Política local e bandalheira
ACHINCALHAR AUTARCAS EM FUNÇÕES
É ABANDALHAR O PODER LOCAL
Parece que a crónica anterior, copiada do jornal de referência da região, surpreendeu alguns, nem sempre pela positiva. Já se esperava. Cada vez mais desligada da realidade envolvente, porque excessivamente virada para a TV e para o furebol, a sociedade tomarense começa a evidenciar sinais preocupantes de alheamento, tema que fica para futura ocasião.
Por agora, cabe acrescentar ao comentário à crónica de ontem, outra dimensão, se calhar a mais grave de todas, a médio-longo prazo. Trata-se do evidente enxovalho a que foram sujeitos em público dois autarcas no exercício das suas funções, um deles vice-presidente da autarquia, que ali estava nessa qualidade. Refere a crónica do Mirante que os achincalhados levaram a coisa na desportiva, o que se compreende porque estão sempre na caça ao voto, uma marca desta maioria. Tudo pelo voto, nada contra o voto.
Mas procederam mal, muito mal mesmo. Ao constatarem que não estavam a ser tratados em conformidade com o protocolo oficial (que existe sempre, mesmo quando os intervenientes o ignoram), deviam ter-se retirado e mais tarde, eventualmente, protestado ou avançado uma desculpa de circunstância. Ao não o fazerem, consentiram no achincalhamento público, assim contribuindo de facto para o abandalhamento da instituição autárquica, cujo prestígio já está como se sabe. Porque, vendo o que se estava a passar, o que terão pensado os restantes presentes?
Poderão agora os eleitos alegar que estavam na fila como simples festivaleiros e amigos. Não como autarcas. Será uma redonda mentira. Ou a organização do Bons Sons é tão boa na área das boas maneiras, que até se esqueceu de convidar representantes do município para a inauguração?
Estando como convidados, de facto ou de jure, uma vez que a autarquia financiou o festival com 90 mil euros, o que corresponde a quase 3 euros por cada eleitor do concelho, ao não serem reconhecidos como tal pela organização e não tendo reagido em conformidade, deixaram que os representantes da organização que estavam envolvidos pensassem que agiam bem.
Continuou-se assim a praticar o abandalhamento, como se fosse a coisa mais natural deste mundo. A actual maioria governa mal, mas está convencida do inverso. A oposição nem sequer merece o nome, mas julga-se acima de qualquer crítica. Os eventos organizados pela vereadora Fernandes são todos uns sucessos estrondosos, como se tal fosse possível. A organização dos Bons Sons acha-se o máximo, mesmo quando achincalha publicamente representantes oficiais da entidade que mais dinheiro lhes dá. Que é tudo isto, aos olhos dos eleitores, senão bandalheira?
Nada de grave, pensarão os geniais comentadores locais mais activos. Sobretudo os passarões caducos e mal educados. É tudo família e sempre se ouviu dizer que "quem sai aos seus não degenera." O pior é o futuro da comunidade tomarense, com perspectivas cada vez mais negras.
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