Política local
Faz algum sentido?
Tem alguma lógica? É boa governação?
"A má língua e o bota abaixo são o alfa e o ómega de mensageiros preguiçosos. Incluíndo políticos da oposição." Este comentário sibilino foi publicado no único suporte local que aceita coisas assim, sob nome suposto. A alusão aos políticos da oposição é só para baralhar. Trata-se, na verdade, da velha ideia fixa de todos os intolerantes, incapazes de se verem ao espelho, ou de um mínimo de imparcialidade na apreciação daquilo que fazem. Julgam-se por isso os maiores, isentos de qualquer pecado e vítimas inocentes de maldosos e bota-abaixo.
São afinal ideias fixas, confortáveis porque levam a acreditar que têm razão, não resistindo porém à mínima contestação. Mas são também enganadoras, ao levarem ao progressivo alheamento da realidade factual. Querem ver?
É sabido que o autor destas linhas não é filho querido da terra nabantina, porque tem o péssimo hábito de escrever aquilo que pensa, sem cuidar de saber se vai confortar ou aleijar alguém. Daí resulta ter sido promovido na prática a má-língua mor do feudo templário. E quem diz má-língua acrescenta logo bota-abaixo, pois o grande temor dos que estão no poder é a indesejada queda prematura. Donde o receio dos bota-abaixo. Quando na política se ganha mais que na respectiva profissão, é um problema sério de incerteza, porque os mandatos têm uma duração fixa.
Quem anda nisto há muito, sabe que se trata simplesmente de desculpas velhas e relhas, usadas à falta de melhor, por quem tem sérias dificuldades, não só com o português e a criação de texto, mas também com o conhecimento em geral. Ainda assim, para que dúvidas não restam nas inteligências que nos governam a nível local, passa-se a mencionar uma série de obras magníficas da actual maioria, pretensamente criticadas só por má-língua. E gente preguiçosa, acrescenta o novo comentário.
1 - As obras da Várzea grande custaram 3 milhões de euros e praticamente pouco alteraram, dando-se até o caso de os sanitários se manterem teimosamente fechados: Obras ornamentais de 3 milhões e sanitários de mais de 100 mil euros, mesmo ao lado de um bairro ainda com esgotos primitivos, canalizações em amianto e calçada em calhau. Faz algum sentido? Tem alguma lógica? É boa governação?
2 - Na av. Nun'Álvares, há duas pistas cicláveis em pedra mal aparelhada, que os próprios ciclistas evitam por serem desconfortáveis. Logo mais abaixo, na mesma entrada principal da cidade, nem passeios há, quanto mais agora pistas cicláveis. Faz algum sentido? Tem alguma lógica? É boa governação?
3 - É praticamente unânime a ideia da necessidade de uma rotunda no "cruzamento da ARAL", que todavia continua por fazer. Faz algum sentido? Tem alguma lógica? É boa governação?
4 - Mesmo ao lado, num cruzamento onde os camiões e autocarros vindos do sul, têm de passar por cima da placa central quando viram à esquerda, tal a qualidade do projecto, começa uma pista ciclável que acaba ao fim de 40 metros. Faz algum sentido? Tem alguma lógica? É boa governação?
5 - O pomposamente chamado "núcleo histórico" não tem qualquer espécie de sinalização para turistas e/ou distribuidores, apesar de haver um ajuste directo de 2019 para a respectiva elaboração. Três anos mais tarde, faz algum sentido? Tem alguma lógica? É boa governação?
Seria fácil continuar a enumeração, mas iria cansar os leitores. Sobretudos aqueles que, antes de começarem a ler, já tinham a certeza que isto é tudo má-língua, e a actual maioria uma maravilha de governantes. Não tarda, estão a ser chamados para Bruxelas, onde a sua luminosa inteligência faz tanta falta! Só ainda não foram porque há uma compita. O Guterres também os quer na ONU. Com os grandes executivos é sempre assim. Nunca faltam pretendentes.
