarense no turismo! Mais uma assim e até conseguem acabar com os funcionários municipais, tal como com a primeira acabaram com o proletariado tradicional, que dava tanto jeito a alguns aprendizes políticos que por aí há, que  resolveram substitui-los pelos calé. O que vem mesmo a calhar, porque esses pelo menos não ocupam o emprego de ninguém. Por enquanto é só os alojamentos sociais, à borla ou quase.
Ia a esquecer o terceiro caso de visitantes perdidos na urbe. Foi junto ao Continente, naquela rotunda. Procuravam a Quinta da Anunciada velha. Não foi nada fácil explicar a dois belgas francófonos como atravessar uma pequena cidade praticamente sem adequada sinalização de trânsito, pois tinham de encontrar a estrada de Paialvo e então seguir em frente. Mas para chegar ao turismo municipal vindo do Continente...

segunda-feira, 11 de novembro de 2024

 Autárquicas 2025

Um excelente golpe promocional

"Quem gosta de escrever mas não tem muito para dizer, vai para jornalista." Frase certeira, que vale o que vale, mas descreve bem o que acaba de fazer o tomarense social democrata Tiago Carrão. Anunciado candidato à Câmara tomarense, lançou um podcast através do qual dará voz à gente da nossa terra, segundo anunciou.
É sempre de saudar e louvar o aparecimento de mais um órgão informativo, mormente numa terra como Tomar, onde os existentes quase todos, coitados, padecem de falta de ar. Sentem-se sufocados sem todavia se queixarem, pois sabem muito bem qual a origem da maleita. E não me recordo de alguma vez o PSD ter protestado contra tal estado de coisas, com todo o aspecto de censura, embora conheça muito bem a origem.
Deve ser porque o grande problema deste país e desta terra é a existência de dois partidos "irmãos inimigos", situação que creio única na Europa. Refiro-me, como quem lê percebeu logo, ao duo PS/PSD, ou vice-versa. Simplificando e abreviando, onde os dois se têm sucedido no poder local, "c'est du pareil au même". Farinha do mesmo saco, segundo um ex-lider do PCP. Se um pouco faz, o outro faz pouco. Se um não fala, o outro cala-se. Se um aplaude, o outro bate palmas.
Daqui resulta que estão ambos enrascados. Subtilmente, o velho PS de Mário Soares tem vindo a adoptar a cartilha woke, esquerdizou-se, enquanto o velho PPD de Sá Carneiro, em vez de renegar, tem vindo a apoiar. Só ainda não arranjou coragem para apoiar a Palestina.
Inesperadamente, a recente balbúrdia nos arredores de Lisboa veio revelar que a agenda BE/PCP, com especial insistência nos ciganos e nos imigrantes, está tornar-se cada vez mais impopular por essa Europa fora e Portugal não é excepção. Pressionado pelos acontecimentos e antecipando a folgada vitória de Trump, que anunciou durante a campanha eleitoral a expulsão de centenas de milhares de imigrantes, o autarca socialista de Loures votou favoravelmente uma moção do Chega, no sentido de serem expulsos dos alojamentos sociais da Câmara os provados intervenientes nos incêndios de carros e outras acções criminosas.
Foi um sacrilégio! Até o ex-secretário-geral Costa lhe caiu logo em cima, repudiando semelhante heresia. E aumenta a contestação no partido, cada vez mais partido entre apoiantes e adversários do autarca de Loures.
È neste contexto e a cem quilómetros de Lisboa, numa terra até agora calma e segura, mas com cada vez mais problemas com os ciganos residentes, que Tiago Carrão decidiu lançar o seu órgão informativo, convidando para primeiro entrevistado o meu bom amigo e colega Carlos Trincão. Cidadão de alto coturno, com uma cultura fora do comum, tomarense "à antiga", que nunca critica publicamente quem lhe dá a mão, (não é portanto má-língua, segundo o vocabulário tomarista), todos sabemos todavia que nunca foi nem é do PSD ou do PS. Embora já tenha colaborado com ambos em assuntos locais, é um dos militantes mais antigos do BE em Tomar.
Tiago Carrão sabia isto. Por conseguinte, ao convidar alguém do Bloco de Esquerda para abrir o seu show, pretendeu decerto vincar que será um candidato tão ou mais esquerda que Hugo Cristóvão. É pelo menos essa a ideia que resulta do aparecimento do podcast e do seu primeiro convidado.
Desejando tudo de bom a Tiago Carrão, não posso deixar de acrescentar oxalá não lhe saia o tiro pela culatra, como acontece bastas vezes na política.

sexta-feira, 8 de novembro de 2024

 Estamos a caminhar rumo a uma nova ditadura frouxa?

