sábado, 23 de novembro de 2024

 






Propaganda eleitoral

 A evidente frustração do aprendiz autocrata

Tive de ler duas vezes, para me certificar. O presidente Cristóvão, contrariado pela lei vigente, que não lhe permite intervir na área da propaganda eleitoral, ousou o impensável em democracia. Num comunicado da autarquia a que preside, sem ter sido eleito para o cargo, pede aos partidos e outras organizações políticas que se abstenham de instalar grandes cartazes de propaganda eleitoral na Alves Redol, vulgarmente conhecida como Rotunda:
É um estranho pedido, mormente quando se sabe que o ano passado esteve pendurado durante meses um cartaz de propaganda na torre da igreja de Santa Maria dos Olivais, situação claramente proibida na legislação em vigor, e a Câmara nada disse então. Tratava-se da vinda do Papa e não convinha levantar ondas. Não confundir o sagrado com o profano.
Desta feita, que argumentação avança o presidente em exercício da edilidade? Na verdade, e sem querer hostilizar, pois não se trata aqui de nada de pessoal, pouca coisa. O tabuleiro monumental, como se fosse algo sagrado, o enquadramento (que acabará por alterar substancialmente, quando mandar cortar as árvores da avenida cândido Madureira, como está previsto nas próximas obras de saneamento), e o prestigio das construções circundantes (Estaus e Cubos), convenhamos que muito relativo.
O texto fala de património a classificar, mas trata-se manifestamente de mais um delírio para justificar a contratação de um funcionário superior, exclusivamente para esse efeito. Ainda não aprenderam nada com o relativo malogro da candidatura dos tabuleiros a património imaterial da UNESCO, que nunca mais consegue chegar a Paris, sede da organização onusiana. E já lá vão cinco anos...
Tudo devidamente ponderado, o pedido do presidente Cristóvão, é afinal um simples desejo recalcado. Gostaria de proibir a propaganda eleitoral na Rotunda, para glorificar o monumental tabuleiro socialista, mas como não tem competência legal para tanto, vê-se forçado a mendigar aquilo que gostaria de impôr. Nem se dá conta da situação caricata em que se coloca. Tem havido, há e vai haver propaganda política por tudo quanto é sítio, por esse país fora e no estrangeiro. Mesmo nas rotundas, praças,  ou ruas mais prestigiadas, nos estritos limites da lei. E na Rotunda Alves Redol não poderá haver porquê? Pretende-se que seja uma espécie de Praça vermelha cá do sítio? Fica a faltar a igreja de Basílio o feliz (ver imagem)


2 comentários:

  1. Estou-lhe sempre a dizer que os eleitores são, na sua maioria, ignorantes em termos políticos e os cartazes dão-me razão. Gastam balúrdios a meterem um Zé ou uma Maria qualquer a mostrar a fatecha num placard gigante e tentam mandar uma mensagem sublime ao eleitor médio. Ás vezes até nem metem ninguém, é só o cartaz do partido com um slogan. É poluição visual e devia de ser proibido.

    O PS já aumentou as probabilidades de vencer as próximas eleições com a proposta de aumento das reformas, está nos livros e eles (PS) sabem muito!!! Os idosos de Tomar quando forem votar vão-se lembrar disso, se lhes mexem na reforma é um problema.

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  2. É isso Helder. Mas toda a regra tem excepções. Por isso há por vezes surpresas. A manifestação do Chega hoje no Porto tinha muita gente. Bastante mais que os antifascistas de serviço, mesmo ao lado e com as habituais bandeiras da Palestina e tudo... Tem épocas para tudo. Há mar e mar, há ir e voltar, é algo bem conhecido neste país à beira-mar plantado, cujos habitantes se consideram descendentes dos grandes navegadores, mas afinal descendem sobretudo dos que por cá ficaram.

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