Contas feitas, tudo visto e devidamente ponderado, conclui-se que, ironia das coisas, quem acusa os outros de má-língua e bota-abaixo, é que está realmente a praticar essas duas artes tradicionais nas terras pequenas, com gente intolerante , facciosa, e infelizmente, nalguns casos, asquerosamente mal educada e com mau feitio.
"1- Mais uma consequência da opção económica pelo turismo.
2-Em centros históricos nem circulam nem estacionam à superfície veículos particulares pela simples razão que as ruas não foram dimensionadas para tal.
3- Pior é a falta de estacionamento por toda a cidade até porque os terrenos são privados. Veja-se o caso da rotunda na saída da nova ponte que não se faz por causa dum quintal de alguém importante."
Este comentário, copiado do nosso estimado colega Tomar na rede, com a devida vénia e os agradecimento de Tomar a dianteira 3, é na prática um mostruário da problemática situação nabantina atual. Começa logo com o nome do autor, que se julga não ser nem António nem PIna, mas antes Fernando, terminado em árvore do azeite. Trata-se contudo de mera questão lateral, e pode-se estar enganado, que não muda nada de substantivo
Segue-se a questão central, que estava em debate no já citado blogue. Desde há muito que o comentador agora comentado afirma ter havido, ou existir ainda, uma opção municipal pelo turismo, que estaria na origem de vários problemas locais, entre eles a falta de estacionamento.
Tem todo o direito de assim pensar e de o escrever em termos cordatos, sujeitando-se assim ao contraditório. Que se passa a exercer do seguinte modo: Se o comentador em causa pensar um bocadinho, de forma serena e aberta, achará certamente que a indústria turística, tal como agora existe, integra vários componentes. Além da hotelaria, da alimentação e bebidas, da informação e da animação específica, a primeira delas todas é a mobilidade, com as suas duas vertentes -transporte e estacionamento.
Um exame mesmo rápido da situação tomarense, levará inevitavelmente à conclusão que não houve nem há em Tomar qualquer opção pelo turismo, ou outro setor, uma vez que nem a maioria nem a oposição dispõem de qualquer programa digno do nome. E sem isso, vão ao que calha e vai aparecendo.
Poderá dizer-se, é claro, que não senhor, que não é nada assim. Todavia, para além da iniciativa privada, que avançou com hotéis, restaurantes, alojamento local, informação especializada e transportes turísticos, que fez a autarquia? Onde estão as estruturas de acolhimento, indispensáveis em qualquer cidade com recursos e que se preze?
Que estruturas? Sinalização adequada, instalações sanitárias à altura, estacionamento suficiente para a época alta, ligação rápida e não poluente entre o núcleo histórico e o convento. Sem tudo isto, falar dos inconvenientes da opção turística, como vem fazendo o sr. Pina, além de manifesto erro de enfoque, torna-se ridículo, ao revelar evidente falta de informação factual actualizada.
Estou pronto para o eventual debate sereno, assim como para "dar o braço a torcer", desde que me demonstrem que não tenho razão. É isto, por agora.
Nota posterior
Sobre a questão da rotunda da ARAL, de que o sr. Pina fala no final do comentário, nem vale a pena gastar muita tinta. Há apenas falta de coragem dos eleitos e eventual ignorância fingida de duas figuras jurídicas muito úteis. São a "expropriação por utilidade pública", quando não haja maneira de conseguir outro acordo, ou a "municipalização de solos", nas mesmas circunstâncias.
A atual situação parece configurar um caso ao arrepio da normalidade na indústria. Nesta, quando se lubrificam as engrenagens das máquinas, elas passam a trabalhar melhor e eventualmente numa cadência mais rápida. Neste caso de Tomar, pelo contrário, uma vez "untadas" algumas engrenagens da máquina municipal, esta emperra. É da crise...