Trova do vento que passa, governança de capa e jornalismo de faz de conta

Em bem me queria calar, conforme consta no bilhete anterior. Mas não consigo. Padeço há muito de incontinência verbal, que vou procurando minorar, mas nem sempre consigo. Desta vez o espevitador foi a Trova do vento que passa, escrita pelo socialista Manuel Alegre em 1963, quando  andávamos de arma na mão pela savana angolana.

Pergunto à gente que passa
Porque vai de olhos no chão
Silêncio é tudo o que tem
Quem vive na servidão

Mesmo na noite mais triste
Em tempos de servidão
Há sempre alguém que resiste
Há sempre alguém que diz não

Aos factos, que grande poeta é o povo, mas grande é também a desgraça. A dada altura e sem provocação prévia, o presidente da junta urbana acertou na mouche ao primeiro disparo: "Há muita droga nos bairros sociais em Tomar". Seguiu-se forte reboliço nas hostes da governança local, que a informação calou pois para isso é paga. Jornalismo de faz de conta, é o que temos.
Pouco tempo depois, por duas vezes, os serviços de assistência social da autarquia providenciaram a limpeza de uma habitação no velho "bairro Salazar", domicílio legal de um ex-combatente em Moçambique, manifestamente com um problema de "mania de açambarcamento". Terão  os funcionários da autarquia confundido  a tralha recolhida pelo munícipe enfermo, com a droga denunciada pelo presidente da junta urbana? 
É o que parece à primeira vista, mas matutando um pouco mais torna-se claro que não senhor. Tratou-se, isso sim, de uma manobra de diversão, para desviar a atenção do comércio clandestino do pó. Isto porque de ambas as vezes a informação local foi avisada, fotografou e noticiou, ao contrário do que é habitual por aquelas bandas e com aqueles habitantes.
Na mesma cidadezinha e num curto espaço de tempo, duas ocorrências avulsas mostram o estado de servidão a que já se chegou em Tomar, quando se trata de informar. Houve uma série de abalroamentos de carros estacionados na Avenida Nun'Álvares. Seguiu-se um confronto entre os do veículo causador e os donos dos abalroados, que exigiu a vinda da PSP, e chega. Nada mais se sabe, que o jornalismo local obedeceu e calou o bico.
Semanas mais tarde, novo conflito na área urbana, desta vez na Estrada da Serra. Veio a PSP que recolheu uma navalha no chão e consta que houve feridos ligeiros. De novo o jornalismo local obedeceu, calando o bico. Nos dois casos, quem eram os protagonistas? Adivinhem!
Temos assim em Tomar, 50 anos após Abril, uma evidente discriminação social, praticada abertamente pela autarquia dirigida pelo PS mas fortemente influenciada pela corrente esquerdista, digamos assim. À vista de todos, funcionários municipais invadem um domicílio privado, propriedade da autarquia, pretextando proceder à sua limpeza, alegadamente por haver perigo para a saúde pública, o que está por demonstrar. O jornalismo local foi informado, fotografou e publicou a história resumida  do cidadão com problemas, que estava hospitalizado aquando da segunda intervenção camarária. Houve mesmo um jornalista dissidente que até publicou o nome do cidadão prevaricador, para evitar dúvidas.
Já nos casos do abalroamento na Nun'Álvares, da rixa na Estrada da Serra e da droga nos bairros sociais, há um silêncio que incomoda, por se perceber que é imposto "de cima", visando evitar futuros prejuízos eleitorais. Oxalá não lhes venha a sair o tiro pela culatra.
Admiro e louvo a calma e a paciência dos conterrâneos que sabem escrever, mas nada dizem, assim evitando envenenar ainda mais a cloaca política local. Alguns decerto por estarem convencidos que ser socialista, comunista, bloquista, social-democrata ou direitista, é assim como ser do Sporting, do Benfica, do Porto, do Braga ou de outro qualquer clube. Estão enganados. No caso dos clubes, ganhando ou perdendo, a nossa vida quotidiana prossegue como habitualmente. Já no caso das formações políticas, sobretudo quando são maioria, mas não só, o caso é outro.  
Lopes Graça lá foi dizendo e escrevendo Acordai! Mas era um excelente compositor e em Tomar estão geralmente convencidos de que aquele Acordai! era só para "dar música ao pessoal".

ADENDA

Como sempre foi óbvio, os jornalistas locais até sabem informar devidamente. Eis um exemplo ...da Golegã: GNR detém homem de 49 anos após desacatos na feira da Golegã (c/ vídeo) | Tomar na Rede
A questão que se coloca é esta: Porquê a lamentável excepção tomarense? Quem manda, julga que os tomarenses ainda não têm idade nem capacidade para saberem a verdade toda? Ou com festas e tolos se vão enganando os parolos?