quinta-feira, 4 de agosto de 2022

 


Água do Zêzere (Cabril) para o Tejo (Belver)?

Eles andam aí 

e a seca aperta cada vez mais

Em crónica anterior, alertou-se aqui para a necessidade, e mesmo a inevitabilidade, de Tomar rever o seu esquema de obtenção de água "em alta". No quadro da eventual dissolução da ruinosa Tejo Ambiente, seria de toda a conveniência, escreveu-se então, ampliar consideravelmente as captações no Agroal, na Mendacha e na Fonte quente, todas no Nabão, como forma de reduzir progressivamente a dependência do Castelo de Bode que, quer se queira ou não, a dada altura não terá capacidade disponível para abastecer Lisboa, a sua região e os concelhos limítrofes da estação de tratamento da Asseiceira. Situação forçosamente agravada pelas novas condições climáticas, mas também e sobretudo pela projectada obra de transvase, por túnel, da água do Zêzere (barragem do Cabril), para o Tejo (Barragem de Belver).

Nesse contexto, acabam os autarcas de Pedrogão Grande (PSD),  Oleiros (PSD), Sertã (PS) e Pampilhosa da Serra (PSD), de manifestar publicamente a sua preocupação ante a possibilidade da dita obra de transvase, que vai mesmo avançar, noticiou o OBSERVADOR online, no passado ia 3 de Agosto. Disseram os 4 eleitos que exigem ser ouvidos em tempo oportuno, antes de qualquer decisão, pois pretendem caudais mínimos garantidos, para consumo doméstico, para a agricultura e para o turismo. Mas quem pode garantir caudais mínimos nas novas condições climáticas? E se não chover?

A dado passo, se calhar sem disso estarem bem cientes,  os citados autarcas acertaram em cheio no âmago do problema. Disseram eles, não entender qual a utilidade de um transvase Cabril-Belver, que colocará a água do Zêzere apenas 30 quilómetros antes do local onde ela já vai desaguar naturalmente no Tejo, quando não a consomem antes. 

Mas é óbvio, senhores presidentes! A vantagem consiste em evitar que parte da água do Cabril corra para o Castelo do Bode, e daí para as torneiras da grande Lisboa, captando-a antes para o cada vez mais seco leito do Tejo. Alguma dúvida a respeito? Pois haja coragem para colocar a pergunta inconveniente: Porquê Cabril > Belver (67 kms), em vez de Castelo do Bode > Belver (31 Kms)? Com a mesma água do Zêzere, era muito mais perto e por isso muito mais barato. Mas com o inconveniente de desviar água já destinada às torneiras de Lisboa e cercanias. Ou não?

Trata-se portanto de mais um sério aviso para os autarcas agora mal servidos pela Tejo Ambiente. Se até o poder central já procura agir no sentido de conseguir água a montante do Castelo do Bode, não será melhor começar a pensar no Nabão quanto antes, em vez de se preocupar sobretudo com a má utilização da água  da pequena barragem do Carril, uma questão secundária para desviar a atenção? Fica aqui a prevenção e o alvitre. De borla. E sem nada na manga.

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